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INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

UCIC 40 2.98 1.40 31 3.19 0.87 804 424 Número de dias internado na

6 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO UTILIZADOS

6.4.1 Versão original

Como anteriormente mencionado, o IPQ original é constituído por cinco sub- escalas que operacionalizam os componentes do Modelo de Auto-Regulação:

1 - Identidade – Diz respeito ao número e natureza dos sintomas que a pessoa associa à doença;

2 – Consequências – Relaciona-se com as crenças sobre os efeitos esperados ou severidade e consequências da doença na vida das pessoas (ao nível físico, psicológico e social);

3 – Duração (Dimensão temporal) – Relaciona-se com a percepção da duração da doença. Esta sub-escala tem 3 itens centrais categorizados em agudo/crónico e cíclico;

4 – Cura/controlo – Expectativas sobre a recuperação e controlo sobre a sua doença;

Deste modo, no IPQ original, a sub-escala identidade é composta por 12 itens, que representam sintomas centrais da doença. Os pacientes respondem a cada um dos sintomas segundo uma escala Likert de 4 pontos, que varia de “sempre” a “nunca”, conforme percepcionem se esse sintoma está ou não relacionado com a sua doença. Esta sub-escala é cotada pela soma dos itens assinalados pelo paciente como “ocasionalmente” ou superior, variando de 0 a 12 pontos.Conforme veremos mais adiante, a cotação desta sub-escala no IPQ-R, mudou para o formato dicotómico.

De acordo com os autores, os itens das restantes 4 sub-escalas, são cotadas pelo paciente numa escala Likert de 5 pontos, variando de “discordo completamente” a “concordo completamente”. Alguns itens (assinalados pelos autores) têm sentido inverso. Os resultados das sub-escalas duração, consequências e cura/controlo, são obtidos pela soma de todos os itens que constituem cada sub-escala, dividida pelo número de itens. Para a sub-escala causas, segundo os autores, cada item representa uma crença numa atribuição causal específica e, por esse motivo, não é adequado somar os itens. Os autores sugerem que os itens possam ser agrupados ou combinados, tendo em vista os objectivos do estudo a realizar.

Relativamente às características psicométricas do IPQ, de acordo com os autores, os coeficientes de fidelidade encontrados, numa amostra de doentes com enfarte agudo do miocárdio e doentes renais, revelam valores elevados de consistência interna e fidelidade. Os coeficientes alfa de consistência interna de Cronbach nas sub-escalas foram os seguintes: identidade, r=.82; duração, r=.73; consequências, r=.82; e controlo/cura, r=.73. Quanto à fidelidade teste-reteste aos 3 e 6 meses, os valores obtidos nas sub-escalas consequências (r=.55 e r=.55) e controlo/cura (r=.54 e r=.46), são mais elevados do que os das sub-escalas identidade (r=.34 e r=.06) e duração (r=.51 e r=.36), revelando que as percepções individuais das consequências e controlo/cura apresentam menor variação ao longo do tempo.

Em termos das correlações entre as sub-escalas do IPQ, os autores verificaram que os doentes com fortes crenças na identidade da doença apresentam uma percepção de que a doença é mais crónica e com consequências mais graves. Os doentes com crenças de duração da doença como mais crónica, apresentam menor percepção de cura ou controlo e de que a doença tem consequências mais graves para a sua vida.

O questionário utilizado neste estudo é uma versão revista do IPQ, o IPQ-R (Moss- Morris, Weinman, Petrie, Horne, Cameron & Buick, 2002), numa versão experimental portuguesa

adopção com êxito do IPQ original numa larga variedade de estudos, nomeadamente ao nível da adaptação e recuperação nas doenças crónicas, os resultados obtidos permitiram concluir da necessidade de se proceder a alterações e melhoramentos neste questionário. De acordo com Moss-Morris e colaboradores (2002), atendendo a alguma variação encontrada ao nível da consistência interna das sub-escalas nos diversos estudos realizados, sobretudo nas sub-escalas cura/controlo e duração, houve necessidade de se proceder a novas análises factoriais que, no caso da cura/controlo, revelaram uma saturação em dois factores diferentes: controlo pessoal e controlo de tratamento. No que concerne à sub- escala duração, a baixa consistência interna levou os autores a aumentar o número de itens e a desenvolver novos itens para avaliar a duração cíclica, que não foi tomada em consideração no IPQ original. Outras duas sub-escalas foram desenvolvidas e acrescentadas ao IPQ: a representação emocional e a coerência da doença. A representação emocional pode permitir uma avaliação das percepções emocionais provocadas pela doença, enquanto que a coerência da doença permite avaliar a compreensão e o significado que a pessoa atribui à doença. Enquanto que o IPQ permitia apenas investigar as dimensões cognitivas das representações de doença, o IPQ-R introduz uma nova dimensão, as representações emocionais, estando mais de acordo com o modelo de auto-regulação de Leventhal e colaboradores (2001).

Deste modo, no IPQ-R, as cinco dimensões iniciais encontram-se divididas em 9 categorias:

1 – Identidade (14 itens)

2 – Duração (aguda/crónica) (itens IP1-IP5 + IP18) (6 itens)

3 – Consequências (itens IP6-IP11) (6 itens)

4 - Controlo Pessoal (itens IP12-IP17) (6 itens)

5 – Controlo de Tratamento (itens IP19-IP23) (5 itens)

6 – Coerência da Doença (itens IP24-IP28) (5 itens)

7 – Duração (cíclica) (itens IP29-IP32) (4 itens)

8 – Representação Emocional (itens IP33-IP38) (6 itens)

9 – Causas (C1-C18) (18 itens)

A sub-escala identidade é avaliada por um conjunto de 14 itens que representam sintomas que os doentes podem ter tido (ou não) desde o início da doença. No caso do EAM, os sintomas são dores, dores de garganta, náusea, falta de ar, perda de peso, fadiga

cabeça, indisposição do estômago, dificuldade em dormir e perda de forças. Esta escala varia consoante o tipo de patologia a avaliar.

Para cada item os pacientes devem responder a duas questões: “Desde o início da minha doença que tenho sentido este sintoma” e “Este sintoma está relacionado com a minha doença”. Os pacientes respondem a cada uma destas questões utilizando uma escala sim (1) /não (2). Esta escala é cotada através da soma dos “scores” dos sintomas assinalados pelos pacientes. O valor total pode variar entre 0 e 14 para cada categoria, constituindo um elevado score um número elevado de sintomas que o sujeito associa à doença. A soma dos itens assinalados com sim (1) na segunda coluna (que corresponde à segunda questão), indica o valor da sub-escala identidade.

Os 38 itens das sub-escalas duração (aguda/crónica), consequências, controlo pessoal, controlo de tratamento, coerência da doença, duração cíclica e representação emocional, são apresentados numa ordem mista e cotados numa escala tipo Likert de 5 pontos: 1 (discordo completamente), 2 (discordo), 3 (não concordo nem discordo), 4 (concordo) e 5

(concordo completamente). À semelhança do IPQ original, depois de invertidos os itens assinalados pelos autores, a pontuação final de cada sub-escala é obtida através da soma de todos os itens que constituem essa escala, dividida pelo número de itens.

Para a sub-escala causas, como acontece no IPQ original, é utilizada a mesma escala tipo Likert. De acordo com os autores não é apropriado somar os itens, porque cada item representa uma crença numa atribuição causal específica. A sub-escala causas no IPQ-R é constituída por 18 itens.

No que respeita às características psicométricas do IPQ-R, a validação deste questionário foi efectuada por Moss-Morris e colaboradores (2002), numa amostra de 711 doentes, divididos por 8 grupos de doença (asma, diabetes, artrite reumatóide, dor crónica, dor aguda, enfarte agudo do miocárdio, esclerose múltipla e Sida). Para validar a estrutura factorial do IPQ-R, os autores efectuaram análises dos componentes principais dos itens da escala. Os itens das sub-escalas identidade e causas não foram incluídos nesta análise. A análise dos componentes principais produziu 7 factores, que no seu conjunto explicam 64% da variância, fornecendo a confirmação para a estrutura factorial de 7 factores, teoricamente formulada.

Quanto à identidade, os autores testaram a validade desta sub-escala de duas formas. Inicialmente efectuaram testes t para amostras emparelhadas, utilizando a sub- escala dos sintomas experienciados e a sub-escala identidade. Segundo os autores, esta

experienciados pelos doentes versus os sintomas que associavam com a doença, fornecendo suporte empírico para a diferença entre somatização e identidade. Num segundo momento, os autores investigaram as frequências dos sintomas que os doentes assinalaram como “este sintoma faz parte da minha doença”. Verificaram que todos os sintomas foram assinalados por uma percentagem significativa dos doentes, confirmando a validade do conjunto de sintomas incluídos na sub-escala identidade. De acordo com os autores, a fadiga foi o sintoma mais assinalado pela amostra (76%), como um sintoma específico da sua doença.

Em termos da sub-escala causas, os autores procederam a uma análise dos componentes principais, com os 18 itens da sub-escala. A rotação Varimax produziu 4 factores, que explicam 57% da variância total (Atribuições psicológicas; factores de risco; imunidade; e acidente ou sorte).

Relativamente à fidelidade, de acordo com os autores, os coeficientes alfa de Cronbach de consistência interna obtidos para cada uma das sub-escalas são elevados, sendo de r=.79 para a duração cíclica, r=.80 para o controlo de tratamento, r=.81 para o controlo pessoal, r=.84 para as consequências, r=.87 para a coerência da doença, r=.88 para a representação emocional, e r=.89 para a duração aguda/crónica.

Na sub-escala identidade, o alfa de Cronbach de consistência interna obtido foi de r=.75, demonstrando uma fidelidade adequada.

Para a sub-escala causas, o alfa de Cronbach de consistência interna obtido para cada um dos factores, foi para as atribuições psicológicas de r=.86; para os factores de risco de r=.77; para a imunidade de r=.67; e para o acidente ou sorte de r=.23.