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4 A FORMULAÇÃO E A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA PROFESSOR.COM

4.1. Antecedentes do Programa

4.1.1 – Tecnologias digitais e a educação básica: breve panorama

4.1.1.1 - Políticas de Tecnologia na Educação pública

As primeiras iniciativas destinadas à introdução da informática nas escolas públicas brasileiras se deram no início dos anos 80, no bojo da disseminação da informática na sociedade, influenciadas por iniciativas internacionais que despertaram o interesse do governo e de pesquisadores das universidades.

A realização de dois seminários nacionais de Informática na Educação realizados na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982 culminou na criação do projeto EDUCOM, implantado pela Secretaria Especial de Informática - SEI e pelo MEC.

O EDUCOM permitiu a formação de pesquisadores das universidades e de profissionais das escolas públicas, a realização do Concurso Nacional de Software Educacional (em 1986, 1987 e 1988), a implementação do FORMAR - Curso de Especialização em Informática na Educação (realizados em 1987 e 1989), a implantação nos estados do Centro de Informática em Educação - CIEd (iniciado em 1987) e a implantação do Plano Nacional de Informática Educativa – PRONINFE (em 1989) (VALENTE, 1999).

Em 1996 é criada a Secretaria de Educação a Distância – SEED20 por meio do Decreto nº 1.917. De acordo com o Art. 27 do decreto, além de planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo de formulação e implementação da política de educação à distância, competia à SEED, apoiar a adoção de tecnologias educacionais e pedagógicas com vistas a auxiliar a aprendizagem no sistema de educação à distância, promover estudos para identificação das necessidades educacionais, visando o desenvolvimento da produção e disseminação de programas de educação à distância e otimizar a infraestrutura tecnológica dos meios de comunicação, visando a melhoria do ensino. Entre as primeiras ações da SEED destacam-se a criação do canal TV Escola e as primeiras iniciativas para a criação do ProInfo com a apresentação de um documento- base na III Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Educação - CONSED21.

Após a realização de uma série de encontros no País para discutir as diretrizes do ProInfo, em 1997 a SEED lança a primeira edição do Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, cujo principal objetivo era instalar laboratórios de informática nas escolas públicas de ensino básico do Brasil. Além de provedor de infraestrutura, o ProInfo apresenta-se como um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica.

Em publicações do final da década de 1990, identificamos as metas do ProInfo estabelecidas naquele momento buscando a instalação de mais de 100.000 computadores em escolas públicas. Além do provimento dos equipamentos para montagem de laboratórios de informática o ProInfo promoveu a implantação dos Núcleos de Tecnologia Educacional – NTE, pontos de suporte técnico-pedagógico a escolas e principalmente destinado a promover a formação de professores em serviço e continuada para o uso das tecnologias.

Desde a criação da SEED, várias ações foram desenvolvidas no âmbito do ProInfo tanto no sentido de promover o acesso das escolas públicas à informática quanto no sentido de viabilizar a formação de professores com vistas à utilização desses equipamentos. Em 2007, o ProInfo é atualizado por meio do DECRETO Nº- 6.300, de 12 de dezembro de 2007 como Programa Nacional de Tecnologia Educacional -ProInfo. De acordo com o decreto o programa visa:

20 A SEED foi extinta em 2011 pelo Decreto nº 7480/20011. 21

Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=289&Itemid=356>. Acessado em 01/07/13.

I - promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas escolas de educação básica das redes públicas de ensino urbanas e rurais; II - fomentar a melhoria do processo de ensino e aprendizagem com o uso das tecnologias de informação e comunicação;

III - promover a capacitação dos agentes educacionais envolvidos nas ações do Programa;

IV - contribuir com a inclusão digital por meio da ampliação do acesso a computadores, da conexão à rede mundial de computadores e de outras tecnologias digitais, beneficiando a comunidade escolar e a população próxima às escolas;

V - contribuir para a preparação dos jovens e adultos para o mercado de trabalho por meio do uso das tecnologias de informação e comunicação; e VI - fomentar a produção nacional de conteúdos digitais educacionais (BRASIL, Decreto Nº- 6.300, de 12 de dezembro de 2007).

Com isso, além do Programa de Informática na Educação passar a ser denominado Programa Nacional de Tecnologia Educacional, expressando a integração das diversas tecnologias, observa-se uma possível inversão de prioridades já que na década de 1990 a difusão do acesso às tecnologias por meio da instalação de 100.000 computadores nas escolas públicas configurava-se como uma ação central para o alcance das metas. Nessa nova edição pode-se inferir que o uso pedagógico das TIC e a formação dos agentes educacionais envolvidos, com vistas à melhoria do processo de ensino e aprendizagem e à inclusão digital passam a ocupar maior centralidade no processo. Apesar de não constar no Decreto 6.300 de 12 de dezembro de 2007, o ProInfo passou a ser denominado ProInfo Integrado.

Para isso, os Arts. 2º e 3º do referido decreto estabelecem o regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mediante adesão como forma de cumprir seus objetivos e finalidades, ficando o Ministério da Educação responsável por implantar ambientes tecnológicos equipados com computadores e recursos digitais nas escolas beneficiadas, disponibilizar conteúdos educacionais, soluções e sistemas de informações e promover, em parceria com os Estados, Distrito Federal e Municípios, programa de formação para os agentes educacionais envolvidos, além de viabilizar a conexão dos ambientes tecnológicos à Internet.

Já os entes federados que aderissem ao ProInfo ficariam responsáveis por prover a infraestrutura necessária para o adequado funcionamento dos ambientes tecnológicos do Programa, viabilizar e incentivar a formação de professores e outros agentes educacionais para utilização pedagógica das tecnologias da informação e comunicação, assegurar pessoal, suporte técnico e manutenção dos equipamentos, além de condições necessárias ao acompanhamento das ações nas escolas, bem como

contemplar o uso das tecnologias de informação e comunicação nos projetos político- pedagógico das escolas beneficiadas.

Além da Educação a Distância/Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, do ProInfo e do canal TV Escola, a SEED incluía em seus programas e ações o Domínio Público, DVD Escola, E-ProInfo, E-Tec Brasil, Programa Banda Larga nas Escolas, ProInfo Integrado, Banco Internacional de Objetos Educacionais, Portal do Professor, Programa Um Computador por Aluno – ProUca, além do Projetor Proinfo.

Após a sua extinção, seus programas e ações foram redistribuídos ficando a SEB responsável por parte considerável das ações pedagógicas e relacionadas com a formação continuada de professores e recursos educacionais como o ProInfo22 e à plataforma e-ProInfo, além da TV Escola/Salto para o Futuro, do Portal do Professor, do Banco Internacional de Objetos Educacionais - BIOE e do Domínio Público - Biblioteca Digital Desenvolvida em Software Livre. A Universidade Aberta do Brasil (UAB) ficou sob a responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES23 e as questões relacionadas à infraestrutura, como a aquisição e distribuição de equipamentos24, passaram a ser de responsabilidade do FNDE.

A criação e a disseminação do ProInfo no Brasil, sob a coordenação da SEED, influenciou as políticas de tecnologia na educação nos estados, DF e municípios. A seguir abordaremos algumas repercussões dessas políticas em Pernambuco e mais especificamente em Recife, locus do presente estudo.

4.1.1.2 – O ProInfo em Pernambuco

Desde a implantação do ProInfo, a rede estadual de ensino de Pernambuco, bem como as redes municipais de ensino de Recife, Olinda e Petrolina, aderiram a esse programa instalando laboratórios de informática, Núcleos de Tecnologia Educacional – NTE e promovendo a formação de pessoal visando a difusão do uso pedagógico das TIC.

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O ProInfo Integrado – formação continuada voltada para o uso didático-pedagógico das TIC no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais.

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As questões relacionadas à legislação da Educação à Distância são de responsabilidade da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior - Seres.

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Programas e projetos associados: ProInfo Integrado, Projeto Um Computador por Aluno - UCA, Programa Um Computador por Aluno - PROUCA, Programa Banda Larga nas Escolas - PBLE e Tablets. Disponível em <http://www.fnde.gov.br>. Acessado em 10/07/2013.

Após a publicação do Decreto nº- 6.300, de 12 de dezembro de 2007, o Governo de Pernambuco, a Prefeitura do Recife, de Olinda e de Petrolina renovaram sua adesão ao programa federal e ampliam seu parque tecnológico nas unidades educacionais. No âmbito do ProInfo foram realizadas formações de multiplicadores, especialistas em tecnologia na educação vinculados aos NTE, responsáveis pelo planejamento e execução dos cursos para os professores.

Recife teve relevante participação na disseminação do programa em âmbito regional, pelo fato de ter implantado o primeiro NTE da região nordeste, com o compromisso de abrigar a oferta de curso de Especialização em Informática na Educação para a região. De fato, professores vinculados aos municípios de Recife, Olinda, Petrolina, Teresina (PI) e São Luiz (MA), selecionados para a implantação dos futuros NTE em seus municípios, tiveram participação no referido curso, realizado entre 1998 e 1999.

É importante registrar a existência de experiência anterior em Pernambuco destinada à formação em nível de especialização para 50 professores, sendo 30 participantes da rede estadual de educação, 10 professores dos núcleos profissionalizantes de informática da Rede Municipal de Ensino do Recife e 10 para professores das redes de ensino em geral (SETTE et al, 1997). Segundo Sette et al (1997) a oferta do curso se antecipou à política adotada pelo Programa Nacional de Informática na Educação visando atender a necessidade do estado de Pernambuco ao contribuir para a constituição em seu quadro de pessoal, massa crítica de especialistas na área com vistas a indução das atividades dos futuros Núcleos de Tecnologia Educacional e laboratórios de informática, requisitos para a implantação e a execução do Programas de Informática na Educação.

É importante ressaltar a participação da Prefeitura do Recife nesta oferta já que demandou uma articulação com a Universidade Federal de Pernambuco que contribuiu para a realização desse primeiro curso de Especialização em Informática na Educação promovido em 1996, contemplando 10 professores da Rede Municipal de Ensino. Em decorrência dessa articulação, posteriormente, firmou parceria com a UFPE para a oferta de formação continuada de professores voltada para o uso pedagógico das TIC. Dessa parceria resultou a oferta de Curso de Telemática na Educação, estruturado em 40 horas e realizado em 1996 no Centro de Treinamento da Secretaria de Educação criado para esse fim.

As primeiras turmas desse Curso foram compostas pelos professores que atuavam na equipe pedagógica da Secretaria de Educação. Esses docentes, além de realizar o acompanhamento do trabalho pedagógico nas escolas, eram responsáveis pelo planejamento e coordenação dos Encontros Pedagógicos Mensais – EPM, organizados por componente curricular e desenvolvidos com os docentes do Ensino Fundamental dos anos finais. Aliás, vale ressaltar que as turmas subsequentes foram organizadas de forma a contemplar a participação de todos os professores regentes dessa etapa do Ensino Fundamental.

De fato, entre os anos de 1998 e 1999, no âmbito do ProInfo, foram constituídas novas turmas destinadas à formação de especialistas em informática na educação visando a implantação e ampliação das equipes dos Núcleos de Tecnologia Educacional e a disseminação do uso das tecnologias na escola. À época, o acesso a computadores no meio educacional ainda era limitado, tanto no que se refere ao número de laboratórios instalados nas escolas quanto nas possibilidades de aquisição por iniciativa pessoal de professores, fato que dificultava a continuidade do uso dos recursos tecnológicos e a aplicação dos conhecimentos adquiridos na formação e na ação educacional.

4.1.1.3 – Os programas de facilitação ou cessão de computadores para professores

Em 2008, foi instituído o Programa Computador Portátil para Professor, no âmbito do Programa de Inclusão Digital do Governo Federal, visando facilitar a aquisição de computadores por meio de financiamento pelo professor. O programa tinha como objetivo promover a inclusão digital dos professores das escolas públicas e privadas (DECRETO Nº 6.504 - DOU, de 4 de julho 2008). O Art. 1º do decreto, detalha a finalidade do programa

Fica instituído, no âmbito do Programa de Inclusão Digital, o Projeto Computador Portátil para Professores, com o objetivo de promover a inclusão digital de professores ativos da rede pública e privada de educação básica, profissional e superior, nos termos da Lei nº9.394, de 20 de dezembro de 1996, mediante a aquisição de soluções de informática constituídas de computadores portáteis (notebooks), programas de computador (softwares) neles instalados e de suporte e assistência técnica necessários ao seu funcionamento, observadas as definições, especificações e características técnicas mínimas estabelecidas em ato do Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia (BRASIL, Decreto nº 6.504 - DOU, de 4 de julho 2008).

A implantação do projeto é resultado de articulação entre o setor privado e o setor público, intermediado pela Presidência da República e pelos ministérios da Educação – MEC e da Ciência e Tecnologia – MCT, além de participação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, com o intuito de facilitar aos professores em atividade do ensino básico profissional e superior vinculados a instituições públicas e privadas credenciadas junto ao MEC, a aquisição de computadores portáteis.

Como a facilitação de acesso aos computadores e softwares, o programa Computador Portátil para Professor se restringia a criação de uma linha de crédito atrelada a um processo de certa forma burocrático com várias etapas a serem vencidas pelos interessados25. Diante dessa burocracia, atrelada à possibilidade de aquisição dos mesmos equipamentos de forma mais ágil e por valores equivalentes no comércio, testemunhamos vários depoimentos de professores expressando o desinteresse pela adesão ao programa preferindo, em alguns casos, adquirir computadores diretamente nos estabelecimentos comerciais.

A partir de 2008, identificamos iniciativas semelhantes desenvolvidas na esfera estadual, a exemplo das redes de ensino de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Em São Paulo (2008) foi implantado o Programa Computador do Professor26 com o intuito de beneficiar mais de 144.000 professores por meio do financiamento em 24 meses com juro zero e, segundo anunciado, por um preço menor. Em 2010, nessa mesma perspectiva, o estado do Rio Grande do Sul lançou o Programa Professor Digital27, linha de financiamento para aquisição de notebook e softwares, além de descontos para acesso à internet móvel (Custo mensal de R$ 89,99 e modem a R$ 10,00).

Em outra perspectiva e com outro alcance, foram lançados programas nas esferas estadual e municipal que garantiram o acesso do professor a computadores portáteis por meio da cessão desses equipamentos, a exemplo dos estados do Rio de Janeiro28, Paraíba e Pernambuco29 e dos municípios de Recife, Jaboatão e Olinda.

Em 2008, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, implantou o Programa Conexão Professor que beneficiou 32.000 professores com a cessão dos equipamentos.

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Identificação do professor via contracheque com código INEP da instituição de ensino ou declaração de vínculo emitida pela direção, seleção do produto a ser adquirido, escolha do banco e da forma de pagamento, contratação do empréstimo com pagamento via consignação, débito em conta corrente ou via quitação de boleto, efetivação do pedido, encomenda, fornecimento e entrega pelos Correios.

Disponível em <http://www.computadorparaprofessores.gov.br>. Acessado em 18/06/13.

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Fonte: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=99652>. Acessado em 22/06/2013

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http://www.professor.rs.gov.br/index.php

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Programa Conexão Professor - 2008

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Em 2012, o Governo do Estado da Paraíba realizou a cessão de computadores portáteis para professores sendo a entrega do equipamento condicionada à participação e ao aproveitamento no Curso de Introdução à Educação Digital com 40 horas aulas.

Em dezembro de 2008, Pernambuco lançou o Programa Professor Conectado por meio da Lei Nº 13.686, de 11 de dezembro de 2008, (regulamentada pelo Decreto nº 32.891 - DOE - 19 de dezembro de 2008) pela qual instituiu abono de natureza indenizatória no valor de R$ 2.300,00 (dois mil e trezentos reais), concedido em parcela única a ser implantada, em código próprio, no mês de dezembro de 2008. As despesas com a execução da Lei correram por conta de dotações orçamentárias próprias destinadas à aquisição de computadores e acessórios, a ser concedido aos ocupantes do cargo efetivo de Professor, do Quadro de Pessoal Permanente da Secretaria de Educação, que estivessem no efetivo exercício das atividades inerentes ao cargo.

Na esfera municipal, Jaboatão implantou em 2011 o Programa Professor Ligado anunciado como parte integrante do Programa de Modernização do Parque Tecnológico da Rede Municipal de Ensino. Olinda em 2012 concedeu notebooks para os professores visando a sua utilização como instrumento pedagógico em sala de aula30.

Discutiremos a seguir, o contexto municipal que influenciou a Rede Municipal de Ensino do Recife na implantação do Programa Professor.com, objeto da presente pesquisa.

4.1.2 – As tecnologias digitais no contexto da rede municipal de ensino do Recife

A emergência da denominada Política de Tecnologia na Educação e Cidadania da Prefeitura do Recife com foco no uso pedagógico das TIC como meio de apropriação e construção do conhecimento e, como instrumento de divulgação dos projetos e de socialização dos saberes, teve início no bojo das iniciativas nacionais desenvolvidas no campo da informática na educação desde a década de 1990, descritas acima.

Entre os anos de 2000 e 2008, cresceram os investimentos públicos no campo da informática na educação na Rede Municipal de Ensino do Recife, em consonância com a política nacional de Tecnologia na Educação definida pela SEED/MEC nos aspectos relativos à infraestrutura tecnológica, contemplando a instalação de laboratórios de

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informática, a instalação de antenas parabólicas nas unidades educacionais, nas questões relacionadas à formação continuada de professores.

Em consonância com o desenvolvimento dessas ações, ocorreram mudanças do ponto de vista organizacional no interior da Secretaria de Educação do município do Recife.

Em 2001, no início da gestão de João Paulo (PT), ocorreu a primeira reestruturação administrativa da Prefeitura do Recife dessa gestão, que instituiu o espaço para o desenvolvimento das TIC nos processos pedagógicos. A criação do Departamento de Tecnologia na Educação (2001 a 2005) representou um marco na história da tecnologia na Educação da rede municipal do Recife, por se constituir um resultado concreto de iniciativas neste campo que vinham se desenhando na rede desde 1993.

Uma das primeiras iniciativas do recém-criado DTE consistiu na elaboração do Programa Municipal de Tecnologia na Educação - PMTE, documento que norteou o conjunto das ações na área de Tecnologia na Educação e no atendimento à população em geral.

Este Programa, dentre outros objetivos, propunha-se a

contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, fazendo uso das tecnologias da informação e comunicação de forma ampla e integrada, transformando o espaço educacional em um ambiente propício à investigação, à análise e à produção de conhecimento, com vistas à formação do cidadão atualizado, produtivo, crítico e consciente (PR, 2001).

O documento propõe o desenvolvimento de ações estruturadas em torno de cinco eixos de atuação. O primeiro eixo aponta para a constituição da estrutura

organizacional do departamento, com a institucionalização das Unidades de

Tecnologia na Educação e Cidadania – UTEC, que deveriam ser subordinadas ao DTE e abrigar as seguintes unidades: os Núcleos de Tecnologia Educacional - NTE existentes, os Núcleos Profissionalizantes de Informática - NUPI e o Departamento de Produção de Material Didático – DPMD.

O segundo eixo de atuação refere-se às necessidades suscitadas pela nova cultura que se instaura na rede de ensino e que exige uma infraestrutura tecnológica. De acordo com o documento em pauta,

Tratando-se de área recente, abrangente e de estrutura complexa, a inserção dessa nova cultura em ambientes educacionais exige novos parâmetros gerenciais, funcionais e inter-relacionais e pedagógicos, requerendo amplas articulações e acompanhamento estreito das ações, devendo, portanto, estar suportada por condições adequadas de funcionamento (PR, 2001).

O objetivo era “ampliar a oferta de infraestrutura física e suporte tecnológico para funcionamento dos equipamentos” bem como “disponibilizar à comunidade em geral o acesso de qualidade à diferentes meios tecnológicos, para pesquisa, comunicação e construção do conhecimento” (PR, 2001).

O terceiro eixo apontado pelo PMTE dizia respeito à necessidade de pessoal para garantir os processos formativos na rede de ensino. Sinalizava para a constituição de equipes com perfis diferenciados no sentido de atender à crescente demanda da ampliação do parque tecnológico nas escolas, atrelada à elaboração de um programa de