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Sumário

Capítulo 5 – Aplicação prática: este capítulo apresenta os estudos de caso referentes

5 Aplicação prática

A descrição da aplicação prática do modelo proposto e a sua avaliação por especialistas foi realizada por meio de estudos de caso em duas empresas de grande porte, fabricantes de produtos complexos, cuja base de suprimento fornece uma ampla variedade de itens. As descrições são apresentadas com a mesma estrutura de texto da apresentação do modelo feito no capítulo anterior.

5.1 Empresa A

A empresa A é uma multinacional, com mais de oitenta anos de história na fabricação de equipamentos de construção e mineração. Ela está presente no Brasil desde os anos 1950’s, onde emprega mais de 5.000 funcionários, na planta visitada. Esta operação da empresa A, onde trabalha o especialista de suprimentos entrevistado, é reconhecida pela excelência em gestão, com os certificados ISO 9001, ISO 14001, MRP II Classe A, Excelência Operacional e a conquista do Prêmio Nacional da Qualidade.

A empresa A desenvolve máquinas complexas, com milhares de componentes. Grande parte destes é comprada de uma grande diversidade de fornecedores. Os itens vão de pequenos parafusos padronizados até complexos subsistemas, como: cabines, chassis etc. Os fornecedores também são bastante variados de pequenas empresas a grandes parceiros que atuam conjuntamente no desenvolvimento de novos produtos. Desta forma, esta organização mostra-se bastante adequada para a aplicação prática do modelo.

O processo de compras de material direto da empresa é dividido em importados e nacionais. Para os primeiros, a seleção e o desenvolvimento dos fornecedores são atribuídas as outras operações da empresa espalhadas pelo mundo. As compras nacionais, que são de responsabilidade da operação visitada, estão organizadas em três áreas: conjuntos soldados,

peças fundidas e componentes. Os conjuntos soldados são módulos como: chassis, cabines e estruturas em geral formados com a união por solda de diversas partes. As peças fundidas são elementos específicos obtidos pelo processo de fundição, como: proteções e caixa de diferencial. Os componentes são de maneira geral itens simples e padronizados como: peças não metálicas, parafusos e peças prensadas e dobradas. A gestão de cada uma dessas três áreas possui profissionais de compras, planejamento de materiais, qualidade e desenvolvimento do fornecedor.

A Figura 65 mostra a organização do processo de compras da empresa, com as três áreas nacionais e a divisão de itens importados.

Figura 65 – Organização do processo de compras na Empresa A

Fonte: Proposto pelo autor.

O especialista entrevistado é black belt certificado para programas de melhoria seis sigma, com a atribuição de engenheiro de desenvolvimento de fornecedores de conjuntos soldados. Sua experiência com os processos da empresa A foram acumulados nos aproximadamente 25 anos de carreira dentro da organização. As análises de itens e fornecedores apresentados nas seções seguintes são baseadas nas percepções deste profissional.

As entrevistas foram realizadas em dois dias, com o deslocamento do pesquisador para as instalações da empresa, por meio de recursos da FAPESP. Inicialmente, o modelo foi

Itens comprados • Chassis • Cabines • Estruturas em geral Conjuntos soldados • Proteções • Caixa de diferencial Peças fundidas • Parafusos • Peças não metálicas • Peças dobradas

Componentes

apresentado para o especialista, por meio do protocolo de coleta de dados (Apêndice A). Posteriormente, os seis itens e seis fornecedores foram avaliados de acordo com os critérios do modelo. A escolha desses itens e fornecedores se baseam na área de responsabilidade do especialista.

5.1.1 Análise e classificação de itens fornecidos

Na aplicação prática do modelo com dados da empresa A, seis itens foram avaliados pelo especialista de desenvolvimento de fornecedores. Esses itens são classificados pelo modelo nas quatro categorias propostas por Kraljic (1983): não críticos, alavancados, gargalos e estratégicos. Para manter sigilo, os itens são identificados por números.

5.1.1.1 FIS Complexidade do mercado fornecedor

A complexidade do mercado fornecedor foi classificada nos padrões low e high, conforme discutido na seção 4.1.1.1. Ou seja, esses padrões são determinados de acordo com as quatro variáveis de entrada do FIS. O especialista da empresa fez uma avaliação da cada variável para os seis itens comprados, de acordo com seus aspectos importantes, listados no Quadro 11. Para o item 1, por exemplo, que é um conjunto complexo responsável diretamente pela proteção, conforto e interface do operador com a máquina, as notas foram:

Concentração do mercado fornecedor: 7,0. Poucas empresas são competentes para

atender os níveis de qualidade e especificações exigidos para o item. Apenas três empresas fornecem esse conjunto, duas nacionais e uma no exterior.

Barreiras de entrada no mercado fornecedor: 7,0. As exigências de normas e

especificações de qualidade representam as maiores barreiras de entrada, pois representam altos investimentos. Um dos fornecedores nacionais foi desenvolvido pela empresa para diminuir a dependência em relação a um único fornecedor local, dual sourcing (Banas Qualidade, 2012).

Possibilidade de substituição: 3,0. Enquanto os operadores trabalharem dentro das

conforto. A substituição ocorreria com as máquinas operadas à distância. Apesar desta tecnologia estar disponível para alguns poucos casos, a grande maioria das máquinas é operada com um operador presente no veículo.

Integração na geração das especificações: 8,0. A empresa A lidera o processo de

desenvolvimento do conjunto fornecido, entretanto, há uma ampla participação dos engenheiros das empresas fornecedoras na formação das equipes responsáveis pela determinação das especificações de cada versão de projeto do item 1.

Essas notas atribuídas para as variáveis de entrada do FIS levam a uma alta (high) complexidade do mercado fornecedor para o item 1, conforme mostrado na Figura 66. O gráfico da figura mostra o termo high ativado, sinalizado pelo triângulo azul abaixo. Devido ao método de defuzzificação MoM, o valor de saída é o valor médio dos pontos com maior grau de pertinência do termo mais ativado, que é o resultado mais plausível.

Figura 66 – Janela da variável de saída do FIS complexidade do mercado fornecedor

Fonte: Proposto pelo autor.

De forma semelhante, as variáveis de mercado dos outros 5 itens comprados foram avaliados pelo especialista da empresa. O Quadro 34 apresenta a descrição de cada um dos itens. A Tabela 1 mostra de maneira sintetizada as notas de cada variável e a classificação da complexidade do mercado fornecedor para todos os itens analisados.

Quadro 34 – Descrição dos itens comprados analisados na empresa A

Item Descrição

1

Conjunto complexo responsável diretamente pela proteção, conforto e interface do operador com a máquina.