• Nenhum resultado encontrado

GISELE MATOS LIMA OS CONTEÚDOS DE ADMINISTRAÇÃO DOS CURSOS DE MODA E AS DEMANDAS DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "GISELE MATOS LIMA OS CONTEÚDOS DE ADMINISTRAÇÃO DOS CURSOS DE MODA E AS DEMANDAS DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO"

Copied!
289
0
0

Texto

(1)

GISELE MATOS LIMA

OS CONTEÚDOS DE ADMINISTRAÇÃO DOS CURSOS DE MODA E AS DEMANDAS DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Mário César Barreto Moraes, Dr.

(2)

Ficha elaborada pela Biblioteca Central da UDESC L732c Lima, Gisele Matos

Os conteúdos de administração dos cursos de moda e as demandas da indústria do vestuário/ Gisele Matos Lima – 2013.

289 p. : il. color. ; 21 cm

Orientador: Prof. Dr. Mário César Barreto Moraes Bibliografia: p. 267-277

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas, Programa de Pós-Graduação em

Administração, Florianópolis, 2013.

1. Vestuário (indústria). 2. Administração (ensino superior). 3. Cursos de moda. I. Moraes, Mário César Barreto. II. Universidade do Estado de Santa Catarina. III.Título.

(3)

GISELE MATOS LIMA

OS CONTEÚDOS DE ADMINISTRAÇÃO DOS CURSOS DE MODA E AS DEMANDAS DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Banca Examinadora: Orientador:

Prof. Dr. Mário César Barreto Moraes Universidade do Estado de Santa Catarina

Membros:

Prof. Dr. Nério Amboni

Universidade do Estado de Santa Catarina

Prof.ª Dr.ª Gabriela Mager

Universidade do Estado de Santa Catarina

Prof. Dr. Alexandre Marino Costa Universidade Federal de Santa Catarina

(4)
(5)

Dedico este trabalho aos meus pais Plínio e Ilda, meus primeiros mestres, que me ensinaram a lutar pelos

meus sonhos. Muito

(6)
(7)

AGRADECIMENTOS

Para realizar este trabalho, contei com o inestimável apoio de muitas pessoas, cada uma, à sua maneira, colaborou para que este trabalho fosse concluído.

Ao meu esposo André, pais Plínio e Ilda, irmãos Lisandra, Tiago e José Alberto, sobrinhos Maria Luisa e João Pedro e demais familiares, meus agradecimentos pelo incentivo, compreensão e todo amor que recebi.

Ao meu orientador, Prof. Mário César Barreto Moraes, gratidão pelo apoio, pelas reflexões e valiosos questionamentos.

Aos membros da banca examinadora, Prof. Nério Amboni, Prof.ª Gabriela Mager e Prof. Alexandre Costa, que contribuíram significativamente para o aperfeiçoamento deste trabalho, meus agradecimentos.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Administração, agradeço pelos conhecimentos e amizade.

Aos professores Paulo Simon, Sandra Ramalho, Jacqueline Keller, Dorotéia Baduy, Monique Vandresen e Mara Rúbia Sant’Anna, meus agradecimentos pelas suas colaborações.

A todos novos amigos que fiz no mestrado, em especial as amigas Cláudia Vieira, Letícia Roumeliotis, Rosângela Klumb e Francieli Ferreira, agradeço pelos momentos partilhados, pelo apoio e amizade.

Agradeço a todos os Coordenadores dos Cursos de Moda e a Indústria do Vestuário foco deste estudo, representada pelos seus Gestores e Designers de Moda, que prontamente aceitaram meu convite a participar desta pesquisa.

Agradeço a Prof.ª Giselle Kersten, pela oportunidade de ter realizado meu estágio na ESAG Sênior, pelos novos amigos que fiz e pela experiência enriquecedora.

À Universidade do Estado de Santa Catarina pela oportunidade de realização do Mestrado em Administração, pela bolsa Promop concedida a mim neste período e a toda equipe que prestou suporte nestes dois anos, representados pela Carolina Palma Camargo, meus agradecimentos.

(8)
(9)

RESUMO

LIMA, Gisele Matos. Os conteúdos de administração dos cursos de moda e as demandas da indústria do vestuário. 2013. Dissertação (Mestrado em Administração – Área: Organizações, Tecnologias e Gestão). Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Administração, Florianópolis, 2013.

(10)

dos cursos superiores de moda em Santa Catarina. Na indústria, os gestores apontaram carências no desempenho dos designers quanto aos conteúdos de administração, assim como, os próprios designers de moda informaram não possuir domínio e precisar de apoio técnico para desenvolver algumas atividades que envolvem os conteúdos de administração. Os gestores enfatizam a necessidade de diminuir as distâncias entre indústria e instituição de ensino, como forma de melhorar a formação acadêmica do designer de moda. Na visão do gestor, o acadêmico precisa ter um período de estágio nas empresas com uma maior carga horária, para adquirir vivência e aplicabilidade do seu conhecimento à realidade, sendo fundamental aliar pesquisa e aderência ao mercado. Diante dos resultados obtidos, faz-se necessário repensar a dimensão da oferta e qualidade dos conteúdos de administração nas matrizes curriculares atuais. Este repensar precisa envolver as Universidades e as Empresas, para que haja um esforço conjunto em alinhar a demanda identificada na indústria, ratificada pelos mecanismos governamentais e estudos internacionais, a uma abordagem mais estratégica e intraempreendedora do designer de moda para que o mesmo atue no mercado nacional como peça-chave na competitividade da Cadeia Têxtil e de Confecção Brasileira.

Palavras-chave: Ensino Superior. Administração. Design de Moda. Indústria. Vestuário.

(11)

ABSTRACT

LIMA, Gisele Matos. The administration contents of the fashion courses and the demands of the garment industry. 2013. 280 pp. Thesis (Master's Degree in Business Administration – Area: Organizations, Technologies, and Management). Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Administração, Florianópolis, 2013.

(12)

average, 10% of the total workload of the higher education fashion courses in Santa Catarina. In the industry, managers pointed out shortcomings in the performance of the designers regarding administration contents. Other than that, the fashion designers themselves have said not to have domain of the area and that they need technical support to develop some activities involving administration contents. Managers emphasize the need to reduce the distances between industry and educational institution, as a way to improve the fashion designer's education. In the manager's view, the scholar must have an in-company training period with a greater workload, in order to acquire experience and apply his/her knowledge to the companies' reality, being fundamental to combine research and adherence to the market. Given the results obtained, it is necessary to rethink the dimension of supply and quality of administration contents in the current syllabus. Such rethinking needs to involve the Universities and Companies, so there is a joint effort to align the demand identified in the industry, ratified by governmental mechanisms and international studies, with a more strategic and entrepreneur approach of the fashion designer, so that he/she can act in the national market as a key player on the competitiveness of the Brazilian Textile Chain and Clothing Manufacture.

(13)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - A Indústria Catarinense no tempo ... 145 Figura 2 - Cadeia Têxtil e de Confecção ... 148 Figura 3 - Localização das cidades de produção têxtil vestuário... 153 Figura 4 - Etapas de apresentação dos resultados ... 155 Figura 5 - Mapa de localização das IES no território Catarinense . 157 Figura 6 - Áreas da administração nos cursos de moda ... 164

(14)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Os cinco princípios básicos de Taylor ... 38

Quadro 2 - Elementos essenciais da Burocracia de Weber ... 44

Quadro 3 - Finalidades da Educação Superior no Brasil ... 90

Quadro 4 - Princípios a serem considerados na elaboração das diretrizes curriculares ... 93

Quadro 5 - Conteúdos do curso de graduação em administração . 103 Quadro 6 - Competências e habilidades do formando em administração... 105

Quadro 7- Competências e habilidades do formando em Design .. 111

Quadro 8 - Eixos de formação da graduação em Design ... 112

Quadro 9 - Estudos de 2003 a 2013 relacionados à dissertação .. 122

Quadro 10 - Cursos Superiores de Moda em Santa Catarina ... 131

Quadro 11 - Etapas da pesquisa ... 132

Quadro 12 - Categorias de análise e autores relacionados ... 135

Quadro 13 - Características da indústria de confecção nos EUA e Europa ... 138

Quadro 14 - Carga horária total dos cursos de Moda e dos conteúdos de administração ... 158

Quadro 15 - IES que oferecem até cinco disciplinas com conteúdos de administração ... 160

Quadro 16 - IES que oferecem de seis a oito disciplinas com conteúdos de administração ... 161

Quadro 17 - Legenda: perfil coordenadores cursos de moda ... 170

Quadro 18 - Outras atividades dos coordenadores... 171

Quadro 19 - Outras formações dos professores ... 172

Quadro 20 - Outros segmentos atendidos pelo curso ... 174

Quadro 21 - Por que o designer deve adquirir conhecimentos de Administração ... 175

Quadro 22 - Por que a indústria acredita ser relevante a formação interdisciplinar do design de moda e administração... 179

Quadro 23 - Conteúdos relevantes de administração não contemplados nas cinco áreas ... 186

(15)

Quadro 25 - Legenda: perfil dos gestores da indústria ... 195 Quadro 26 - Produtos ou serviços gerados pela área dos gestores ... 195 Quadro 27 - Motivos da indústria contratar designers de moda .... 197 Quadro 28 - Atividades do designer de moda: opção outras ... 199 Quadro 29 - Processos relacionados ao designer de moda ... 200 Quadro 30 - Por que o designer de moda deve adquirir

conhecimentos sobre Administração ... 201 Quadro 31 - Legenda questão 9: questionário dos gestores ... 204 Quadro 32 - Funções do designer x conteúdos de administração fundamentais ... 214 Quadro 33 - Funções do designer x Competências Habilidades A 216 Quadro 34 - Funções do designer x Competências Habilidades B 217 Quadro 35 - Conteúdos fundamentais x Atuação Custos e formação preços ... 219 Quadro 36 - Conteúdos fundamentais x Atuação Gestão e

Empreendedorismo ... 220 Quadro 37 - Conteúdos fundamentais x Atuação Marketing ... 221 Quadro 38 - Conteúdos fundamentais x Atuação Produção e

Processos Têxteis ... 222 Quadro 39 - Conteúdos fundamentais x Atuação Psicologia e

(16)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de artigos selecionados por periódico ... 120

Tabela 2 - Classificação dos estudos pesquisados... 121

Tabela 3 - Produtores mundiais de Têxteis e Vestuário... 139

Tabela 4 - Empresas Nacionais por segmento ... 143

Tabela 5 - Empresas de Santa Catarina por segmento ... 149

Tabela 6 - Participação de empresas de Santa Catarina no Brasil 150 Tabela 7 - Produção de têxteis e confeccionados no Brasil ... 151

Tabela 8 - Produção de têxteis e confeccionados em Santa Catarina ... 152

Tabela 9 - Participação na produção de têxteis e confeccionados 152 Tabela 10 - Participação de Santa Catarina sobre indicadores da Cadeia Têxtil do Brasil ... 154

Tabela 11 - Perfil dos coordenadores dos cursos por gênero ... 167

Tabela 12 - Grau de instrução dos coordenadores dos cursos ... 168

Tabela 13 - Tempo de atuação como coordenador do curso ... 168

Tabela 14 - Atuação dos coordenadores fora da Academia ... 169

Tabela 15 - Atividades dos coordenadores fora da Academia ... 169

Tabela 16 - Formação dos professores das disciplinas de administração... 172

Tabela 17 - Participação na elaboração do PPCG... 173

Tabela 18 - Segmentos atendidos pelo curso de Moda ... 173

Tabela 19 - Relevância dos conteúdos de Gestão e Empreendedorismo para formação ... 183

Tabela 20 - Relevância dos conteúdos de Marketing para formação ... 183

Tabela 21 - Relevância dos conteúdos de Produção e Processos Têxteis para formação ... 184

Tabela 22 - Relevância dos conteúdos de Custos e Formação de preços para formação ... 184

Tabela 23 - Relevância dos conteúdos de Psicologia e Sociologia para formação ... 185

(17)

Tabela 25 - Conteúdos de administração x relevante para Indústria

formação interdisciplinar ... 190

Tabela 26 - Perfil dos gestores da indústria por gênero ... 193

Tabela 27 - Grau de instrução dos gestores da indústria ... 193

Tabela 28 - Gestores: tempo de atuação na função ... 194

Tabela 29 - Funções dos gestores na indústria ... 194

Tabela 30 - Atividades do designer de moda ... 198

Tabela 31 - Atuação dos designers de moda a respeito dos conteúdos de Marketing ... 204

Tabela 32 - Atuação dos designers de moda a respeito dos conteúdos de Produção ... 205

Tabela 33 - Atuação dos designers de moda a respeito dos conteúdos de Custos ... 205

Tabela 34 - Atuação dos designers de moda a respeito dos conteúdos de Gestão ... 206

Tabela 35 - Atuação dos designers de moda a respeito dos conteúdos de Psicologia ... 206

Tabela 36 - Resultados da atuação dos designers de moda ... 207

Tabela 37 - Conteúdos fundamentais de administração na formação do designer de moda ... 208

Tabela 38 - As principais competências e habilidades do designer ... 210

Tabela 39 - Perfil dos designers por gênero ... 224

Tabela 40 - Formação dos designers ... 224

Tabela 41 - Instituições de Ensino de formação do designer ... 225

Tabela 42 - Designer: tempo de atuação na função ... 225

Tabela 43 - Funções dos designers na indústria ... 226

Tabela 44 - Atividades do designer de moda ... 226

Tabela 45 - Ferramentas de apoio para o trabalho do designer .... 228

Tabela 46 - Áreas de apoio para o trabalho do designer ... 229

Tabela 47 - Áreas que recebem informações ou serviços do designer ... 230

Tabela 48 - Domínio a respeito dos conteúdos de Marketing ... 232

Tabela 49 - Domínio a respeito dos conteúdos de Produção ... 232

Tabela 50 - Domínio a respeito dos conteúdos de Custos ... 233

Tabela 51 - Domínio a respeito dos conteúdos de Gestão ... 233

(18)
(19)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção CES Câmara de Educação Superior

CFA Conselho Federal de Administração CFE Conselho Federal de Educação CNE Conselho Nacional de Educação

CONAES Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior EUA Estados Unidos da América

EURATEX European Apparel and Textile Confederation FASM Faculdade Santa Marcelina

FIESC Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina IEMI Instituto de Estudos e Marketing Industrial

IES Instituição de Educação Superior

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional PPCG Projeto Pedagógico Curso de Graduação PPI Projeto Pedagógico Institucional

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SCMC Santa Catarina Moda Cultura

SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior T&C Têxtil e Confecção

UAM Universidade Anhembi Morumbi

UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina UEM Universidade Estadual de Maringá

(20)
(21)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 25

1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ... 25

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ... 29

1.2.1 Objetivo geral ... 29

1.2.2 Objetivos específicos ... 29

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ... 30

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 31

2.1 ADMINISTRAÇÃO ... 31

2.1.1 O Pensamento em Administração ... 31

2.1.2 O surgimento da Teoria da Administração ... 39

2.1.3 Os campos de atuação do administrador ... 46

2.2 MODA ... 49

2.2.1 A cultura da aparência ... 49

2.2.2 A evolução da indumentária ... 53

2.2.3 Antiguidade Oriental e Clássica ... 54

2.2.4 Idade Média e Moderna ... 58

2.2.5 Idade Contemporânea ... 67

2.2.6 Início do século XX ... 69

2.2.7 As Décadas de 1920 e 1930 ... 72

2.2.8 As Décadas de 1940 e 1950 ... 75

2.2.9 As Décadas de 1960 e 1970 ... 78

2.2.10 As Décadas de 1980 e 1990 ... 83

2.3 EDUCAÇÃO SUPERIOR ... 90

2.3.1 Diretrizes Curriculares, PPI e PDI ... 92

2.3.2 Projeto Pedagógico de Curso ... 96

(22)

2.3.4 Perfil Profissiográfico ... 99 2.4 O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO ... 101 2.4.1 O ensino de administração no Brasil ... 101 2.4.2 Competências e habilidades do administrador ... 104 2.5 O ENSINO DE MODA ... 107 2.5.1 Origens do ensino de moda ... 107 2.5.2 Competências e habilidades do designer ... 110 2.5.3 Origem da pesquisa acadêmica de moda ... 114 2.5.4 Os cursos de moda e a indústria ... 115 2.6 ESTUDOS RELACIONADOS AO TEMA DA PESQUISA

119

(23)
(24)
(25)

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico será abordado o tema de pesquisa definindo-se a pergunta objeto desta e os objetivos: geral e específicos, bem como, a justificativa para o estudo realizado.

1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

A Cadeia Têxtil e de Confecção é formada por todas as empresas produtoras de fibras naturais, artificiais e sintéticas, fiações, beneficiadoras, tecelagens e confecções. O faturamento deste setor no Brasil em 2012 foi de US$ 56,7 bilhões. O Brasil possui o quarto maior parque produtivo de confecção do mundo, é o segundo maior produtor e terceiro maior consumidor de

denim do mundo. O setor têxtil e de confecção é o segundo

maior empregador da indústria de transformação, o segundo maior gerador do primeiro emprego no país e possui 30 mil empresas formais cadastradas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO, 2013a).

De acordo com a ABIT (2013a), o Brasil é referência mundial em design de beachwear, jeanswear e homewear, tendo crescido também os segmentos de fitness e lingerie. O país representa a última cadeia têxtil completa do ocidente, do qual faz parte desde a produção das fibras, como a plantação de algodão, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e varejo. A produção de confecções em 2012 foi de 9,4 bilhões de peças, somando produtos do vestuário, cama, mesa e banho (ABIT, 2013b).

O estado de Santa Catarina possui um relevante parque industrial, ocupando posição de destaque no Brasil, sendo a indústria de transformação catarinense, a quarta do país em número de empresas e a quinta em número de trabalhadores. Os segmentos de artigos do vestuário e alimentar são os que mais empregam, além dos têxteis (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2012a).

(26)

obsoletas as antigas fábricas, que anteriormente eram focadas no processo produtivo. Ocorreu uma mudança essencial, a indústria voltou-se para o mercado, colocando a produção para trabalhar em função das exigências dos clientes (FIESC, 2011).

O crescimento da indústria de Moda no Brasil fez surgir também uma preocupação com a formação de profissionais com qualificação para atuar no segmento, haja vista as mudanças que foram introduzidas na indústria, voltando-a para o mercado e exigindo da produção um maior foco nos clientes (FIESC, 2011), demandando, portanto, por um novo perfil de profissional para o segmento e de gestor para a indústria.

A ABDI descreve a necessidade da educação para inovação e afirma que o design assumirá um papel relevante na coordenação estratégica da cadeia de valor têxtil e confecção brasileira (AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2010).

“O futuro do setor têxtil e vestuário, numa economia baseada no conhecimento, dependerá cada vez mais da habilidade da indústria para inovar em seus produtos [...] concentrando esforços nas necessidades de seus consumidores [...] a pesquisa e a inovação vão desempenhar um crescente

papel.” (EUROPEAN APPAREL AND TEXTILE

CONFEDERATION, 2004, p.2, tradução nossa).

Neste sentido, há que se ressaltar uma exigência interdisciplinar do profissional de moda, evidenciado no exercício

do design com as competências da profissão inerentes ao gestor.

Reforça-se tal perspectiva se considerar que os produtos derivados da indústria têxtil são o resultado do design associado ao planejamento estratégico da gestão (PIRES, 2004), reforçando-se que as empresas desenvolvem produtos focando a mudança, a inovação e a própria obsolescência programada dos produtos.

Pires (2004, p.2) afirma que “Uma empresa que produz artigos do vestuário com conteúdo de moda deve ter uma cultura tanto de gestão quanto de projeto de produto e coleção.”

(27)

Pires (2004), Catoira (2006), Lipovetsky (2007), ratificam tal percepção ao assinalarem a necessidade de formação de profissionais com conhecimento de desenvolvimento de produto, tanto quanto, capacidade de gerenciamento, criatividade e inovação, seguindo um viés de competitividade, preservando uma identidade cultural com tendência de customização dos serviços.

“A competitividade das empresas baseava-se no crescimento da produtividade do trabalho, reduzir custos, explorar economias de escala. Nos novos mercados globalizados, já não é suficiente obter ganhos de produtividade, é cada vez mais pelo lançamento de novos produtos que se constrói a vantagem competitiva.” (LIPOVETSKY, 2007, p.85).

As demandas pela formação de um profissional com competências interdisciplinares de design e de administração são reforçadas quando do aumento da competitividade derivada de um mercado cada vez mais globalizado, o que exige melhorias significativas de produtividade (LIPOVETSKY, 2007).

Entretanto, esta perspectiva funcional deve, segundo Lipovetsky (2007), ser acompanhada de um elevado ritmo de renovação e inovação dos produtos, afastando-se da visão restritiva do modelo clássico de produção.

A perspectiva interdisciplinar remete as instituições de ensino uma responsabilidade maior na formação deste profissional, conforme destaca Pires (2007, p.69) “A Academia tem papel-chave na criação de projetos pedagógicos, de acordo com a realidade do mundo do trabalho, de modo a formar profissionais capazes de sensibilizá-las para implementar o

design como processo e estratégia.”

De acordo com Pizzinato (1999, p.174), “A formação universitária é um processo complexo que exige pesquisas constantes para definir, primeiramente, as características ideais do perfil de um profissional e, em seguida, a composição curricular adequada a essa formação.”

(28)

desenvolvimento socioeconômico do país, podendo constituir-se em grande fonte de riqueza.”

“De um lado, a universidade forma recursos humanos qualificados para a sociedade e realiza, primordialmente, pesquisa básica para o avanço do conhecimento. Do outro lado, a empresa recebe os profissionais formados pela universidade e desenvolve produtos e processos para o mercado.” (LEAL, 1998, p.359).

Efetivamente, os conteúdos de administração permeiam, em maior ou menor grau, as matrizes curriculares de muitos cursos de graduação no Brasil. O que também se atesta em relação à formação do designer de moda e que se preserva tais conteúdos na formação básica deste profissional (BRASIL, 2004).

Entretanto, supõe-se um possível distanciamento entre os conteúdos de administração praticados pela Academia na formação do profissional de design de moda e a percepção da necessidade de conteúdos de administração segundo o entendimento dos gestores da indústria.

Esta equação parece distanciar-se de uma igualdade que contemple uma convergência entre o olhar da Academia na formação do profissional de moda e a percepção da indústria.

Uma avaliação focada no problema possibilitará uma melhor articulação entre a formação do designer de moda e o profissional desejado pelo mercado. Assim, esta pesquisa pretende responder ao seguinte questionamento:

(29)

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

A fim de responder a pergunta de pesquisa formulada, foram definidos os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a configuração dos conteúdos de administração dos cursos superiores de moda com as demandas da indústria do vestuário.

1.2.2 Objetivos específicos

 Caracterizar os conteúdos de administração constantes nos currículos dos cursos superiores de moda de Santa Catarina,

 Descrever as percepções dos coordenadores dos cursos de moda, dos profissionais de design de moda, bem como, as demandas e percepções dos gestores da indústria do vestuário acerca dos conteúdos de administração dos cursos superiores de moda e na atuação dos seus egressos,

(30)

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Os profissionais de design de moda, egressos dos cursos superiores, recebem uma formação que os qualificam a atuar nas empresas com pesquisa, criação, desenvolvimento de novos produtos, elaboração de custos de produtos, análise de vendas e estoque, gestão, dentre outros, porém, supõe-se que na sua atuação, o uso de conhecimentos em administração são limitados, fazendo com que muitos profissionais atuem somente na criação e não possuam uma visão dos processos que envolvem o seu trabalho e os impactos do mesmo.

A relevância da compreensão das percepções e demandas dos gestores da indústria do vestuário a propósito dos conhecimentos de administração necessários a formação do profissional de design de moda possibilitarão as Instituições de Ensino Superior um novo olhar para o curso a partir daqueles que contratam seus egressos.

A relevância desta pesquisa consiste na possibilidade de contribuir e ampliar as discussões sobre atualização de disciplinas, novas propostas de estudo em sala de aula, alinhamento de objetivos do mercado profissional com o Plano Pedagógico do curso de graduação em design de moda, considerando que um dos objetivos das instituições de ensino superior consiste em formar profissionais que sejam capazes de atuar providos de competências e habilidades que atendam as necessidades do mercado de trabalho.

(31)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica foi embasada no referencial bibliográfico, sendo preliminarmente correspondente a Administração, contemplando o Pensamento em Administração, a Teoria da Administração e os Campos de Atuação do Administrador, de modo a sustentar os conteúdos inerentes à formação deste que venham a concorrer favoravelmente ao egresso do curso de design de moda.

Na sequência foi tratado o tema da Moda, iniciando-se com a perspectiva cultural da aparência e a Evolução da Indumentária nas diversas fases da humanidade, como introdução ao tema seguinte objeto do estudo: a Educação Superior, tópico dedicado aos conceitos que integram a consolidação desta fase da educação para então dividir-se no Ensino de Administração e Ensino de Moda, ambos caracterizados a partir de suas origens, evolução, competências e habilidades, culminando com os estudos internacionais relacionados ao tema objeto da pesquisa.

2.1 ADMINISTRAÇÃO

2.1.1 O Pensamento em Administração

O pensamento administrativo no início foi dominado por valores culturais contrários ao comércio, as organizações eram geridas segundo o direito divino do rei, com base no dogma e disciplina. A interação de três forças gerou uma nova era para a industrialização: a ética protestante que contestou a autoridade da Igreja Católica, a ética da liberdade que buscou proteger os direitos individuais e a ética do mercado que foi um desafio à aristocracia fundiária (WREN, 2007).

(32)

Segundo Wren (2007, p.15), “A prática da administração é antiga, mas o estudo formal desse campo do conhecimento é relativamente novo [...] uma definição ampla e prática de administração é a atividade que desempenha certas funções na aquisição, distribuição e utilização de esforço humano e recursos materiais para realizar um objetivo.”

Para Stoner e Freeman (2009, p.5):

A administração já foi chamada de: a arte de fazer coisas através de pessoas. Esta definição, dada por Mary Parker Follet, chama a atenção para o fato de que os administradores alcançam os objetivos das organizações conseguindo que outros realizem as tarefas necessárias e não realizando eles próprios as tarefas.

Segundo Maximiano (2009, p.6) “Administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos”.

Para Lacombe e Heilborn (2008, p. 49), “Administrar é o ato de trabalhar com e por meio de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.”

“O pensamento administrativo é o conjunto de conhecimentos existentes sobre a gestão, suas funções, seu propósito e seu escopo.” (WREN, 2007, p.15).

A evolução do conhecimento de como administrar, se desenvolveu no meio econômico, social, político e tecnológico, sendo o pensamento administrativo produto e processo do meio cultural, as pessoas buscaram atender suas necessidades econômicas e sociais com esforços organizados, surgindo assim a administração (WREN, 2007).

Segundo Stoner e Freeman (2009, p.23):

(33)

Todas estas mudanças não aconteceram de repente. Com base em valores culturais, econômicos, sociais e políticos, formaram-se por um longo período e influenciaram no desenvolvimento do pensamento administrativo.

A Revolução Industrial fez surgir um novo ambiente cultural e trouxe diferentes problemas para a administração, onde as necessidades das pessoas mostraram-se mais complexas. As empresas começaram a atuar com a divisão do trabalho e a necessidade de desempenho econômico trouxe a reestruturação e a preocupação com planejamento, organização, controle, e a necessidade de contratar mão-de-obra capacitada para atuar nas empresas (WREN, 2007).

Segundo Maximiano (2009, p. 41),

Na maior parte do tempo que a antecedeu, a história da administração foi predominantemente a história de países, cidades, governantes, exércitos e organizações religiosas. A partir do século XVIII, o desenvolvimento da administração foi influenciado pelo surgimento de uma nova personagem social: a empresa industrial.

Pode-se encontrar a origem do pensamento administrativo moderno na obra de pioneiros que procuraram solucionar problemas gerados pelo sistema fabril. Robert Owen, um dos pioneiros da administração, fundou sua primeira fábrica no ramo do algodão em 1789, na Inglaterra, com o uso dos teares mecânicos e hidráulicos, inspecionava tudo de forma minuciosa, nas suas experiências melhorou as condições dos trabalhadores, atribuiu seu sucesso aos seus hábitos de precisão e conhecimentos sobre o ser humano (WREN, 2007).

(34)

Stoner e Freeman (2009) ratificam esta opinião quando descrevem que Owen acreditava que a melhoria nas condições dos empregados levaria ao aumento da produção e dos lucros, acreditava que o melhor investimento estava nos trabalhadores, ou máquinas vitais, como ele os chamava.

Charles Babbage, no século XIX, colocou em prática uma abordagem científica à administração bem antes da era da administração científica nos Estados Unidos. Em visita a fábricas têxteis na França, observou teares tecendo padrões de instruções perfuradas em cartões, estes criados pelo tecelão Joseph Marie Jacquard, o tear de Jacquard antecipou o sistema da álgebra de Boole, que constituiu o princípio das modernas operações de computador, foi com base no conceito de Jacquard que Babbage construiu um computador com memória, processador, entrada de dados por cartões perfurados (WREN, 2007).

“Como cientista da administração, Babbage estava interessado em maquinarias, ferramentas, uso eficiente da energia, desenvolvimento de máquinas [...] desenvolveu um método de observar as fábricas, muito próximo da abordagem científica, sistemática, do estudo das operações.” (WREN, 2007, p. 76).

Babbage com sua visão administrativa propôs que os trabalhadores tivessem participação nos lucros da fábrica e uma gratificação por sugestões que geraram economias de produção, ações estas que são até hoje utilizadas pelas empresas.

Segundo Wren (2007, p.82), “Pode-se localizar a gênese do moderno pensamento administrativo na Grã-Bretanha e numa medida menor, na França. Em sua busca de uma nova harmonia entre o fator humano e a era das máquinas [...] Babbage apelou para mente [...] e aplicou a abordagem científica à administração antes de Taylor.”

(35)

criar conexões com as manufaturas, em seu estudo propôs três sistemas: o primeiro chamou de mecânico utilizando as técnicas e processos de produção, o segundo chamou de moral à condição dos trabalhadores e por ultimo o comercial que sustenta a empresa através das vendas e financiamento (WREN, 2007).

Os pioneiros formularam as bases iniciais da administração, porém, não houve a formalização do pensamento gerencial, alguns dos motivos se baseiam na ênfase da época em técnicas e não na administração, o foco do proprietário-fundador estava direcionado aos processos práticos, as vendas e a contratação da força de trabalho e despendiam de pouco tempo para se dedicar ao desenvolvimento teórico, cada indústria era única, assim como seus problemas, poucas pessoas eram alfabetizadas e a disseminação do conhecimento era muito restrito, por consequência, a fundação da administração científica é creditada a Frederick Taylor décadas depois (WREN, 2007).

De acordo com Shafritz e Whitbeck (1978, p.2):

About a hundred years after Adam Smith declared the factory to be the most appropriate means of mass production, Frederick W. Taylor found it necessary to say that factory workers could be much more productive if their work was “scientifically” designed [...] premised upon the notion that there was “one best way” of accomplishing any given task, Taylor's scientific management sought to increase output by discovering the fastest, most efficient, and least fatiguing production methods.1

1 Cerca de cem anos depois de Adam Smith declarar que a fábrica é o

(36)

Os conceitos de organização se tornaram mecanizados, oriundos da invenção e propagação das máquinas, em especial durante a Revolução Industrial na Europa e na América do Norte (MORGAN, 1996).

Wren (2007, p.153) afirma que “Frederick Taylor foi uma Figura central no desenvolvimento do pensamento administrativo [...] ele deu impulso e credibilidade a ideia de administração.”

Taylor desistiu da faculdade de direito em Harvard e foi trabalhar como aprendiz de estampador e mecânico numa empresa da Filadélfia, onde pode perceber os problemas de má administração e falta de harmonia entre os trabalhadores e gerentes. No ano de 1878, começou seu trabalho na Midvale Steel, uma das principais siderúrgicas da época, trabalhou como escriturário, mecânico, supervisor, chegando a engenheiro-chefe, durante o período que trabalhou na empresa formou-se em engenharia mecânica por correspondência, suas experiências na empresa lhe deram a base de suas idéias sobre administração de fábricas (WREN, 2007).

Diante dos problemas encontrados na empresa, Taylor iniciou uma investigação do trabalho que posteriormente seria usado para definir padrões de desempenho. “Taylor procurou determinar o que os trabalhadores deveriam ser capazes de fazer com o equipamento e as matérias-primas, isso se tornou o começo do que viria a ser chamado de administração científica.” (WREN, 2007, p.128).

O uso do método cientifico para descobrir fatos e determinar a maneira adequada para se executar tarefas e o estudo dos tempos, tornou-se a base do trabalho de Taylor, sendo que o estudo era dividido em duas etapas: analítica e construtiva, na primeira ao observar o trabalhador mais habilidoso, eram observados seus métodos e cada movimento era cronometrado e registrado. Na segunda etapa era elaborada uma lista dos movimentos elementares e dos seus tempos, esta fase permitia considerações sobre melhorias nas ferramentas, maquinário, métodos e padronização do trabalho (WREN, 2007).

(37)

atingir os objetivos, assim, Taylor detalhou as qualidades básicas para um profissional que ele chamou de capataz funcional: educação, inteligência, conhecimento técnico, destreza, energia, tato, firmeza, honestidade, senso comum e saúde. Por outro lado, o próprio Taylor imaginava ser quase impossível encontrar alguém com todas estas qualidades, ele acreditava que o trabalho especializado exigiria menos fisicamente e mentalmente dos profissionais (WREN, 2007).

Ramos (1989, p.82) afirmou que “Peter Drucker corretamente considera Frederick Taylor um pioneiro da economia do conhecimento de hoje, de acordo com o qual a chave para a produtividade é o conhecimento, não o suor.”

Alguns aspectos da ciência administrativa foram apontados por Ramos (1989), como, por exemplo, a ciência da administração formal existe à medida que existem as normas técnicas para que possam ser medidos e avaliados os resultados do trabalho. Através de um treinamento ordenado, o desempenho dos trabalhadores pode ser aperfeiçoado (RAMOS, 1989).

Para Taylor (1903 apud WREN, 2007, p.133), “Administrar é saber exatamente o que se quer que os homens façam e então cuidar para que o façam da melhor maneira e mais barata [...] as relações entre empregadores e empregados, sem dúvida, constituem o elemento mais importante dessa arte.”

(38)

Quadro 1 Os cinco princípios básicos de Taylor

Fonte: Adaptado de MORGAN (1996, p.32).

Morgan (1996) menciona que ao ver a organização como um processo racional e técnico, há uma tendência a pouco valorizar os aspectos humanos da organização, a ver de forma superficial que as tarefas realizadas nas organizações são mais complexas e imprevisíveis do que a desempenhada pelas máquinas.

Para Ramos (1989, p. 82), “Não é verdade que Taylor e a escola clássica tenham negligenciado o fator humano nas organizações. O que deve ser acentuado é que a concepção que tinham do homem era reducionista e demasiado limitada.”

A questão da inovação nas organizações com perfis mecanicistas é citada por Morgan (1996), onde expõe a dificuldade que as mesmas teriam de se adaptar as mudanças, tendo em vista o planejamento de objetivos pré-determinados, sendo necessário um replanejamento.

1. Transfira toda a responsabilidade da organização do trabalho do trabalhador para o gerente. Os gerentes devem pensar a respeito de tudo o que se relaciona com o planejamento e a organização do trabalho, deixando aos trabalhadores a tarefa de implementar isso na prática.

2. Use métodos científicos para determinar a forma mais eficiente de fazer o trabalho, planeje a tarefa do trabalhador de maneira correta, especificando a forma pela qual o trabalho deva ser feito.

3. Selecione a melhor pessoa para desempenhar o cargo, assim especificado;

4. Treine o trabalhador para fazer o trabalho eficientemente.

(39)

Segundo Morgan (1996, p.38), “Circunstâncias de mudança pedem diferentes tipos de ação e de resposta. Flexibilidade e capacidade de ação criativa, assim, tornam-se mais importantes do que a simples eficiência.”

Algumas pessoas acusavam a administração científica de ser fria e impessoal. Taylor (1903 apud Wren, 2007, p.151) escreveu a respeito afirmando que: “Nenhum sistema pode abandonar a necessidade de homens de verdade. Tanto o sistema como os bons homens são necessários, após a introdução do melhor sistema o sucesso virá proporcionalmente à habilidade, à consistência e à credibilidade da autoridade da administração.”

Segundo Morgan (1996), Taylor fazia parte de uma tendência que envolve a mecanização da vida de forma geral. Os princípios observados pelo taylorismo são agora encontrados em diversas áreas, como por exemplo, no futebol.

O taylorismo foi imposto sobre os trabalhadores, mas se observarmos a realidade atual, impomos a nós mesmos formas similares de taylorismo quando treinamos para desenvolver alguma capacidade específica (MORGAN, 1996).

Segundo Ramos (1989, p.93), “Taylor considerava a administração científica e seus correlativos de motivação como um dado de referência para o planejamento não apenas de ambientes de trabalho, mas também da família, das escolas e de toda vida social.”

Wren (2007) afirma que Taylor ainda é considerado pelos historiadores da administração e dos negócios como o mais influente autor do século XX. Taylor deixou uma marca em seu tempo e na atualidade, sendo seguido por outros estudiosos que disseminaram a ideia da administração científica, ele forneceu o norte para evolução do pensamento gerencial.

2.1.2 O surgimento da Teoria da Administração

(40)

worked or should work were a direct reflection of the social values of their times.”2

Segundo Wren (2007, p.231), “O surgimento da teoria da administração e da organização ocorreu de dois modos: pela contribuição de Fayol, com os princípios e os elementos da administração, e pela busca de Weber por um esquema de arranjos [...] com a finalidade de assegurar eficiência organizacional.”

Segundo Shafritz e Whitbeck (1978, p.2):

While the ideas of both Adam Smith and Frederick W. Taylor are still dominant influences on the design and management of organizations, it was Henri Fayol who developed the first comprehensive theory of management. While Taylor was tinkering with the technology employed by the individual worker, Fayol was theorizing about all of the elements necessary to organize and manage a major corporation.3

Numa época em que as escolas não ensinavam administração, Fayol percebeu que a teoria era necessária, pois a administração era uma atividade nas organizações, a habilidade de administrar era mandatória aos que subiam na hierarquia e para Fayol a administração podia ser ensinada, assim ele utilizou sua experiência para propor princípios e elementos de administração (WREN, 2007).

2 O desenvolvimento de qualquer teoria deve ser visto no contexto do

seu tempo. As crenças dos primeiros teóricos da administração sobre como as organizações devem trabalhar ou trabalhavam eram um reflexo direto dos valores sociais da época (tradução nossa).

3 Embora as ideias de ambos, Adam Smith e Frederick W. Taylor ainda

(41)

Os princípios serviriam para conduzir a teoria e a prática, sendo eles: a divisão do trabalho, autoridade, disciplina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação dos interesses individuais ao interesse geral, remuneração, centralização, cadeias escalar (autoridade linear), ordem, equidade, estabilidade do pessoal, iniciativa e espírito de equipe (WREN, 2007).

Os elementos de administração serviram para descrever as funções desempenhadas pelos gerentes, sendo eles: o planejamento, a organização, comando, coordenação e controle. O primeiro elemento apresentado foi o planejamento. “A ênfase que Fayol deu ao planejamento de longo prazo foi uma contribuição impar para o pensamento gerencial e as idéias dele são tão importantes hoje quanto em seu próprio tempo.” (WREN, 2007, p.221).

O segundo elemento, a organização, incluía a estruturação de atividades, seleção, avaliação e treinamento de pessoal. Organizar, para Fayol, constituía dotar a empresa de capital, pessoas, ferramentas, matéria-prima, sendo a administração responsável por alinhar tudo com os objetivos da empresa (WREN, 2007).

Segundo Wren (2007, p. 224), “Quase 90% da principal obra de Fayol foi dedicada ao planejamento e a organização, incluída a administração de recursos humanos.”

Para colocar em prática o planejamento, a organização se utiliza do comando, sendo exigido para exercer esta função o conhecimento em recursos humanos, a necessidade de dar bons exemplos, não se absorver por detalhes, realizar auditorias, conseguir que iniciativa e lealdade predominem nos funcionários (WREN, 2007).

A coordenação, para Fayol, era um dos elementos voltados para a harmonia das atividades da empresa com o objetivo de facilitar seu funcionamento e por consequência seu sucesso, coordenar era uma ação de equilíbrio. Já o controle buscava verificar se tudo está sendo realizado de acordo com o plano e os princípios estabelecidos, o objetivo era identificar erros, corrigi-los e desta forma evitar que ocorram outra vez (WREN, 2007).

(42)

no planejamento, organização, comando, coordenação e controle do que na formação técnica.

Segundo Morgan (1996, p.30), “Toda crença básica da teoria da administração clássica e a sua aplicação moderna é sugerir que as organizações podem ou devem ser sistemas racionais que operam tão eficiente quanto possível.”

Para Shafritz e Whitbeck (1978, p.1):

The first theories of organizations were concerned with the anatomy or structure of formal organizations. This is the hallmark of classical organization theory – a concern for organizational structure that is premised upon the assumed rational behavior of its human parts.4

Mais tarde, os teóricos clássicos reconheceram que era preciso equilibrar aspectos humanos e técnicos da organização, mesmo sendo a organização neste período entendida como um problema técnico (MORGAN, 1996).

Na visão de Ramos (1989, p.125), “Weber compreendeu que a sociedade moderna é sem paralelo na medida em que nela a organização formal (burocracia) se tornou um modelo social fundamental, e sua racionalidade [...] o padrão dominante de racionalidade para existência humana.” São chamadas de burocracias, organizações que foram planejadas e são operadas mediante rotinas, de forma previsível, eficiente, formadas por um conjunto de relações mecânicas, como se fossem máquinas (MORGAN, 1996).

Segundo Wren (2007, p. 227), “A vida e obra de Max Weber correm cronologicamente paralelas as de Henri Fayol e Frederick Taylor [...] a concepção de burocracia de Weber

4 As primeiras teorias de organizações estavam preocupadas com a

(43)

merece sólida consideração, pois, graças a ela, ele ficou conhecido como o fundador da teoria das organizações.”

Weber estava interessado em compreender o processo de organização. Processo que pode assumir distintas formas em diversos contextos e épocas, mas que fazem parte de um contexto social ampliado (MORGAN, 1996).

De acordo com Wren (2007, p.228), “Weber postulou três tipos puros de autoridade legítima, isto é, socialmente aceitáveis: a autoridade racional-legal, fundada na legalidade [...] a autoridade tradicional, apoiada em uma crença [...] e a autoridade carismática.”

“Max Weber buscou: evitar a liderança e a organização por meio de tradição e carisma, estabelecer uma base racional-legal para a autoridade e apresentar arranjos sistemáticos para a seleção de pessoal e a execução de atividades.” (WREN, 2007, p.231).

Segundo Morgan (1989, p.26), Weber “descobriu que a primeira definição compreensiva de burocracia caracteriza-a como uma forma de organização que enfatiza a precisão, a rapidez, a clareza, a regularidade, a confiabilidade e a eficiência, atingidas através da criação de uma divisão de tarefas fixas, supervisão hierárquica, regras detalhadas e regulamentos.”

Para Weber a burocracia não era a ausência de eficiência carregada de regras, como o termo passou a significar no linguajar atual. Weber não buscava a perfeição, seu objetivo era sistematizar as práticas gerenciais e a estrutura da organização direcionada a formas mais coerentes de operar (WREN, 2007).

(44)

Quadro 2 Elementos essenciais da Burocracia de Weber

Fonte: Adaptado de WREN (2007, p.229).

Para Weber e Taylor, administrar era o exercício do controle embasado no conhecimento, eles buscavam competência técnica nas lideranças, sendo que os mesmos deveriam atuar com base em fatos.

Morgan (1996) sinalizou que existem interpretações errôneas do trabalho de Weber dentro da teoria organizacional, em relação à ideia de que a forma burocrática de organização significa o tipo ideal.

De acordo com Morgan (1996, p.355), “O conceito de tipo ideal é usado como ferramenta metodológica para compreensão de muitos aspectos da sociedade. Acreditava que para entender

1. A divisão do trabalho, a autoridade e a responsabilidade eram claramente definidas por cada membro e legitimadas como atribuições oficiais

2. Escritórios ou cargos eram organizados em uma hierarquia de autoridade que gerava uma cadeia de comando ou no princípio escalar.

3. Todos os membros da organização eram selecionados com base em qualificações técnicas por exames formais ou em virtude de treinamento ou educação.

4. Os funcionários eram designados e não eleitos. (Exceto em alguns casos, como o do chefe de toda uma unidade, por exemplo, um servidor público eleito).

5. Os funcionários administrativos trabalhavam por salários fixos e eram funcionários de carreira.

6. Os funcionários administrativos não eram donos das unidades por eles administradas.

(45)

o mundo seria necessário desenvolver conceitos claros e precisos em relação aos quais poderia ser comparada a realidade empírica.”

Segundo Shafritz e Whitbeck (1978, p.3):

Weber used an “ideal-type” approach to extrapolate from the real world the central core of features characteristic of the most fully developed bureaucratic form of organization. Weber's “Characteristic of Bureaucracy” is neither a description of reality nor a statement of normative preference. It is merely an identification of the major variables of features that characterize bureaucracies.5

Weber recomendou a utilização do conceito de burocracia para expressar uma forma específica de organização, com base na ideia da máquina, que poderia auxiliar na compreensão do quão a sociedade poderia ser burocratizada (MORGAN, 1996).

Ramos (1989, p.83) afirma que “Hoje em dia, a missão fundamental dos especialistas em teoria da organização não consiste em legitimar a total inclusão das pessoas nos limites das organizações econômicas formais, mas sim em definir o escopo de tais organizações na existência humana em geral.”

O sucesso da administração científica na indústria dos Estados Unidos gerou interesse de outros países como Grã-Bretanha, União Soviética, Japão e outros setores sentiram os resultados da administração científica além da administração de fábricas, influenciando na administração como um todo e na política (WREN, 2007).

A primeira escola de graduação em administração de empresas foi criada em 1881 na Universidade da Pensilvânia e

5 Weber utilizou um "tipo ideal" para a extrapolar a partir do mundo real,

(46)

chamou-se Wharton. Somente em 1898 foram inauguradas outras duas escolas de administração na Universidade de Chicago e na Universidade da Califórnia (Berkeley), o estudo de administração industrial estava ficando cada vez mais formalizado (WREN, 2007).

Segundo Wren (2007, p.248), “Embora o pensamento administrativo científico tenha predominado entre o final do século XIX e o início do XX, há indícios de que existia um conceito mais amplo de administração [...] a administração científica inspirou outras disciplinas como a administração pública, o marketing, a contabilidade.”

Assim, estimuladas pela administração científica, outras disciplinas iniciaram a busca da eficiência através da ciência. “A administração científica estimulou o interesse da teoria e da prática do planejamento organizacional e proporcionou uma base para o estudo da política de negócios e gerou uma filosofia da administração.” (WREN, 2007, p.248).

Morgan (1996, p.356) afirma que “Entre os trabalhos dos teóricos administrativos clássicos, aqueles de Fayol (1949), Mooney e Reiley (1931) e de Gulick e Urwick (1937) foram os que exerceram maior influência. Cada um ilustra como a teoria administrativa clássica é essencialmente uma teoria com concepção do tipo máquina.”

Na visão de Wren (2007), mais do que métodos e estudos dos tempos, a administração científica foi uma filosofia muito mais profunda de gerenciar recursos humanos e recursos físicos, num mundo tecnologicamente avançado, onde as pessoas obtiveram maior controle sobre seu ambiente.

2.1.3 Os campos de atuação do administrador

(47)

orçamentária, sistemas de informações, planejamento estratégico e serviços.” (BRASIL, 2005a, p.3).

Assim, entende-se como áreas de atuação profissional específica de Administração: Recursos Humanos, Organização, Sistemas e Métodos, Finanças e Orçamento, Materiais, Marketing, além dos campos considerados como desdobramentos.

Neste contexto, de acordo com o Conselho Federal de Administração (2013), no campo de Administração de Recursos Humanos, os administradores podem atuar no Desenvolvimento de Pessoal, Coordenação de Pessoal, Controle de Pessoal, Cargos e Salários, Interpretação de Performances, Locação de mão-de-obra, Pessoal Administrativo, Pessoal de Operações, Recrutamento, Seleção, Treinamento. Recursos Humanos.

O CFA (2013) destaca que no campo de Organização e Métodos, o administrador pode atuar na Administração de Empresas, Análise de Formulários, Análise de Métodos, Análise de Processos, Análise de Sistemas, Assessoria Administrativa, Assessoria Empresarial, Assistência Administrativa, Auditoria Administrativa, Consultoria Administrativa, Controle administrativo, Gerência Administrativa e de Projetos, Implantação de Controle e de Projetos, Implantação de Estruturas Empresariais, Implantação de Métodos e Processos, Implantação de Planos, Implantação de Serviços, Implantação de Sistemas, Organização Administrativa, Organização de Empresa, Organização e Implantação de Custos, Pareceres Administrativos, Perícias Administrativas, Planejamento Empresarial, Planos de Racionalização e Reorganização, Processamento de Dados/Informática, Projetos Administrativos e Racionalização.

No campo de Orçamento, os administradores podem atuar no Controle de Custos, Controle e Custo Orçamentário, Elaboração de Orçamento Empresarial, Implantação de Sistemas, Projeções, Provisões e Previsões (CFA, 2013).

(48)

Estudo de Materiais, Logística, Orçamento e Procura de Materiais, Planejamento de Compras, Sistemas de Suprimento.

No campo da Administração Financeira, os administradores podem atuar na Análise Financeira, Apuração do E.V.A. (Economic Value Added), Assessoria Financeira, Assistência Técnica Financeira, Consultoria Técnica Financeira, Diagnóstico Financeiro, Orientação Financeira, Pareceres de Viabilidade Financeira, Projeções Financeiras, Projetos Financeiros, Sistemas Financeiros, Administração de Bens e Valores, Administração de Capitais, Controladoria, Controle de Custos, Levantamento de Aplicação de Recursos, Arbitragens, Controle de Bens Patrimoniais, Participação em outras Sociedades (Holding), Planejamento de Recursos, Plano de Cobrança, Projetos de Estudo e Preparo para Financiamento (CFA, 2013).

O CFA (2013) enfatiza que no campo da Administração Mercadológica os administradores podem atuar na Administração de Vendas, Canais de Distribuição, Consultoria Promocional, Coordenação de Promoções, Estudos de Mercado, Informações Comerciais - Extra – Contábeis, Marketing, Pesquisa de Mercado, Pesquisa de Desenvolvimento de Produto, Planejamento de Vendas, Promoções, Técnica Comercial, Técnica de Varejo (grandes magazines).

No campo de Administração de Produção, os administradores podem atuar no Controle de Produção, Pesquisa de Produção, Planejamento de Produção, Planejamento e Análise de Custo. Os administradores podem atuar também na área de Relações Industriais, Benefícios e também na Segurança do Trabalho (CFA, 2013).

(49)

2.2 MODA

2.2.1 A cultura da aparência

O vestuário viveu transformações históricas desde o século passado, cada uma das décadas imprimiu sua própria moda com características bem peculiares, atualmente os lançamentos de vestuário ocorrem numa velocidade jamais imaginada, a moda lançada no continente Europeu é vista simultaneamente por pessoas de todos os demais continentes, já não existem mais fronteiras para o acesso as informações do que é moda.

Mas nem sempre aconteceu desta forma, segundo Nery (2003), o modo de se vestir permanecia inalterado por um longo tempo, isso foi constatado até o início do século XIX. A indumentária e toda sua história, além de servir para identificar os grupos sociais, serviu também para identificar profissões ou idade das pessoas.

Roche (2007) reforça esta afirmação, quando descreve que o vestuário oferece um modo de entender e um meio de estudar as transformações sociais, partindo desta premissa a história da cultura e dos comportamentos sociais estão inteiramente associados.

O estudo da indumentária pode servir como fonte de informações sobre os costumes e hábitos de uma civilização. A indumentária é um espelho do gosto contemporâneo, traduz de certa forma o desenvolvimento econômico, cultural e político da sociedade (NERY, 2003).

Markovits (1986 apud Roche, 2007, p.513) descreve que “A roupa me parece ser uma maneira de pensar o sensível. Justifica-se, pois, aplicar a sua análise os modelos que empregamos para compreender a mudança social. Sua economia revela uma organização das estratégias sociais de troca que está de acordo com o poder dos signos.”

(50)

Para Baudrillard (1970 apud Roche, 2007, p.518), “A moda, mestra real da distinção, instaura o triunfo do valor de troca do signo no reino do consumo.”

O termo signo para moda também é citado por Nery (2003) que destaca que a moda não é apenas vestuário, é o signo das formas de expressão que se mostram também em outros campos, como a ciência, a arte, a literatura, a religião.

Na visão de Souza (1987) a moda serve à estrutura social, acentuando a visão em classe, harmoniza a dualidade indivíduo e sociedade e é capaz de expressar as emoções e posicionamentos das pessoas.

Markovits (1986 apud Roche, 2007, p.513) destaca que “As funções social e cultural da roupa só podem ser entendidas em termos de comunicabilidade. Temos, portanto, de analisar o efeito produzido por aquilo que é visto sobre aquele que vê, como em qualquer ordem de discurso no qual o que vem primeiro não é o locutor, mas o ouvinte.”

Podemos observar que algumas sociedades possuem uma relação distinta com as roupas, que assumem papel simbólico ou místico, as roupas desempenharam um papel relevante no desenvolvimento de grupos que estavam unidos por objetivos religiosos, pelo idioma e seus trajes revelavam estas identidades (POLLINI, 2007).

“Hoje, como no passado, a vestimenta remete a nossa profunda concepção do sagrado, do social e do individual.” (ROCHE, 2007, p.512).

Vincent-Ricard (1989) descreve que a moda é produzida de rupturas sucessivas e mostra-se como expressão de diversos aspectos do mundo.

No contexto da moda, o tema vaidade fica evidente nos trabalhos de Lipovetsky (1989), onde afirma que a moda individualizou a vaidade das pessoas e fez do superficial uma finalidade da existência. Para Roche (2007), a questão do exagero da moda em relação à necessidade e o vínculo entre a vaidade pessoal, o consumo e o sucesso das aparências, eram motivos da união de críticos de diversas áreas.

(51)

chefe diante de outros e como autoridade de macho diante da mulher.”

A mulher se adornava de forma mais simples que o homem, que usava peles, jóias, tecidos ricos, pois precisava se enfeitar, enquanto a mulher fazia uso da moda para expressar sedução. Durante milhares de anos, o vestuário proporcionou o poder aos homens de se auto-afirmarem e demonstrar virilidade através do visual e, às mulheres, o poder de expressar seu charme (NERY, 2003).

No que se refere a um aspecto social relevante, a moda possivelmente tornou-se um hábil instrumento de padronização, no sentido da concordância na esfera corporal e indumentária, adotando o apoio do imaginário (ROCHE, 2007).

“Apologistas morais da moda eram raros, talvez porque ela questionasse a própria noção de progresso [...] assim como questionava a ideia de tradição em nome de um desenvolvimento sem outro propósito que não a si mesma.” (ROCHE, 2007, p.517).

A moda, em sua amplitude, de acordo com Rech (2002, p.29): “Compreende mudanças sociológicas, psicológicas e estéticas, intrínsecas à arquitetura, às artes visuais, a música, à religião, à política, à literatura, à perspectiva filosófica, à decoração e ao vestuário.”

Pontes (2004) relaciona moda com arte e a descreve como a mais viva de todas as artes, assim como a pintura, a escultura e a arquitetura, encontram na forma o seu veículo de expressão.

“Todo homem, selvagem ou civilizado, possui uma alma coletiva na qual repousam todas as formas de arte, recebendo influências também da cultura de outros povos, que se reflete no modo de vestir.” (NERY, 2003, p.9).

As transformações da moda estão relacionadas com os ideais da época, juntamente com sua cultura. “Sob a rígida organização das sociedades, fluem anseios psíquicos subterrâneos de que a moda pressente a direção.” (SOUZA, 1987, p.25).

(52)

cria de alto a baixo o narcisismo, o reproduz de maneira notável, faz dele uma estrutura construtiva e permanente dos mundanos, encorajando-os a ocupar-se mais de sua representação-apresentação, a procurar a elegância, a graça e originalidade.” (LIPOVETSKY, 1989, p.39).

Na história da moda, foram os valores e as significações culturais modernas, o novo e a expressão da individualidade, que tornaram possíveis o estabelecimento do sistema da moda (LIPOVETSKY, 1989).

A moda enquanto componente cultural determina os comportamentos humanos, e torna-se um elemento de referência para as pessoas [...] ao portar uma roupa, as pessoas constroem imagens idealizadas que as fazem personagens de uma cena (BARREIRA, 2006).

Sant’Anna (2007, p.95) afirma que: “A moda é o que impulsiona os sujeitos a tomarem da aparência como o lócus de investimento e constituição da distinção social [...] é processo identitário, de si consigo mesmo e de si para com o outro, é a possibilidade de ser, de existir numa sociedade regida pelo mito da imagem.”

A roupa vira moda no momento em que a aparência e forma de usar se transformam numa norma estética para a sociedade, foi após a Revolução Francesa que as diferenças sociais passaram a se manifestar através de indicadores como a qualidade dos tecidos. Com o passar do tempo a moda perdeu esta concepção totalmente elitista, a alta costura continuou acessível para uma minoria, porém, outras classes sociais puderam popularizá-la (NERY, 2003).

Com o progresso da civilização, o vestuário foi se adaptando às novas técnicas têxteis. Os novos modismos que surgem são derivados de antigos, expressando seu estilo próprio a cada período histórico, há a necessidade de se pesquisar o que já existiu para se criar algo novo (NERY, 2003).

No que se refere ao produto de moda, Pereira et al. (2010), explica que o vestuário como resultado de um processo

de design é denominado produto de moda, cujo princípio é

atender as necessidades de determinado público consumidor, conforme o seu estilo de vida.

(53)

conjugue as propriedades de criação (design e tendências de moda), qualidade (conceitual e física), vestibilidade, aparência (apresentação) e preço, a partir das vontades e anseios do segmento de mercado ao qual o produto se destina.”

Castro (1981 apud Rech, 2002, p.84) acrescenta que “O produto de moda não possui somente a função de revestir e proteger o corpo contra intempéries, mas é o resultado do equilíbrio ou desequilíbrio das funções, concebidas num sistema triádico: função pragmática, função social e função estética.”

O filósofo Lipovetsky (1989, p.12) afirma que “a moda não é mais um enfeite estético, um acessório decorativo da vida coletiva; é sua pedra angular. A moda terminou estruturalmente seu curso histórico, chegou ao seu poder, conseguiu remodelar a sociedade inteira à sua imagem: era periférica, agora é hegemônica.”

2.2.2 A evolução da indumentária

De acordo com Braga (2004), a seqüência evolutiva da vestimenta humana foi cobrir o corpo primeiro com folhas vegetais e depois peles de animais, com objetivo de proteção ou adorno, independente da intenção, as pessoas cobriam seus corpos por necessidade.

Segundo Nery (2003, p. 13), “Na era glacial, bem antes das primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Egito, de clima temperado e até tropical, os habitantes da Europa foram obrigados a cobrir os corpos com peles por causa do frio [...] como a fiação e a tecelagem eram ainda desconhecidas, para prender suas roupas em torno do corpo, esses homens passavam tendões de animais ou cordões de fibras vegetais.”

“Sob o ponto de vista de adorno, foi uma maneira que o ser humano encontrou de se impor aos demais, inclusive mostrando bravura ao exibir dentes e garras de ferozes animais, além de ter a pele para cobrir o corpo [...] e carne para alimentação.” (BRAGA, 2004, p.18).

Imagem

Tabela 1  –  Quantidade de artigos selecionados por periódico
Tabela 3 - Produtores mundiais de Têxteis e Vestuário - Ano 2010
Tabela 4  –  Empresas Nacionais por segmento
Figura 1 - A Indústria Catarinense no tempo
+7

Referências

Documentos relacionados

Portanto, a inclusão das metodologias ativas é uma alternativa eficaz para auxiliar o estudante a sanar as possíveis dúvidas no decorrer da disciplina e ao mesmo

hospitalizados, ou de lactantes que queiram solicitar tratamento especial deverão enviar a solicitação pelo Fale Conosco, no site da FACINE , até 72 horas antes da realização

A teoria das filas de espera agrega o c,onjunto de modelos nntc;máti- cos estocásticos construídos para o estudo dos fenómenos de espera que surgem correntemente na

Este trabalho é resultado de uma pesquisa quantitativa sobre a audiência realizada em 1999 envolvendo professores e alunos do Núcleo de Pesquisa de Comunicação da Universidade

(2019) Pretendemos continuar a estudar esses dados com a coordenação de área de matemática da Secretaria Municipal de Educação e, estender a pesquisa aos estudantes do Ensino Médio

Alteração geométrica no teto a jusante de comporta do sistema de en- chimento e esvaziamento para eclusa de na- vegação: simulação numérica do escoamento e análise das pressões

Ta có thể cài đặt OSSEC từ Souce code hay là các gói RPM .Theo kinh nghiệm nên download source code và sau đó biên dịch để cài đặt hơn là dùng các gói binary

 Reações alérgicas tais como reação cutânea, coceira em áreas inchadas e reações alérgicas graves, com sintomas de fraqueza, queda da pressão sanguínea,