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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PERDIGÃO S/A

A exemplo da Sadia S/A, os dados da Perdigão S/A foram colhidos no site eletrônico da organização, e mostram a importância da empresa para o desenvolvimento da região.

Nos primeiros anos da década de 30, no meio-oeste de Santa Catarina, descendentes de duas famílias de imigrantes italianos – os Ponzoni e os Brandalise – estabeleceram um pequeno negócio, um armazém de secos e molhados, inaugurado em Vila das Perdizes, às margens do Rio do Peixe, com o nome de Ponzoni Brandalise & Cia, cujo crescimento originou a Perdigão S/A.

No ano de 1939 a empresa iniciou suas atividades industriais com um abatedouro de suínos. Dois anos mais tarde criou sua identificação visual com um novo logotipo que traz um casal de perdizes. O abate de suínos cresceu e alcançou a marca de 100 animais/dia, exigindo melhorias tecnológicas dos equipamentos do frigorífico.

Em 1943 a empresa iniciou a expansão de suas atividades com a compra da Sociedade Curtume Catarinense (mais tarde passou a se chamar Curtume Perdigão), processando peles de suínos próprias e de terceiros.

No ano de 1945 os negócios com comércio, indústria e curtume foram agrupados em uma Sociedade Anônima, passando a denominar-se Ponzoni Brandalise S/A Comércio e Indústria.

Seguindo o processo de expansão dos negócios foi realizado em 1947 o primeiro investimento no setor madeireiro, com a aquisição de serrarias.

No ano de 1954 a empresa consolidou a atividade comercial e de processamento de suínos, direcionando seus investimentos para a agropecuária, com a construção da Granja Santa Gema, em Videira (SC), voltada à produção de animais de alta linhagem. No ano seguinte iniciou o abate de aves, realizado de forma artesanal nas dependências do frigorífico de suínos.

Em 1958 a empresa recebeu a denominação de Perdigão S/A Comércio e Indústria, e quatro anos mais tarde alcançou a marca de 500 aves abatidas por dia, comercializadas e resfriadas em São Paulo.

No ano de 1964 foram instalados laboratórios para o controle microbiológico e físico- químico dos produtos nas unidades industriais, os quais foram os embriões das áreas de controle da Qualidade e de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa. Naquele mesmo ano ocorreu a criação do time de futebol profissional da Perdigão e a fundação da Sociedade Esportiva Perdigão (SEP) para administrar esta equipe.

Dois anos mais tarde foi implantado o inovador sistema de criação integrada de aves, com a engorda de lotes experimentais de 1,2 mil pintinhos por produtores parceiros. Também em 1966 o time profissional da Perdigão consagra-se campeão catarinense.

O ano de 1968 é marcado pelo início da automação do processamento de aves. A capacidade de abate atingiu 1,5 mil aves/dia. E três anos mais tarde a empresa expandiu a atividade de curtume com a aquisição do Empório Couros S/A que, após a fusão com o curtume Perdigão, tornou-se Perdigão Couros S/A.

Em 1972 a Perdigão dissolveu o time de futebol profissional e a SEP transforma-se em Sociedade Esportiva e Recreativa Perdigão (SERP), cujas instalações foram destinadas para o lazer dos funcionários e familiares.

No ano seguinte a empresa investiu na infraestrutura da cidade de Videira (SC), construindo um hotel e instalando um supermercado. Também ampliou os negócios na área da fruticultura da maçã, com a compra de fazendas produtoras na região de Friburgo (SC).

Ainda com a estratégia de expansão dos negócios, em 1974 foi construída a Perdigão Rações S/A – Comércio e Indústria, responsável pelas fábricas produtoras de ração animal, mais tarde denominada Perdigão Alimentos S/A.

Em 1975 foi construído o primeiro abatedouro exclusivo para aves, em Videira (SC), tornando-se nesse mesmo ano uma das pioneiras na exportação de carne de frango do Brasil para a Arábia Saudita.

Ainda neste ano a Perdigão Alimentos S/A, que já produzia rações, passou a industrializar soja e derivados com a construção, em Videira (SC), de uma unidade para esmagamento do grão, refino de óleo e produção de farelo, matéria prima usada na produção de ração.

Em 1977 foi incorporada a União Velosense de Frigorífico – Unifrico S/A, uma empresa de abate e industrialização de suínos, em Salto Veloso (SC), e que no ano seguinte passou a se chamar Perdigão Veloso S/A.

No final da década de 70 a Perdigão Alimentos S/A incorporou a Rações Pagnocelli S/A, fábrica localizada em Catanduvas (SC). E com a finalidade de oferecer ao mercado uma alternativa diferenciada de consumo de carne de aves, a Perdigão importou dos Estados Unidos as primeiras matrizes da espécie Gallus gallus, dando início a um programa de melhoramento genético com o objetivo de desenvolver uma ave especial com 70% de suas carnes concentradas no peito e nas coxas. Nascia aí a marca Chester®, pioneira em produtos industrializados com baixo teor de gordura, desenvolvida e registrada pela Perdigão S/A.

Durante os três primeiros anos da década de 80 foram incorporadas a Agropecuária Confiança Ltda e a Comércio e Indústria Saulle Pagnocelli S/A, em Herval D’Oeste (SC), compreendendo uma unidade de abate e industrialização de suínos, granjas e uma hidrelétrica.

Foi incorporada ainda a Indústria Reunidas Ouro S/A, em Capinzal (SC), composta por um abatedouro de aves, uma unidade de industrialização de suínos e granjas. Também fez parte desta unidade o complexo agropecuário da produção e industrialização da ave Chester®. Esse período é marcado expressivamente pela abertura de capital da Perdigão S/A Comércio e Indústria, passando a comercializar ações na Bolsa de Valores.

A segunda metade da década de 80 é marcada pela aquisição de outras empresas por parte da Perdigão S/A, como o Frigorífico Borella e sua marca em Marau (RS), cujas instalações foram ampliadas e modernizadas. Também foi adquirida uma fábrica de rações em

Gaurama (RS) e a Sulina Alimentos S/A, em Serafina Corrêa (RS), que foi mantida como empresa independente do grupo Perdigão.

Nesse mesmo período a Perdigão S/A formou um time de futebol de salão profissional, cuja trajetória vitoriosa serviu como um importante veículo de promoção da empresa. Até 1991, quando foi dissolvido, conquistou 19 importantes títulos em eventos no Brasil e no exterior, dentre eles, o de bi-Campeão Brasileiro, o de tri-Campeão Sul Americano e o de Vice-Campeão Mundial.

Com a passagem de Saul Brandalise para o Conselho de Administração, Flávio Brandalise, seu filho mais velho, assumiu a Presidência, dando início à atuação da segunda geração na administração dos negócios.

No último ano da década de 80 foi lançada a linha Turma da Mônica, pioneira no Brasil no segmento de produtos industrializados de carnes com baixa condimentação.

Ainda nesse período foi firmada parceria com a Mitsubischi Corporation, do Japão, objetivando o acesso a recursos e tecnologia para fortalecer a presença da empresa no mercado internacional.

Na década de 90 a Perdigão S/A tem os abatedouros de aves de Capinzal (SC) e Marau (RS) aprovados para exportar produtos para a União Europeia.

A empresa iniciou seu programa de tecnologia ambiental, realizando investimentos para o aperfeiçoamento dos sistemas de proteção ao meio-ambiente em suas unidades industriais. Ao longo da década de 90 foram aplicados neste programa aproximadamente US$ 7 milhões.

Saul Brandalise, um dos fundadores da Perdigão, faleceu em 1991, em Videira (SC). Ângelo Ponzoni, outro fundador da Perdigão, faleceu no ano seguinte, no Rio de Janeiro (RJ).

Na metade da década de 90, o controle acionário foi adquirido por um grupo de Fundos de Pensão, encerrando a fase da administração familiar. Iniciou então um período de profissionalização na administração da empresa, sendo realizadas reestruturações societária e organizacional.

Em 1995, a empresa recebeu o Prêmio Mauá, outorgado pela Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, Associação Comercial do Rio de Janeiro e Associação Brasileira de Companhias Abertas, pela qualidade e transparência de suas informações ao mercado de capitais. Pela primeira vez este prêmio distingue uma indústria de alimentos.

Em reconhecimento às suas ações voltadas à valorização de seus recursos humanos, a Perdigão recebe, nos anos 90, o Prêmio SESI de Qualidade de Vida no Trabalho.

Na segunda metade da década de 90 foi inaugurada em Marau (RS), a mais moderna fábrica de ração da América Latina, com capacidade para produzir 33 mil toneladas por mês.

Nesse mesmo período é concluída a reestruturação societária, que resultou numa única empresa de capital aberto – a Perdigão S/A, e uma única empresa operacional – a Perdigão Agroindustrial S/A.

Pioneira na implantação da inseminação artificial em suínos, a Perdigão, em 1998, investiu em mais dois novos Centros de Difusão Genética: em Videira (SC) e em Rio Verde (GO). Ambos constituem-se individualmente nos maiores centros de inseminação artificial do Brasil. No ano seguinte a empresa ampliou seus negócios, entrando no mercado de massas prontas congeladas com a Linha Toque de Sabor.

Em 2000, a Perdigão S/A compra 51% do controle acionário do Frigorífico Batávia e o mantém como empresa independente. O investimento marca a entrada da Perdigão no mercado de carne de peru, dando início a uma parceria com a Parmalat na área de distribuição na América do Sul.

Naquele mesmo ano, o complexo agroindustrial de Rio Verde entrou em fase pré- operacional com o abate e processamento de suínos no mês de julho, e o de aves em outubro. E pelo segundo ano consecutivo a empresa foi consagrada pela Revista Exame como uma das 100 melhores empresas para se trabalhar.

O quadro efetivo da empresa ultrapassou 20 mil funcionários no ano de 2001. Adquiriu ainda os 49% restantes do controle acionário do Frigorífico Batávia e o incorporou à Perdigão Agroindustrial S/A, mantendo a marca Batavo no mercado.

As operações no complexo de Rio Verde aumentaram e a unidade passou a exportar seus produtos para países da Europa e do Oriente.

Ainda em 2001, a empresa aderiu ao nível I de Governança Corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), o que deu maior destaque aos esforços da companhia na melhoria da relação com investidores, elevando o potencial de valorização de seus ativos.

Em 2002 a Perdigão deu mais um importante passo em seu processo de internaciona- lização com a abertura de um escritório em Dubai, nos Emirados Árabes, ampliando a presença da empresa e das marcas – Halal, Unef e Borella – em países do Oriente Médio.

A empresa inovou mais uma vez ao entrar no segmento de sobremesas prontas congeladas, pizza doce, tortas e folhados Perdigão.

E ainda reestruturou o atendimento no mercado europeu, transformando o escritório de representações de Londres em uma unidade de negócios que coordena a unidade da Holanda.

Em 2003 foi inaugurada a Unidade de Industrializados de Marau, no RS, que naquele ano produziu 122 mil toneladas de industrializados de carnes de aves e suínos destinadas para os mercados interno e externo. E a fim de desenvolver novos produtos, a empresa investiu na modernização do seu Centro de Pesquisa, inaugurando, em Videira (SC), o novo Centro de Tecnologia de Carnes.

No ano em que comemorou 70 anos de atividades a empresa inaugurou escritórios de vendas em Cingapura e Tóquio, os quais ampliaram a participação da Perdigão no mercado local e fortaleceram o projeto de internacionalização da empresa.

Na segunda metade da primeira década do século 21, a empresa continua se destacando em suas atividades a nível mundial, recebendo prêmios de revistas e instituições. Ainda assim amplia cada vez mais seus horizontes por meio da ampliação de suas unidades e da fusão com outras empresas, como ocorreu no ano de 2006, quando a Perdigão S/A adquiriu 51% do capital social da Batávia S/A Indústria de Alimentos e entrou no mercado de lácteos.

Já em 2007 a empresa adquiriu um frigorífico de bovinos em Mirassol D’Oeste, no Estado do Mato Grosso, atendendo metas de ampliação da sua atuação na área de bovinos. E em novembro de 2007 a Perdigão passou a deter o controle total da Batávia, totalizando o valor de R$ 155 milhões nesse negócio.

E, por fim, a empresa adquiriu a Eleva (antiga Avipal). Esta operação iniciou em outubro de 2007 e se concretizou em fevereiro de 2008, envolvendo o montante de R$ 1,7 bilhão. O empreendimento formou um dos maiores conglomerados de alimentos da América Latina, com forte atuação na exportação de carnes e lácteos.

Com a aquisição, a Perdigão atingiu marca histórica, ultrapassando a arqui-rival Sadia em faturamento, tornando-se a maior empresa brasileira de alimentos. Em 2008 as receitas da Perdigão e da Eleva atingiram 8,2 bilhões de reais, enquanto a Sadia faturou 7,9 bilhões.

Com a crise financeira da Sadia, após anos de tentativas de união e meses de negocia- ções, em 20 de maio de 2009 houve a tão esperada notícia da fusão das duas maiores empre- sas da indústria alimentícia de aves e massas congeladas brasileira: a Sadia e a Perdigão.

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