• Nenhum resultado encontrado

Apesar da afirmação dos processos de incerteza indicados, é certo que as

concentrações de GEE estão aumentando na atmosfera e que a maior contribuição para o forçamento radiativo total é causada pelo aumento do CO2. Boa parte dessas

emissões são absorvidas pelos oceanos (cerca de 30%), o que tem causado sua acidificação (IPCC, 2013). Nesse sentido, é importante ressaltar que o sistema climático global possui componentes que retiram e armazenam parte do CO2 por

meio de mecanismos naturais. A figura 07 procura demonstrar historicamente como as emissões de CO2 antrópicas anuais foram dividas entre os principais processos

de remoção/estoque naturais, isto é, aumento de sua concentração na atmosfera e o aumento da remoção/estoque nos sumidouros terrestres residuais55 e oceânicos (a

partir dos processos fundamentados essencialmente na fotossíntese)56. Uma

percepção que se pode inferir ao serem avaliados os dados do gráfico abaixo é que em termos proporcionais, caso as emissões de CO2 globais de combustíveis fósseis

fossem deliberadamente ignoradas, o montate de CO2 emitido oriundo do setor de

uso do solo e florestas teria sido completamente assimilado pelos sumidouros terrestre e oceânico.

Figura 07. Divisão das emissões antrópicas históricas de CO2 (1750-2011) divididas nos setores de uso de combustíveis fósseis, produção de cimento, uso da terra e Florestas pelos sumidouros terrestre e oceânico e montante acumulado na atmosfera.

Fonte: Adaptado de: LE QUÉRÉ (2013)

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

55 O uso dessa expressão é em função de que a biosfera terrestre mesmo sofrendo com o processo de mudança do uso do solo (eminentemente desmatamento) ainda continua a absorver quantidade significativa de GEE.

56 As incertezas nos vários termos utilizados são discutidos de maneira detida no texto do capítulo 6 do AR5 do IPCC publicado em 2013, e quantificados de maneira separada Tabela 6.1.

!

!

#%!

À medida que o incremento da concentração de GEE e de temperatura ocorre, há fortes indícios de que os processos do ciclo de carbono global apresentados tendem a ser alterados pela mudança do clima, de uma forma que agravaria (retroalimentação) o processo de acumulação de CO2 na atmosfera (IPCC, 2013). A

mudança do clima é comumente chamada de aquecimento global porque uma das consequências da existência de concentrações maiores de gases de efeito estufa na atmosfera é o aumento da temperatura média do planeta. Mas, outros efeitos consequentes do aumento de temperatura poderiam ser igualmente importantes, podendo provocar novos padrões de ventos, chuvas e circulação dos oceanos. Outras implicações sobre os impactos e os danos serão apresentados posteriormente neste capítulo. Porém, a seguir será dedicada atenção a um outro processo extremamente relevante,a característica de longo prazo dos efeitos da mudança do clima.

2.2 - A CARACTERÍSTICA DE LONGO PRAZO DOS EFEITOS DA MUDANÇA DO CLIMA

Segundo o IPCC, ainda em 1990 havia a certeza de que:

Mesmo se todas as emissões feitas pelo homem de dióxido de carbono fossem interrompidas no ano de 1990, cerca de metade do aumento da concentração de dióxido de carbono causada por atividades humanas ainda estaria evidente até o ano de 2100 (IPCC/AR1, 1990: XVII57).

Oferece-se as figuras abaixo para facilitar a compreensão das razões e expender explicações sobre processo. Os três retângulos são apresentados de maneira encadeada para que seus resultados possam ser comparados no tempo. Cerca de 5 séculos são apresentados no eixo x desse gráfico de matriz. Assim, de maneira hipotética apresenta-se uma reta ascendente (presente no 1º retângulo da figura 08) que possui o objetivo de demonstrar que a emissão de carbono seria crescente durante dois séculos e a partir daí seria reduzida a zero. Por conseguinte, avalia-se o impacto do aumento da concentração de carbono na atmosfera por meio da representação de uma curva ascendente que torna-se constante por mais 300 anos (final do 2º retângulo) mesmo quando as emissão de carbono já estavam

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

!

!

!

#&!

!

³]HUDGDV´SRUPDLVGHXPVpFXORSRUH[HPSOR$WHUFHLUDSDUWHGDILJXUDUHSUHVHQWD o incremento de temperatura, que contém uma curva ascendente que continua a crescer até o final do tempo total do gráfico, ou seja, mesmo que a emissão seja interrompida de maneira completa e a concentração continue constante por mais de dois séculos, a temperatura continuaria subindo.

Figura 08. Representação esquemática para apresentar os resultados sobre o aumento da concentração de carbono e incremento de temperatura ao alcançar zero de emissão carbono no tempo.

Fonte: Adaptado de: KNUTTI (2013)

Portanto, devido à relação e dinâmica entre emissão, concentração e temperatura, fica evidente que mesmo com zero emissões de CO2 e processo de

estabilização da concentração uma grande fração da mudança do clima persistirá por muitos séculos. Segundo o IPCC (2013), dependendo do cenário de evolução do problema, cerca de 15 a 40% do carbono emitido permanecerá na atmosfera durante 1000 anos58.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

58 No AR 5 há a indicao de que as relações se comportam dentro de determinado limites, isto é, ao extrapolar-se as condições modeladas, é possível que a implicação da relação entre emissões acumuladas e temperatura extrapole o esperado. Esta abordagem é chamad de resposta transitória do clima às emissões de acumuladas de carbono (em inglês TCRE = transient climate response to cumulative carbon emissions. Seguinte este padrão o relatório dog GT I do IPCC (AR5) apresenta para

!

!

$(!

O IPCC em seu quarto relatório de avaliação (AR4: 2007) realizou esta análise segundo os critérios associados à condição de delimitação hipotética da concentração de limites de concentração de GEE na atmosfera. Os gráficos da figura 09 apresentam os resultados sobre os prismas: a) Emissões; b) Concentrações e c) Mudanças de temperatura.

Figura 09. Emissão, aumento da concentração de carbono e incremento de temperatura correspondentes aos níveis de CO2 e os cenários A2, A1B e B1.

Fonte: Adaptado de SPM/ AR3 IPCC (2001).

As linhas de diversas cores presentes nos gráficos representariam os resultados em cada gráfico a partir da adoção de limites máximos de concentração de CO2 na atmosfera, sendo o mais baixo 450 ppm (linha amarela) e o mais alto

1000 ppm (linha vermelha) 59. Da mesma forma, são apresentados sobre 3 cenários

adotados pelo IPCC, de maneira simplificada poderíamos avaliar um cenário ³SHVVLPLVWD´ $60 XPFHQiULR³LQWHUPHGLiULR´ $%61 HXPFHQiULR³RWLPLVWD´ %62).

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

uma emissão acumulada de 1000 PgC provavelmente o aquecimento correspondente seria entre 0,8 e 2,5°C.

59 Apenas para fins de comparação, caso fossemos aplicar a velocidade de incremento de concentração identificado nos últimos 10 anos analisados pelo IPCC (2002 a 2011), que foi de cerca de 1,8 ppm/ano chegaríamos a 450 ppm de concentração antes do ano 2045 e chegaríamos a concentração 1000 ppm antes do ano 2350.

60 Cenário A2 - Países operando de forma independente; Contínuo crescimento da população; Economia orientada para o desenvolvimento regional; Mudanças tecnológicas e aumento de renda per capita de modo lento e fragmentado.

!

!

!

$)!

!