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problemática da mudança global de clima possui maior atenção política devido a

magnitude e criticidade dos impactos, bem como de seus danos associados65.

A figura 11 apresenta as relações sobre a dinâmica de crescimento de incerteza à medida que um novo passo na cadeia de relação de causa-efeito do processo de mudança do clima avança. Da mesma forma, a figura apresenta quais partes da cadeia de causa-efeito estão ligadas a escala global, regional e local.

Figura 11. Cadeia de causa-efeito de emissões para mudança do clima e danos

Fonte: Adaptado a paritir de Stocker & Plattner, 2012: Apud Plattner et al., 2009, Fuglestvedt et al., 2003

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65 Como as emissões de GEE ocorrem na escala local, mas não possuem características de poluentes locais, o nível político local tende a não identificar diretamente seus impactos, pois há uma relação indireta com a concentração atmosférica e a temperatura global. Portanto, caso os impactos e danos não fossem identificados no âmbito global, provavelmente a problemática da mudança do clima ainda estaria sendo tratada eminentemente como um problema acadêmico e não como um problema político- econômico.

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Preocupados basicamente com seus impactos e com as formas de tratar suas causas, a comunidade internacional em 1988 deliberou para que fosse criado o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (em inglês Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC). O painel é composto por milhares de cientistas de todas as partes do globo que realizam voluntariamente o trabalho de compilação de dados em artigos científicos já publicados para subsidiar a tomada de decisão no âmbitos das Nações Unidas para enfrentar o problema da mudança do clima.

O trabalho do IPCC, basicamente, é organizado em três grupos de trabalho e uma força tarefa66, que elaboram relatórios para informação de tomadores de

decisão, os chamados Relatórios de Avaliação (Assessment Reports ou ARs67). Os

grupos de trabalho que produzem os Relatórios de Avaliação são apresentadas a seguir:

i. GT I - Grupo de Trabalho I (WG I ± em inglês Working Group I), tem objetivo de avaliar as bases científicas físicas de como o sistema climático funciona e como está a mudança do clima. Podemos citar entre os principais temas avaliados: as mudanças observadas na temperatura do ar, da terra, do mar, as mudanças observadas nas chuvas, geleiras, oceanos e nível do mar; na composição de GEE e aerossóis presentes na atmosfera; perspectiva histórica e paleoclimáticas sobre a mudança climática; biogeoquímica, ciclo de carbono; modelos e projeções, causas e atribuição da mudança do clima.

ii. GT II - Grupo de Trabalho II (WG II ± em inglês Working Group II), tem o objetivo de avaliar a vulnerabilidade dos sistemas socioeconômicos e naturais à mudança do clima, suas consequências positivas e negativas, e as opções para se adaptar ao impactos gerados. O GT II também avalia informações sobre setores (recursos hídricos; ecossistemas; alimentos e florestas; sistemas costeiros , indústria e saúde humana) e sobre as regiões (África , Ásia , Austrália e Nova Zelândia, Europa, América Latina, América do Norte, regiões polares e as Pequenas Ilhas). Ao realizar sua análise o GT II considera as inter-relações entre desenvolvimento sustentável, vulnerabilidade e estratégias de adaptação.

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66 A Força-Tarefa em Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa (em inglês Task Force I - TFI) foi estabelecida pelo IPCC para supervisionar o Programa de Inventários Nacionais de Gases de Estufa do IPCC (em inglês o National Greenhouse Gas Inventories Programme - NGGIP). Esta força tarefa estabeleceu e mantém um banco de dados sobre fatores de emissão e possui como tarefa principal desenvolver e aperfeiçoar metodologias e softwares internacionalmente acordadas para o cálculo e elaboração de relatórios nacionais de emissões e remoções de GEE nacionais.

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iii. GT III - Grupo de Trabalho III (WG III ± em inglês Working Group III), que tem objetivo de avaliar as opções para mitigar a mudança do clima por meio da limitação, redução da emissão de gases de efeito estufa e aumentando de atividades removem os GEE da atmosfera. O foco de abordagem é voltado para avaliação de soluções, instrumentos e políticas, seus custos e benefícios, avaliando os principais setores econômicos tanto em um curto prazo, quanto em longo prazo. Entre os setores avaliado cita-se: energia, transportes, edifícios, indústria, agricultura, silvicultura & florestas e gestão de resíduos.

Portanto, as avaliações compiladas pelo IPCC auxiliam no entendimento como realizar o tratamento científico da problemática, ou seja, avançando no conhecimento científico para reduzir os níveis de incerteza sobre a problemática, realizando ações para se adaptar aos efeitos adversos decorrentes dos impactos (adaptação) e reduzir as causas da existência do problema por meios de iniciativas de mitigação.

O trabalho do GTI do IPCC para o quinto relatório de avalição adota uma nova séria de cenários para apoiar as projeções de emissões e impactos. Basicamente, definiu 4 novos cenários, que são chamados de Caminhos Representativos de Concentração (em inglês RCP ± Representative Concentration Pathways). Segundo o IPCC estes

incluem séries temporais das emissões e concentrações de todo o conjunto de gases de efeito estufa e aerossóis e gases quimicamente ativos, assim como a de uso da terra/cobertura terra (Moss et al., 2008). A palavra representativo significa que cada RCP fornece apenas um dos muitos cenários possíveis que levariam a características específicas do forçamento radiativo. O termo caminho enfatiza que, não só os níveis de concentração de longo prazo são de interesse, mas também a trajetória feita ao longo do tempo para alcançar aquele resultado. (Moss et al., 2010). (IPCC WGI Fifth Assessment Report: 2013: p. AIII-24).

Estes cenários podem ser identificados pela seu forçamento radiativo total, relativos ao ano de 2100 variando de 2,6 a 8,5 W/m2. Ao contrário dos cenários

trabalhados no quarto relatório de avaliação, os cenários de RCP contemplaram os efeitos de políticas de mitigação ao longo do século. A Tabela 01 apresenta as principais características de cada cenário, em especial qual é o forçamento radiativo e sua tendência, qual é a concentração esperada para 2100, assim como as

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mudanças de temperatura de superfície da terra (média e com variação provável) em graus Celsius em dois cortes temporais para a metade do século (entre os anos 2046 e 2065) e para o fim do século (entre os anos 2081 e 2100).

Forçamento Radiativo

(FR) Tendência do FR

Concentração em 2100

Mudança da temperatura média (oC)

2046-2065 2081-2100

Média Variação Provável Média Variação Provável R CP 2.6 2,6 W/m2 Decrescente em 2100 421 ppm 1,0 0,4-1,6 1,0 0,3-1,7 R CP 4.5 4,5 W/m 2 Estável em 2100 538 ppm 1,4 0,9-2,0 1,8 1,1-2,6 R CP 6.0 6,0 W/m2 Crescente 670 ppm 1,3 0,8-1,8 2,2 1,4-3,1 R CP 8.5 8,5 W/m 2 Crescente 936 ppm 2,0 1,4-2,6 3,7 2,6-4,8

Tabela 01. Cenários RCP do IPCC e suas principais características em relação a forçamento radiativo, concentração e mudança de temperatura média em graus Celsius.

Fonte: Adaptado de IPCC WGI Fifth Assessment Report/SPM (2013) e Fundación Biodiversidad (2013).

De maneira simplificada, pode-se considerar o RCP2.6 também como RCP3, pois a lógica deste é que ocorre um pico 3,0 W/m2 do forçamento radiativo, que em

seguida é reduzido para declina para 2,6 W/m2 no ano de 2100. O RCP2.6 é

considerado o mais baixo, tanto o RCP4.5 quanto RCP6.0 pode ser considerados como os cenários médios, ou seja, médio-baixo e médio-alto respectivamente. A lógica de ambos é de estabilização nos forçamentos radiativos de 4,2 e 6,0 W/m2. Já

o RCP8.5 é considerado o cenário alto, que adota trajetória crescente e atinge 8,3W/m2 em 2100. Segundo o IPCC (2013) o ³SULQFLSDO REMHWLYR GRV FHQiULos é de

fornecer as variáveis de entrada necessárias para executar os modelos climáticos DEUDQJHQWHV D ILP GH FKHJDU D XP DOYR GH IRUoDPHQWR UDGLDWLYR´ ,3&&:*, )LIWK Assessment Report/ Chapter 12: p.18/175)68.

Apesar da evolução dos cenários RCP em relação aos cenários apresentados no quarto relatório de avaliação (IPCC, 2007), ao avaliarmos os dados disponíveis na figura 12 fica evidente que ainda é necessário pesquisar para reduzirmos as incertezas sobre o impacto na temperatura média da superfície. Por exemplo, considerando a margem mais baixa de incerteza, todos os três cenários mais baixos

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