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Total 1.137.119 2.750.652 3.887.771 Fonte: BRASIL (2003a).

A tabela 11 mostra os números das matrículas na graduação por turno, revelando dados de marcantes contradições: a) a educação superior, que é majoritariamente noturna, é também essencialmente privada e paga; e, b) nas universidades públicas o maior número de matrículas ocorre no turno diurno. Isto é, a principal oportunidade de acesso à educação superior para o aluno trabalhador, aluno de baixa renda, encontra-se no ensino pago (BRASIL, 2003a).

Tabela 11: Número de matrículas por turno e categoria administrativa Brasil – 2003.

Turno Público Privado Total

Diurno 729.675 887.443 1.617.118

Noturno 407.444 1.863.209 2.270.653

Total 1.137.119 2.750.652 3.887.771 Fonte: BRASIL (2003a).

1.3. CURSOS DE MEIO AMBIENTE NO BRASIL

A questão ambiental é tratada em cursos superiores no Brasil há alguns anos, inicialmente, em disciplinas isoladas dentro da grade curricular de cursos de graduação, como engenharia civil, geologia, biologia, geografia, entre outros. Isso ocorreu de forma mais acentuada na década de 1970 e, em especial, na de 1980, quando os problemas ambientais adquiriram, no país, importância e divulgação crescentes, incentivados pelos acidentes ambientais e suas conseqüências sociais e econômicas.

Também na década de 1970, foi criado o primeiro curso de Ecologia, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 05 de março de 1975, curso que começou a abordar o tema meio ambiente de forma mais integrada e multidisciplinar, levando em consideração as várias áreas que o integram. Cursos de Ciências Biológicas com habilitação em Ecologia já existiam na época, contudo, o curso da Unesp foi o primeiro de Ecologia em sentido estrito e com o enfoque descrito (BRASIL, 2004a).

Posteriormente, surgiram os primeiros cursos de Engenharia Sanitária. Dentre os que ainda estão em funcionamento, o primeiro foi criado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em 30 de dezembro de 1977, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Esses cursos de Engenharia Sanitária na época tratavam, principalmente, as questões ligadas ao saneamento básico, sendo que nas décadas de 1980 e 1990, esses cursos começaram a realizar modificações nas grades curriculares, alguns incluindo o termo Ambiental em suas denominações (BRASIL, 2004a).

Já na década 1990, houve uma explosão de cursos de graduação em meio ambiente no Brasil, devido aos seguintes fatores principais: as legislações federais e estaduais cada vez mais rígidas, a crescente pressão da sociedade por empreendimentos mais sustentáveis e a necessidade das grandes empresas de possuir Sistemas de Gestão Ambiental para conseguir novos mercados na Europa, EUA e Japão, surgindo, dessa maneira, duas novas habilitações, a Engenharia Ambiental e a Gestão Ambiental, além das outras já estabelecidas.

Com a promulgação da Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 ("Lei de Crimes Ambientais"), que "dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente", todos as pessoas físicas e jurídicas, inclusive os órgãos licenciadores, podem ser acionados judicialmente por ser atos contra o meio ambiente. Com isso houve uma mudança drástica de mentalidade, fazendo com que muitas empresas e técnicos mudassem seus modos de agir (BRASIL, 1998a).

Nesse contexto, no final da década de 1990 e no início da presente, houve uma difusão em todo o país de cursos seqüenciais, tecnológicos e de graduação com as mais variadas

denominações, tais como: gerenciamento ambiental; planejamento ambiental; controle ambiental; segurança do trabalho e meio ambiente.

No mesmo período, surgiram também cursos de graduação em áreas já consolidadas, porém, com ênfases e habilitações em meio ambiente, como: Biologia Ambiental; Geografia e Meio Ambiente; Engenharia Civil com ênfase em Meio Ambiente; Engenharia Agrícola e Ambiental; Engenharia de Produção com ênfase em Gestão Ambiental; Engenharia Metalúrgica com ênfase em Gestão Ambiental; Administração com habilitação em Gestão Ambiental, entre outros.

Devido a esta difusão de terminologias e a sobreposição de atribuições profissionais, existe, atualmente, uma discussão bastante acirrada, nas instituições de ensino superior, nas entidades de classe, nos órgãos licenciadores e no governo, sobre em quais áreas devem atuar esses profissionais, em especial o Ecólogo, o Engenheiro Ambiental e o Gestor Ambiental. Havendo, inclusive, várias pessoas e instituições que são contra a existência desses profissionais, alegando que as profissões já estabelecidas deveriam atuar na questão ambiental, cada qual na sua área de conhecimento.

Contudo, é inegável a constatação do crescimento acentuado dos problemas ambientais e, como conseqüência, a preocupação da comunidade em geral na resolução ou diminuição dos mesmos.

Nesse sentido, há a necessidade de profissionais com visão mais integrada e multidisciplinar do meio ambiente, o que, na maioria dos casos, os cursos tradicionais (Engenharias, Biologia, Geografia, Geologia, Administração) não conseguem fornecer, mesmo havendo ênfases em meio ambiente, pois, os processos e sistemas ambientais são complexos e cada vez mais estão inter-relacionados.

Na área específica de meio ambiente, os cursos superiores mais comuns são: Engenharia Ambiental, Bacharelado em Gestão Ambiental, Ecologia, Tecnologia em Meio Ambiente/Saneamento Ambiental/ou Gestão Ambiental e Curso Seqüencial em Gestão Ambiental ou em Meio Ambiente.

Cada um dos cursos citados apresenta vantagens e desvantagens para os alunos, que podem ser listadas conforme a tabela 12.

Para entender melhor a situação da questão ambiental em cursos superiores no Brasil é apresentada, logo em seguida, uma análise dos cursos relacionados ao meio ambiente.

Tabela 12: Relação de cursos superiores em Meio Ambiente e as vantagens/desvantagens para os alunos ingressantes.

Curso Vantagens Desvantagens

Engenharia Ambiental

- o profissional formado pode registrar-se nos conselhos regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) e de Química (CRQ); e, - curso de graduação na área ambiental que mais

cresce atualmente, o que trará uma força muito grande perante aos órgãos de classe; e,

- curso com currículo parecido com os de Ecologia e de Gestão Ambiental, porém, com forte enfoque tecnológico e nas ciências exatas básicas.

- curso de grande duração (geralmente 5 anos); e, - curso de alto investimento.

Bacharelado em Gestão Ambiental

- área geralmente ligada à habilitação de cursos de Administração;

- curso que enfoca bastante a questão do gerenciamento de resíduos, de efluentes e de poluentes atmosféricos, relacionando-os com os custos empresariais; e,

- curso com currículo parecido, na maioria dos casos, com os de Engenharia Ambiental e de Ecologia, porém, com mais disciplinas de administração e menor conteúdo de ciências exatas básicas.

- curso de grande duração (4 ou 5 anos);

- existência de muitos cursos de pós-graduação em Gestão Ambiental, que podem ser realizados por outros profissionais, garantindo, na maioria dos casos, atribuições parecidas com o bacharel em Gestão Ambiental;

- inexistência atual de ligação com os órgãos de classe. Provavelmente, os profissionais serão registrados no Conselho de Administração, o qual possui pouca representação e força política junto aos órgãos ambientais;

- curso de alto investimento, que pode ser muito parecido com o de Engenharia Ambiental, dependendo do perfil profissional e da grade curricular; e,

- curso que geralmente tem pouco direcionamento na parte tecnológica.

Ecologia

- um dos cursos de graduação mais antigos que possuem enfoque principal no meio ambiente; e, - curso com currículo parecido com o de

Engenharia Ambiental e de Gestão Ambiental, contudo, com enfoque maior na área de Ciências Biológicas.

- curso de grande duração (geralmente 4 anos); - curso de alto investimento;

- inexistência atual de ligação com os órgãos de classe. Provavelmente, os profissionais serão registrados no Conselho de Biologia; e,

- existência de poucos cursos de Ecologia, no sentido estrito, a maioria são cursos de Ciências Biológicas com habilitação em Ecologia.

Superior de Tecnologia em

Saneamento e Gestão Ambiental

- curso de curta duração (2 ou 3 anos), no qual o profissional está disponível ao mercado em um menor tempo;

- curso de baixo investimento;

- profissionais podem ser registrados nos conselhos regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) e de Química (CRQ); e,

- o aluno pode fazer curso de graduação em meio ambiente (Engenharia Ambiental, Gestão Ambiental ou Ecologia) em menor tempo, solicitando o aproveitamento de créditos. Isso dependerá da grade curricular elaborada.

- restrição de algumas atribuições profissionais dentro dos órgãos de classe, como, por exemplo, ser responsável principal pela elaboração de projetos.

Cursos Seqüenciais de Meio Ambiente

- curso de curta duração (2 ou 3 anos), no qual o profissional está disponível ao mercado em um menor tempo;

- curso de menor investimento; e,

- o aluno pode fazer curso de graduação em meio ambiente (Engenharia Ambiental, Gestão Ambiental ou Ecologia) em menor tempo, solicitando o aproveitamento de créditos. Isso dependerá da grade curricular elaborada.

- inexistência atual de ligação com os órgãos de classe;

- existência de cursos seqüenciais com muitas denominações na área ambiental, o que gera falta de credibilidade; e,

- modalidade nova de cursos superiores, que gera muitas discussões sobre as atribuições profissionais.

1.3.1. Curso de Graduação em Engenharia Ambiental

A área de Engenharia Ambiental foi criada pelo MEC na Portaria n. 1.693, de 05 de dezembro de 1994, considerando o parecer da Comissão de Especialistas no Ensino de Engenharia de Secretaria da Educação Superior (SESu/MEC) (BRASIL, 1994).

A portaria estabelece, no artigo 20, que a matéria de Biologia, faz parte da Formação Básica do engenheiro ambiental, e no artigo 30 as matérias de Formação Profissional Geral, que são as seguintes: Geologia; Climatologia; Hidrologia; Ecologia Geral e Aplicada; Hidráulica; Cartografia; Recursos Naturais; Poluição Ambiental; Impactos Ambientais; Sistemas de Tratamento de Água e de Resíduos; Legislação e Direito Ambiental; Saúde Ambiental; Planejamento Ambiental; e Sistemas Hidráulicos e Sanitários; sendo as ementas das citadas matérias apresentadas no anexo da portaria.

A referida portaria mantém, ainda, como diretriz a ser seguida para criação de cursos de Engenharia Ambiental, os demais artigos da Resolução CFE n. 48, de 07 de abril de 1976, do antigo Conselho Federal de Educação, que fixa os conteúdos e duração mínimos dos cursos de graduação em Engenharia, além de suas áreas de habilitações (BRASIL, 1976).

Mais recentemente, o Parecer CES n. 1.362, de 12 de dezembro de 2001, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Engenharia, definindo os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de engenheiros (BRASIL, 2001c).

Contudo, atualmente, existe uma certa transição entre a Resolução CFE n. 48/1976 e o Parecer CES n. 1.362/2001, para criação de novos cursos nessa área, sendo, geralmente, levado em consideração os dois documentos.

Em relação aos órgãos de classe, o engenheiro ambiental está submetido a registro nos sistemas Confea/CREA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e seus respectivos Conselhos Regionais) e CFQ/CRQ (Conselho Federal de Química e seus respectivos Conselhos Regionais).

A Resolução Confea n. 447, de 22 de setembro de 2000, dispõe sobre o registro profissional do engenheiro ambiental e disciplina suas atividades profissionais, conferindo no artigo 20, competência de desempenho “das atividades 01 a 14 e 18 do artigo 10 da Resolução n. 218, de 29 de junho de 1973, referentes à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e correlatos” (CONFEA, 2000, s.p.).

As competências e as garantias atribuídas por esta Resolução aos Engenheiros Ambientais são concedidas sem prejuízo dos direitos e prerrogativas conferidas aos engenheiros, aos arquitetos, aos engenheiros agrônomos, aos geólogos ou engenheiros geólogos, aos geógrafos e aos meteorologistas relativamente às suas atribuições na área ambiental.

As atividades citadas da Resolução Confea n. 218/1973, são as seguintes (CONFEA, 1973, s.p.):

Atividade 01 - Supervisão, coordenação e orientação técnica; Atividade 02 - Estudo, planejamento, projeto e especificação; Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica; Atividade 04 - Assistência, assessoria e consultoria; Atividade 05 - Direção de obra e serviço técnico;

Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; Atividade 07 - Desempenho de cargo e função técnica;

Atividade 08 - Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão;

Atividade 09 - Elaboração de orçamento;

Atividade 10 - Padronização, mensuração e controle de qualidade; Atividade 11 - Execução de obra e serviço técnico;

Atividade 12 - Fiscalização de obra e serviço técnico; Atividade 13 - Produção técnica e especializada; Atividade 14 - Condução de trabalho técnico;

Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;

Atividade 16 - Execução de instalação, montagem e reparo;

Atividade 17 - Operação e manutenção de equipamento e instalação; Atividade 18 - Execução de desenho técnico.

Portanto, segundo o Sistema Confea/CREA, os engenheiros ambientais não poderão atuar nas atividades 15 (condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção), 16 (execução de instalação, montagem e reparo) e 17 (operação e manutenção de equipamento e instalação).

O artigo 40 da Resolução Confea n. 447/2000, dispõe, também, que os engenheiros ambientais irão integrar o grupo ou categoria da Engenharia, modalidade Civil (CONFEA, 2000).

Já a Resolução Confea n. 473, de 26 de novembro de 2002, institui Tabela de Títulos Profissionais do Sistema Confea/Crea e dá outras providências, sendo que em seu anexo 1 estabelece o título profissional e seus respectivos grupos e modalidades. Dentro do grupo