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INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

UCIC 40 2.98 1.40 31 3.19 0.87 804 424 Número de dias internado na

1 RESULTADOS DOS TESTES DE HIPÓTESES

1.5 Análises exploratórias

Este estudo é complementado com análises exploratórias, nas quais se pretende analisar a relação entre diversas variáveis sócio-demográficas e clínicas, e sua interacção com o género, nas representações de doença e na adaptação psicossocial a curto prazo no pós enfarte do miocárdio.

Pretenderam-se analisar as seguintes variáveis sócio-demográficas: estado civil, habilitações literárias e estatuto profissional. Quanto às variáveis clínicas as que se pretenderam analisar foram as seguintes: dor no peito sentida anteriormente, história de angina de peito, modelos da doença (conhecimento de alguém com os mesmos sintomas; conhecimento de alguém com ataque cardíaco; ficou doente devido a ser homem/mulher; ficou doente devido à sua idade; ficou doente devido à sua situação financeira), classe Killip, e tempo de internamento.

De entre as variáveis sócio-demográficas e clínicas, apenas serão apresentadas as análises referentes às variáveis clínicas dores no peito anteriormente, modelos da doença, classe Killip e tempo de internamento, porque quando se pretendeu categorizar as restantes variáveis constatámos que o n não era suficiente para efectuar as análises.

Para investigar a influência das variáveis clínicas mencionadas na adaptação funcional ao EAM, foram utilizados testes univariados (Ancovas a 2 factores), enquanto que para avaliar a influência na ansiedade e depressão nos 3 momentos (avaliadas pelo HADS), foram utilizados testes multivariados (Mancovas - medidas repetidas). Para avaliar a influência destas variáveis nas representações de doença, também foram utilizadas medidas repetidas. Os resultados encontram-se organizados por variável, facilitando-se deste modo a sua análise e interpretação. Apenas são referidos e descritos os resultados de interacção com o género.

1.5.1 Género e Dores no Peito Sentidas Anteriormente

Em termos da variável dores no peito sentidas anteriormente, verificou-se que 21 homens e 15 mulheres referiram ter sentido estas dores no passado, enquanto que 25 homens e 17 mulheres manifestaram não as ter tido anteriormente.

Os resultados das análises de covariância univariada e multivariada não forneceram resultados significativos para o efeito das dores no peito sentidas anteriormente com o SIP- Total e sub-escalas.

Relativamente às análises multivariadas, também não se verificaram efeitos interactivos das dores no peito sentidas anteriormente com o género ao nível das outras dimensões estudadas. No entanto, os resultados obtidos revelaram efeitos significativos da dor sentida anteriormente (F=5.22; p=.025) na identidade. A análise das médias estimadas indicia que os doentes que não sentiram dor anteriormente (M=4.99) associam mais sintomas ao EAM do que aqueles que sentiram dor (M=3.74).

1.5.2 Género e Modelos da Doença (conhecimento de alguém com os mesmos sintomas; conhecimento de alguém com ataque cardíaco; ficou doente devido a ser homem/mulher; ficou doente devido à sua idade; ficou doente devido à sua situação financeira).

Foram realizadas análises de covariância univariada e medidas repetidas com os modelos da doença supra citados, mas os resultados obtidos não evidenciam efeitos principais ou interactivos significativos. Por esse motivo não são aqui descritos.

1.5.3 - Género e Classe Killip

Em termos de classe Killip, os resultados obtidos nesta amostra foram de nível I e II. Do total da amostra, apenas obtivemos a classe Killip de 52 doentes. Destes, 25 homens e 10 mulheres apresentaram nível I, e 7 homens e 10 mulheres tiveram nível II.

As análises de covariância univariada e multivariadarealizadas, mostram que existe um efeito interactivo classe Killip X género (F=5.11; p=.029) sobre a funcionalidade ao nível das emoções. Analisando as médias estimadas verifica-se que as mulheres com a classe Killip de maior gravidade (nível II) apresentam médias mais elevadas (M=45.17) do que os

homens com o mesmo nível de classe Killip (M=13.36), sugerindo uma pior adaptação emocional por parte das mulheres. Em contraste, no nível I da classe Killip, são os homens que apresentam uma pior adaptação emocional (M=25.52) do que as mulheres (M=17.16).

Em termos das análises realizadas com medidas repetidas, constata-se um efeito significativo da classe Killip na duração cíclica (F=5.98; p=.018). Verifica-se pela análise das médias estimadas, que os doentes com classe Killip mais elevada (nível II) apresentam crenças de maior duração cíclica dos sintomas do EAM (M=7.29) do que aqueles que tiveram classe Killip nível I (M=5.27).

1.5.4 - Género e Duração do Internamento

Para investigar o impacto da variável duração do internamento, foram formadas duas categorias (até 8 dias e mais de 8 dias de internamento). Do total da amostra (N=69), 25 homens e 16 mulheres estiveram internados por causa da doença até 8 dias, enquanto que 13 homens e 15 mulheres permaneceram internados por mais de 8 dias.

Os resultados das análises de covariância univariada e multivariada revelaram que existe um efeito interactivo duração do internamento X género (F=10.89; p=.002) sobre a sub-escala locomoção. Verifica-se pela análise das médias estimadas que nas mulheres o tempo de internamento afecta negativamente a locomoção (mais de 8 dias de internamento: M=61.53; 8 dias de internamento ou menos: M=29.72). Nos homens a locomoção não é afectada pelo tempo de internamento (mais de 8 dias de internamento: M=33.00; 8 dias de internamento ou menos: M=34.82).

Relativamente à sub-escala tarefas domésticas, verifica-se uma tendência para um efeito interactivo duração do internamento X género (F=3.71; p=.059). Enquanto nos homens, não se verifica uma diferença assinalável com a duração do internamento

(internamento prolongado: M=37.59; internamento menos prolongado: M=41.30), nas mulheres, aquelas com o internamento mais prolongado verificou-se maior disfuncionalidade ao nível das tarefas domésticas (M1=76.30; M2=56.20) do que nas com internamento breve.

Em termos das actividades recreativas e passatempos também se verifica um efeito interactivo duração do internamento X género (F=19.35; p≤.001). Pela análise das médias estimadas constata-se que ao nível do internamento mais prolongado, as mulheres apresentam maior disfuncionalidade ao nível das actividades recreativas e passatempos

(M=46.93) do que os homens (M=17.25). Relativamente ao internamento inferior a 8 dias, verifica-se o padrão oposto, apresentando os homens maior disfuncionalidade (M=31.96) do que as mulheres (M=10.11) ao nível desta sub-escala.

Também se verifica um efeito significativo da duração do internamento sobre a sub-escala emoções (F=18.01; p≤.001). Analisando as médias estimadas, verifica-se que os doentes que tem internamentos mais prolongados (superiores a 8 dias), apresentam maior disfuncionalidade (M=45.13) ao nível emocional do que aqueles que tem internamentos até 8 dias (M=16.87).

Em termos da sub-escala sono e repouso, também se verifica um efeito significativo da duração do internamento (F=8.50; p=.005). Pela análise das médias

maiores dificuldades ao nível do sono e repouso (M=67.19) do que aqueles que tiveram internamento inferior (M=40.09).

No que respeita aos resultados obtidos nas medidas repetidas do HADS, estes revelam que existem efeitos principais e interactivos quer na ansiedade, quer na depressão. Ao nível da ansiedade, verifica-se efeitos significativos da duração do internamento

(F=11.96; p=.001). Na análise das médias estimadas verifica-se que os doentes com internamento superior a 8 dias apresentam níveis de ansiedade mais elevados (M=10.24) do que aqueles que tiveram um internamento mais curto (M=6.38). Em termos de depressão, verifica-se igualmente efeitos significativos da duração do internamento (F=6.04; p=.017). A análise das médias estimadas indica que os doentes com internamento superior a 8 dias apresentam médias mais elevadas de depressão (M=8.36) do que aqueles que tem internamento mais curto (M=6.29).

Em termos do IPQ-R, verifica-se um efeito interactivo duração do internamento X género (F=7.11; p=.010) sobre a sub-escala coerência da doença. As médias indicam que nos pacientes com internamento prolongado, os homens tem maior coerência da doença do que as mulheres (M1=17.12; M2=12.02), enquanto que nos doentes com internamento menos prolongado, as diferenças de género não são significativas (M1=14.60; M2=14.44).

Relativamente à duração cíclica, verifica-se um efeito interactivo duração do internamento X género (F=11.50; p=.001). As médias revelam diferenças significativas nas mulheres com a duração do internamento (internamento maior duração: M=9.12; internamento menor duração: M=4.70), enquanto nos homens essas diferenças não são assinaláveis

(internamento maior duração: M=6.14; internamento menor duração: M=5.68).

Em resumo, a variável duração do internamento é um factor significativo no ajustamento psicossocial subsequente, afectando a funcionalidade em várias dimensões, o estado emocional e algumas crenças acerca da doença. Em geral, quanto mais longo o internamento, mais negativo o ajustamento psicossocial pós EAM.

CAPÍTULO III