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5. METODOLOGIA DA PESQUISA

5.3. Análise Textual Discursiva

Conforme Moraes e Galiazzi (2006), Análise Textual Discursiva – ATD é uma forma de analisar dados na pesquisa qualitativa que envolve a análise de discurso e de conteúdo. Os elementos são desconstruídos, categorizados e reagrupados em uma nova compreensão, que é validada. A categorização em unidades constitui etapas para que novas compreensões sejam produzidas. A Análise Textual Discursiva (Figura 4) promove a compreensão da produção de significados sobre os fenômenos investigados, e também, a transformação do pesquisador. Porém esse processo não é tranquilo. A análise de dados é um momento importante podendo gerar ansiedade e insegurança no pesquisador.

A análise textual discursiva tem como procedimento: a desmontagem dos textos, com objetivo de examinar os detalhes; o estabelecimento de relações, ou seja, construir associações entre os elementos linguísticos do texto; a captação de um novo emergente, isto é, a capacidade para produzir uma nova combinação entre os elementos; e, finalmente, um processo de auto-organização, que pode resultar em criação e originalidade. [...] uma metodologia, um processo auto-organizado de construção da compreensão (NOGUEIRA, 2008).

Características e etapas conforme a figura 4:

1. Unitarização – constitui uma leitura cuidadosa para separação das unidades significativas. Os dados são interpretados;

2. Categorização – comparação e agrupamento das unidades de acordo com o objetivo da pesquisa. Agrupando significados semelhantes. Seguindo um critério, podendo ser modificadas e reorganizadas;

3. Metatexto – reconstrução do novo. Com considerações sobre as categorias que a constituíram. Momento de interpretações e argumentações que validem a tese. Conforme

Moraes (2003), esses metatextos constituídos de descrição e interpretação, representam um conjunto de compreensão dos fenômenos investigados.

Na Análise Textual Discursiva ocorre um processo de desconstrução (1. Unitarização) para, a partir de relações entre os elementos unitários, construir categorias (2. Categorização) que ofereçam elaborações para novas compreensões (3. Construção de metatextos).

Figura 4: Processo da Análise Textual do Discurso - ATD

NOTA: Descrição do processo de pesquisa qualitativa na ATD Análise Textual Discursiva. Elaborado pela autora em jun/18.

O processo constitui-se de repensar e reconstruir as concepções sobre a importância dos estágios no contexto da formação de professores, confrontando compreensões e procurando reconstruir as próprias teorias. A síntese da Análise Textual Discursiva é um contínuo ressurgir de Fênix (GALIAZZI; RAMOS; MORAES, 2013). No início, não se tem uma visão clara do processo como um todo. Primeiramente, levanta-se a produção de ideias isoladas, unidades de significado, cada uma trazendo argumentos que cada entrevistado defende em seu entendimento sobre o que é um bom estágio. O conhecimento do entrevistado deve ser destruído, desorganizado, para que novos conhecimentos possam ser construídos. Então, organizam-se as unidades de significado com as ideias que cada um tem sobre o tema. Categorizar significa construir de uma forma diferente do original. Neste momento há o aprofundamento teórico para auxiliar a compreensão dos estágios, ampliando a compreensão e problematizando a análise. Avaliando os aspectos positivos e negativos. Na etapa metatexto, Galiazzi, Ramos e Moares (2013) afirmam que da “repetição à criação somos seres sociais,

que conseguimos repetir, reconstruir, constatar, transformar, criar e isso envolve risco e desafio” (p.10). E, a partir de múltiplos olhares, compor argumentos sobre a importância dos estágios.

Optou-se pelo método dedutivo, a partir da formação inicial de professores, o contexto do curso LiGEA para chegar no desenvolvimento dos estágios. As categorias a priori estão relacionadas às seis questões da pesquisa sobre a importância dos estágios. A análise destas categorias servirá de base para a elaboração do metatexto de conclusão da pesquisa, pois, segundo Moraes (2003), é importante que se consiga expressar um argumento que aglutine e sintetize as categorias. Entende-se que um dos elementos essenciais da ATD é a produção de argumentos que defenda a hipótese levantada. Num primeiro momento, a ATD se processa na fragmentação em unidades, a seguir, é necessário estabelecer relações nas categorias, um eterno desmontar dos textos para, no final, expressar o olhar do pesquisador sobre os significados percebidos. Por fim, a produção textual é mais que um exercício de expor aquilo que foi compreendido, é uma oportunidade de aprender. É um processo vivo de aprendizagem aprofundada dos fenômenos investigados de acordo com os objetivos da pesquisa (MORAES, 2003).

A Análise Textual Discursiva é subjetiva, pois “é impossível fazer uma pesquisa na qual se almeje a neutralidade do pesquisador e a objetividade da análise. Toda análise é subjetiva, fruto da relação íntima do pesquisador com seu objeto pesquisado” (MORAES; GALIAZZI, 2006). Todo o processo de análise depende da capacidade interpretativa do pesquisador. Cada leitura traz novas compreensões. Dessa forma, mesmo que subjetiva e parcial, os melhores resultados da análise virão da profundidade do pesquisador com o tema proposto.

Cabe lembrar a relevância de refletir sobre o processo, seja através de um diário de pesquisa ou por leituras dialogadas com textos teóricos. Ao final de cada etapa deve ser feito o registro das percepções e limites. Isso faz com que o pesquisador sinta-se parte integrante do processo, coloca seus próprios conhecimentos e teorias em questionamento e reconstrução. O motivador para continuar com a disciplina é perceber a validade e a qualidade do que é produzido (Figura 4). A Análise Textual Discursiva, conforme Moraes e Galiazzi (2006) proporciona tanto o entendimento da ciência e seus caminhos de produção quanto o entendimento do objeto da pesquisa e sua compreensão. Por fim, é uma metodologia aberta e um caminho para o pensamento investigativo.