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6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.2. Dados Quantitativos

A história do curso LiGEA é recente e sofreu muitas adaptações em seu Projeto Político e Pedagógico (Anexo K) para adequação à legislação vigente. Mesmo assim, já é possível perceber a mudança no perfil dos alunos com relação aos estágios. Para compor a pesquisa, foram utilizados dados descritos por Bacci et al. (2016) apresentados nas figuras 5, 6 e 7. Observa-se que, de modo geral, os estágios foram predominantemente desenvolvidos no ambiente escolar (Figura 5), entre 2008 e 2010 houve uma inversão nos projetos apresentados e foi percebido que a maioria que focava na educação não-formal passou a ter o foco na educação formal. A partir dos dados da Figura 5 é possível perceber que os alunos do curso passaram a se interessar mais pelas disciplinas escolares e estágios nas escolas, mesmo encontrando dificuldades e deparando-se com os desafios da educação brasileira.

Figura 5: Ambientes de Desenvolvimento dos Estágios

NOTA: Ambientesde desenvolvimento dos estágios no período 2008-2015 envolvendo 155 alunos. Observa-se o que nos anos de 2008 e 2013 o predomínio em ambiente escolar (BACCI et al, 2016).

Figura 6: Tipo de Estágio

NOTA: Tipo de estágio de acordo com Pimenta e Lima (2004). Observa-se que a partir de 2013 houve um aumento dos estágios investigativos para 36 estágios de investigação (BACCI et al., 2016).

A partir de 2011 houve um aumento dos estágios de intervenção para 36 estágios em relação aos de observação e investigação, o que implica em mais de 60% dos estágios desenvolvidos (Figura 6). Observa-se ainda uma predominância dos estágios no ensino fundamental entre os anos de 2011 e 2015, nos quais os alunos desenvolveram seus estágios preferencialmente no ensino fundamental II, mas com grande diversidade em relação aos níveis escolares (Figura 7).

Figura 7: Público Alvo nos Estágios

NOTA: Público alvo atendido pelos estágios, educação infantil, ensino fundamental I e II, ensino médio, ensino técnico e ensino de jovens e adultos - EJA. Observa-se uma predominância dos estágios no ensino fundamental. Em 2011 e 2015 os alunos desenvolveram seus estágios preferencialmente no ensino fundamental II (BACCI et al., 2016).

As disciplinas com estágio no curso LiGEA foram integradas desde as pedagógicas na Faculdade de Educação até as ministradas no Instituto de Geociências, alvo desta pesquisa. Percebeu-se que alguns alunos que ingressavam no curso, principalmente até o ano de 2008 e especificamente no ano de 2013, não tinham o interesse em dar aulas (Figura 5). O que é possível graças ao vasto campo de atuação para os formados no LiGEA. Além do fato de que os professores no curso LiGEA são geólogos de formação, que amam a Geologia, e acabam por incentivar o interesse nesta área.

Com relação aos ambientes de estágio (Figura 5), entre 2008 e 2010 houve uma inversão nos projetos apresentados e foi percebido que a maioria que focava na educação não- formal passou a ter o foco na educação formal. Somente no final de 2010 os relatórios finais dos projetos apresentaram maior compreensão do significado da prática para os alunos. Os alunos do curso passaram a se interessar mais pelas disciplinas e estágios nas escolas.

As disciplinas partem dos pressupostos teórico-metodológicos do estágio como pesquisa, uma das possibilidades de formação de professores segundo Pimenta e Lima (2004). Permite a análise do contexto onde os estágios estão sendo desenvolvidos para compreender, refletir e propor soluções às situações de ensinar e aprender. Porém percebe-se que não são todos os alunos que desenvolvem seus estágios como pesquisa e fazem uma reflexão abrangente sobre as situações em sala de aula. Para tanto, faz-se necessário desenvolver habilidade de leitura e reconhecimento das teorias presentes nas práticas pedagógicas das escolas.

Os dados apresentados na Figura 6 corroboram com as afirmações de Carvalho (2004) e Pimenta e Lima (2004, 2006), que nos primeiros anos da disciplina, os alunos realizaram seus estágios principalmente por meio da observação. A medida que o tempo passou, primeiramente após 2011, há o predomínio do estágio de intervenção. Pataca et al.(2011) já haviam observado essa mudança na postura do estagiário, de observador para investigador, pela maior interação destes com as escolas, e troca de conhecimentos e experiências com os professores das escolas. Ao longo dos anos, 24,5% dos estágios foram de observação, 52,3% de intervenção e apenas 23, 2% de investigação, mas ainda com pouca reflexão sobre o que foi feito, mostrando que os alunos ainda não adotam o estágio como pesquisa (BACCI et al., 2016). Deve-se ressaltar a criatividade e autonomia com que os alunos definem suas atividades de estágio com uma postura ativa em relação à escola, no sentido de intervir no ambiente, criando e aplicando algo novo, levando para a prática da sala de aula o caráter inovador, integrador, complexo e multidisciplinar das Geociências e Educação Ambiental. “Esse processo de articulação deve ser contínuo, pois ainda há muitos desafios para chegar à formação de professores críticos e reflexivos de Geociências e Educação Ambiental” (PATACA, 2011), pois produzir reflexão também é uma dificuldade.

Os professores e monitores procuram sempre orientar os alunos a articular a teoria e a prática nos estágios supervisionados, pensando na elaboração de projetos em que o aluno pense em um tema relacionado a Geociências e Educação Ambiental a ser investigado. Sugere-se uma bibliografia que aborda um referencial teórico que corrobora com as ideias de Schön (1992), Pimenta e Lima (2004) e Almeida (2012) além de um referencial metodológico que discute as diferentes possibilidades de intervenção e proposição de práticas educativas em Geociências como Compiani (2005), Santos (2012) e Andrade e Longarezi (2009). Desse modo, Bacci et al. (2016), apontam que os caminhos para o melhor desenvolvimento dos estágios no curso LiGEA estão no papel do monitor-bolsista como intermediário entre o

professor e o aluno, entre a universidade e a escola e entre a teoria e a prática. As avaliações das disciplinas apontam que devem ser revistos alguns procedimentos.

Outra questão com relação aos estágios está na ampla variedade de ambientes educativos para desenvolvimento do estágio o que acaba por se tornar uma dificuldade. Geociências não é uma disciplina escolar e o aluno pode atuar no ensino de Ciências, no fundamental II e no ensino médio em Geografia e Física, o que gera insegurança para aqueles que não conhecem o ambiente escolar. Percebe-se que alguns alunos procuram escolas que adotam ensino por projetos, estudos do meio, aulas de campo, com propostas de alfabetização científica na educação infantil ensino fundamental I, usando o potencial do ensino das Geociências, por meio da visão sistêmica e integrada das questões socioambientais e do ensino por investigação. Muitas delas adotam metodologias de ensino interdisciplinar que contemplam os conteúdos das Ciências da Terra. Outro campo de atuação no ensino formal é no ensino técnico. Dessa forma, percebe-se que um ponto positivo do curso LiGEA acaba por se tornar uma dificuldade na hora de escolher um ambiente para desenvolver o estágio. Por fim, algumas escolas dificultam a execução dos estágios com intervenção restando a realização do estágio de observação.

Mais uma dificuldade para a realização dos estágios é a questão do tempo para os alunos que trabalham durante o dia e estudam à noite. Só sobra o final de semana para desenvolver os estágios e as escolas não funcionam, de maneira geral, no fim de semana. O calendário da universidade dificulta a execução de um cronograma de estágio semestral que acaba por ser executado efetivamente em menos de dois meses, pois o aluno leva cerca de um mês e meio a dois para planejar, encontrar a escola a estagiar e iniciar efetivamente o estágio. Essa é uma questão de difícil solução, e o aluno tem que resolver ao longo do semestre como lidar com o tempo pessoal, tempo da disciplina e tempo da escola, que em geral, não são correspondentes (Pataca et al.,2011). Os professores que ministram as aulas com estágios, cientes dessa questão, podem orientar os alunos para que o cronograma caiba dentro do semestre e os alunos possam desenvolver seus estágios de maneira satisfatória.

Percebe-se que houve dificuldades encontradas pelos alunos na elaboração e execução dos projetos de estágio, mas há uma mudança de comportamento ao longo dos anos que mostra uma direção para a diminuição da prática como imitação de modelos, porém, ainda há o “predomínio de uma prática sem teoria” (Pimenta e Lima, 2004). Em alguns relatórios não apresentam percepção da realidade da escola, reflexão e avaliação das suas práticas. Assim, é importante que os alunos apresentem relatórios mais elaborados, mais problematizadores e se desenvolvam também como pesquisadores. Por fim, pode-se observar

que as atividades realizadas nos estágios apontam resultados importantes na formação do futuro professor doLiGEA.