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Análise das Sit uações Pr oblemat izador as Sem compreender o que se faz, a prática pedagógica é uma

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1 0 Informática Aplicada 1

7. Análise das Sit uações Pr oblemat izador as Sem compreender o que se faz, a prática pedagógica é uma

reprodução de hábitos e pressupostos dados, ou respostas que os professores dão a demandas ou ordens externas. Conhecer a realidade herdada, discutir os pressupostos de qualquer proposta e suas possíveis conseqüências é uma condição da prática docente ética e profissionalmente responsável.

Sacristán e Gómez, 1998.

O capítulo apresenta a caracterização e análise das situações problematizadoras aplicadas nas disciplinas pesquisadas, descrevendo de forma sintética cada situação. Também são apresentados os resultados obtidos nos questionários inicial (ex-ante) e final (ex-post) e análise das respostas dos alunos em cada questão efetuada.

Finalizando, é realizada uma análise reflexiva-crítica do professor/pesquisador em relação a aplicação da metodologia da problematização em disciplinas do curso de Engenharia Ambiental.

7.1. DESCRIÇÃO DAS SITUAÇÕES PROBLEMATIZADORAS

Para desenvolvimento da disciplina utilizando, a metodologia da problematização, foram elaboradas duas situações problematizadoras, baseadas em casos reais na qual o professor/pesquisador participou como técnico responsável.

A Situação Problematizadora 1 baseou-se em uma instalação industrial de beneficiamento de rochas ornamentais e de revestimento, que possuía um aterro de resíduos sólidos e tratamento de efluentes líquidos instalados de forma ilegal. Tanto o aterro de resíduos como o tratamento de efluentes constituíam passivos ambientais da empresa, sendo que a mesma foi multada pelo órgão ambiental responsável devido a essas irregularidades.

A indústria se localizava no distrito industrial, sendo seu entorno constituído por instalações industriais, de serviços (rodovia) e rurais, não apresentando núcleos residenciais,

ou seja, a área de influência do empreendimento estava associada ao contato meio industrial e rural.

Os resíduos foram depositados em um local atrás das instalações industriais da empresa durante cerca de 8 anos consecutivos, sem qualquer controle geotécnico e ambiental, sendo simplesmente despejados diretamente no solo e em seguida compactados, sem critérios técnicos, por trator de esteira. No total, foram dispostos no local cerca de 50.000 toneladas de resíduos sólidos.

O processo industrial gerava dois tipos de resíduos, denominados de resíduo do processo da politriz e resíduo do processo do tear. Ambos foram classificados como resíduo classe II (resíduo não inerte), por análises efetuadas segundo a norma ABNT 10.004/1987. Os dois tipos de resíduos apresentavam características semelhantes, pois, eram formados basicamente por pó de rocha. Contudo, o da politriz continha alguns compostos que o classificava com classe II, que são: fenol, fluoretos, alumínio e cloretos. Já o resíduo do tear possuía somente ferro acima do limite, sendo também classificado como classe II.

Pelas normas e legislação do estado de São Paulo, onde a empresa se localiza, esses tipos de resíduos deveriam ter sido depositados em aterro industrial, com o devido Certificado de Aprovação de Destinação de Resíduos Industriais (CADRI), emitido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Em valores atuais, a remoção e a deposição de todos os resíduos em aterro licenciado custariam em torno de 4 milhões de reais.

O sistema de tratamento de efluentes era efetuado por meio de processos físicos, em especial a decantação. A empresa possuía dois tipos básicos de tratamento, um usado para o resíduo do processo da politriz, constituído de tanques de concreto na forma de “colméia”, onde as partículas sólidas decantavam e o material líquido retornava para o sistema produtivo.

O outro tratamento era realizado em 8 bacias de decantação não impermeabilizadas e construídas diretamente no solo, onde os efluentes, provenientes do processo do tear e do material sólido decantado no tratamento descrito anteriormente, eram infiltrados no solo. O custo para adequação de todo o sistema de tratamento de efluentes é estimado em 200 mil reais.

Estudos realizados no solo e água subterrânea demonstraram que havia contaminação por fenol na água subterrânea, em níveis acima do limite permitido pela legislação ambiental paulista. Os valores para realização dos estudos de diagnóstico ambiental, avaliação de risco e remediação do local são da ordem de 500 mil reais.

A descrição sintética da Situação Problematizadora 1, mostra o contexto no qual foram desenvolvidas as disciplinas de Monitoramento da Qualidade da Água e do Ar da FMPFM e Poluição da Água e do Solo do UNIPINHAL, como também, a relevância dessa situação para a formação de discentes de um curso de Engenharia Ambiental.

A situação problematizadora foi desenvolvida conforme o cronograma das disciplinas, já apresentado anteriormente, sendo que para cada aula as informações necessárias sobre a situação eram disponibilizadas aos alunos para poderem desenvolver as atividades propostas, tais como: esquemas do processo industrial; relação de compostos usados na produção; plantas plani-altimétricas; descrição de sondagens; boletins de análises de água, solo e resíduo; custos relativos de estudos e análises; entre outras. Vale relembrar que algumas informações foram modificadas pelo professor/pesquisador para poderem ser usadas mais eficientemente nas disciplinas.

Ressalta-se ainda, que foram discutidos os procedimentos e trâmites adotados pela Cetesb para: o estudo de passivos ambientais, o licenciamento de áreas industriais e a análise de pesquisas de reutilização de resíduos sólidos em outros produtos e materiais.

Já a Situação Problematizadora 2 foi baseada em minerações de areia para construção civil e argila vermelha para produção de tijolos, de cava e leito, ao longo do rio Jaguari Mirim, localizadas no município de São João da Boa Vista (SP), local onde existem empreendimentos com lavra em atividade e outros que ainda estão em fase de licenciamento.

A área da situação problematizadora 2 situa-se na zona rural, próxima às instalações de serviços (rodovia) e sem a presença de núcleos residenciais e industriais, em um raio de cinco quilômetros.

No total foram estudadas quatro áreas de lavra, referentes aos seguintes processos do Departamento Nacional de Produção Mineral: DNPM 820.629/1997, DNPM 820.145/1998 (ambos em atividade na época da disciplina), DNPM 820.587/2000 (com atividade paralisada) e DNPM 821.519/2000 (sem atividade de lavra e em fase de licenciamento ambiental e mineral).

O local onde estão situadas essas quatro áreas é considerado como o maior depósito de areia e argila vermelha do município de São João da Boa Vista, totalizando, na época de desenvolvimento da disciplina, cerca de 400.000m3 de areia e 700.000 toneladas de argila vermelha, contabilizando faturamento, em valores atuais, na ordem de 6 milhões e 5,6 milhões de reais, respectivamente. Tais valores que consideram somente essas quatro áreas e as reservas minerais existentes, já que nas áreas em atividade, cerca de 75% das reservas minerais já tinham sido exploradas.

Os depósitos constituem-se de camadas de argila vermelha aflorantes , intercaladas por lentes espessas de areia.

A exploração dessas áreas é efetuada por empresas de pequeno porte, com uma produção mensal média em torno de 2.000m3 de areia e 2.000 toneladas de argila vermelha. A lavra é desenvolvida a céu aberto, primeiramente, com a remoção das camadas superficiais de argila e areia, por meio do uso de retro-escavadeira, até atingir o nível d’água. A partir desse ponto, a extração é realizada utilizando-se dragas hidráulicas de sucção de 4” e 6”.

Conforme o avanço das frentes de lavra, duas grandes lagoas foram formadas, com cerca de 77.900m2 e 64.900m2, e profundidades média em torno de 7m e máxima de 10m.

Como já foi ressaltado anteriormente, essa situação problematizadora foi usada na disciplina Técnicas de Avaliação de Impactos Ambientais do UNIPINHAL e os alunos realizaram duas visitas ao local para efetuarem levantamento de dados “in loco”.

7.2 QUESTIONÁRIOS EX-ANTE E EX-POST

Os questionários ex-ante e ex-post foram usados na pesquisa como instrumento de verificação da percepção dos alunos sobre a relação ensino-aprendizagem do uso da metodologia da problematização.

Esse tipo de instrumento é utilizado quando se quer constatar as possíveis alterações ocorridas após um fato. Na presente pesquisa, o fato está relacionado à aplicação da metodologia da problematização, da qual os alunos participantes nunca tinham tido experiência anteriormente.

O número de alunos que responderam aos questionários ex-ante (de avaliação inicial) e ex-post (avaliação final) em cada disciplina, pode ser observado na tabela 12.

Tabela 12: Número de alunos respondentes aos questionários ex-ante (de avaliação inicial) e

ex-post (avaliação final) em cada disciplina.

Número de Respondentes Disciplina

Instituição Ex-Ante Ex-Post

Monitoramento da Qualidade da Água e do Ar FMPFM 14 13

Técnicas de Avaliação de Impactos Ambientais UNIPINHAL 27 21

Poluição da Água e do Solo UNIPINHAL 36 37

7.2.1. Questionário Ex-Ante

No questionário ex-ante foram feitas cinco perguntas abertas, sendo três sobre as metodologias tradicionais de ensino, aplicadas antes da entrega do texto explicativo da metodologia da problematização, e duas após a entrega do citado texto.

O objetivo de aplicar as questões intercaladas por texto explicativo da metodologia da problematização foi o de não influenciar as respostas dos alunos, em relação à metodologia tradicional de ensino.

As perguntas feitas nesse questionário foram as seguintes:

1) O ensino tradicional baseado em aulas teóricas e práticas é eficiente para aprendizagem dos alunos? Justifique sua resposta.

2) Considerando que o ensino tradicional é fundamentado em aulas teóricas seguidas de práticas, qual é mais eficiente para a aprendizagem, as aulas teóricas, as práticas ou ambas? Justifique sua resposta.

3) Na sua percepção o que deve mudar nos métodos de ensino para os alunos serem mais estimulados a estudar ou para melhorar a aprendizagem?

Em seguida foi aplicado o texto explicativo sobre a metodologia da problematização (anexo 11) e formuladas as seguintes questões:

4) Pelo exposto no texto de apresentação da pesquisa, você concorda que a metodologia da problematização pode rever com vantagens o ensino tradicional baseado em aulas teóricas seguidas de práticas? Justifique sua resposta.

5) Considerando os instrumentos/ferramentas/abordagens de ensino listados abaixo, coloque-os em ordem de eficiência para aprendizagem (1 para o mais eficiente e 7 para o menos eficiente). Apresente as vantagens e desvantagens de cada uma dessas

ferramentas. Lousa (quadro e giz); transparências em retroprojetor; datashow; internet; vídeos; estudo de casos; resolução de problemas.

A seguir, são apresentados resultados e considerações sobre as cinco perguntas feitas no questionário ex-ante.

Questão 1 - O ensino tradicional baseado em aulas teóricas e práticas é eficiente para