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APÊNDICE III Projeção da Capacidade de Geração de Eletricidade

a. Base de dados e hipóteses

Informações suficientemente detalhadas são apresentadas no BEN; na última edição disponível (de 2015) são apresentados dados da capacidade instalada ao fim de cada ano do período 2005-2014. Já a ANEEL, em seu Banco de Informações de Geração (BIG) ANEEL(2015), apresenta informações atualizadas da capacidade instalada; dessa base de dados foram compiladas informações para o fim de 2015.

Também no BIG são apresentadas informações da capacidade em construção, bem como da capacidade cujos empreendimentos foram aprovados, mas a construção ainda não foi iniciada. Essas informações correspondem ao que deve ser acrescido ao sistema nos próximos anos.

Uma vez caracterizadas capacidades em diferentes anos, e identificadas tendências, foi feita extrapolação até 2030. Uma vez definido um provável perfil de geração naquele ano, foi feita a

Gás Natural 12% Carvão 1% Óleo diesel 2% Óleo combustível 1% Outro não renováveis 12% Lenha 2% Bagaço 34% Lixívia 11% Eólica 0% Hidráulica 24% Outras renováveis 1%

123 verificação de atendimento de uma das metas parciais do compromisso assumido pelo Brasil na COP 21: a de que a capacidade instalada de geração elétrica com fontes renováveis, exceto as grandes hidroelétricas, represente entre 28% a 33% do total.

O procedimento adotado é iterativo em relação à etapa seguinte, na qual são definidas as condições médias de operação do sistema. Eventualmente a capacidade definida nesta etapa (a segunda) é insuficiente para o atendimento da geração prevista (na primeira etapa), o que indica necessidade de capacidade adicional. Ou ocorre o contrário, e parte da capacidade prevista é desnecessária no horizonte, possibilitando a redução da capacidade instalada. O que ocorreu na aplicação do procedimento foi o segundo caso, principalmente em função da crise econômica doméstica em 2015 (e também 2016); assim, mais a frente são mencionadas as correções em relação ao que foi inicialmente previsto.

Na Tabela C.1. são apresentadas informações da capacidade instalada em 2014 e 2015, bem como das estimativas para 2021 e 2024.

Tabela C.1. Capacidades instaladas em 2014 e 2015, e previsões para 2021 e 2024 (GW)

Fonte 2014a 2015b 2021c 2024d Hidroelétricas 84,40 86,76 103,75 109,97 PCH 4,79 4,89 7,18 8,00 Solar 0,01 0,02 1,19 7,00 Eólica 4,89 7,63 16,98 24,00 Biomassa 12,34 13,25 15,67 17,50 Nuclear 1,99 1,99 3,34 3,40 Gás natural 12,55 12,43 17,27 21,22 Carvão mineral 3,39 3,61 5,06 3,40d Óleo combustível 4,22 4,48 5,89 3,20d Óleo diesel 3,69 4,58 5,18 1,12e Outros f 1,09 0,63 0,64 0,69 Total 133,36 140,27 182,15 191,78

Fonte: a EPE (2015); b ANEEL (2015); c ANEEL (2016); d MME (2015);

Notas: e no PDE 2024, aparentemente, foi excluída da capacidade apresentada aquela que é (seria) de autoprodutores.

f essa capacidade foi utilizada como ajuste; em diferentes anos há inconsistências nas informações de algumas fontes de menor significância.

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b. Estimativa da capacidade instalada em 2030

O procedimento adotado tem três passos: (1) verificação de eventuais atrasos no cronograma de obras associado à expansão prevista até 2021; (2) projeção da capacidade em 2030, por fonte e tecnologia, a partir da análise da tendência associada aos registros para 2015, 2021 e 2024; (3) correção da projeção, com eventual ajuste das previsões em 2021 e 2024, caso o resultado em 2030 seja incompatível com a previsão de crescimento do consumo (e, consequentemente, da geração elétrica em 2030). Com o passo (3), tem-se um procedimento iterativo entre a estimativa da capacidade instalada (descrita nesta seção) e a análise das condições de operação (descrita na próxima seção).

A capacidade prevista para 2021, apresentada na Tabela C.2., corresponde à soma da capacidade instalada no fim de 2015 e às capacidades em construção e previstas para construção. Como há atrasos, que em alguns casos são classificados como “graves”, é de se supor que parte da capacidade não esteja disponível no fim de 2021. Tal ponto justifica o ajuste da previsão para 2021, o que foi feito imediatamente para todas as fontes, exceto as fósseis. Isso porque as informações da ANEEL quanto aos atrasos não apresentam detalhes para as termoelétricas com combustíveis fósseis, indicando apenas que, possivelmente, 2,90 GW não serão colocados em operação a tempo. Assim, não foi possível saber quais combustíveis estão associados a esses empreendimentos.

Já para a geração hidroelétrica de grande porte, PCHs, geração solar, eólica e com biomassa, foram feitos ajustes nas capacidades previstas em 2021, descontando-se os valores que no momento (fim de 2015 – início de 2016) correspondiam a atrasos críticos.

Para as novas termoelétricas com combustíveis fósseis, foi considerado que os 2,90 GW que estão sob risco correspondem à totalidade dos novos empreendimentos com carvão e óleo combustível, e a uma pequena parcela das instalações a diesel. Evidentemente que essa consideração é uma simplificação, mas deve-se ter em mente que no PDE 2024 há indicações de que unidades adicionais a carvão mineral, óleo combustível e óleo diesel não são prioritárias. Assim, atrasos no cronograma poderiam ser justificativa para o cancelamento dessas obras. No caso das térmicas a gás natural, em relação ao que já está contratado, foi considerado que não há restrições até 2021.

Com os ajustes feitos, a capacidade total prevista em 2021 (182,15 GW) corresponde à expansão de 41,88 GW no sistema de geração. Esse total está muito próximo, mas acima, dos 38 GW que a ANEEL considera como expansão possível, sem restrições significativas, até o fim de 2021.

O segundo passo do procedimento visa a projeção das capacidades, em 2030, a partir das informações conhecidas e estimativas (2015, 2021 e 2024). Observou-se que para todas as

125 fontes/tecnologias, exceto a solar, um ajuste linear ao longo do tempo é adequado para estimar a capacidade em 2030. Dessa forma, em uma primeira estimativa, foram definidas as capacidades no ano horizonte.

Na sequência, fez-se a primeira análise da capacidade de operação e foi verificado que a capacidade total em 2030, da ordem de 250 GW, era maior do que a necessária. Posteriormente, foi feito um segundo ajuste, baseado nos resultados da operação dos sistemas que utilizam fontes renováveis de energia. As considerações ao longo do procedimento de ajuste e os resultados alcançados são apresentados a seguir, para cada fonte/tecnologia.

Na Tabela C.2. são apresentadas as capacidades estimadas, após os ajustes, em 2021, 2024 e 2030.

A capacidade de geração elétrica a partir da fonte eólica, solar fotovoltaica, biomassa e em PCHs representaria, em 2030, 28,6% da capacidade total no cenário de baixo crescimento econômico, e 30,8% no caso do cenário de maior crescimento. Portanto, a meta parcial apresentada pelo Brasil, quanto ao compromisso de redução das emissões de GEE, seria atendida; no caso de menor crescimento econômico, o percentual estaria mais próximo do limite inferior.

Tabela C.2. Capacidade instalada em 2015, e previsões para 2021, 2024 e 2030 (GW)

PDE Projetado Baixo Baixo Alto Alto

Fonte 2024 2030 2024 2030 2024 2030 Hidroelétricas 103,75 115,20 109,97 109,97 109,97 126,50 PCH 7,18 9,98 7,20 8,20 8,00 9,98 Solar 1,19 7,50 3,50 7,00 7,00 9,78 Eólica 16,98 30,00 18,50 22,00 24,00 33,44 Biomassa 15,67 21,75 17,00 21,00 17,50 21,75 Nuclear 3,34 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 Gás natural 17,27 21,22 17,27 17,27 17,27 24,2 Carvão mineral 3,61 3,61 3,61 3,61 3,61 3,61 Óleo combustív. 4,48 4,48 4,48 4,48 4,48 4,48 Óleo diesel 5,18 5,20 5,20 5,20 5,20 5,20 Outros e 0,64 0,69 0,69 0,70 0,69 0,70 Total 179,29 223,03 190,82 202,83 201,12 243,04

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