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3. OBJETO DE ESTUDO

3.2. Antecedentes e lei de criação da empresa

Em 1968 o Governo do Estado de Minas Gerais já contava com um Conselho Estadual de Desenvolvimento que buscava coordenar ações em diversas áreas de sua economia, envolvendo desde a exploração de recursos naturais e a agropecuária, o aprimoramento dos recursos humanos, até o desenvolvimento industrial e a implantação de infra-estrutura, bem como o turismo, dentro de uma ótica de planejamento global e a partir da definição de planos que estruturassem suas políticas econômicas e financeiras. O organograma definido pela portaria CODEMIG nº 41 de 06 de dezembro de 1968, apresentado como ANEXO B, mostra claramente a amplitude da visão deste Conselho.

No início da década de 70, o empenho em acelerar o desenvolvimento industrial em Minas Gerais levou o governo à estruturação de um Departamento de Industrialização dentro deste Conselho Estadual de Desenvolvimento, cujos organogramas de 1970 e 1971 constam do ANEXO C.

Entretanto, como órgão da administração direta, este departamento apresentava limitações operacionais que vieram a compor a justificativa técnica para a criação da CDI-MG, apresentada pelo Doutor Paulo de Lima Vieira, vice-presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento, na mensagem nº 29 de 20 de maio de 1971, dirigida à Assembléia Legislativa pelo Governador Rondon Pacheco:

... “a possibilidade de contratação direta de financiamento, empréstimos ou obtenção de recursos federais, também está prejudicada tendo em vista a estruturação institucional do Departamento de Industrialização”.

- ... ”chega-se, assim, à conclusão de que uma reformulação institucional do Departamento de Industrialização deve ser concretizada, para corresponder oficial e diretamente à tarefa de acelerar o desenvolvimento industrial... como Sociedade de Economia Mista ... haveria uma situação eficiente e segura para adquirir e controlar obrigações na condição de órgão executor de convênios e tomador de empréstimos destinados a cobrir os gastos das obras e projetos de infra-estrutura de áreas industriais e de apoio, suporte básico para a instalação de novas unidades fabris.”

A Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais (CDI-MG) foi assim constituída em 1971, através da Lei 5.721 (ANEXO D). Criada sob forma de sociedade de economia mista é controlada pelo Governo do Estado e vinculada à Secretaria de Estado de Indústria e Comércio.

O principal objetivo de sua criação foi dotar o Poder Público de uma entidade ágil e eficiente para preparar e oferecer áreas propícias ao uso industrial, dotadas de infra-estrutura adequada, visando atrair novos investimentos para Minas Gerais. Conforme dito acima, antes da criação da companhia, estas atividades eram desenvolvidas pelo Departamento de Industrialização, órgão da administração direta.

A Lei 5.721, de 25/06/1971, “autoriza o Governo do Estado a constituir e organizar sociedade sob controle acionário do Estado, destinada a projetar, implantar e administrar áreas industriais”. Em seu artigo 2º, estabelece suas competências:

I. projetar, implantar e administrar, direta ou indiretamente, áreas industriais, bem como todos os seus serviços e equipamentos de apoio;

II. divulgar e promover os centros, cidades, distritos e núcleos industriais do Estado e suas oportunidades industriais;

III. executar o programa de industrialização do Estado, segundo as normas fixadas pelo poder executivo;

IV. controlar a poluição ambiental, provocada por indústrias, de acordo com as normas estabelecidas, pela União e o Estado.

Quando de sua constituição, foram incorporados ao patrimônio da empresa terrenos localizados em diversos municípios mineiros (ver figuras 3.1. e 3.2.), previamente avaliados e oferecidos pelos subscritores do capital da CDI-MG para

aprovação na Assembléia Geral de constituição da Companhia, ocorrida em 19 de outubro de 1971. Municípios Área (m2) Pirapora 2.135.560 Uberaba 500.000 Poços de Caldas 324.940 Santa Luzia 6.678.340 Juiz de Fora 4.347.788 Contagem 4.731.636

Vila Operária (habitação para CI de Contagem) 339.812

Montes Claros 2.058.750

Figura 3.1. Terrenos incorporados ao patrimônio da CDI-MG (Ata da Assembléia de 19/10/1971)

Ainda durante o governo de Rondon Pacheco, em 06 de dezembro de 1973, a lei 6.223 (ANEXO E) autoriza o Estado a integralizar sua participação no capital da CDI-MG, incorporando imóveis de sua propriedade nos municípios de Extrema e Santa Rita do Sapucaí (ver figura 3.3.).

SANTA LUZIA UBERABA JUIZ DE FORA POÇOS DE CALDAS MONTES CLAROS PIRAPORA CONTAGEM

Figura 3.2. Localização dos municípios com áreas transferidas à CDI (Gerência de Projetos, 2002)

Em 03 de agosto de 1977, no governo de Antônio Aureliano Chaves de Mendonça, a lei 7.055 (ANEXO F) dá nova redação a dispositivos da lei 5.721, especificamente alterando o inciso III do artigo 2º e acrescentando-lhe um parágrafo único, bem como modificando seu artigo nono.

As mudanças introduzidas referem-se a redefinições quanto ao papel da Companhia e quanto às relações entre ela e o Estado. Tratam-se de ajustes decorrentes do próprio funcionamento da empresa, uma vez que, tendo sua origem em um departamento da administração direta do Estado, havia conservado alguns resquícios deste tipo de organização na versão inicial de sua lei de criação. No caso do item III, cuja redação na lei 5.721 era:

Promover o assessoramento técnico ao Governo Estadual e Municipal, quando para isso solicitada, nos problemas referentes à concentração de indústrias e suas implicações, fazendo cumprir, no que lhe competir, o programa de industrialização traçado pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento.

passa a ser :

Executar o programa de industrialização do Estado, segundo as normas fixadas pelo Poder Executivo.

SANTA LUZIA UBERABA JUIZ DE FORA POÇOS DE CALDAS MONTES CLAROS PIRAPORA CONTAGEM EXTREMA

SANTA RITA DO SAPUCAÍ

Figura 3.3. Localização das novas áreas transferidas à CDI (Gerência de Projetos, 2002)

e o parágrafo acrescido neste artigo trata da participação da CDI-MG em outras sociedades:

A Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais – CDI-MG poderá, ouvido o seu Conselho Superior de Administração, participar do capital de sociedades cujos projetos de implantação, aumento de produção ou de faturamento sejam considerados de interesse para o desenvolvimento industrial do Estado, com utilização de recursos financeiros próprios ou bens do seu patrimônio.

Quanto à reformulação do artigo 9º, cuja redação era:

O Poder Executivo fica autorizado a integralizar sua participação no capital da Sociedade a que se refere esta lei, podendo para isso:

I. utilizar imóveis de seu patrimônio ou que venha a desapropriar para implantação de áreas industriais; II. destinar dotações orçamentárias apropriadas;

III. abrir crédito especial, mediante anulação, parcial ou total, de dotações orçamentárias vigentes.

torna-se, com a nova versão:

Para integralização ou aumento da participação do Estado no capital da sociedade, fica o Poder Executivo autorizado a:

I. utilizar imóveis de seu patrimônio;

II. destinar recursos orçamentários específicos;

III. abrir crédito especial, mediante anulação parcial ou total de dotações orçamentárias.

Em sua criação, os antigos funcionários do Departamento de Industrialização que tiveram interesse foram contratados pela nova Companhia, perfazendo um total aproximado de 48 pessoas, incluindo técnicos de nível superior, funcionários de nível médio e de apoio administrativo.