• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO

2.2 MODA

2.2.4 Idade Média e Moderna

No período da Idade Média, segundo Braga (2004, p. 32), “Roma estava enfraquecida e a capital do Império foi transferida para a antiga colônia grega situada no Bósforo, que se chamava Bizâncio e cuja capital passou a ser Constantinopla no século IV.”

Foi derivado dos gregos, romanos e asiáticos o vestuário bizantino, as pessoas usavam túnicas com mangas e capas com cortes amplos não mostrando as formas do corpo. “A moda bizantina reinou no mundo feudal da Idade Média Romântica, pois Constantinopla era a Paris de então! O ouro dominou a escala de cores, ao lado do nobre púrpura, do vermelho, do marrom, do preto e do branco.” (NERY, 2003, p.56).

Köhler (2001) descreve que a corte bizantina foi a mais luxuosa de todas as cortes da Idade Média. Uma estola de seda branca bordada em ouro fazia parte da indumentária imperial que

sobrepunha uma capa púrpura, adornada por uma faixa bordada em ouro, com sapatos de seda na cor púrpura bordado com pérolas.

“A seda foi o principal tecido utilizado em Bizâncio, tendo a sua produção se desenvolvido no próprio império, não sendo preciso importá-la da Índia e da China [...] os tecidos mais opulentos e suntuosos eram de uso exclusivo da família imperial.” (BRAGA, 2004, p.33).

As roupas eram também bordadas com fios de ouro e prata e pedras preciosas, em motivos florais, religiosos e também animais. Observa-se novamente a roupa com objetivo de diferenciar as classes, quanto maior o prestígio, mais ornamentada a roupa (BRAGA, 2004).

Segundo Nery (2003, p.56), “A coroa imperial do rei sacerdote Justiniano I [...] apresentava um aro largo enriquecido com pedras preciosas, pingentes e pérolas [...] pode-se definir as ricas roupas da corte imperial como vestimentas hierárquicas [...] com seu colorido forte, bem diferente da simplicidade dos velhos trajes romanos.”

Segundo Nery (2003, p.62), “As catedrais eram as testemunhas mais belas da Idade da Fé, a Idade Média Romântica [...] a arte era inspirada pela fé.”

“Logo depois do fim da Antiguidade, as roupas procuravam ocultar as formas do corpo. Já no século XIII, o despertar individual refletia-se na indumentária, surgindo roupas que desenhavam a silhueta com um corte acentuadamente vertical.” (NERY, 2003, p.64).

Köhler (2001, p.172) destaca que “O século XIII trouxe grandes alterações para a indumentária feminina. Além de se tornarem mais decotadas, as roupas sofreram transformações consideráveis em muitos outros aspectos. A mais surpreendente delas afetou a sobreveste.”

No século XV o vestuário começa a ser usado como exibicionismo do corpo, sendo que no final deste século a moda era um total excesso, apresentando mangas longas, decotes profundos, guizos, saias largas e compridas, bordados com fios de ouro e prata, adornos de cabeça para as mulheres do tipo meia lua ou chifres, sendo que a burguesia rica copiava as roupas dos nobres (NERY, 2003).

Os casacos foram quase totalmente abandonados e foram substituídos por uma manta sem mangas. Agora as mulheres usavam três modelos principais de vestuário, o primeiro deles é um vestido longo, com decote franzido e frente e costas tinham o mesmo modelo. O segundo modelo era largo nos ombros e bem mais justo no busto e o terceiro modelo era a combinação dos dois primeiros modelos e era usado por meninas ou mulheres solteiras. As peças tinham detalhes coloridos, fios de ouro, usavam broches ou fivela no peito (KÖHLER, 2001).

No período da Idade Moderna, o Renascimento e o Maneirismo marcaram esta época. De acordo com Nery (2003, p.78), “Entre a segunda metade do século XV e a primeira metade do século XVI, surgiu na Itália um movimento de retorno a Antiguidade chamado Renascimento. A revalorização do homem, da beleza e dos prazeres da vida foi o principal traço do humanismo renascentista.”

Nessa época, destacaram-se os pintores Botticelli, Rafaello, Leonardo da Vinci e Michelangelo e o poeta Dante. “O povo italiano se deu conta de sua época e começou a gostar da descoberta da Antiguidade e de si mesmo, o que explodiu em arte. A arte, como dizia Dante, é a neta de Deus.” (NERY, 2003, p.78).

Neste período ocorreu uma mudança de pensamento, o homem começa a questionar o domínio de Deus sobre as atividades humanas, começa a se diluir a divisão na sociedade que era o Clero, os Nobres e os Plebeus, tendo em vista o desenvolvimento das cidades e comércio, a prosperidade gerou a ideia de realização pessoal e também do individualismo, contexto este onde a moda surge (POLLINI, 2007).

“Com esta nova noção de Eu, as roupas e as escolhas estéticas passaram a retratar esta vida interior e as pessoas agora se orgulhavam de ostentar uma vestimenta ou um ornamento que refletisse seu novo modo de ser e de pensar. E assim chegamos à valorização da novidade e das mudanças.” (POLLINI, 2007, p.18).

Souza (1987, p.20) enfatiza que “É a partir do Renascimento, quando as cidades se expandem e a vida das cortes se organiza, que se acentua no ocidente o interesse pelo traje e começa a acelerar-se o ritmo das mudanças.”

Na visão de Braga (2004), o conceito de moda surgiu no fim da Idade Média e início da Idade Moderna, considerando o Renascimento, na corte de Borgonha, parte atual do território Francês.

Uma vez que os nobres locais se incomodavam com as cópias de suas roupas feitas por uma classe social mais abastada, os burgueses, também denominados de mercantilistas, que surgiram com as cruzadas [...] Surgiu uma nova classe social endinheirada e que tinha condições financeiras para copiar o que a corte usava. Os nobres, não gostando muito desta ideia, começaram a diferenciar, cada vez mais, suas roupas daquelas copiadas, criando assim um ciclo criação e cópia. Todas as vezes que isso acontecia, idéias diferenciadas, advindas da corte, surgiam e eram colocadas em práticas vestimentárias (BRAGA, 2004, p.40).

“No século XV, a palavra Mode começou a ser utilizada em francês (significando basicamente modo), tendo se desenvolvido a partir da palavra latina Modus, que fazia referência a medida agrária, e mais tarde passou a significar também maneira de se conduzir.” (POLLINI, 2007, p.17).

Sendo assim, com o passar do tempo a forma: ao modo, demonstrava preferências, maneira como as pessoas se vestiam, gostos e escolhas pessoais (POLLINI, 2007).

Braga (2004, p.40-41) enfatiza que a moda “Surgiu como um diferenciador social, diferenciador de sexos [...] pelo aspecto de valorização da individualidade e com caráter de sazonalidade, ou seja, um gosto durava enquanto não era copiado, pois, se assim acontecesse, novas propostas suplantariam as, então, vigentes.”

Na época do Renascimento “A indústria têxtil deu um grande salto em desenvolvimento. Cidades italianas como Veneza, Florença, Milão, Gênova e Luca foram responsáveis pela elaboração de tecidos de primeira qualidade como brocados, veludos, cetins e sedas.” (BRAGA, 2004, p.44).

Köhler (2001) destaca que para a indumentária feminina neste período o vestido longo e volumoso se transformou em duas peças, formados por uma saia e um corpete curto e justo na cintura, sendo que por baixo usavam uma camisa bordada que quase cobria o pescoço.

As mulheres usavam um vestido chamado de vertugado, que era rígido no tronco e abria-se em formato de um cone da cintura para baixo, com mangas longas e largas e a gola rufo, uma espécie de gola circular de babados engomados. Neste período era costume o uso excessivo de perfumes no corpo, nas luvas, meias e sapatos (BRAGA, 2004).

Nery (2003) acrescenta que o Renascimento possuiu como característica no vestuário as formas com volume e tecidos pesados como brocados e veludos drapeados, os homens usavam o gibão, espécie de colete e calças bem justas ao corpo. As mulheres também usaram peças independentes, que eram o corpete, a saia e mangas que podiam ser retiradas, usavam brincos, anéis, broches e colares e nos bordados das suas roupas utilizavam pérolas e jóias.

Braga (2004, p.47) destaca que “A moda feminina foi ganhando um significativo compromisso de sedução ao começar a evidenciar o colo com o decote e também a cintura com o corpete.”

As questões utilitárias tiveram menos relevância neste período, o foco era nos aspectos ornamentais e estéticos, começa a ter um desenho claramente diferenciado as roupas femininas das masculinas, onde os homens se exibiam de forma mais exuberante (POLLINI, 2007).

O Renascimento na Alemanha mostrou primeiramente uma preocupação com o volume dos corpos nas roupas com recortes, as pessoas usavam chapéus com plumas e fitas, peles em capas, golas e punhos, cores fortes como o vermelho e amarelo deram lugar ao preto, que na época era cor preferida da sociedade rica alemã (NERY, 2003).

Ainda hoje podemos ver a moda Renascentista nas roupas dos guardas suíços do Vaticano, desenhadas por Michelangelo. Foi neste período, no ano de 1589 que foi criada a primeira máquina para tecer meias sem costura, pelo inglês William Lee (NERY, 2003).

Segundo Nery (2003, p.104), “Derivada do italiano maneira, a expressão Maneirismo era usada para designar o movimento artístico que se desenvolveu em alguns países da Europa, ora visto como ligação entre o Renascimento e o Barroco, ora tido como movimento autônomo [...] foi de fato o Renascimento que marcou o início da primeira moda européia.”

O Maneirismo Espanhol fez surgir uma indumentária que escondeu as formas do corpo, as mulheres usavam corpetes rígidos, mangas bufantes, uma gola de renda engomada no pescoço, uma roupa que não permitia muitos movimentos e passava uma postura de distanciamento (NERY, 2003).

Neste período era comum o uso da chemise, uma espécie de camisa feita geralmente como linho, usada por todos como proteção do suor por baixo das roupas de tecidos mais nobres, lembrando que o banho diário não fazia parte da cultura européia, por acreditar que seria prejudicial a saúde, apenas trocava-se a chemise (POLLINI, 2007).

O Maneirismo na Inglaterra trouxe o luxo excessivo, os trajes elizabetanos eram de tecidos brocados, rendas, rufos engomados, gibões, mangas e saias, o vestuário era composto de ricos bordados de pedras preciosas (NERY, 2003).

No período da Idade Moderna, o Barroco e o Rococó marcaram esta época. De acordo com Köhler (2001, p.353), “O marco inicial da revolução na indumentária francesa foi o casamento de Luis XIII com Ana da Áustria, em 1615.” Para os homens, os chapéus ficaram com abas mais largas, o rufo da gola agora estava sobre os ombros, os calções não tinham mais enchimento, o gibão agora tem enchimento leve e usava-se às vezes uma capa sobre o traje até a metade da coxa.

Segundo Nery (2003, p.128), “Durante toda a segunda metade do século XVII, a França liderou a vida cultural da Europa. No período do longo reinado de Luis XIV, a civilização tornou-se cosmopolita, tanto no aspecto social como no geográfico. As artes ignoraram as fronteiras.”

Pollini (2007, p.29) afirma que a moda “No século XVII passou ao domínio da França que, graças aos esforços do rei Luís XIV (conhecido como Rei Sol) e de seu primeiro ministro Jean-Baptiste Colbert, tornou-se, a partir de então, referência principal quando o assunto é moda.”

Neste período é relevante lembrar que a centralização do poder estava em torno do rei, foram ampliados os códigos de conduta social e havia uma ênfase na vida das aparências (POLLINI, 2007).

Os cabelos longos masculinos entraram na moda. O uso das perucas se tornou um hábito e também elemento de elegância masculina. As rendas estavam em evidência para as golas e punhos de homens e mulheres (BRAGA, 2004).

Nesta época conhecida como Barroco houve a valorização do luxo, o Palácio de Versalhes é um exemplo deste período, com seus espelhos e mobiliário de prata, a literatura e a poesia ampliaram seu prestígio, sendo a língua francesa divulgada por toda Europa para substituir o latim como língua intelectual (NERY, 2003).

Segundo Braga (2004, p.49), “A partir de 1660, a corte de Versalhes começou, de fato, a se impor para o restante da Europa com os novos padrões sociais, criando boas maneiras, etiquetas, modos e, principalmente moda.”

Na indumentária feminina o corpete, chamado corset, era sustentado por barbatanas e tinha um decote profundo quadrado na frente. As mulheres preferiam cores fortes em tecidos mais maleáveis, além dos veludos, cetim e lãs (KÖHLER, 2001).

Os tecidos do vestuário feminino eram luxuosos e caros, as cores mais utilizadas nas roupas eram o vermelho e o azul escuro, mas também via-se o rosa, azul e amarelo claro (BRAGA, 2004).

Os homens usavam coletes, jabot de renda, meias de seda vermelha, apenas o bigode fino se sobressaia como traço masculino e os perfumes viraram substitutos da higiene diária, as mulheres usavam corpetes de decote profundo, saias com sobre- saias de cauda, mangas até o cotovelo, sendo que as cores preferidas das roupas era o vermelho, o azulão e o marrom (NERY, 2003).

De acordo com Köhler (2001, p.388), “Em 1670, aproximadamente, o espartilho de origem espanhola, inventado na primeira metade do século XVI, reapareceu e trouxe consigo uma cintura mais justa.”

“Paris tornou-se o centro da moda e, para divulgar as ultimas novidades, exportavam-se para Londres e outras capitais bonecas de oitenta centímetros, as famosas Pandora [...] as

perucas, usadas pelos homens, passaram a ser símbolo da nobreza [...] a roupa masculina evoluía mais que a feminina.” (NERY, 2003, p. 129-130).

O Barroco esteve associado a Luis XIV e o Rococó o foi com Luis XV. O período do Rococó propriamente dito foi de 1730 a 1789, quando ocorreu a Revolução Francesa, o valor de decorar em excesso era o que predominava na época (BRAGA, 2004).

O Rococó era um estilo rico que se caracterizou pelo uso excessivo de ornamentos de flores, plantas e conchas, uma expressão de sensibilidade, um excesso ao culto da aristocracia, da decoração, do erotismo e da beleza, chamada de época galante. Neste período foi destaque a costureira de Maria Antonieta, Madame Bertin, uma unanimidade no mundo da moda de Paris e Londres (NERY, 2003).

A indumentária da época do reinado de Luis XV era elegante e delicada, a França continuava a ditar moda para toda Europa, surgiam mulheres com pele cor de porcelana, usando perucas de até 90 centímetros de altura, além de fitas, rendas, as saias eram largas acompanhadas de sapatos de cetim, sedas e brocados foram usados nas roupas de homens e mulheres. Nesta época os homens mudaram o penteado, começaram a prender com uma fita de seda os cabelos atrás da cabeça e suas roupas consistiam de casaco, colete e calções (NERY, 2003).

Braga (2004, p.52) descreve que “Tecidos como a seda e grossos brocados ornamentados com flores eram os preferidos tanto pelas mulheres quanto pelos homens. O gosto pela inspiração na natureza prevalecia. Delicados sapatos calçavam os pés femininos.”

De acordo com Köhler (2001, p. 441), “Os trajes femininos passaram por poucas transformações durante os dez últimos anos do reinado de Luis XV. Em 1750, as anquinhas começaram a ficar menores e, por volta de 1760, foram substituídas por inúmeras anáguas muito firmes.”

Esta época foi marcada pelos penteados femininos em volume, os cabelos eram enfeitados com borboletas, frutas, caravelas, moinhos de vento, etc (BRAGA, 2004).

Pollini (2007, p.32) afirma que “O século XVIII também marcou o início de uma mudança na concepção de moda, pois, a partir de então, a moda feminina ultrapassou a moda masculina

em exuberância [...] neste período, portanto, é que se estabeleceu o pensamento de que moda é coisa para mulheres.” Outro aspecto relevante do período, é que por volta de 1770, foram desenvolvidas as primeiras revistas de moda de que se tem conhecimento (POLLINI, 2007).

Segundo Rech (2002, p. 29), “Nos séculos XVII e XVIII a nobreza ditava as leis no que diz respeito à moda, seguida e imitada pela alta burguesia. Portanto, a classe dominante – social e economicamente – era aquela que iniciava um determinado costume e que mandava fazer suas roupas em costureiras particulares ou alfaiates de senhoras.”

Pollini (2007) descreve que a Revolução Francesa mudou a história da moda. “Os revolucionários franceses se auto- denominaram os sans-cullotes, em oposição a aristocracia. Cullote era o nome dos calções usados pelos aristocratas, portanto, ser um sans-cullote significava estar excluído das decisões políticas e dos privilégios restritos a poucos.” (POLLINI, 2007, p.34)

Esta peça do vestuário se transformou num símbolo, repleto de elementos sociais e revolucionários, vestir-se com ostentação neste período se tornou sinônimo de associação com o antigo regime. Foi neste momento que a Inglaterra tornou-se exemplo de moda a ser seguida, admirada devido a sua posição política liberal (POLLINI, 2007).

O vestuário feminino da época foi inspirado na Grécia, vestidos leves e fluídos de linho ou cambraia decotados com cintura alta, similares as vestes das estátuas gregas. Foi neste período que um dos acessórios mais relevantes para as mulheres foi criado, a bolsa. As primeiras foram chamadas de réticule (POLLINI, 2007).

Foi após a Revolução Francesa que uma profunda mudança ocorreu na relação entre moda e sociedade, ela colocou um ponto final ao uso exclusivo de algumas roupas por parte da nobreza. Em 1793 o Governo Revolucionário decretou que cada um é livre para usar a roupa e adorno que desejar, marcando assim uma mudança não apenas de estilo do vestuário, mas da relação da sociedade com a moda, passo crucial para o desenvolvimento da moda da forma como a conhecemos (POLLINI, 2007).

Documentos relacionados