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Hipótese 3 – Prevê-se que existam diferenças significativas ao nível do género nas

INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

UCIC 40 2.98 1.40 31 3.19 0.87 804 424 Número de dias internado na

1 RESULTADOS DOS TESTES DE HIPÓTESES

1.3 Hipótese 3 – Prevê-se que existam diferenças significativas ao nível do género nas

representações de doença pré alta (avaliadas dois dias após admissão hospitalar e na altura da alta hospitalar) e pós alta (quinze dias após a alta), apresentando as mulheres representações de doença mais negativas do que os homens nos três momentos.

Para investigar as diferenças ao nível do género nas representações de doença nos 3 momentos de avaliação, utilizaram-se análises multivariadas de covariância (Mancovas - medidas repetidas). A idade foi inserida como variável concomitante, para controlar o seu efeito sobre a variável dependente.

Os resultados obtidos comprovam parcialmente a hipótese 3, verificando-se diferenças estatisticamente significativas ao nível do género nas sub-escalas identidade, duração aguda/crónica, controlo tratamento e coerência da doença. Estes resultados sugerem de um modo geral, que são as mulheres que apresentam representações de doença mais negativas.

Os dados revelam que o género possui um efeito significativo sobre a identidade

(F=5.504; p=.022) no pós EAM. São apresentados no quadro 35, os valores relativos às médias estimadas do género na identidade, nos três momentos de avaliação.

Quadro 35

Médias referentes à identidade nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 3.65 5.41

2 3.37 5.09

3 3.91 5.09

Pela análise do quadro 35 podemos observar que globalmente, as mulheres apresentam valores médios de sintomas associados ao EAM mais elevados nos três momentos de avaliação. Pode concluir-se que existem resultados significativos ao nível do efeito do género sobre a identidade no pós EAM, sendo as mulheres que associam mais sintomas ao EAM ao longo dos três momentos de avaliação. O maior número de sintomas associados ao EAM, corresponde nos homens às duas semanas após alta hospitalar e nas mulheres, à altura da admissão hospitalar. Em termos da identidade não se verificaram efeitos principais nem interactivos significativos do tempo de avaliação.

Os resultados revelam que o género possui um efeito significativo sobre a duração aguda/crónica (F=6.092 ; p=.016) no pós EAM. São apresentados no quadro 36, os valores relativos às médias estimadas do género na duração aguda/crónica, nos três momentos de avaliação.

Quadro 36

Médias referentes à duração aguda/crónica nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 16.34 19.85

2 16.26 20.59

3 18.61 20.03

Pode concluir-se que existem resultados significativos ao nível do efeito do género na duração aguda/crónica no pós EAM, sendo as mulheres que apresentam representações de duração mais crónica da doença ao longo dos três momentos de avaliação.

Relativamente à duração aguda/crónica, ao nível intra-sujeito verifica-se um efeito interactivo entre o tempo X género (F=3.69; p=.033). A análise das médias indica um padrão diferente para homens e mulheres com o tempo, mantendo-se a percepção de duração da

doença estável e mais crónica nas mulheres, enquanto que nos homens, a percepção de cronicidade aumenta nas duas semanas após a alta (ver gráfico 1).

Gráfico 1

Valores médios referentes à duração aguda/crónica nos 3 momentos de avaliação(medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

O género não possui um efeito significativo sobre as consequências (F=1.619; p=.207). Ao nível das consequências, os resultados obtidos intra-sujeitos (factor tempo)

também não são significativos para os efeitos principais e interacções. São apresentados no quadro 37, os valores relativos às médias estimadas do género nas consequências da doença nos três momentos de avaliação.

Quadro 37

Médias referentes às consequências nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 16.30 17.17

2 16.22 17.90

3 18.21 18.26

Ao nível entre sujeitos, os resultados obtidos não são significativos para o efeito do género sobre o controlo pessoal (F=1.45; p=.232). No quadro 38 são apresentadas as médias estimadas do controlo pessoal em função do género. Nos resultados obtidos ao nível intra-

Valores Duração (aguda/crónica)/Género

Tempo 3 2 1 Média 21 20 19 18 17 16 sexo masculino feminino

sujeito (factor tempo) também não foram significativos em termos dos efeitos principais e interactivos.

Quadro 38

Médias referentes ao controlo pessoal nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 23.38 20.95

2 23.08 21.80

3 22.86 22.92

Verifica-se um efeito significativo do género sobre o controlo de tratamento

(F=7.26; p=.009). São apresentados no quadro 39, os valores relativos às médias estimadas do género no controlo de tratamento, nos três momentos de avaliação. Em termos de controlo de tratamento, não se verificam efeitos principais do tempo nem interacções.

Quadro 39

Médias referentes ao controlo tratamento nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 20.25 17.88

2 19.99 17.69

3 19.90 18.68

As médias mostram uma estabilidade no tempo das crenças de controlo de tratamento nos homens e mulheres, embora nas mulheres haja uma ligeira elevação dos valores médios nas 2 semanas após a alta. Assim, as diferenças de género são desfavoráveis às mulheres, especialmente no período de internamento. Em resumo, relativamente ao controlo de tratamento é possível constatar que existe um efeito significativo do género sobre o controlo de tratamento. Os homens apresentam crenças de controlo de tratamento mais elevadas do que as mulheres nos 3 momentos de avaliação.

Os resultados obtidos demonstram que o género possui um efeito significativo sobre a coerência da doença (F=8.16; p=.006). São apresentados no quadro 40, os valores relativos às médias estimadas do género na coerência da doença, nos três momentos de avaliação. Ao nível intra-sujeito (factor tempo) não se verificam efeitos principais nem interacções significativas.

Quadro 40

Médias referentes à coerência da doença nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 15.11 13.22

2 16.18 12.20

3 17.31 14.11

O quadro 40 mostra que os homens apresentam representações de coerência da doença mais elevadas do que as mulheres, que tendem a aumentar com o tempo. Pode concluir-se que existem resultados significativos ao nível do efeito do género na coerência da doença, em que os homens apresentam uma percepção da coerência da doença mais elevada ao longo dos três momentos de avaliação. O valor mais elevado da coerência corresponde em homens e mulheres às duas semanas após alta hospitalar.

Não se verificaram resultados significativos do efeito do género sobre a duração cíclica (F=1.24; p=.268). No quadro 41 são apresentadas as médias estimadas da duração cíclica em função do género. No que concerne à duração cíclica, ao nível intra-sujeito

(factor tempo), também não se verificaram efeitos principais e interactivos significativos.

Quadro 41

Médias referentes à duração cíclica nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 6.47 6.85

2 5.73 6.63

3 5.37 6.55

Os resultados obtidos não são significativos ao nível do efeito do género sobre a representação emocional (F=1.48; p=.228). No quadro 42 são apresentadas as médias estimadas da representação emocional em função do género. Relativamente à representação emocional, também não se verificaram efeitos principais e interactivos significativos ao nível intra-sujeito (factor tempo).

Quadro 42

Médias referentes à representação emocional nos 3 momentos de avaliação (medidas repetidas), em função do género (valores estimados), considerando a idade como concomitante (N=78)

Momentos de avaliação Género

Masculino Feminino Média Média

1 19.51 20.24

2 19.36 20.48

3 18.81 21.68

Em resumo, os resultados encontrados confirmam a hipótese colocada para várias representações de doença no sentido esperado. De facto, existem diferenças estatisticamente significativas ao nível do género nas representações de doença ao longo dos 3 momentos de avaliação, apresentando as mulheres representações de doença mais negativas nas sub-escalas identidade, duração aguda crónica, controlo tratamento, e coerência da doença. Estas representações parecem ser bastante estáveis no tempo para mulheres e homens. Não se verificaram diferenças do género nas representações de doença nas sub-escalas consequências, controlo pessoal, duração cíclica e representação emocional.

1.4 Hipótese 4 - Prevê-se que a adaptação psicossocial pós alta (avaliada pelo HADS no