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1 INTRODUÇÃO

2.2 MODA

2.2.3 Antiguidade Oriental e Clássica

Na Antiguidade Oriental, por volta de 4.000 a.C., a região da Mesopotâmia, situada entre os rios Eufrates e Tigre, foi considerada o berço da civilização humana, onde se desenvolveram as culturas: sumeriana, assíria e babilônica, sendo que o povo sumério desenvolveu a escrita cuneiforme. Os mesopotâmicos já conheciam a tecelagem, porém, havia traços bem primitivos na maneira de se vestirem com o uso das peles de animais (BRAGA, 2004).

Os primeiros sumérios utilizavam como única roupa um avental feito de pele de carneiro penteada, chamado kaunakés. Quanto à vestimenta dos assírios e babilônios era feita de tecidos ornamentados, havia riqueza e exagero nos adornos da indumentária com franjas, muitas cores e bordados de ouro, usavam brincos, anéis, braceletes, coroas, tiaras, como forma também de exibição (NERY, 2003).

Segundo Braga (2004, p.20), “O tecido predominante usado na região, para ambos os sexos, no apogeu de suas respectivas culturas, foi o algodão, produzido na própria região ou vindo da Índia, além da lã e do linho, com o passar do tempo tiveram acesso a seda da China.” Os sumérios aprenderam a tecer panos de lã, sendo a sua vestimenta uma túnica, um xale drapeado e um cinto largo em couro e nas cabeças usavam chapéu de feltro, gorros, e turbantes. As mulheres, com exceção das meretrizes, estavam sempre com as cabeças cobertas por

véus, xales ou gorro, com cabelos trançados, usavam uma túnica simples sem mangas e utilizavam moedas para enfeitar seus cabelos (NERY, 2003).

O Egito faraônico iniciou-se por volta de 3400 a.C., sendo que a civilização egípcia influenciou e foi influenciada pelos assírios, babilônicos e persas. Devido ao clima quente e seco, os egípcios vestiam-se com um mínimo de roupas, sendo que as castas eram identificadas pela indumentária, a tanga era sinônimo de pobreza, a casta superior vestia roupas de linho e algodão na cor natural e os ricos gostavam de usar transparências como forma de valorização do corpo, suas cabeças eram raspadas e usavam perucas (NERY, 2003).

Segundo Braga (2004, p.21), “O traje típico da indumentária egípcia era o chanti, uma espécie de tanga masculina e o kalasíris, a túnica longa, tanto masculina quanto feminina [...] a cor predominante era o branco e a base têxtil era sempre a fibra natural vegetal, especialmente o linho.”

Os drapeados e plissados nas roupas eram signos de riqueza, usavam maquiagem preta e verde nos olhos, pintavam as unhas com hena laranja e as jóias eram indispensáveis, as sandálias só eram utilizadas pelo faraó e sacerdotes, o restante da população andava descalça (NERY, 2003).

Köhler (2001, p.68) destaca que “A característica mais importante da roupa usada pelos egípcios era o drapejamento. Cada povo tinha sua forma específica de usar trajes que, tanto em corte quanto em estilo, em muito se assemelhavam.” O drapejamento consiste em dispor em dobras o tecido que cobre o corpo.

Os egípcios tinham o hábito de raspar suas cabeças, por questões higiênicas, por isso usavam perucas feitas de fibras vegetais ou cabelo natural, elas serviam para proteção ao sol e também para identificar o status social (BRAGA, 2004).

Na Idade do Bronze, entre o quarto e segundo milênio a.C., foram inventadas a roda, a tesoura, o fuso, a roca e o tear, as roupas eram feitas de lã, linho, cânhamo e podiam ser tingidas com corantes de plantas silvestres. “O traje masculino era composto de capa, túnica retangular de lã sem mangas, cinto, gorro [...] e sapatos feitos de uma pele de couro [...] as mulheres vestiam saias, presas por um cinto, atingindo os

tornozelos, com uma blusa ou uma túnica curta, calçavam sapatos iguais aos dos homens.” (NERY, 2003, p.32).

Os guerreiros na Idade do Bronze utilizavam nas lutas capacetes com chifres ou carcaças de animais que serviam também para transmitir coragem, suas armas e ferramentas eram bastante decoradas (NERY, 2003).

Na Antiguidade Clássica, segundo Nery (2003, p.38), “A Grécia, anexada a Roma após a morte de Alexandre o Grande, em 323 a.C., passou a representar para o mundo ocidental, até os dias de hoje, um ideal de harmonia [...] destacando-se, na história grega, o respeito ao ser humano e o desenvolvimento de um pensamento baseado na filosofia.”

Braga (2004, p.25) destaca que “No período de apogeu de sua cultura, teve como centro de sua organização política as Cidades-Estados, a crença politeísta e um apurado padrão estético [...] falar da cultura grega [...] é falar de filosofia, de arte, de democracia, de conhecimento.”

“A indumentária grega foi muito peculiar e o que mais podemos notar como característica são os drapeados, muito elaborados e marcantes. Os gregos preocupavam-se mais com os valores estéticos de suas roupas, do que com o caráter de erotismo.” (BRAGA, 2004, p.25).

Existiam três tipos de vestimenta grega: o quíton, o himation e a clâmide. O quíton era feito de tecidos leves, era uma peça retangular fixada nos ombros por uma espécie de alfinete, chamado fíbula. O himation, usado por homens e mulheres, tinha o formato de um retângulo grande, barrado nos quatro lados. Já a clâmide era uma capa menor aberta e presa ao ombro com a fíbula, ela vestia cavaleiros, atletas e soldados. Os bordados em formatos geométricos ou de folhas enfeitavam as barras das peças (NERY, 2003).

As mulheres também usavam um manto chamado peplo, que era bem mais longo, chegando até os pés e seus cabelos além de soltos eram amarrados com fitas ou chinós que era um suporte que prendia o cabelo na nuca. Os homens usavam cabelos curtos. (BRAGA, 2004).

“Os tecidos que os gregos empregavam na confecção de seus trajes acompanhavam de perto o avanço de sua civilização, e revelavam um desenvolvimento cada vez maior. As pessoas

abastadas usavam o quiton feito com os mais finos tecidos da Ásia Menor – os chamados coanos.” (KÖHLER, 2001, p.128).

Köhler (2001) acrescenta que as roupas gregas eram muito coloridas, sendo um dos destaques o vermelho-escuro que indicava também certa distinção. Em sua maior parte os trajes eram de linho branco ou tingido, com bordados em cores.

Braga (2004, p.26) ratifica tal percepção sobre as cores “No que diz respeito ao tingimento, os quítons eram de diversas cores e não como sempre imaginamos, brancos ou da cor natural da fibra utilizada.”

As mulheres gregas usavam como adornos braceletes, anéis, broches, diademas. Com o passar do tempo a indumentária grega tornou-se ostensiva e luxuosa (BRAGA, 2004).

Como afirma Nery (2003, p.39), “Os gregos expressaram beleza e harmonia nas suas formas, cujas proporções são consideradas ainda hoje como cânones estéticos.”

De acordo com Braga (2004, p.27), “A Etrúria localizava- se na região da atual Toscana, Itália [...] os etruscos podem ser considerados os antecessores dos romanos [...] por não terem a escrita, o conhecimento de sua cultura veio pela iconografia.” A sua indumentária possui traços das roupas orientais e gregas. Uma característica relevante da arte e da indumentária etrusca foi a joalheria, considerados verdadeiros objetos de arte, aliando o domínio da técnica ao bom gosto em peças como coroas, braceletes, anéis e outras (BRAGA, 2004).

Segundo Braga (2004, p.28), “Roma se impôs pela força, todavia, nítidas referências a valores gregos estiveram presentes no contexto da estética romana [...] Roma recebeu influências etruscas inclusive na maneira de vestir [...] as principais linhas de suas roupas foram adaptadas dos gregos.”

No início, os romanos copiaram a simplicidade das roupas gregas como a túnica, equivalente ao quíton. A toga branca de lã era símbolo do romano livre e os camponeses não a podiam usar, já a toga bordada na cor púrpura, chamada trabla, era utilizada apenas pelos aristocratas, mais tarde, a toga saiu de moda e prevaleceu a túnica longa. As mulheres também usavam túnicas e para sair usavam véus e lenços na cabeça, além de encrespar os cabelos, que era moda na época, também usavam

apliques, brincos, pulseiras, colares em ouro e prata com pedras e pérolas (NERY, 2003).

“Os romanos usavam a túnica e, por cima, a toga, que era extremamente volumosa e denunciadora do status social daquele que a portava. Quanto maior fosse, ou mesmo sua cor, denunciava a condição de prestígio ou a função do usuário.” (BRAGA, 2004, p.29).

As mulheres romanas prendiam seus cabelos com redes tecidas em fios de ouro ou prata e usavam um lenço na cabeça ao dormir para conservar o penteado (KÖHLER, 2001).

Em um determinado momento da história romana, o luxo atingiu seu esplendor e os excessos se tornaram atributo da indumentária romana devido às jóias, colares, brincos, anéis, que eram muito utilizados pelas mulheres (BRAGA, 2004).

Köhler (2001, p. 142) destaca que “O calçado era uma parte importante – e, na verdade, indispensável – da indumentária dos romanos [...] para certos grupos e classes sociais, o tipo de calçado já era pré-estabelecido, e não apenas aos soldados, mas também os membros do Senado, os cônsules, etc.”

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