5. Estudos sobre gerações no Brasil
5.2. Pesquisas contínuas: Estudo Geral de Meios
5.2.1. Análise
O estudo permite uma infinidade de cruzamentos, e a empresa forneceu para essa pesquisa alguns recortes analíticos de evolução, através de anos recentes, entre as diferentes faixas de idade, de uma série de variáveis e marcadores. A pesquisa oferece leitura longitudinal desde seu início, décadas atrás, mas para fins desse trabalho utilizamos apenas exemplos dos últimos anos .A empresa utiliza notações geracionais idênticas às internaconais apresentadas anteriormente.
Segundo a análise do recorte do estudo, podemos constatar que, no que diz respeito à exposição aos meios de comunicação, por exemplo, há entre os mais jovens uma clara tendência de crescimento de todas as mídias digitais com destaque para o acesso às mídias via mobile. É marcante também o crescimento de Video On Demand
(VOD), com players como Netflix, sendo um dos mais populares entre as gerações Y e Z – 4 (quatro) a cada 10 (dez) jovens entre 15 e 24 anos assistem a VOD. O aumento na exposição desse meio é percebido com relevância entre as pessoas de 25 a 34 anos, que saltou de 26% em 2016, para 30% em 2017 – quase que na mesma proporção dos mais novos (IPSOS, 2017).
Nota-se nos dados da Tabela 1 que, entretanto, a TV aberta permanece forte mesmo entre os mais jovens, tendo um alcance similar em todas as faixas geracionais – apresentando, inclusive, uma pequena queda ao longo dos últimos três anos, semelhante entre os três grupos analisados.
Tabela 1: Exposição aos meios de comunicação, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
Quanto ao mito das gerações mais novas serem mais conectadas, bem, ele não é tão mito assim. Como podemos observar nos dados abaixo, tanto as gerações Y quanto a Z possuem uma exposição à internet e às redes sociais em índices altíssimos – 90%+ –, mas que permanece o mesmo se compararmos aos dados de 2016 a 2017. Já os 35+, se aproximam cada vez mais da internet e redes sociais: houve um aumento de 2% e 3%, respectivamente, com relação a exposição a esses meios desde 2016. Portanto, há que se considerar que, embora menos conectado, esse grupo está caminhando para uma relação mais estreita, tanto com relação à internet quanto às redes sociais (IPSOS, 2017).
2015 2016 2.017 2016 2017 2016 2017
TV Aberta 82 82 80 84 82 89 88
TV Paga 48 45 42 42 40 33 30
TV no Mobile 8 8 11 7 10 4 6
TV ONLINE 1 16 16 13 14 7 7
Video On Demand (VOD) 18 35 40 14 26 30 6 12 14
15-24 ANOS 25-34 ANOS 35+ ANOS
8 4
1 0
84 90
45 36
Exposição aos Meios (% )
IDADE FAIXA
Tabela 2: Exposição aos meios de internet e redes sociais, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
Ainda levando em conta o comportamento na rede, a Internet é inegavelmente a fonte número um de consulta para as três gerações. Contudo, enquanto que para os mais jovens algumas experiências já estão apresentando queda, para os mais "velhos" ainda são uma descoberta e apresentam tendência de crescimento. Passar mais tempo com os amigos na Internet do que pessoalmente, por exemplo, é um comportamento que aumenta consideravelmente entre os que têm mais de 35 anos e, em contraponto, diminui entre as gerações mais novas (IPSOS, 2017). O mesmo fenômeno acontece quando falamos na concordância com as seguintes frases:
internet é o primeiro lugar para buscar informação; fazer todas as operações bancárias pela internet;
preferência por fazer compras em lojas online em detrimento das físicas; procurar por informações na internet antes de realizar uma compra; no dia a dia se imagina sem internet.
2015 2016 2.017 2016 2017 2016 2017 Internet 86 95 95 90 90 55 57 Redes Sociais 89 95 95 89 89 53 56 2015 2015 76 43 79 42
Exposição aos Meios (% )
IDADE FAIXA
Tabela 3: Sobre a Internet, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
Aliás, a interação com marcas, que era bem mais frequente nos públicos mais jovens, agora também está sendo feita também pelo público de 35+. No entanto, os comportamentos como consumidor, são mais semelhantes entre as gerações do que costumamos imaginar. Os dados abaixo desfazem alguns mitos como “consumidores mais jovens mudam mais frequentemente de marca”, ou “consumidores mais velhos não estão antenados com os avanços tecnológicos” – esse último, inclusive, é bastante desmitificado pela pesquisa: os maiores de 35 são os únicos que seguem uma tendência de se manterem em dia com os avanços tecnológicos (IPSOS, 2017).
2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 A Internet é o melhor lugar para
reclamar sobre marcas e produtos 50 45 46 49 47 46 47 46 48
A Internet é o primeiro lugar onde
busco informação 74 75 73 69 72 71 59 61 68
A minha maior preocupação na Internet
é a segurança 77 74 71 80 79 74 82 80 75
Eu adoro seguir pessoas que trazem
coisas novas para mim 61 62 63 55 55 59 47 48 52
Eu faço mais amigos pela Internet que
pessoalmente 32 29 35 24 22 30 16 17 21
Eu faço todas as operações bancárias
pela Internet 11 14 12 17 17 15 14 15 18
Eu odeio expor a minha vida nas redes
sociais 51 52 45 57 55 48 64 56 54
Eu passo mais tempo com meus
amigos na Internet que pessoalmente 42 40 39 38 36 37 24 24 31
Eu prefiro fazer compras online que
nas lojas físicas 18 17 15 17 16 15 14 13 17
Gosto de acompanhar o que acontece
com os meus amigos na Internet 70 69 67 60 58 60 47 46 52
No meu dia a dia não me imagino sem
Internet 64 64 59 57 58 57 44 47 55
Procuro informações na Internet antes
de realizar uma compra 67 69 60 65 66 61 58 58 64
Sigo marcas na Internet 44 43 42 31 31 35 18 20 29
Uso mais a rede social do que e-mail 75 74 71 65 65 67 51 53 60
Frases Digitais (% ) filtrado em
"acessou Internet nos últimos 30 dias" 15-24 ANOS 15-24 ANOS 35+ ANOS IDADE FAIXA
Tabela 4: Pesquisa Atitudinal em relação a marcas, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
Já ao abordar cuidados com a saúde e bem-estar, o cenário muda. Os mais jovens têm se preocupado cada vez mais em fazer exames médicos periodicamente e manter uma alimentação saudável. A grande diferença é percebida na faixa de idade mais nova, que, entre os últimos três anos analisados, salta de 41% para 54% as pessoas que estão atentas aos exames periódicos (IPSOS, 2017).
Em contrapartida, os maiores de 35 anos apresentam uma queda considerável nesses dois comportamentos levantados, o que indica uma leve despreocupação com os cuidados com a saúde e bem-estar (IPSOS, 2017).
2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017
Adoro interagir com as marcas 42 38 34 36 33 33 29 27 31
As marcas que meus amigos usam
influenciam as minhas escolhas 24 19 16 16 15 15 11 12 15
As pessoas frequentemente me pedem
conselhos antes de fazer uma compra 41 39 39 39 39 39 36 36 38
Como consumidor, conheço os meus
direitos 71 72 72 76 75 74 73 73 70
Compro roupa pelo conforto e preço e
não por moda 69 70 71 73 75 74 72 71 68
Decido o que comprar antes de ir às
compras 65 67 65 69 68 67 67 66 63
Fazer compras serve para relaxar 46 45 47 45 43 46 43 40 42
Gosto de visitar várias lojas antes de
fazer uma compra 65 67 67 65 66 67 61 61 62
Gosto sempre de experimentar novos
produtos e novas marcas 61 59 57 56 56 57 47 48 52
Prefiro os produtos que ofereçam a
última palavra em tecnologia 45 40 34 42 38 36 36 34 34
Procuro usar produtos
biodegradáveis/não poluentes 48 49 52 56 54 52 60 58 52
Raramente mudo de marca 40 39 36 40 37 36 39 37 37
Sempre sou o primeiro dos meus amigos a experimentar novos produtos ou serviços
21 19 18 19 18 18 18 16 18
Trato de manter-me em dia com os
avanços tecnológicos 56 55 49 54 52 50 47 45 48
Frases Atitudinais (concorda + concorda muito)
IDADE FAIXA
Tabela 5: Pesquisa atitudinal em relação a cuidados com a saúde e bem-estar, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
Com relação ao futuro, o empreendedorismo, já forte entre as gerações mais novas, vem crescendo nos últimos anos também entre os maiores de 35 – 7 (sete) em cada 10 (dez) pessoas têm a esperança de um dia abrir o próprio negócio. Tão preocupados quanto os mais velhos, os mais jovens estão alcançando os mesmos níveis de concordância quando o assunto é dinheiro. Estão planejando mais e estão mais cuidadosos com o dinheiro (IPSOS, 2017).
Tabela 6: Pesquisa atitudinal em relação ao empreendedorismo, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
Ainda no que diz respeito ao futuro, a esperança de uma vida melhor no futuro alcança um dos mais altos níveis de concordância entre as gerações – praticamente 8 a cada 10 pessoas em todas as idades (IPSOS, 2017).
Tabela 7: Pesquisa atitudinal em relação ao futuro, de acordo com a faixa etária, ao longo dos anos.
Fonte: IPSOS, 2017.
2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017
Faço exames médicos periodicamente 41 44 54 52 52 54 59 59 53
Procuro manter uma alimentação
saudável 58 61 63 62 63 64 69 67 63
Frases Atitudinais (concorda + concorda muito)
IDADE FAIXA
15-24 ANOS 25-34 ANOS 35+ ANOS
2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 Um dia quero abrir meu próprio
negócio 73 75 70 73 75 71 56 58 64
Sou muito cuidadoso com dinheiro 58 60 61 61 63 63 66 65 61
Frases Atitudinais (concorda + concorda muito)
IDADE FAIXA
15-24 ANOS 25-34 ANOS 35+ ANOS
2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 Acredito que minha vida será melhor
no futuro 87 86 84 85 85 85 75 78 79
Frases Atitudinais (concorda + concorda muito)
IDADE FAIXA
5.2.2. Avanços e Limitações
Esse recorte analítico sugere que as diferenças de comportamentos entre as faixas de idade são importantes e devem ser observadas. Fica claro que a leitura de alguns hábitos atitudinais e a forma como eles evoluíram nos últimos anos são, no entanto, indicadores diferenciadores de comportamento. A evolução através do tempo é percebida como fundamental fator para compreender a evolução dos indivíduos e, portanto, da sociedade, e dela justamente visa tratar a análise geracional (STRAUSS; HOWE, 1991) Qualquer estudo que pretenda abordar o tema, deve ter essa consideração longitudinal.
Entretanto, o estudo não aborda a evolução de uma mesma coorte, o que limita sua análise a faixa etária. Assim, as análises não podem ser traduzidas como análise geracional, já que os destaques dos dados podem se tratar meramente de resultados por estágio de vida, altamente correlacionado com idade. Outra limitação é que, nessa configuração, não permite a abordagem dos segmentos etários – ou seja, sub-grupos que fujam da média, tema explicitado nas anteriores abordagens teóricas desse texto. Por fim, o estudo não relaciona o contexto e influências externas aos marcadores, subestimando o potencial da ferramenta, e limitando sua utilização como fonte de análise geracional.
5.3. Estudo de Perfil do Universitário Brasileiro (Pesquisa Quantitativa com