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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

2.6 MÉTODOS DE ANÁLISE DO MERCADO DE AÇÕES

2.6.2 Análise técnica

A análise técnica ou gráfica busca construir previsões do comportamento das ações a partir de acontecimentos do mercado, sendo observados fatores como oferta e demanda e o preço das ações no mercado.

A fundamentação teórica nos remete ao início do século XX, quando Charles Dow estudou o histórico de índices que refletiam o comportamento médio diário das bolsas. Ele observou que o mercado não é aleatório, que há uma lógica nos seus movimentos; e constatou que ele se move segundo tendências. Elas podem ser identificadas por meio de gráficos, que contêm toda a informação relevante. Para se dar bem no mercado, o investidor os utiliza para identificar uma tendência e investir a seu favor, até que apareçam evidências contrárias (MATSURA, 2007, p. 1).

Esse tipo de análise busca, por meio de gráficos, auxiliar os investidores a escolher o melhor momento para a negociação das ações, possibilitando-lhes maior segurança para traçar sua estratégia de compra e venda de ações.

A análise técnica tem a preocupação com a evolução histórica da oscilação nos preços das ações sem considerar questões inerentes à empresa, como sua situação financeira. Para isso a análise é feita com base em tendências observadas no mercado, de acordo com o comportamento apresentado pelo ativo.

Para Matsura (2007), o fator relevante para explicação da oscilação dos preços é saber como isso ocorre, sem ter importância o motivo que o provoca. As oscilações nos preços das ações podem ser consequência de diversos fatores políticos ou econômicos de complexa explicação, mas o preço é o fator determinante no comportamento das ações e nele está contida toda a informação necessária para sua explicação. O autor parte de três enfoques: a) o fator relevante é o preço;

b) o comportamento das ações reflete tendências do mercado;

c) a repetição de acontecimentos aumenta a previsibilidade do mercado.

Os analistas da análise técnica orientam sua tomada de decisão segundo o comportamento passado dos ativos com base em seu histórico de oscilação. Se esse comportamento for repetitivo, ou seja, se ocorrer de maneira semelhante ao longo do tempo, pode ser criado um padrão que venha a facilitar o diagnóstico de seu comportamento futuro. Sendo assim, podem ocorrer maiores chances da decisão de investimento ser acertada no futuro.

Conforme Matsura (2007), existem três formas de representar o gráfico de preços: gráfico de Linha, gráfico de Barras e o Candlestick.

Gráfico de linhas: composto pelo preço de fechamento diário, é um gráfico simples, de

fácil visualização e suficiente para a identificação de alguns padrões gráficos. Segue exemplo.

Gráfico 1. Exemplo de gráfico de linhas

Gráfico de Barras: mostra o preço máximo e o preço mínimo da ação no dia. Nesse

gráfico o preço é identificado ao longo de uma barra, com o preço mínimo na parte inferior da barra e o preço máximo na parte superior. Já o preço de abertura é indicado por um traço horizontal à esquerda da barra, e o de fechamento, à sua direita. Segue exemplo de gráfico de barras.

Gráfico 2. Exemplo de gráfico de barras

Fonte: Matsura (2007).

Gráfico Candlestick: como no gráfico de barras, o gráfico Candlestick representa os

preços de abertura e de fechamento, e os preços máximo e mínimo de uma ação no dia. Quando o corpo for vazio, o candle é de alta, ou seja, o preço de fechamento está acima do preço de abertura. Quando o corpo do candle está preenchido, significa que o mercado fechou em baixa, ou seja, o preço de fechamento está abaixo do preço de abertura. Segue o exemplo do gráfico de Candlestick.

Gráfico 3. Exemplo de gráfico de candlestick

Os analistas técnicos conseguem obter uma visualização aprimorada das tendências das ações no mercado com a utilização dos gráficos de barras e candlestick, por meio dos quais é possível analisar com maior eficiência o comportamento dos ativos ao longo de um determinado período. A partir das diferentes técnicas de análise gráfica pode-se conseguir um aparato sofisticado para o estudo da oscilação dos ativos no mercado.

Uma técnica bastante utilizada pelos analistas gráficos é o cálculo da média móvel simples que nada mais é que uma média aritmética simples. A média móvel simples é calculada pela soma dos preços dividida pela quantidade de preços.

A seguir é apresentada a fórmula para o cálculo da média móvel para determinado período:

Onde:

− P = preço

− n = período

Com isso, os períodos mais utilizados na elaboração de médias móveis simples e exponenciais para acompanhamento dos preços dos ativos são:

− Curto prazo: 3 a 21 períodos

− Médio prazo: 50 a 100 períodos

− Longo prazo: 100 a 252 períodos

Os analistas técnicos recomendam que o momento da opção de compra de ativos é quando o preço está acima da média e a opção de venda quando o preço está abaixo dela.

Às vezes encontramos flutuações das ações produzidas por problemas de estabilidade, e para eliminá-las utilizamos as médias móveis, que proporcionam a identificação da tendência e suas reversões de direção. As médias móveis são indicadores técnicos que possibilitam a análise dos movimentos dos preços de uma ação. Graças a sua simplicidade de construção e a objetividade de seus resultados, a média móvel de preço de ações tornou-se um dos mais objetivos e versáteis indicadores de tendência (PINHEIRO, 2007, p. 337).

De acordo com Matsura (2007), a média móvel tripla é desenvolvida mediante a utilização de três diferentes médias móveis juntas. A primeira delas é uma média mais rápida

que se refere somente a períodos de curto prazo; a segunda é uma média intermediária que reage a longos períodos de tempo, mas não tão longos quanto ao da média final; e a terceira média é a mais lenta a reagir, porque considera a média do período de tempo mais longo.

Esta média não indica nenhuma diferença até que os preços tenham se movido significativamente. As médias móveis de curto prazo, por serem mais sensitivas às mudanças dos preços, seguem a tendência de perto. A média intermediária segue a tendência de longe e a terceira média tende a ser menos sensitiva às mudanças dos preços.

De acordo com a média móvel tripla, sinais de compra são produzidos quando as três médias se movem numa tendência ascendente. Sinais de venda, ao contrário, são produzidos quando as três médias se movem numa tendência de queda. A tendência ascendente aparece quando a média móvel mais rápida (a de curto prazo) é maior que as outras duas médias, quando a média intermediária está acima da mais lenta (a de prazo mais longo), e quando a média de prazo mais longo está abaixo de todas.

As médias móveis colocam-se sempre do lado correto da tendência do mercado, mas a opção de compra e venda pode ser afetada pela volatilidade do mercado como fator de risco, pois com sua interferência os resultados da análise da média móvel podem não condizer com a realidade.

Após a explicação supracitada, a seguir é apresentada a forma gráfica da média móvel de 20 períodos, a fim de proporcionar uma melhor compreensão do tema.

Gráfico 4. Média móvel de 20 períodos

Fonte: Software Grafix, versão 1.9.3.0. Comprar

Segundo Matsura (2007, p. 71), a análise decorrente da média móvel indica que o melhor momento para se posicionar é no cruzamento das duas curvas: comprar quando o preço cruzar a média de baixo para cima; vender quando o preço cruzar a média de cima para baixo.

Na análise gráfica pode-se encontrar movimentos em que há uma descontinuidade dos preços: o preço dá um salto ou uma queda, formando um intervalo em que não houve negócio, sendo esses movimentos denominados de GAPS.

Segundo Matsura (2007), essa situação acontece, muitas vezes, em função de algum fato inesperado, divulgado após o fechamento do pregão, quando não existe a possibilidade de negociação imediata. Os investidores têm mais tempo para digerir o fato novo e, eventualmente, concluir que o nível de preço se deslocou para um novo patamar.

Dependendo do contexto e das suas consequências, pode-se classificar os GAPS em quatro tipos:

Comum (Área): aparece em movimento de congestão, seja de acumulação ou de

distribuição. Normalmente, isso não implica aumento de volume; os GAPS comuns são fechados rapidamente, ou seja, o preço retorna ao seu patamar anterior.

Gráfico 5. Representação comum de um GAP

Fonte: Software Grafix, versão 2.3.4.0.

Corte: sinaliza o início de uma tendência e/ou rompimento de uma congestão. Rompe o

Gráfico 6. Representação de corte num GAP

Fonte: Software Grafix, versão 2.3.4.0.

Continuidade: sinaliza a continuidade de uma tendência. Diferentemente do GAP de

corte, ele ocorre quando a tendência já está definida.

Gráfico 7. Representação da continuidade de um GAP

Fonte: Software Grafix, versão 2.3.4.0.

Exaustão: sinaliza o final de uma tendência; é o esforço derradeiro dos investidores que

estão posicionados a favor da tendência. O mercado está supercomprado (ou super- vendido), os compradores (ou vendedores) já estão perdendo força, e é eminente o final da tendência. Depois de um período de oscilações, normalmente o GAP é preenchido.

Gráfico 8. Representação de exaustão em um GAP

Fonte: Software Grafix, versão 2.3.4.0.

Ilha de Reversão: é caracterizado por dois GAPS, sendo que o primeiro é de exaustão.

Após o primeiro GAP, os preços entram em uma faixa de congestão e, em seguida, ocorre o segundo GAP, invertendo a tendência anterior. Esse padrão é um forte sinalizador de reversão de tendência, ele também é conhecido como Ilha de Reversão.

3 METODOLOGIA

A metodologia tem por objetivo classificar o tipo de estudo que foi desenvolvido, ressaltando suas características que contribuíram para o alcance dos objetivos propostos no projeto. Minayo (1994) descreve a metodologia como sendo a descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados no desenvolvimento do estudo.

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