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Sociograma 2 – O sociograma desenvolvido por Moreno.

3.3 Analise da rede e métricas de análise.

Creio que para essa sessão seja valido refrescar a memória do leitor. Lembramos que a análise de redes possui fundamentação matemática que mede suas propriedades estruturais através de cálculos que tornam possível deduções sociológicas passiveis de teste.

O ator – que é comumente designado como nó ou vértice – em uma rede são uni- dades cujos vínculos são o objeto da análise. Essas unidades não são necessariamente uma pessoa, elas também podem ser uma entidade coletiva.

Os vínculos – denominados arestas ou edges – entre os atores em uma rede, são nada menos do que laços sociais que os unem, e como o leitor pode imaginar, os tipos de laço são bastante variados. Neste trabalho, por exemplo, analisamos os vínculos entre atores em uma rede que se forma na filiação a uma mesma entidade social. Os vínculos em uma rede representam canais para transferência de recursos materiais (os grupos econômicos são um tipo), ou recursos imateriais (informação, influência e etc.).

A díade é a menor unidade de analise em uma rede social, elas são as conexões possíveis entre um par de atores e as propriedades contidas nessa conexão. Já uma tríade é um subconjunto de três atores, ou seja, duas unidades em uma rede não precisam estar necessariamente conectadas entre si podendo estar conectadas através de um terceiro ator.

Agora podemos definir o que é um grupo de atores ou modo. Nos inspiramos na definição de Wasserman e Faust (1994), que descrevem o modo como sendo um conjunto finito de atores sobre os quais são feitas medições relacionais. Por conjunto finito os au- tores entendem um grupo de atores definidos operacionalmente por suas características limitando o tipo de relação que se quer observar e as definições da própria amostra. Por exemplo, no caso deste trabalho, nosso grupo é definido nos termos da nossa amostragem pelas entidades de representação de classe, grupos econômicos e os indivíduos que pos- suem vínculo com ambos, sendo esse o limite do tipo de relação que observaremos.

Tendo definido o grupo (modo) de atores podemos definir as relações entre eles como o conjunto de laços possíveis e específicos entre os atores do grupo. Ou seja, as relações dentro das redes são definidas pela natureza dos atores na amostra e o tipo de vínculo entre eles que se quer estudar.

Por fim, temos que uma rede é um conjunto específico de atores e as relações definidas entre eles. Ela é constituída por nós e vínculos em uma estrutura não geográfica,

é um conjunto de atores autônomos, conjugados através de recursos materiais e imateriais, formando vínculos formais ou informais em torno de interesses compartilhados.

As redes podem ser de dois tipos: quando a rede analisada possui atores da mesma natureza tratamos a rede como sendo do tipo 1-mode. No caso da análise de uma rede, cujos vínculos se dão entre atores de natureza diferente trata-se de uma rede do tipo 2-

mode, a principal característica dessa rede é a não existência de vínculos entre atores

dentro do mesmo conjunto. Nas redes 1-mode, são representadas as relações de um grupo de atores iguais, por exemplo, uma rede de amizade entre alunos de uma escola. Nas redes

2-mode são representadas relações de um grupo de atores distintos, por exemplo, os flu-

xos de doações de campanha de grandes corporações a partidos políticos. Um dos modos da rede contém os atores e no outro estão contidas as entidades – comumente denomina- das de eventos – aos quais os atores estão conectados. O que importa reter em relação as redes 2-mode é que nem sempre todos os atores podem iniciar laços, geralmente existem emissores e receptores nas relações206.

As variáveis analíticas das redes sociais variam em três dimensões: estrutura, com- posição e afiliação. As variáveis estruturais medem um tipo determinado de laços entre pares de atores (por exemplo, laços entre colegas de classe ou intercambio de importações entre nações). No caso das variáveis de composição, elas são os atributos definidos indi- vidualmente para cada ator (por exemplo, etnia ou local de trabalho e etc.)207.

As variáveis de afiliação são especificas das redes do tipo 2-mode. O primeiro modo, nesta rede, é constituído por um único conjunto de atores e o segundo modo é constituído por um conjunto de eventos (associações, reuniões sociais, clubes e etc.) aos quais os atores são filiados. Dessa forma, os eventos são definidos em relação ao subcon- junto de atores presentes no primeiro modo, e a variável de afiliação é definida através dos atores que participam conjuntamente de um evento específico, que pode ser a pertença a diretoria de uma associação, por exemplo208.

Os sociogramas ou gráficos são uma representação visual de uma rede e permitem quantifica-las. As matrizes por sua vez reúnem os dados em tabelas matemáticas que apresentam as medidas quantitativas dos vínculos e qualitativas dos atores. Os gráficos contem ainda relações não direcionais aonde a relação os vínculos entre colunas e linhas

206 Cf. Wasserman e Faust (1994, p. 61). 207 Cf. Wasserman e Faust (1994, p. 60). 208 Cf. Wasserman e Faust (1994, p. 61).

de uma matriz são sempre idênticos e portanto as relações são recíprocas, e relações di- recionais que distinguem entre origem e destino de uma relação, por exemplo, um gráfico de comercio de um determinado bem indicará a relação dos nós com vendedores e com- pradores, ou seja, um dado nó originará 𝑛 operações de venda e será receptor de 𝑛 opera- ções de compra representadas pela direção dos edges existindo um transmissor e um re- ceptor na relação209.

Um componente de uma rede é um gráfico derivado da própria rede, dessa forma os cliques são um componente completo. Já os hubs de uma rede são os nós que possuem conexão com muitos outros nós, ou seja, os hubs são os nós centrais em uma rede.

As redes podem ser sociocentricas quando analisadas no seu total, egocêntricas quando a análise é o no nível das conexões de um dado indivíduo e podem ser analisadas nos termos de suas propriedades, seus elementos e sua dinâmica.

O grau total de uma rede é determinado pelo número total de vínculos possíveis e pelo máximo de vínculos possíveis para um determinado nó.

A distância (geodésica) é o comprimento do menor caminho entre dois nós, que pode ser direto ou pode conter outros nós no caminho. Por outro lado, o diâmetro de uma rede se refere a maior distância existente entre um par de nós. Chama-se ciclo o caminho que inicia e termina no mesmo nó.

Uma rede pode ser analisada pela sua coesão ou conectividade através das suas propriedades de densidade e geodésica ou ainda pela sua forma através do grau da rede, adjacência e aglomeração dos nós. Já os nós podem ser analisados a partir da posição que ocupam da rede e através das suas propriedades de centralidade (grau, proximidade e intermediação). As relações dentro da rede podem ser analisadas pela sua coesão (distân- cia geodésica), a orientação que pode ser simétrica ou assimétrica, orientadas ou não ori- entadas. Os vínculos entre pares podem ser relacionais ou associativos, unívocos ou recí- procos, fortes ou fracos. Chamamos de métricas os enunciados formais das mediadas usa- das na análise da estrutura da rede.