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Convenção e recomendou a sua assinatura durante a Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento88.

A plenária final de aprovação do texto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, segundo o relato do secretariado do Comitê, contou com a representação de 157 países e a aprovação do texto foi seguida de grande ovação 89 . Porém, alguns países solicitaram reserva sobre termos

utilizados90, três países reservaram suas posições quanto a sua inclusão no Anexo I

da Convenção91 e a delegação da Malásia reservou o direito de seu país sobre a

aprovação do texto final92. Entretanto, o texto foi considerado aprovado e todos os

países que apresentaram reserva são hoje Partes da Convenção.

Uma decisão importante tomada durante a parte II do INC-5 foi que as atividades do INC/FCCC seriam mantidas como arranjos interinos para que os trabalhos continuassem até que a Convenção-Quadro obtivesse plena implementação93. Esta proposta foi considerada adequada para um documento que

foi visto pelos governos como uma Convenção de processo, ou seja, a aprovação do texto era somente parte do caminho que ainda teria que ser trilhado para avançar no tratamento multilateral da problemática.

A figura 23 apresenta um quadro com as datas das sessões referentes ao INC/FCCC, que ao todo realizou 11 sessões formais. Mas, que de maneira quantitativa podem ser consideradas como 12, pelo fato da quinta sessão ter sido realizada em duas partes (não contabilizando a sessão de assinatura por partes dos países que ocorreu durante a Rio 92). Na figura 23 está separado em cores diferentes as 6 sessões do INC que ocorreram após a aprovação do texto da Convenção, antes que a mesma entrasse em vigor. As sessões posteriores ocorreram de dezembro de 1992 a fevereiro de 1995, pois em março de 1995 foi realizada em Berlim a primeira Conferência das Partes, a COP1.

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88 Detalhes sobre o processo final podem ser avaliados nos relatórios A/AC.237/18, parte II, Add.1 e Corr.1.

89A/AC.237/18, parte II.

90 Egito, Kuait, Oman, Arábia Saudita e Irã submeteram sugestões para termos utilizados no corpo do texto.

91 Tchecoslováquia, Turquia e Bulgária.

92 A delegação da Malásia indicou que partes significativas do texto foram apresentadas somente no PRPHQWRGDDSURYDomRHTXHHVWDVIRUDPQHJRFLDGDVSRU³GHOHJDGRVHVFROKLGRV´DSyVDUHXQLmRGH consulta do bureau (A/AC.237/18 - part II, 1992: p.10).

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DATAS E LOCAIS DE REALIZAÇÃO DAS SESSÕES DO INC/FCCC

Sessão Datas das negociações Local

INC-1 De 4 a 14 de fevereiro de 1991 Washington, EUA INC-2 De 19 a 28 de junho de 1991 Genebra, Suíça INC-3 De 9 a 20 de setembro de 1991 Nairóbi, Quênia INC-4 De 9 a 20 de dezembro de 1991 Genebra, Suíça INC-5 parte I De 18 a 28 de fevereiro de 1992 Nova Iorque, EUA. INC-5 parte II De 30 de abril 30 a 9 de maio de 1992 Nova Iorque, EUA. Abertura para assinaturas na CNUMAD/Rio 92 De 3 de junho a 14 de junho de 1992 Rio de Janeiro, Brasil INC-6 De 7 a 10 de dezembro de 1992 Genebra, Suíça INC-7 De 15 a 20 de março de 1993 Nova Iorque, EUA. INC-8 De 16 a 27 de agosto de 1993 Genebra, Suíça INC-9 De 7 a 18 de fevereiro de 1994 Genebra, Suíça INC-10 De 22 de Agosto a 2 de setembro de

1994 Genebra, Suíça

INC-11 De 6 a 17 de fevereiro de 1995 Nova Iorque, EUA. Figura 23. Quadro indicativo das datas e locais de realização das sessões do INC/FCCC.

Fonte: Relatórios das Sessões do INC/FCCC.

O INC/FCCC reuniu-se em Genebra (sexta sessão), no final de 1992, depois da adoção da Convenção, com um mandato para realizar os preparativos necessários para fundamentar os trabalhos da primeira sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro (COP). O processo negocial do INC foi finalizado em fevereiro de 1995 (INC-11) e a partir da sexta sessão o presidente dos trabalhos foi Raúl Estrada-Oyuela (Argentina).

Nesse período, o INC/FCCC elaborou recomendações para decisões sobre a implementação da Convenção a serem adotadas na primeira COP, que foi realizada em Berlim. Entre as recomendações de decisões preparadas, pode-se citar, inclusive, sobre o mecanismo financeiro, sobre a definição das obrigações de elaboração de relatórios nacionais e sobre a adequação dos compromissos ao tamanho do problema do aquecimento global. O INC/FCCC reuniu-se pela última vez em Nova Iorque, antes de apresentar os resultados do seu trabalho na COP 1 no final de março de 1995.

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3.2 - A CONVENÇÃO-QUADRO: Objetivo Explícito, Princípios Norteadores, os Principais Atores e Grupos de Países

Como apresentado na seção anterior, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (em inglês United Nations Framework Convention on Climate Change ± UNFCCC) foi colocada para assinatura em 1992 durante a Rio 9294. A Convenção entrou em vigor em 21 de março de 1994, 90 dias após o envio

do quinquagésimo instrumento de ratificação, segundo o exposto no artigo 23 de seu texto. Atualmente, 195 países ratificaram ou acederam à Convenção, comprometendo-se, assim, com os termos da Convenção.

Como visão global, a UNFCCC partilha da percepção que a mudança do clima da Terra e seus efeitos negativos são uma preocupação comum da humanidade. Da mesma forma, o texto da Convenção sinaliza que:

As Partes desta Convenção (...) Preocupadas com que atividades humanas estão aumentando substancialmente as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa, com que esse aumento de concentrações está intensificando o efeito estufa natural e com que disso resulte, em média, aquecimento adicional da superfície e da atmosfera da Terra e com que isso possa afetar negativamente os HFRVVLVWHPDV QDWXUDLV H D KXPDQLGDGH´ &RQYHQomR-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ± segundo parágrafo preambular, 1992).

Assim, torna-se claro para os 195 países que internalizaram a Convenção em seus regimes jurídicos nacionais, a compreensão da relação de causa-efeito da cadeia da mudança do clima, dando ênfase inicial à concentração de GEE, o aumento médio da temperatura e sua relação com as atividades antrópicas. Entretanto, em relação à distribuição das causas entre as nações, os 195 países signatários da convenção reconhecem que:

a maior parcela das emissões globais, históricas e atuais, de gases de efeito estufa é originária dos países desenvolvidos, que as emissões per capita dos países em desenvolvimento ainda são relativamente baixas e que a parcela de emissões globais originárias dos países em desenvolvimento crescerá para que eles possam satisfazer suas necessidades sociais e de desenvolvimento (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ± segundo parágrafo preambular, 1992).

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94 Durante a Rio 92 a Convenção foi assinada por 154 Estados e também pela Comunidade Europeia, totalizando 155 Partes.

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Assim, a análise dos preceitos preambulares presentes no texto da Convenção aponta para uma direção em que o tratamento da problemática da mudança do clima, como um problema comum da humanidade, demanda dos países ao mesmo tempo um senso de cooperação bastante grande. Porém, há uma sinalização que as ações de enfrentamento serão relativizadas considerando o padrão das emissões históricas e atuais (inclusive per capita dos países), assim como padrão atual e futuro de desenvolvimento, as necessidades sociais e de desenvolvimento.

Porém, diferentemente daquilo que vimos na análise do IPCC, a definição de mudança do clima adotada pela UNFCCC preocupa-se em tratar somente a atribuição das causas humanas direta ou indiretamente sobre a composição da atmosfera.

³0XGDQoDGRFOLPD´VLJQLILFDXPDPXGDQoDGHFOLPDTXHSRVVDVHU direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis. (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ± Artigo 1, parágrafo 2, 1992).

Portanto, o foco de trabalho de cooperação entre os países signatários da Convenção está naquilo que pode ser controlado ou associado, mesmo que indiretamente, a mudança de composição atmosférica devido à ação das sociedades humanas. Os impactos da mudança do clima são tratados como efeitos negativos decorrentes da mudança da composição atmosférica, que gerariam efeitos GHOHWpULRVQD ³composição, resiliência ou produtividade de ecossistemas naturais e administrados, sobre o funcionamento de sistemas socioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-HVWDU KXPDQRV´ (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ± Artigo 1º, parágrafo 1, 1992).

O uso de definição de mudança do clima pela Convenção diferenciada daquela entendida pelo IPCC95, por conseguinte, reflete na definição do objetivo final

da UNFCCC96, que é apresentado a seguir:

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95 ³Climate change refers to a change in the state of the climate that can be identified (e.g., by using statistical tests) by changes in the mean and/or the variability of its properties, and that persists for an extended period, typically decades or longer. Climate change may be due to natural internal processes or external forcings such as modulations of e solar cycles, volcanic eruptions and persistent anthropogenic changes in the composition of the atmosphere or in land use. Note that the Framework &RQYHQWLRQ RQ &OLPDWH &KDQJH 81)&&&  LQ LWV $UWLFOH  GHILQHV FOLPDWH FKDQJH DV µD FKDQJH RI climate which is attributed directly or indirectly to human activity that alters the composition of the global atmosphere and which is in addition to natural climate variability observed over comparable time SHULRGV¶7KH81)&&&WKXVPDNHVDGLVWLQFWLRQEHWZHHQFOLPDWHFKDQJHDWWULEXWDEOHWRKXPDQDFWLYLWLHV alteriQJWKHDWPRVSKHULFFRPSRVLWLRQDQGFOLPDWHYDULDELOLW\DWWULEXWDEOHWRQDWXUDOFDXVHV´ ,3&& AR5 ± Annex IV, 2013: p.1450).

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