• Nenhum resultado encontrado

Após a constituição do Tribunal Arbitral

No documento Ana Sofia Matias Ferreira Baptista (páginas 67-70)

4.3.1. Prorrogação de prazo

O Presidente do CAC pode, após requerimento fundamentado do tribunal arbitral e não havendo oposição de ambas as partes, prorrogar o prazo de dois meses para a prolação da sentença, a contar do encerramento do debate, e o prazo de um ano para a conclusão da arbitragem, a contar da data de constituição do Tribunal Arbitral (artigo 32.º, n.º5 do Regulamento de 2008 e artigo 33.º, n.º 5 do Regulamento de 2013).

Mais, havendo alteração na composição do Tribunal Arbitral após a sua constituição, pode o Presidente, a pedido dos árbitros, declarar que se inicia novo prazo para a pronúncia da sentença final (artigo 32.º nº3 do Regulamento de 2008 e artigo 33.º, n.º 3 do Regulamento de 2013).

83 Cfr. artigo 26, n.º 2, alínea a) do Regulamento de 2008 e artigo 27.º, n.º 2, alínea a) do

Regulamento de 2014.

84 Cfr. artigo 26, n.º 2, alínea b) do Regulamento de 2008 e artigo 27.º, n.º 2, alínea b) do

Regulamento de 2014.

85 Cfr. artigo 26, n.º 2, alínea c) do Regulamento de 2008 e artigo 27.º, n.º 2, alínea c) do

Regulamento de 2014.

86 Cfr. artigo 26, n.º 2, alínea d) do Regulamento de 2008 e artigo 27.º, n.º 2, alínea d) do

4.3.2. Fixação dos encargos da arbitragem (honorários e encargos administrativos)

O Regulamento de 2014 introduz algumas alterações às regras anteriormente aplicáveis. Desde logo, atribui ao Presidente do CAC a possibilidade de minorar ou majorar os honorários dos árbitros, em função das características de cada caso concreto. Ao passo que no Regulamento de 2008, os valores indicados nas Tabelas só poderiam ser aumentados, e nunca diminuídos.

A fixação dos honorários87, após ouvidas as partes e o tribunal, deverá ter

em linha de conta não só o valor da arbitragem, mas também as circunstâncias do caso concreto, a celeridade e eficiência do tribunal arbitral na condução do processo, a sua complexidade e o tempo despendido pelos árbitros. Deste modo, poderá diminuir até 60% ou elevar até 40% o valor resultante da aplicação da Tabela n.º 1 anexa ao Regulamento de 2014 (artigo 50.º, n.º4). Como já se avançou, no Regulamento de 2008, ao Presidente do CAC apenas é permitido elevar os honorários dos árbitros aos valores resultantes da tabela n.º 1 de um coeficiente máximo de 1,5, considerando a complexidade da arbitragem ou qualquer outra circunstância relevante (artigo 48.º, n.º 4).

Quando a arbitragem termine antes da prolação da decisão final, o Presidente pode, ainda, atender à fase em que o processo terminou ou a qualquer outra circunstância que considere relevante (artigo 48.º, n.º 5 do Regulamento de 2008 e artigo 50.º, n.º 5 do Regulamento de 2014). Nos termos do Regulamento de 2014, terminando antes da audiência preliminar, pode diminuir os honorários até 30%, caso termine antes do início da audiência de julgamento, pode diminuir até 50% (artigo 50.º n.º 5).

Do mesmo modo, pode o Presidente do CAC fixar os encargos administrativos, tendo em conta o valor da arbitragem (artigo 50.º, n.º 1 do Regulamento de 2008 e artigo 52.º, n.º 1 do Regulamento de 2014). Neste caso, se terminar antes da decisão final, os encargos podem ser reduzidos ponderando a

87 Ver sobre o tema Mariana França Gouveia e Joana Figueiredo Oliveira, Os poderes do Presidente do Centro de Arbitragem Comercial da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, 2014, pp.19-21;

José Miguel Júdice, Fixação dos Honorários dos Árbitros, in Revista Internacional de Arbitragem e Conciliação, (N.º 6), 2013, pp. 139-166.

fase em que o processo arbitral foi encerrado ou qualquer outra circunstância que considere relevante (artigo 50.º, n.º 4 do Regulamento de 2008). O Regulamento de 2014 é mais explícito, estabelecendo que se deve considerar, além do valor da arbitragem, as circunstâncias de cada caso concreto e, em particular, os serviços prestados pelo Centro, permitindo, assim, que o Presidente do CAC possa diminuir até 80% ou elevar até 20% o valor resultante da aplicação da tabela n.º 2 (artigo 52.º, n.º 2).

Analisando o método aplicado nas arbitragens sob a égide da CCI, verificamos que é estabelecida uma tabela de acordo com a qual os encargos são calculados através de percentagens do valor da acção, sendo que a tabela fixa intervalos com taxas percentuais que vão decrescendo à medida que o valor da acção aumenta.

A Corte na CCI pode determinar os honorários dos árbitros em valores superiores ou inferiores aos que poderiam resultar da aplicação da tabela em vigor, se assim entender necessário, em virtude das circunstâncias excepcionais do caso. (artigo 37.º). O Apêndice III ao Regulamento regulamenta as custas e honorários da arbitragem, onde estipula, no artigo 2.º, que a Corte fixará os honorários de acordo com a tabela de cálculo, devendo ter em consideração a diligência e a eficiência do árbitro, o tempo gasto, a rapidez do processo, a complexidade do litigio e a pontualidade com que a minuta da sentença arbitral tiver sido submetida à Corte, de forma a chegar a uma importância dentro dos limites previstos ou, nos casos excepcionais, do artigo 37 (2) do Regulamento, a um valor superior ou inferior àqueles limites. Quando a composição do tribunal arbitral for plural, a Corte poderá, discricionadamente, elevar o total dos honorários até um valor máximo que, normalmente não deverá exceder o triplo dos honorários de um árbitro. Em casos excepcionais, a Corte poderá fixar despesas administrativas da CCI em valor inferior ou superior àquele que resultaria da aplicação da tal tabela, mas sem que tal despesa exceda, normalmente, o valor máximo da tabela. Se a arbitragem for concluída antes da prolação da decisão final, a Corte fixará discricionariamente os honorários e despesas dos árbitros e as despesas administrativas, tendo em conta o estágio atingido pelo procedimento arbitral e quaisquer outras circunstâncias relevantes (n.8).

Pelo exposto, se conclui que as alterações introduzidas pelo Regulamento de 2014 aos artigos 48.º e 52.º do anterior Regulamento, vão de encontro às melhores práticas internacionais, permitindo uma maior adequação dos valores às circunstâncias do caso concreto, com a possibilidade de majoração ou redução da fixação dos honorários dos árbitros e dos encargos administrativos por parte do Presidente do CAC. A fixação dos valores com base, única e exclusivamente, no valor do processo não é justa para as partes, nem para os próprios árbitros88.

4.3.3. Reclamação da conta

As partes podem reclamar da conta, no prazo de 10 dias contados da notificação da liquidação dos encargos (artigo 56.º, n.º 3 do Regulamento de 2014). A reclamação deverá ser endereçada ao Secretariado do CAC, que poderá entender manter essa liquidação, elaborando para tanto informação que submete a à entidade competente para a tomada de decisão, que será o Tribunal Arbitral e, na impossibilidade de voltar a reuni-lo, do Presidente do CAC.

No documento Ana Sofia Matias Ferreira Baptista (páginas 67-70)