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Questões comentadas pelo professor 1 ANPEC – 2004 – Questão

3. ANPEC – 2005 – Questão

Sobre contas nacionais, avalie as proposições:

(0) Quando crescem as remessas de juros ao exterior, aumenta-se o déficit na conta de capitais, ceteris paribus. (1) Quando em um país operam um grande número de empresas estrangeiras, ao mesmo tempo em que poucas empresas e residentes deste país operam em outras economias, o PIB será maior que o PNB.

(2) Se um aumento do juro doméstico for contrabalançado por um corte de gastos correntes, o déficit primário do governo cairá.

(3) A variação do PIB real será sempre igual ou menor que sua variação nominal.

(4) A soma das remunerações dos fatores de produção é igual à soma dos gastos em bens e serviços finais produzidos internamente.

RESOLUÇÃO:

(0) Remessas de juros ao exterior representam saídas de divisas, de forma que a transação seja registrada como um débito na balança de rendas (transações correntes) e um crédito em haveres monetários de curto prazo no exterior (capitais compensatórios). Assim, tudo o mais mantido constante, um aumento nas remessas de juros ao exterior, eleva o déficit em TRANSAÇÕES CORRENTES.

Resposta: FALSO

(1) Quando em um país operam um grande número de empresas estrangeiras, ao mesmo tempo em que poucas empresas e residentes deste país operam em outras economias, temos que o fluxo de renda enviada ao exterior supera o fluxo de renda recebida do exterior. Ou seja, a renda líquida enviada ao exterior é positiva. A relação entre PNB e PIB é tal que:

𝑃𝑁𝐵 = 𝑃𝐼𝐵 − 𝑅𝐿𝐸𝐸

Na medida em que a renda líquida enviada ao exterior é positiva, o PNB será menor que o PIB. Resposta: VERDADEIRO

(2) Primeiramente, vejamos que fundos para empréstimos (ou fundos emprestáveis) correspondem ao montante de renda que as pessoas poupam para emprestar ao invés de gastá-la para consumo. O equilíbrio entre oferta e demanda desses fundos define seu preço, que é a taxa de juros. Um aumento na taxa de juros torna mais vantajoso investir o dinheiro em aplicações que rendem juros, contribuindo para a diminuição da disponibilidade dos fundos emprestáveis.

Agora, vamos analisar como o déficit do governo altera o mercado dos fundos emprestáveis. De um modo geral, o governo pega dinheiro emprestado para financiar se déficit, o que contribui para diminuir a oferta dos fundos emprestáveis para que o setor privado realize investimentos (veremos, em aula posterior, que esse efeito recebe o nome de efeito deslocamento). Dessa forma, em uma situação como a apresentada pelo item (corte de gastos correntes), haverá um aumento na oferta de fundos emprestáveis, contrabalanceando o efeito de um aumento nos juros. Assim, não há mudanças no mercado de fundos emprestáveis, de modo que não haja alterações na arrecadação tributária. Isso aliado à redução nos gastos correntes do governo reduz o déficit primário, que é dado pela diferença entre o que o governo gasta e o que ele ganha.

Resposta: VERDADEIRO

(3) A partir da definição do deflator do PIB, podemos escrever o PIB nominal como o produto entre o deflator e o PIB real:

𝑃𝐼𝐵 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑡 = 𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟𝑡(𝑃𝐼𝐵 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑡𝑏) Em termos de taxa de crescimento:

(1 + Δ𝑃𝐼𝐵 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑡) = (1 + Δ𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟𝑡)(1 + Δ𝑃𝐼𝐵 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑡𝑏) Δ𝑃𝐼𝐵 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑡 ≈ Δ𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟𝑡+ Δ𝑃𝐼𝐵 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑡𝑏

De forma que a taxa de crescimento do PIB real pode ser aproximada por: Δ𝑃𝐼𝐵 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑡𝑏 ≈ Δ𝑃𝐼𝐵 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑡− Δ𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟𝑡

Assim, se houver deflação (Δ𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟𝑡 < 0), a variação do PIB real será maior que a variação do PIB nominal.

Resposta: FALSO

(4) Muita atenção nos detalhes, hein! Na verdade, a soma das remunerações dos fatores de produção é igual à soma dos gastos em bens e serviços finais produzidos internamente ou importados (produção externa). Resposta: FALSO

4.

ANPEC – 2005 – Questão 2

Com base nas identidades das contas nacionais, avalie as proposições que se seguem, para uma economia aberta:

(0) Um aumento do déficit público leva a igual elevação do déficit externo.

(1) Se a poupança externa for igual ao déficit público, a poupança do setor privado será idêntica ao investimento.

(2) A conta de capitais será negativa quando a poupança doméstica for menor que o investimento.

(3) Um déficit do balanço de pagamentos pode ser financiado com a perda de reservas, cujo lançamento contábil terá sinal negativo.

(4) A igualdade entre poupança e investimento é equivalente ao equilíbrio do mercado de bens.

RESOLUÇÃO:

(0) Um aumento do déficit público pode gerar uma elevação no déficit externo. Isso se dá pelo fato de que um aumento no déficit público gera uma pressão na taxa de juros da economia, o que atrai capital estrangeiro para o país. Essa maior entrada de divisas, torna a moeda nacional relativamente mais cara, piorando, assim as exportações vis-à-vis as importações. Ou seja, pode haver uma piora no déficit externo, mas não podemos afirmar categoricamente que será em uma igual proporção.

Resposta: FALSO

(1) Da igualdade entre poupança e investimento, temos:

𝐼 = 𝑆𝑃+ 𝑆𝐺𝑜𝑣+ 𝑆𝐸𝑥𝑡 Se a poupança externa é igual ao déficit público (𝑆𝐸𝑥𝑡= −𝑆𝐺𝑜𝑣):

𝐼 = 𝑆𝑃+ 𝑆𝐺𝑜𝑣− 𝑆𝐺𝑜𝑣 → 𝐼 = 𝑆𝑃 Ou seja, nessa situação a poupança privada se iguala ao investimento.

Resposta: VERDADEIRO

(2) A poupança doméstica, 𝑆𝐷𝑜𝑚, é definida como a soma das poupanças privada e do governo. Dessa forma: 𝐼 = 𝑆𝐷𝑜𝑚+ 𝑆𝐸𝑥𝑡→ 𝐼 − 𝑆𝐷𝑜𝑚= 𝑆𝐸𝑥𝑡

Se a poupança doméstica for menor que o investimento (𝐼 − 𝑆𝐷𝑜𝑚> 0), a poupança externa será positiva (𝑆𝐸𝑥𝑡> 0). Sabemos que a poupança externa corresponde ao déficit em transações correntes:

𝑆𝐸𝑥𝑡= −𝑇𝐶

Assim, uma poupança externa positiva faz com que o saldo em TRANSAÇÕES CORRENTES seja negativo. Vejamos, agora, o que acontece com as contas de capitais autônomos e compensatórios. O saldo total do BP é dado pela soma dos saldos em transações correntes e na conta capital e financeira (𝐾𝑎):

𝐵𝑃 = 𝑇𝐶 + 𝐾𝑎

Além disso, dada a técnica das partidas dobradas, os saldos do BP e da conta capitais compensatórios, 𝐾𝑐, têm o sinal trocado (𝐵𝑃 = −𝐾𝑐). Logo:

𝑇𝐶 + 𝐾𝑎= −𝐾𝑐→ −𝑇𝐶 = 𝐾𝑎+ 𝐾𝑐

Sabendo que 𝑆𝐸𝑥𝑡 = −𝑇𝐶 > 0, temos (𝐾𝑎+ 𝐾𝑐) > 0. Dessa forma, uma poupança externa positiva faz com que os capitais autônomos e compensatórios sejam positivos (e não podemos dizer nada sobre o saldo de cada um individualmente).

Resposta: FALSO

(3) É verdade que um déficit do balanço de pagamentos pode ser financiado com a perda de reservas, no entanto o lançamento contábil terá sinal positivo. Isso porque os lançamentos realizados na conta caixa (equivalente a variações totais das reservas internacionais) são feitos seguindo a lógica dos ativos na contabilidade tradicional. Ou seja, essa conta aumenta a débito (lançamento negativo) e reduz a crédito (lançamento positivo).

Resposta: FALSO

(4) O mercado de bens está em equilíbrio quando a oferta agregada se iguala a demanda agregada (veremos isso em mais detalhes em aula posterior). No caso de uma economia fechada e sem governo:

𝑌 = 𝐶 + 𝐼 → 𝑌 − 𝐶 = 𝐼 → 𝑆 = 𝐼

Ou seja, o equilíbrio no mercado de bens equivale à igualdade entre poupança e investimento. Resposta: VERDADEIRO