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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA SADIA S/A

Os dados da empresa Sadia S/A, ora apresentados, foram colhidos no site eletrônico da organização, e revelam a sua trajetória histórica de mais de meio século de atividades.

Na década de 40, o mundo passava por grandes transformações e o cenário industrial brasileiro era promissor. A região de Concórdia, em Santa Catarina, começava a se tornar um importante centro produtor. A criação de suínos e o cultivo de alguns produtos agrícolas posicionavam o município entre os 10 mais prósperos do Estado.

Foi neste contexto que Attilio Fontana criou a Sadia em 1944. No começo, ele só tinha um pequeno moinho e um frigorífico inacabado. O retorno dos investimentos aplicados no moinho permitiu completar a construção do frigorífico. Em 1946 ele já abatia mais de 100 suínos por dia.

Com o avanço industrial do País, os padrões de consumo começaram a mudar e a empresa precisou ajustar-se ao mercado. Em 1947, a Sadia virou marca registrada e abriu uma distribuidora em São Paulo. Foi o passo inicial para conquistar o mercado nos anos 50.

Na década de 50, a região de Concórdia dava um importante passo para tornar-se um pólo de criação e industrialização de suínos no país. Esse processo teve total influência da

Sadia, que ajudou a fundar a Associação Rural de Concórdia a fim de congregar os colonos e oferecer orientação técnica na criação de suínos e no cultivo agrícola.

Em 1952, a empresa arrendou um avião da Panair para levar produtos para as duas grandes capitais do Sudeste. Era a época do slogan “Pelo ar, para seu lar”, que ajudou a impulsionar as vendas e popularizou os produtos Sadia. Cada vez mais a empresa investia no aprimoramento da matéria prima e nas iniciativas para firmar-se comercialmente na grande rota consumidora, o eixo Rio-São Paulo.

Em 1953, com apenas nove anos de existência, a Sadia inaugurou seu front industrial na capital paulista – o Moinho da Lapa S/A, a primeira unidade fora de Concórdia. Foi com essa iniciativa estratégica que a empresa passou a projetar sua visibilidade e credibilidade empresarial.

Na década de 60, o Brasil atravessou diversas dificuldades. As incertezas políticas e a inflação davam indícios de que a época não seria favorável aos empreendimentos. Contrariando os prognósticos, a Sadia decidiu investir em tecnologia, reestruturação de vendas e expansão das atividades.

Em 1961 institucionalizou o sistema de Fomento Agropecuário com base na parceria entre o produtor suinícola e a indústria.

Em 1964 inaugurou, em São Paulo, a Frigobrás – Companhia Brasileira de Frigoríficos, primeira indústria de carnes e derivados fora de Concórdia. O projeto já existia há alguns anos, mas só então foi concretizado. A partir daí diversos produtos passaram a ser produzidos em São Paulo: salsichas, almôndegas, quibes e o famoso Hambúrger Sadia. Foi o ingresso do negócio no segmento de alimentos semiprontos congelados.

Em 1967, com depósitos em toda a Região Sul e escritórios comerciais em diferentes cantos do País, a empresa criou a Sadia Comercial Ltda, responsável pela venda e distribuição dos produtos no Brasil.

Crescimento, avanço tecnológico, pesquisas em genética animal, lançamentos inéditos, distribuição capilar dos produtos, imagem de marca de qualidade, ingresso nas exportações, além de outras conquistas, fizeram a história da Sadia na década de 60.

Na década de 70 um panorama econômico favorável começou a se desenhar no País, o chamado “Milagre Econômico”. Aproveitando os bons ventos, a Sadia empenhou-se em abrir fronteiras produtivas e criar novos empreendimentos, inclusive no mercado internacional.

Em 1971, a Assembleia Geral Extraordinária aprovou a abertura do capital da empresa com o lançamento de ações na bolsa e a mudança da razão social. A antiga S/A Indústria e Comércio Concórdia deu lugar à nova Sadia Concórdia S/A – Indústria e Comércio, controladora de um grupo de cinco empresas do setor agroindustrial e comercial.

Em 1973 entrou em operação a Sadia Avícola S/A, em Chapecó, SC, especializada na produção e abate de perus. Em 1974 nasceu o Peru Temperado Sadia, um dos produtos de maior sucesso na história da empresa, consolidando sua liderança em vendas de carne de peru. No ano seguinte a empresa começou a exportar frango para o Oriente Médio e assumiu a liderança entre os exportadores nacionais.

No final da década de 70 a empresa atingiu um extraordinário crescimento, com diversas operações, plantas industriais nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de uma vocação exportadora consolidada.

Do ponto de vista econômico, os anos 80 foram considerados “a década perdida”, com altos índices de inflação e a sucessão de três planos econômicos fracassados. Todas as empresas foram afetadas por esse contexto.

Apesar do ambiente desfavorável, a Sadia conseguiu crescer, ampliando sua produtividade e eficiência, transformando o lucro de investimentos anteriores em industrialização e acelerando as exportações.

Em 1980 nasceu a Sadia Trading, responsável pelas vendas no exterior. No mesmo ano as exportações ultrapassaram os US$ 100 milhões, e conquistaram o Extremo Oriente, Japão e Hong Kong, passando o quibe Sadia a ser consumido pelos árabes.

Em 1982 dois acontecimentos marcaram a sua história: a criação do SIC – Serviço de

Informação ao Consumidor Sadia, primeiro canal direto com o consumidor na indústria

alimentícia, e o reconhecimento da marca Sadia pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, como Marca Notória.

Ao longo da década diversas unidades de produção entraram em operação. Em 1988 a empresa ultrapassou US$ 1 bilhão de faturamento, sendo responsável por 16,7% da produção brasileira de aves e liderando o segmento. No ano seguinte, a Sadia perdeu seu fundador, Attilio Fontana, um dos grandes empreendedores do século 20.

A companhia fechou a década exportando para 40 países e posicionou-se entre os maiores exportadores brasileiros.

No início dos anos 90 o Brasil ainda sofria as consequências do descontrole da inflação. A Balança Comercial estava em desequilíbrio e os números da produção industrial se encontravam no mesmo patamar dos anos 80.

Diante dos desafios e da demanda nacional e internacional, a Sadia optou por oferecer ao consumidor produtos práticos e que atendessem às mais diversas necessidades. Implantou o programa de Qualidade Total: TQS – Total Qualidade Sadia, e experimentou novos métodos gerenciais e produtivos, além de realizar uma significativa expansão fora do País. Foi uma época que se destacou por grandes transformações no rumo da companhia.

Já no começo da década, a empresa abriu filiais comerciais em Tóquio, Milão e Buenos Aires. Um ano depois, visando estabelecer um posto de observação no mercado chinês, inaugurou em Pequim a Churrascaria Beijing Brasil. Em 1996, com os olhos no Mercosul, abriu uma central de armazenagem e distribuição em Buenos Aires.

Em 1994 a companhia comemorou seu cinquentenário, fechando o ano com um faturamento de US$ 2,9 bilhões e uma receita de exportação de mais de meio bilhão de dólares. Dos cerca de 60 funcionários de 1944, ano da sua fundação, ela empregava agora cerca de 32 mil pessoas. Ainda nesse ano iniciou um processo de sucessivas incorporações, dentro de um projeto de racionalização e reestruturação societária. O objetivo era atingir uma economia de escala, reduzir custos, simplificar as operações e oferecer maior transparência para o mercado de capitais. Quatro anos depois, esse processo culminou na criação da Sadia

S/A, que consolidava todas as atividades operacionais em uma única organização.

Os anos 2000 foram a década em que o Brasil comemorou os seus 500 anos. A economia estava estabilizada, os índices de inflação mais baixos e as instituições democráticas consolidadas. A globalização é um fato e novas tendências ganham corpo: fusões, joint ventures, parcerias, alianças estratégicas, e-commerce, logística integrada, governança corporativa, responsabilidade social e outros temas importantes.

A Sadia entrou no ano 2000 com o perfil de uma empresa de alto valor e sua marca absolutamente consolidada. Sua presença é cada vez mais competitiva no mercado interno e estratégica no mercado externo. Já possui filiais na Argentina, Uruguai e Chile, escritórios na Itália, Inglaterra e Emirados Árabes e representações no Paraguai, Bolívia e Japão.

Logo no início da década, em 2001, a Sadia lançou na Bolsa de Nova York seus ADRs - American Depositary Receipts – para aumentar sua visibilidade e permitir que investidores

estrangeiros pudessem adquirir seus títulos. No mesmo ano também aderiu ao Nível 1 de Governança Corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo.

Em 2001 e 2003 a empresa foi eleita a marca mais valiosa do setor de alimentos no Brasil pela consultoria inglesa Interbrand. No ano seguinte iniciou a comemoração dos seus 60 anos de fundação com uma grande campanha publicitária – “Sadia 60 anos. Uma história de Amor” – que colecionou inúmeros prêmios.

Para contribuir com o desenvolvimento sustentável, em 2004 a empresa fundou o Instituto Sadia, que hoje atua com o Programa de Investimento Social e o Programa de Suinocultura Sustentável Sadia (Programa 3S).

Em 2005 foi a vez de retomar o abate de bovinos, aumentando sua oferta de produtos. Entre os lançamentos, um dos grandes destaques foi o Hot Pocket, que rapidamente tornou-se um sucesso de vendas. Nesse mesmo ano, a Sadia criou também a linha Sadia Soja e reformulou a marca Rezende. Pela quarta vez consecutiva, foi eleita a marca de alimentos mais valiosa do Brasil.

Já em 2006 aconteceram profundas transformações na companhia e ela tornou-se mais preparada para enfrentar os desafios do mercado. Criou um Comitê de Sustentabilidade para avaliar suas atividades e inaugurou uma diretoria de Relações Internacionais que, posteriormente, deu início a um projeto de instalação de uma fábrica na Rússia.

No mesmo ano, iniciou as obras da Unidade Agroindustrial de Lucas do Rio Verde. O projeto é um dos maiores da companhia e compreende a construção de um abatedouro de aves, uma unidade de abate e industrialização de suínos, além de uma fábrica de rações.

Em 2007, o Hot Pocket foi eleito “O Melhor do Brasil” por uma das mais importantes feiras de alimentos do mundo: a SIAL, em Paris. Foi nesse ano também que a Sadia realizou a primeira venda de créditos de carbono, obtidos com a captação de gases do efeito estufa. E antes mesmo do Protocolo de Quioto, foi pioneira ao desenvolver projetos para a captação de metano da atmosfera, contribuindo para amenizar o aquecimento global.

Neste mesmo ano a Sadia entrou para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela BMF&Bovespa para analisar e reconhecer as empresas sustentáveis.

Ainda em 2007, anunciou um plano ambicioso de investimentos para dobrar o faturamento da companhia em cinco anos. Modernizou também o armazém-frigorífico do Porto de Paranaguá, responsável por armazenar grande parte dos produtos exportados para

mais de 60 países. De 3,1 mil toneladas, o armazém aumentou sua capacidade para 8,5 mil, representando um crescimento de 170%.

Outra iniciativa fundamental foi o patrocínio às delegações olímpicas brasileiras que participaram dos Jogos no Rio 2007. O acordo, assinado com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), garantiu à Sadia exclusividade na categoria de alimentos e foi até os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Em paralelo, a Sadia revitalizou um dos símbolos mais fortes da marca, com a nova versão do Mascote Sadia em 3D, e lançou uma grande campanha institucional da marca com o slogan “Para uma vida mais gostosa”.

O ano de 2008, por sua vez, foi marcado por um programa ainda mais agressivo de investimentos. A Sadia iniciou a construção de sua primeira unidade no Nordeste do Brasil. Com capacidade de produção de 150 mil toneladas de embutidos, a fábrica recebeu investimentos de R$ 300 milhões. A operação começou em março de 2009 e será uma referência em termos de sustentabilidade. Além de autossuficiente em água, será a primeira fábrica do Brasil a neutralizar 100% de suas emissões de gases de efeito estufa por meio do plantio de 3,5 milhões de árvores nativas.

Outra conquista socioambiental foi entrar para o relatório “Criando Valores para Todos: Estratégias de Negócios com os Pobres”, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Isso ocorreu graças ao Programa de Suinocultura Sustentável Sadia, o Programa 3S, que vem envolvendo 3,5 mil suinocultores na redução das emissões de gases do efeito estufa e na comercialização de créditos de carbono, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto.

Todas essas ações cooperaram para a permanência da Sadia no ISE Bovespa em 2008, um reconhecimento pelo trabalho que a empresa vem desenvolvendo, tornando-a referência no mercado como empresa sustentável.

Entre os prêmios conquistados pela Sadia ao longo de 2008, destacam-se:

− 5º lugar no ranking “As 100 empresas de maior prestígio do Brasil” (Época Negócios e Troiano Consultoria de Marca) e eleita a indústria de alimentos que mais gera empregos no Brasil: cerca de 60 mil colaboradores (ABIA).

− Melhor Gestão de Marca (Prêmio APEX Brasil de Excelência em Exportação):

 Margarina Qualy: líder pelo segundo ano consecutivo (Top of Mind, Datafolha/Folha de São Paulo) e vencedora pela quarta vez do Marcas de Confiança (Revista Seleções e Ibope).

 Hambúrguer grelhado e margarinas saborizadas: eleitos produtos mais inovadores do mundo (Sial - Paris).

Neste mesmo ano de 2008, a Sadia anunciou que liquidou antecipadamente operações realizadas no mercado financeiro relacionadas à variação do dólar, em razão “da severidade da crise internacional e da alta volatilidade da cotação da moeda norte-americana”. Com isso, se tornou a primeira empresa brasileira não financeira a admitir perda ligada diretamente à crise nos mercados financeiros. Analistas esperavam perdas similares em outras empresas.

A decisão representou perdas de R$ 760 milhões à empresa, o que significou prejuízo no ano. Na estimativa de Denise Messer, analista do banco Brascan, o prejuízo líquido da Sadia no ano será de R$ 224 milhões, contra lucro líquido de R$ 689 milhões do ano passado. Antes do anúncio, o Brascan projetava lucro de R$ 536 milhões para a Sadia em 2008.

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