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4.2 Estratégia de coleta e análise de dados

4.2.2 Análise quantitativa

No presente item, apresentamos de que modo os dados quantitativos foram registrados no projeto de mediação escolar e os cruzamentos realizados entre as variáveis em estudo.

Para se falar de como foram registrados os dados quantitativos, apresentou-se a estrutura do dispositivo de mediação para assegurar-se da transparência, segurança e imparcialidade na coleta dos dados.

Para os cruzamentos, estes foram realizados entre os níveis numéricos de violência do 1º e do 2º semestres de 2010, com os mesmos períodos de 2012, para se avaliar se houve acréscimo ou decréscimo dos mesmos. Fez-se também a representação das violências graves, médias e leves de 2010 e de 2012 em termos percentuais quanto aos níveis de gravidade considerados, para se analisar se as violências tenderam para se tornar mais graves ou mais tênues entre os dois anos. Ainda foram cruzadas entre os anos de 2010 e 2012 as incivilidades, violências e encaminhamentos em termos percentuais através de gráficos de setores circulares para que se pudesse apreciar o comportamento de tais variáveis entre os dois anos em estudo. Tudo isso foi feito a partir de dados do dispositivo de mediação, já existentes.

Foram utilizados de modo geral, gráficos de barra, de setor, cartesianos, e tabelas de dupla entrada para análise das incivilidades, violências e encaminhamentos seguindo o protocolo que se fundamenta adiante.

As análises das incivilidades, encaminhamentos e violência que se realizaram no projeto interventivo seguiram um protocolo que se encontra embasado no artigo 53 do Atual Regimento das Escolas Públicas do DF, conforme se pode ver a seguir:

art. 53. O aluno, pela inobservância das normas contidas neste Regimento, e conforme a gravidade e/ou a reincidência, está sujeito às seguintes sanções:

I - advertência oral; II - advertência escrita;

III - suspensão, com tarefas escolares, de, no máximo, 3 (três) dias letivos, e/ou com atividades alternativas na instituição educacional;

IV - transferência por comprovada inadaptação ao regimento da instituição educacional, quando o ato for aconselhável para a melhoria do desenvolvimento do aluno, da garantia de sua segurança ou de outros.

§ 1º Cabe ao professor a aplicação da sanção prevista no inciso I deste artigo e ao Diretor da instituição educacional, as contidas nos demais incisos.

§ 2º As sanções aplicadas ao aluno e ao atendimento a ele dispensado são registradas em atas, assinadas pelos responsáveis, caso de aluno menor de idade, e na ficha individual do aluno, sendo vedado o registro no histórico escolar.

§ 3º Ao aluno que sofrer a sanção prevista no inciso III, implicando perda de provas, testes, trabalhos, é dada oportunidade de realizá-los logo após seu retorno às atividades escolares.

§ 4º As sanções podem ser aplicadas gradativamente, ou não, dependendo da gravidade ou reincidência da falta.

§ 5º No caso de aplicação de sanções ao aluno, é garantido o direito ao contraditório e a ampla defesa, com a presença dos pais ou dos responsáveis, quando menor de idade.

§ 6º Aos alunos com diagnóstico de deficiência ou com necessidades e educacionais especiais em razão de suas condições físicas ou mentais que não cumprirem as normas contidas neste Regimento será adotado procedimento diferenciado ao exposto neste artigo, a ser definido em reunião de estudo de caso com o Conselho de Classe, contando com a participação da Orientação Educacional, do Serviço Especializado de Apoio à Aprendizagem, do Professor da Sala de Recursos e de demais profissionais envolvidos que auxiliem na identificação dos fatores subjacentes ao caso e nos encaminhamentos devidos. (DISTRITO FEDERAL (BRASIL), 2009). Algumas adaptações foram feitas na disposição legal supracitada levanto em conta que mesmo seguindo o protocolo sugerido por Yin (2010), “não é possível estabelecer uma receita única para trabalhar. O que funciona para um, talvez não seja tão útil para outra criança” (MOUSINHO , 2010, p. 103), por esse motivo, na aplicação do método, não podemos desprezar a possibilidade de hipótese nula, tampouco o efeito de variáveis intervenientes como o dispositivo, ou aquilo que a escola coloca à

receber o ataque da instituição ou de algum adolescente. Neste caso deveremos adaptar o dispositivo ao sujeito para evitar que este o ataque, bem como deveremos proporcionar várias formas de simbolização, como palavra, montagem, modelagem, desenho, entre outros, para uma melhor análise temática de conteúdo, uma vez que o conceito central que se pretende analisar está contido no tema da pesquisa (DESLANDES, 2011, p. 85 - 86).

4.2.3 Análise qualitativa

Para a análise qualitativa, será apresentado e analisados um estudo de caso ilustrativo.

Em se tratando da análise dos dados do ponto de vista qualitativo, um dos desafios na pesquisa qualitativa é definir seus critérios de inclusão/exclusão. Entre tais critérios podemos enquadrar as estratégias de análise de seus dados. Para essa estratégia, foi escolhido um aluno que tinha um uma frequência elevada de visitas à sala de mediação e que por isso foi escolhido para se analisar como se comportariam essas incidências, se de forma ascendente ou descendente, após as intervenções das ações do dispositivo de mediação com esse aluno, representante de um universo de aproximadamente 900 alunos, sendo que ocorreram para estes mais de 330 atendimentos, chamados sessões nos registros do projeto, envolvendo 557 alunos, considerando-se as reincidências para um mesmo sujeito-participante.

Sobre isso, lembremos que “[...] a análise e a interpretação dentro de uma pesquisa qualitativa não têm como finalidade contar opiniões ou pessoas,” (DESLANDES et al., 2011, p. 79) mas explorar o conjunto dessas opiniões e suas representações do ponto de vista social acerca do que se investiga, pois segundo a mesma autora “[...] em geral, a dimensão sociocultural das opiniões e representações de um grupo que têm as mesmas características, costumam ter muitos pontos em comum” (DESLANDES et al., 2011, p. 79), ao mesmo tempo em que apresentam singularidades peculiares aos participantes.

Na análise e interpretação de tais informações deve-se convergir para aquilo que é homogêneo, quanto para o que se diferencia em um mesmo meio social.

Levando-se sempre em conta: descrição e análise que conduzam a uma interpretação, que em pesquisa qualitativa não apenas é ponto de partida como também ponto de chegada (DESLANDES et al., 2011).

A segunda forma de análise de dados qualitativos seria o método de interpretação de sentidos em que se caminha além do conteúdo dos textos na direção de seus contextos no sentido de buscar revelar explicações mais abrangentes de determinada cultura, a partir da relação texto contexto, ainda segundo Deslandes (2011). Dessa forma concluímos que em pesquisa qualitativa se pode contar com duas formas de análise de dados: a análise de conteúdo e método de interpretação de sentidos. Essas duas análises qualitativas foram úteis no estudo de caso ilustrativo apresentado.

4.3 Instrumentos

Os instrumentos de coleta de dados serão:

a) Os arquivos das violências ocorridas na escola em 2010, em comparação com a base de dados de 2012, devidamente catalogada, dia-a-dia, no dispositivo de mediação, levando em conta os registros de incivilidades e violências em seus graus leve, médio, e grave, bem como os encaminhamentos realizados ao SOE, DCA e DPCA.

b) Análise dos registros de violência, incivilidade, e encaminhamentos como já foram definidas cada uma das variáveis (DEBARBIEUX, 2001; CHARLOT, 2002), sendo incivilidades pequenas transgressões às regras de convivência, que geram mal-estar nas relações interpessoais do quotidiano, e violências entendidas como o recrudescimento das violências em um grau mais elevado, podendo ser passíveis da aplicação das medidas socioeducativas previstas no ECA.

A análise documental e de arquivos será feita de forma comparativa e estatística, enquanto a análise das variáveis incivilidades, violências e encaminhamentos, entendidos aqui os encaminhamentos para os órgãos protetivos das crianças e dos adolescentes, será feita estatisticamente, porém nos casos apresentados,

algumas variáveis serão estudadas qualitativamente de forma explicativa, quando se fará uma análise de como professores, alunos, funcionários e pais, percebem o impacto da mediação de conflito no espaço escolar sobre a comunidade escolar nas relações que desenvolveram, quanto ao aumento ou diminuição das violências. A análise quantitativa será feita verificando-se pelos gráficos apresentados sobre os índices de violências apresentados na escola, comparando-se períodos idênticos de 2010, em que os conflitos não foram mediados pelos alunos, e de 2012, com a implantação da mediação como estratégia escolar de resolução de conflitos e ação participativa dos alunos. (GASKELL, 2002)

Os instrumentos para análise qualitativa serão inspirados em Bardin (1977) categorizando-se as variáveis estudadas (BARDIN, 1977, p. 73 – 91) como ordenadores de suas ocorrências para o aluno, unidade-caso, do estudo de caso ilustrativo apresentado (BARDIN, 1977, p. 143 – 150).

4.4 Participantes

Os participantes serão todos os 900 alunos que integram o espaço escolar com idades entre 11 e 17 anos e um total de cerca de 60 professores, e demais funcionários que interagem com esse ambiente escolar dentro e fora da escola, a exemplo da comunidade. Todavia, serão analisados quantitativamente apenas os dados daqueles que foram atendidos no dispositivo de mediação.

Além dessa generalidade de participantes, o estudo de caso apresentado terá participante específico para dar suporte à análise qualitativa de forma descritiva, indutiva e particular.

A escolha da escola em apreço se justifica por oferecer Ensino Fundamental, extensivo a crianças e adolescentes e por estar investindo na mediação de conflitos para desenvolver a cultura da paz. Já a escolha dos participantes não seguiu nenhuma metodologia específica, tendo-se sido, portanto aleatória, e nos casos específicos pelas características significativas dos participantes.

4.5 Procedimentos

Foi feita uma investigação exploratória de um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, até porque os limites entre os fenômenos pesquisados e seu contexto ainda não são claramente conhecidos, pois ainda não se sabe com clareza quais os reflexos da mediação escolar na inclusão de crianças e adolescentes conduzida entre estes de forma horizontal.

Assim os procedimentos correram a partir de uma abordagem quantitativa e outra qualitativa.

A primeira abordagem foi feita a partir da análise quantitativa do número da incidência de violência, de março a dezembro de 2010, comparativamente a esses números ocorridos de março a dezembro de 2012, sendo que a análise levou em conta as variáveis incivilidades, violências e encaminhamentos, em seus acréscimos e decréscimos.

A segunda abordagem será feita a partir da análise qualitativa do estudo de caso ilustrativo para apreciar como ocorreu a inclusão do aluno unidade-caso, a partir do protótipo estudado escolhido por ser um caso dedutivamente representativo, e que pudesse ensejar indutivamente as ocorrências inclusivas desse caso para com os demais integrantes da população escolar estudada.

Essa apreciação qualitativa surgiu para realimentar o sistema estudado no sentido de se confirmar se foram tomadas as medidas corretas no enfrentamento dos problemas da violência e da exclusão, bem como para reconhecer a qualidade dos atendimentos realizados no dispositivo de mediação, dirigidos no sentido de proporcionarem a inclusão dos alunos.

Em relação ao caso das dificuldades inicialmente apresentadas por cada adolescente em questão, além de ser possível cruzar, nas questões quantitativas, variáveis como, idade, série, gênero, dos participantes, ou o tipo de violência mais recorrente, se física, verbal, moral, entre outras classificações antes abordadas, dados estes que se acham disponíveis no relatório on time do projeto interventivo de mediação, será também possível analisar-se a qualidade da gravidade das violências

praticadas, ou seja, como estas se comportaram em número e qualidade, no comparativo entre os anos de 2010 e 2012.

4.6 Local

O local de aplicação do presente projeto será o âmbito das instalações do CEF 02/Guará, escola pública já mencionada, pertencente à CRE/Guará, subordinada à SEEDF.

5. Resultados e Discussão

Foram considerados significativos, os dados que figuram como variáveis nos gráficos apresentados, tendo sido levadas em conta a incidência dos casos de incivilidades violências e encaminhamentos para os serviços de atendimento e apoio aos alunos, como SOE, DCA e DPCA, antes e depois da implantação do dispositivo de mediação, comparando-se os dados de 2012 com os havidos em 2010, pois os dados de 2011 já sofreram a influência do início do projeto interventivo de mediação, ainda que indiretamente e de forma tênue, no comportamento dos alunos.

Acompanharam-se as manifestações de violência, decorrentes de agressão verbal, física ou moral, praticadas de formas intencionais e continuadas, quer por ações, palavras ou insultos, de cunho cruel, intimidador ou vexatório, ocorridas entre os interlocutores do espaço escolar, bem como aquelas situações em que estes tiveram seus pertences atacados, relacionando-se sempre, tais manifestações de violência, a conflitos de relacionamento, como orientaram vários autores (ROSENBERG, 2006; CHRISPINO, 2007; VASCONCELOS, 2008; VILLAR y PERNAS, 2008; TEIXEIRA, 2011), ao mesmo tempo em que se verificou, segundo suas orientações, que a mediação seria útil para esse fim, no apoio ao projeto interventivo da escola, que buscou sempre uma pedagogia do diálogo para resolver os problemas do quotidiano escolar.

Levaram–se em conta ainda, os episódios violentos que criaram situações de mal-estar no espaço da convivência escolar, e se pôde verificar que conforme alguns pesquisadores dessa violência (SCHABBEL, 2002 CHRISPINO, 2007; SALES, 2007; MORGADO E OLIVEIRA, 2009; TEIXEIRA, 2011), entre outros autores, a mediação é útil para se desenvolver boa educação, e para si gerir positivamente os conflitos na convivência escolar, a fim de se construir uma cultura de paz, de cidadania e de boa convivialidade. Desse modo a mediação apresentou resultados significativos na diminuição da violência no ambiente pesquisado, como se verá a seguir.

Os dados representam o comparativo das incidências de violência escolar nos anos de 2010 e 2012 em seus graus: grave, médio e leve.

Deixemos claro que por se tratar de um projeto que envolve crianças e adolescentes, o tratamento dado aos agentes que praticam as violências mencionadas

deve ser encarado por uma ótica protetiva e socioeducativa prevista no ECA, contudo, as violências praticadas não deixam de ser violências.

No tratamento e acolhimento das crianças e adolescentes que o projeto de mediação atinge, levou-se em conta os dispositivos das medidas protetivas e socioeducativas do ECA, previstas em seu artigo 4º, bem como os do artigo 227 da CF/88 que dizem respeito à doutrina da proteção integral da criança, adolescente e jovem, como práticas restaurativas desses agentes, em contraposição à doutrina punitiva do Código Penal Brasileiro (CPB).

Enfatiza-se, todavia, que o tratamento dado ao agente que pratica a violência, é o da visão protetiva, socioeducativa e da proteção integral do ECA e da Constituição Federal Brasileira vigente, em seus dispositivos já mencionados, e não o da visão punitiva do CPB. Porém, para se classificar as violências, o que não se comunica com o tratamento dado ao seu autor, utilizou-se a fonte primária do CPB em suas tipificações.

A doutrina da proteção integral, nos informa que os adolescentes cometem atos infracionais e não crimes, mas, para se chegar ao conceito de violência grave, média e leve, utilizou-se uma interpretação sistemática do artigo 129 do Código Penal Brasileiro (Decreto nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940), combinado com o artigo 61 da Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995), alterado pela Lei 11.313/2006.

Dessa interpretação sistemática resultou que foi considerada como violências escolares leves aquelas que praticadas por criança ou adolescente, são similares à conduta típica praticada por adulto, que no sistema punitivo do CPB, tem pena em abstrato, de até dois anos. Como violências médias as de pena em abstrato, acima de 2 e até 4 anos, e como violências graves as de pena em abstrato, superior a 4 anos.

Reforcemos que mesmo que os adolescentes cometam atos infracionais e não crimes, o conceito da conduta praticada levou em conta as condutas típicas do CPB, apenas para a taxionomia das violências e não para o tratamento dispensado ao agente em desacordo com a lei, que no caso em tela é de acolhimento e não de apenamento.

5.1 Apresentação de dados e discussão das variáveis incivilidades, violências e encaminhamentos, após a implantação do dispositivo de mediação na escola

Para iniciarmos a apresentação dos dados obtidos, primeiramente trazemos os dados que incluem as variáveis incivilidades, violências graves, médias e leves, e encaminhamentos aos espaços de proteção das crianças e adolescentes, no primeiro e no segundo semestre de 2010, e em seguida os dados de 2012. Depois o comparativo dos dois universos, pois estes são os dados que segundo o referencial teórico mais influenciam no clima da escola, fazendo a diferença entre uma escola com um nível de convivialidade mais, ou menos aceitável.

Aqui se observam as repercussões da mediação como elemento que ao longo do ano de 2012 permeou as relações intersubjetivas dos alunos no ambiente pesquisado, e repercutiu em muitos aspectos de suas relações pessoais, quer nos aspectos físicos, envolvendo a incolumidade; quer nos afetivos, envolvendo a empatia que permeia as partes, como assinalaram Rosenberg (2006), e Morgado e Oliveira (2009), ou até mesmo nos cognitivos, envolvendo a aprendizagem, pois propiciou um ambiente mais adequado para que ela se desenvolvesse, sem afastar os adolescentes de seus sonhos ou amedrontá-los (CHRISPINO, 2007).

Gráfico 3 - NÍVEIS DE VIOLÊNCIA NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2010

Após a prática da mediação de conflitos na escola os dados das variáveis em questão se comportaram nos dois semestres de 2012 como segue:

Gráfico 4 - NÍVEIS DE VIOLÊNCIA NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2012

Gráfico 5 - NÍVEIS DE VIOLÊNCIA NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2012

Os resultados obtidos na comparação das incidências de violência entre 2010 e 2012 foram apresentados a seguir, conforme o gráfico de barras a seguir:

Do pondo de vista do paradigma quantitativo, observou-se que o número de incivilidades e violências na escola caiu vertiginosamente. As violências que antes sequer eram tratadas distintamente umas das outras, foram reduzidas nas seguintes proporções, juntamente com as incivilidades: em média, as incivilidades ocorridas em 2012 representaram apenas 44,8% das ocorridas em 2010; as violências ocorridas em 2012 representaram apenas 28,5% das ocorridas em 2010, mas considerando-se os resultados finais dos semestres elas foram praticamente reduzidas a zero, como mostram os gráficos 4 e 5 das p. 119 e 120, de onde se depreende que houve diminuição da violência, o que por si já proporciona maior inclusão dos alunos (CHRISPINO, 2007), inclusive daqueles que se encontram em situação de risco.

Identifica-se a partir dos gráficos acima, que o dispositivo de mediação proposto pela escola resultou em uma evidente queda das diversas situações de violência e incivilidades no espaço escolar. Observa-se também que um dos elementos que corroborou para o resultado apontado acima foi a utilização de uma mediação inovadora, apoiada no princípio da horizontalidade (SCHABBEL, 2002; FREIRE, 2004), ou seja, conduzido pelos próprios alunos, embora com a supervisão de adultos. Desse modo entendemos que a horizontalidade se constitui em um elemento de fortalecimento dos próprios alunos para conduzirem as dificuldades criadas não só por outros alunos, mas também pelos alunos mediadores, que podem em algum momento da sua vida escolar terem sido conduzidos ao projeto de mediação e depois terem se tornado mediadores, situação esta que aconteceu com diversos alunos que atuam atualmente no projeto como mediadores.

Além do exposto no parágrafo anterior, o dispositivo de mediação em estudo, inspirado no modelo de mediação circular-narrativo, privilegiou os mediandos como seres em relação com espaços apropriados de fala para que o verdadeiro sentido de seus discursos seja visto e revisto, pela cultura do diálogo, do consenso e da paz no ambiente escolar (SCHABBEL, 2002), eliminando-se barreiras e desbloqueando-se alguns problemas decorrentes da autoridade imposta pelos adultos no modelo de educação liberal tradicional, existente até hoje em muitas de nossas escolas.

Mais um elemento que contribui em nossa percepção contribuiu para a ocorrência dos dados revelados anteriormente, foi a operacionalização dos objetivos do

projeto interventivo em diminuir a violência e incluir alunos em situação de risco psicossocial, por meio do dispositivo de mediação, sobre esse aspecto, SÜSSEKIND (2005) chama a atenção para o fato de que a mediação como uma forma de composição de conflito conduzida por um terceiro, visa diminuir a distância entre as partes conflitantes de forma progressiva, para atingir um ponto de equilíbrio entre elas. Entende-se que os episódios de violência no projeto de mediação escolar ganham um

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