• Nenhum resultado encontrado

Fase 6 Análise e tratamento de dados; Fase 7 Triangulação dos dados recolhidos;

12 Tomada de posição pública sobre os despedimentos na biblioteca Municipal da Nazaré

3.1.1 O C APITAL SOCIAL

Nos últimos anos, surgiram algumas investigações sobre a criação de capital social na comunidade (Moore, 2005), inclusivamente estudos sobre a relação do capital social e a comunidade virtual (Neves, 2012; Bliska, 2007). O capital social é um conceito emergente no campo das Ciências Sociais e Kliksberg (2000) justifica a sua interligação com a cultura pela forma como atua positivamente no desenvolvimento económico e social da sociedade.

Para se realizarem os estudos sobre o capital social foi necessária a caraterização do quadro teórico da comunidade que o rodeia, assim a explicitação do conceito pode ser moldada em diferentes focos de investigação. Por esta razão, foi difícil chegar a um conceito único e integrado de capital social devido à sua caraterística multidimensional (Johnson, 2010; Aabo, Audunson, & Varheim, 2010; Audunson, Varheim, Aabo, & Holm, 2007; Olinto & Medeiros, 2013). Neste trabalho, o conceito foi focado na esfera das Ciências Sociais, que analisou o capital social enquanto capital cultural e capital humano.

As três principais teorias associadas ao conceito de capital social são a de Bourdieu (1980), a de Colemam (1988) e a de Putnam (1995).

Bourdieu pensou o capital social como o conjunto de recursos ligados à posse de redes duradouras, de índole privada, que produzem benefícios sociais exclusivos para os seus detentores. O autor pensou o capital social como um capital financeiro, intelectual, ou físico, em que os agentes sociais investem numa relação social como se ela fosse um aplicativo financeiro e daí retiram um retorno; Colemam e Putnam pensaram o capital social como uma caraterística da comunidade, entendida como rede social, que pode ou não beneficiar as pessoas que vivem na comunidade (Vasconcelos, 2011).

94 A teoria de Putnam (1995) afirmou que o capital social tem origem na participação voluntária dos indivíduos em associações, através de interações informais obtidas, por exemplo, em bibliotecas, nos centros comerciais, etc.:

―features of social organization such as networks, norms, and social trust that facilitate coordination and cooperation for a mutual benefit‖ (Putnam, 1995, p. 67).

O capital social foi entendido por Putnam (1995) como confiança generalizada, considerada muito importante para a vida das pessoas, para o desenvolvimento económico, para a educação e para a saúde, etc. O capital social é entendido como uma organização social, que pode aumentar a eficiência da sociedade ao permitir que os seus participantes ajam conjuntamente. Os participantes não necessitaram de conhecer as pessoas para daí retirarem confiança. Pelo contrário, Cox (1995) apresentou um conceito de capital social em que os indivíduos só geram capital social ao confiar em pessoas que conhecem individualmente.

Putnam (2000) considerou duas formas de capital social: bonding capital e

bridging capital. Na primeira aceção, o capital social deriva de ligações entre pessoas

com laços sociais já estabelecidos, interesses comuns e valores homogéneos, como por exemplo os criados na família, entre vizinhos ou com amigos próximos (Smith, 2009). Portanto criam-se relações que estabelecem laços fortes e com um grau alto de intensidade (Audunson et al., 2007). As redes sociais são indicadores deste tipo de capital social, assim como o apoio social que as pessoas prestam em serviços, nas redes informais.

O capital social de tipo bridging deriva de relações entre diferentes indivíduos e grupos que se unem num consenso para partilhar informação, ideias, etc. Cria-se na comunidade uma estrutura abrangente, mais democrática, onde todos os diferentes indivíduos têm espaço. O papel da sociedade civil é importante, assim como o das organizações de cariz voluntário. A confiança generalizada é então uma caraterística deste tipo de capital social, que pode ser observada pelos níveis de coesão social e pela boa aceitação das redes sociais públicas (Putnam, 1995), também designado de capital social de baixa intensidade (Audunson et al., 2007).

Varheim (2008) sustentou que as várias teorias circunscrevem o capital social às relações sociais, à união entre pessoas, aos grupos, aos indivíduos, à sua interação e à

95 criação de benefícios. As redes sociais apresentam-se como processos valiosos para criarem comunidades e compromissos entre todos e sentimentos de pertença, permitem experiências de confiança e de tolerância. Uma sociedade de indivíduos que mantêm relações sociais recíprocas e confiança entre eles criam capital social.

Putnam, Feldstein, & Cohen (2003) defenderam a importância do capital social e a sua relação com a qualidade da vida cívica no desenvolvimento da sociedade democrática. O capital social é o que permite aos cidadãos resolver problemas coletivos com mais facilidade, cooperar melhor e ter mais confiança. Os autores citaram vários casos exemplificativos, entre eles The Dudley Street Neighborhood Initiative46, uma iniciativa de um bairro em Boston em que os moradores colaboram com empresas, organizações sem fins lucrativos e membros de instituições religiosas, no sentido de reabilitação social, económica, ambiental e cultural da comunidade.

Putnam et al. (2003) demonstraram que a comunidade opera dentro de si mesma para construir o capital social que vem dos membros da comunidade em oposição aos líderes exteriores. O capital social é desenvolvido sem a colaboração do Estado, e a sociedade civil por si resolve as questões públicas, ou seja, a partir de dentro da própria comunidade encontra solução para os problemas comunitários. No Bowling Alone: The

Collapse and Revival of American Community, Putnam (2000) chamou atenção para a

situação nos EUA, nas últimas décadas do século XX, em que houve uma quebra significativa na participação ativa em associações e um aumento em atividades de lazer individual, o que levou ao enfraquecimento do capital social. Para chegar a estas conclusões, Putnam (2001) propôs formas de medição do capital social, através de indicadores de participação e de adesão formal a redes, estudando casos concretos, como por exemplo o comportamento das comunidades nas Bibliotecas Públicas de Chicago.

Sintetizando, as componentes principais do capital social são a criação de redes fortes, a criação de compromisso cívico através das redes sociais, a criação de ligações pessoais e na comunidade, e a criação de confiança e a reciprocidade individual ou comunitária (Neves, 2012). Pode existir compatibilidade entre as duas formas de conceber o capital social, desde que estejam em harmonia e em equilíbrio na sociedade.

46

96

3.1.2OC

APITAL SOCIAL E A BIBLIOTECA

LOCAL DE ENCONTRO

A biblioteca pública foi alvo de alguns estudos sobre o capital social, como instituição universalista (espaços abertos, desenvolvimento de coleções diversificadas, múltiplos destinatários, etc.) foi considerada um lugar de reunião de pessoas e de promoção de relações de confiança. A biblioteca pública foi convidada a cumprir-se como praça, a ser o local de encontro por excelência da comunidade.

A sociedade é complexa e fragmentada, prosperando o multiculturalismo e as atividades em ambientes diversos. Na diversidade das comunidades existentes (urbanas, periféricas aos grandes centros, rurais, etc.) é necessário um espaço físico que promova a comunicação entre os indivíduos e interligue as diferentes normas, interesses e valores de que são portadores. A biblioteca como espaço público pode apresentar-se como um lugar de comunicação, um lugar de encontro, desenvolvendo dinâmicas de envolvimento da comunidade. A biblioteca pública é um local nomeado como “praça de cidadania” (Audunson, 2006; Aabo & Audunson, 2012) ao oferecer distintos serviços e espaços à sua comunidade.

As bibliotecas têm desempenhado um papel importante nas comunidades, um pouco por todo o mundo, são um orgulho cívico e um símbolo de maturidade da comunidade. Existem estudos que caracterizaram a atuação das bibliotecas, sob o ponto de vista de desenvolvimento do capital social, os benefícios que trazem à comunidade no seu conjunto e aos indivíduos em particular (Bundy, 2003). Vários autores exploraram a relação entre o capital social e a biblioteca pública através de variáveis que podem ser identificadas e medidas, como as relações pessoais criadas e as interações sociais, os espaços de encontro seguros e confiáveis que elas assumem e que permitem o desenvolvimento de relações positivas entre os cidadãos. Apesar disto, não existem muitos estudos empíricos, e os que existem são muito diferenciados, ou colocando a tónica em estudos com entrevistas aos utilizadores ou baseando-se exclusivamente em dados quantitativos.

Na revisão da literatura, encontraram-se três linhas de investigação sobre a geração de capital social pelas bibliotecas, uma mais focalizada no tema das relações sociais experimentadas na biblioteca como local de encontro privilegiado, outra linha com o tema da biblioteca pública como local seguro e confiável, e por fim, uma linha

97 mais centrada na necessidade de políticas públicas para que a biblioteca possa agir em conformidade na criação de capital social.

Quanto à primeira linha, destacou-se a investigação de Griffis & Johnson (2013) que realizaram um estudo qualitativo em bibliotecas públicas rurais de Ontário (Canadá) para identificar na biblioteca pública níveis de capital social. Os dados sugeriram que as bibliotecas rurais têm potencial para criar capital social, mas a sobreposição de outras redes sociais, torna redundante a influência da biblioteca. Além disso, muitos dos mecanismos que ajudam as bibliotecas a aumentar um sentimento de coesão e inclusão social entre os utilizadores resultam em exclusão, por exemplo, se alguns dos membros da comunidade não se encaixam no perfil desenhado para o “utilizador da biblioteca”. De qualquer maneira, este estudo sugeriu que as bibliotecas simbolizam a identidade local, oferecem oportunidades de socialização que resultam na troca de informações, ajudam a integrar as minorias culturais e os recém-chegados à comunidade.

Ainda nesta linha de investigação, Audunson, Varheim, Aabo, & Holm (2007) e Aabo et al. (2010) efetuaram estudos empíricos, através do projeto de investigação PLACE (Public Library – Arena for Citizenship)47, em municípios, na vizinhança da cidade de Oslo (Noruega). Pretenderam saber como é que a biblioteca se comporta enquanto local de encontro e espaço de reuniões, para concluir o seu potencial na construção de capital social e na promoção de confiança generalizada na sociedade. Chegaram à conclusão que a biblioteca tanto pode ser um local de alta ou de baixa intensidade. A noção de local de reunião de baixa intensidade é relacionada com a exposição dos indivíduos a outros valores, culturas e interesses diferentes dos seus, contribuindo para estabelecimento do multiculturalismo e da confiança generalizada. Os locais de alta intensidade estão relacionados com as relações dos indivíduos com os mesmos valores e interesses, que permitem criar uma identidade na comunidade.

Nos resultados obtidos, as bibliotecas públicas são identificadas como espaços distintos de local de encontro:

―in the communities under study are used for a variety of meetings. The library is a meeting place functioning as a square, a place where people learn something about those different from themselves,

47Disponível em:

98

a public sphere, and a place for joint activities, meta meetings, and virtual meetings. The library appears to be a place, where in a safe environment and in an unobtrusive way, people are exposed to the complexity of the digital and multicultural society and learn something about multiculturalism‖. (Aabo et al., 2010, p. 29)

As bibliotecas públicas representam dois tipos diferentes de local de encontro, umas vezes como local de reunião entre indivíduos de uma comunidade (com escritores locais, políticos), como local de reunião casual e informal entre amigos e vizinhos, como local de procura de informação sobre atividades da comunidade e sobre questões sociais e comunitárias em que estão envolvidos; outras vezes, como local de encontro com desconhecidos e com pessoas de outras culturas. Oscilam entre espaços públicos com baixa intensidade e com alta intensidade, produzindo encontros com criação de confiança generalizada e, consequentemente, capital social.

Os investigadores concluíram que o próprio edifício físico onde está a biblioteca pública tem caraterísticas que lhe permite acolher e incluir diferentes públicos e portanto proporcionar relações sociais de alta intensidade, proporcionar espaços que cruzam culturas distintas e assim possibilitar o nascimento de relações sociais intensas e de mais coesão social.

Varheim (2008a) referiu que as diferentes teorias de capital social implicam diferentes mecanismos para a geração de capital social e diferentes papéis para as bibliotecas públicas. Os primeiros estudos realizados nesta área sustentaram que o capital social nasce na participação das associações voluntárias (Putnam, 2001), mas estudos empíricos recentes enfatizaram a importância das instituições públicas na criação do capital social.

Dentro do grupo das instituições ditas públicas, as bibliotecas públicas tornam-se casos de estudo interessantes para investigação, em primeiro lugar, porque são instituições públicas com políticas universalistas, e em segundo, porque são espaços abertos e têm serviços para toda a comunidade (Varheim, 2008). A biblioteca é uma instituição onde todos, mesmo provenientes de estatutos sociais diferentes, são bem- vindos, e podem gerar confiança generalizada através de situações informais, por exemplo, nas seções infantis entre pais e filhos, ou nos encontros com grupos específicos (os imigrantes e os sem-abrigo) (Varheim, Steinmo, & Ide, 2008). A

99 confiança gera confiança e as iniciativas da biblioteca são baseadas na confiança que foi construindo na sua comunidade.

Varheim (2014) apresentou um trabalho desenvolvido numa cidade do Norte da Noruega sobre a confiança e o papel da biblioteca pública na integração de refugiados. Comparando com outros estudos que já tinha efetuado no passado, discutiu como as bibliotecas públicas contribuem para a geração de capital social e confiança social entre os refugiados que participam em programas na biblioteca pública (aprendizagem da língua e cultura norueguesa), porque facilitam e estimulam os processos de criação de confiança, tornando a integração social menos traumática. O autor ainda não estudou os efeitos de confiança a longo prazo dos programas das bibliotecas e referiu que tem que combinar os seus trabalhos com outros estudos, nomeadamente incluindo grupos de refugiados não utilizadores dos programas das bibliotecas para controle, e assim ampliar e fortalecer as implicações teóricas dos resultados.

Gong, Japzon, & Chen (2008) realizaram um estudo empírico em Nova Iorque sobre indicadores de capital social através da frequência de bibliotecas pelos habitantes. Uma das conclusões foi que em bibliotecas com maior diversidade étnica e menor discriminação é mais fácil a criação de capital social devido à interação entre as pessoas de etnias diferentes.

Relativamente à segunda linha de investigação, mereceram destaque os trabalhos de Cox e Swinbourne (2000) que desenvolveram investigações em dez bibliotecas de zonas suburbanas e rurais de New South Wales (Sydney, Austrália). Estudaram como as bibliotecas públicas fazem e contribuem para a produção de capital social nas comunidades em que estão localizadas. Os autores sugeriram que os espaços físicos das bibliotecas oferecem possibilidades que contribuem para a coesão social, ao partilhar com os diversos grupos da comunidade, ao oferecer diversos serviços, ao criar e ampliar relações pessoais positivas entre indivíduos e grupos. O estudo mostrou que os espaços das bibliotecas são considerados seguros e de confiança pela comunidade. Os edifícios da biblioteca são uma base de desenvolvimento de boas relações entre os diversos grupos e o capital social é gerado como um subproduto destas interações. As descobertas mais importantes neste estudo sobre o espaço da biblioteca relacionaram-se com os fatores de confiança e de segurança. As relações entre trabalhadores da biblioteca e os utilizadores têm por base a confiança, assim como a utilização dos

100 espaços para encontros. Nesta investigação, o papel social da biblioteca pública foi reforçado. A biblioteca é considerada um local seguro para o encontro entre diferentes grupos, na mesma comunidade e um local facilitador de interação social.

Igualmente, para criar capital social em qualquer outra biblioteca pode explorar- se esta faceta de local de encontro aumentando a participação da comunidade em programas e projetos que impliquem o todo. A tarefa de resolução de problemas é uma atividade do coletivo, proporcionando confiança entre as pessoas e a instituição (Mangas, 2010).

A partir da ideia da biblioteca como local de encontro, Hillenbrand (2004) levantou questões sobre o sentimento de confiança que a biblioteca pública transmite aos utilizadores e aos não utilizadores. A sua investigação, focada nas bibliotecas australianas, referiu que a maioria dos utilizadores recorrem às bibliotecas para procurar serviços básicos tradicionais (procura de informação, leitura presencial, utilização dos computadores) e apenas uma percentagem pequena de indivíduos recorre a atividades diferentes, como por exemplo, a utilização da biblioteca enquanto espaço comunitário e de lazer. O capital social é gerado pelas bibliotecas através de criação de pontes entre os grupos multiculturais existentes na comunidade e a interação entre pessoas que não se conheciam.

A linha de investigação debruçada sobre a necessidade de existirem políticas do Estado que devolvam à biblioteca pública um papel preponderante na sociedade foi desenvolvida, sobretudo nos últimos anos, por investigadores um pouco por todo o mundo.

Na Austrália, Bundy (2003) reconheceu que as bibliotecas públicas não podem por si alcançar valor social, cultural e informativo. Para obter a capacidade de construir capital social necessitam de apoio financeiro e político por parte do Estado. O investimento do governo nas bibliotecas públicas é muito importante, assim como o envolvimento dos profissionais das bibliotecas no processo de tomada de decisão e de gestão nas atividades da biblioteca, nomeadamente nas atividades mais sociais direcionadas à comunidade.

Maciel Filho & et al. (2009), no Brasil, efetuaram uma análise estatística das atividades das bibliotecas públicas de Pernambuco, de 1998 a 2007, e detetaram

101 oportunidades de desenvolvimento de políticas públicas nas bibliotecas e a sua contribuição para a criação de capital social e para o desenvolvimento local. Demonstraram a necessidade de políticas públicas direcionadas às bibliotecas públicas para fortalecer a geração de capital social na comunidade e, deste modo, destacaram a biblioteca pública como instituição eleita para assumir esta função (Maciel Filho, 2010).

Ainda a propósito de bibliotecas brasileiras, Arruda (2013), no estudo comparativo entre bibliotecas públicas, uma situada no Porto (Portugal) e outra em Belém do Pará (Brasil), sugere:

―Muitos desses utilizadores estão já reformados, ou seja, aposentados, mas sentem-se atuantes nas atividades de leitura, de navegação na Internet e especialmente por encontrarem amigos na biblioteca. Também é comum ouvir de jovens universitários que vêm à biblioteca para desfrutar do espaço físico confortável, propício à concentração necessária aos seus estudos, e também para encontrar os amigos. Ir à biblioteca significa estudar e também se divertir, segundo alguns desses jovens universitários.‖ (p. 244)

A investigadora inquiriu muitos utilizadores e percebeu que a biblioteca pública é um excelente ponto de encontro entre utilizadores de todas as idades, não só para estudar mas também para conviver.

Na Dinamarca, Svendsen (2013) estudou bibliotecas de zonas rurais em 2009 para identificar como o capital social foi gerado nessas instituições, realizando um inquérito direcionado a profissionais de bibliotecas de sessenta e dois municípios. Propôs que para além dos dois tipos de capital social já apresentados - o que estreita laços (bonding) e o que estende pontes (bridging) - se inclua um terceiro, o capital

social institucional. Este género de capital refere-se a atividades realizadas pela

biblioteca que promovem a colaboração desta com outras instituições da comunidade: escolas, instituições locais e associações voluntárias. O autor considerou que os três tipos de capital social devem ser objeto de estudo com o propósito de convencer a classe política do valor e do reconhecimento do capital social gerado pelas bibliotecas.

Na continuação dos estudos sobre a questão de saber se a biblioteca pública se identifica como local de encontro, os investigadores Given, Lisa & Leckie (2006)

102 utilizaram o método de observação de espaços sociais, denominado “seating sweeps”48, para estudar o uso que as pessoas fazem das bibliotecas públicas em duas grandes cidades no Canadá: Toronto Reference Library e Vancouver Public Library – Central Library. Este projeto analisou as bibliotecas públicas e os papéis que desempenham na promoção e na manutenção de uma cultura pública nas grandes cidades. Este estudo mostrou a diversidade de comportamentos dos utilizadores e das atividades no interior da biblioteca, mesmo em conflito com as normas e padrões estabelecidos tradicionalmente por ela. Mostrou que existem inúmeros espaços sociais dinâmicos, onde as pessoas estão envolvidas numa variedade de atividades: desde conversar enquanto se come e se faz um intervalo, até às atividades mais tradicionais de ler e procurar informação. Dado que um dos objetivos da biblioteca é atrair novos utilizadores, os investigadores propuseram que a biblioteca atenda às necessidades reais e às expetativas que os utilizadores demonstram. A biblioteca enquanto lugar social -

local de encontro - deve ter sempre presente as múltiplas atividades e as interações que

ocorrem nela (Gazo, 2009).

Ainda no Canadá, Gazo (2005) entrevistou eleitos municipais sobre os papéis que a biblioteca pública desempenha. Quanto ao papel social, alguns autarcas de