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DA APLICABILIDADE DA PENA ACESSÓRIA DE PROIBIÇÃO DE CONDUZIR VEÍCULOS A MOTOR NO CRIME DE CONDUÇÃO SEM HABILITAÇÃO LEGAL

No documento Direito Estradal (páginas 121-129)

A PENA ACESSÓRIA DE PROIBIÇÃO DE CONDUZIR VEÍCULOS MOTORIZADOS NO CRIME DE CONDUÇÃO SEM HABILITAÇÃO LEGAL E NOS CRIMES POR NEGLIGÊNCIA

V. DA APLICABILIDADE DA PENA ACESSÓRIA DE PROIBIÇÃO DE CONDUZIR VEÍCULOS A MOTOR NO CRIME DE CONDUÇÃO SEM HABILITAÇÃO LEGAL

No que respeita à aplicação da pena acessória de proibição de conduzir veículos a motor a quem pratica crime de condução sem habilitação legal, levanta-se desde logo um problema lógico, isto é, como se compreende que se aplique uma pena acessória de proibição de conduzir a quem, por natureza, não pode conduzir?

Esta questão foi desde logo colocada no seio da comissão que procedeu à revisão de 1995 do Código Penal, ficando desde logo assente que a pena acessória aplica-se a quem não for titular de licença de condução18.

Assim, poderemos frisar que estava no espírito de quem elaborou a versão revista do Código Penal em 1995 a aplicabilidade a quem não era titular da licença de condução19.

Por outro lado, existe um outro fundamento para podermos concluir que tal pena é aplicável a quem não tem licença de condução. De acordo com o Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de Fevereiro, que aprovou o Código da Estrada, no seu artigo 126.º, são estabelecidos os requisitos necessários para a obtenção de títulos de condução. No n.º 1 desse preceito legal estabelece-se que “1 – Pode obter título de condução quem satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos: a) Possua a idade mínima de acordo com a categoria a que pretenda habilitar-se; b) Tenha a necessária aptidão física, mental e psicológica; c) Tenha residência em território nacional; d) Não esteja a cumprir proibição ou inibição de conduzir ou medida de segurança de interdição de concessão de carta de condução; e) tenha sido aprovado no respectivo exame de condução; f) Saiba ler e escrever.” – Sublinhado nosso.

Repare-se que o legislador teve o cuidado de distinguir a proibição, a inibição e a medida de segurança. Assim, não existem dúvidas que o legislador ao falar em proibição estava a referir-se à pena acessória.

Com isto queremos dizer que, mais uma vez, o legislador teve a intenção de deixar bem claro que a pena acessória de proibição de conduzir é aplicável a quem não tiver título de condução. E tanto assim é que, segundo o preceito legal acabado de mencionar, só pode obter o título de condução quem não estiver a cumprir uma pena acessória, isto é,

18 Código Penal – Actas e Projecto da Comissão de Revisão, Ministério da Justiça, 1993, Acta n.º 8, p. 75 e 76, onde se diz “(…) Vai-se proibir, como pena acessória, quem não tem licença de condução? (…) O Senhor Professor FIGUEIREDO DIAS justificou a necessidade de tal pena acessória mesmo para os não titulares, para

obviar a um tratamento desigual que adviria da sua não punição. A comissão, frisando que esta pena também se aplica aos não titulares de licença de condução (…)”

19 Esta mesma solução foi a encontrada pela jurisprudência espanhola que se debateu com o mesmo problema. Tal como diz FRANCISCO MARTÍN UCLÉS, in Aspectos Jurídicos y Policiales de la Alcoholemia, Tirant lo Blanch Editora, Valência, 2003, p. 51 “La Jurisprudencia ha venido interpretando así la privación del

permiso y la imposibilidad de obtenerlo por el tiempo que se fije en la sentencia, al entender el Tribunal Supremo que en caso contrario se produciría un beneficio para las personas que no poseyeran autorización para conducir, frente a los que cometiesen un delito contra la seguridad del tráfico teniendo permiso de conducción.”.

tendo sido aplicada uma pena acessória a quem não for titular de título de condução só depois de cumprida essa pena é que poderá obter tal título.

Mas o legislador não se ficou por aqui. Recentemente, entrou em vigor o Decreto-Lei n.º 98/2006, de 6 de Junho que regula o registo de infracções de não condutores. Neste diploma legal o legislador, no artigo 4.º20, enumera vários elementos que deverão constar no registo de infracções do não condutor e, um dos elementos que o legislador diz que deverá constar dos ficheiros é a pena acessória aplicada pelo tribunal relativa a crimes praticados no exercício da condução.

Perante isto, não restam dúvidas que é intenção do legislador que se aplique a pena acessória de proibição de conduzir a quem não possuir título de condução.

Por outro lado, torna-se premente fazer uma breve alusão à forma como tal pena acessória de proibição de conduzir veículos a motor se executa, atendo ao facto de o cidadão em causa não ser titular de título de condução.

De acordo com o disposto no artigo 69.º, n.º 2, do Código Penal, “A proibição produz efeitos a partir do trânsito em julgado da decisão e pode abranger a condução de veículos com motor de qualquer categoria”.

20 Diz o artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 98/2006, de 6 de Junho que “1—O RIO é um ficheiro constituído por dados

relativos :a) À identificação da pessoa, singular ou colectiva, responsável pela prática da infracção; b) A cada infracção praticada em território nacional, punida com sanção acessória de apreensão de veículo em substituição da sanção acessória de inibição de conduzir; c) A cada infracção ao regime jurídico do ensino da condução e exames punida com sanção acessória; d) A cada infracção ao regime jurídico relativo à actividade de inspecção técnica de veículos a motor e seus reboques punida com sanção acessória; e) À condenação por crime praticado em território nacional, no exercício da condução por pessoa não habilitada para a condução. 2—São dados de identificação da pessoa, singular ou colectiva, responsável pela prática da infracção: a) O nome ou a denominação social; b) A residência ou a sede; c) O número de bilhete de identidade, quando se trate de pessoa singular; d) O número de identificação fiscal, quando se trate de pessoa colectiva. 3—Relativamente às infracções mencionadas nas alíneas b) a d) do n.º 1 praticadas em território nacional, são recolhidos os seguintes dados: a) Número do auto; b) Entidade autuante; c) Data da infracção; d) Código da infracção; e) Diploma legal e norma infringida, quando não exista código de infracção; f) Data da notificação da decisão condenatória; g) Entidade decisória; h) Período de apreensão do veículo, da suspensão da licença de instrutor, de subdirector e de director de escola de condução, da interdição do exercício da actividade do responsável do centro de exames, da revogação da credencial de examinador e da interdição do seu exercício e suspensão da actividade da entidade autorizada, do centro de inspecções técnicas de veículos e seus reboques e do inspector; i) Data de início do período de cumprimento da sanção acessória; j) Data do fim do período do cumprimento da sanção acessória; l) Suspensão de execução da sanção acessória; m) Período de suspensão; n) Data de início do período de suspensão; o) Data do fim do período de suspensão; p) Substituição por caução; q) Valor da caução; r) Data da prestação da caução; s) Substituição por frequência de acção de formação ou de actualização; t) Data de início da frequência de acção de formação ou de actualização; u) Data do fim da frequência de acção de formação ou de actualização. 4—Relativamente a cada crime praticado no exercício da condução e no exercício de actividade profissional autorizada, titulada por alvará ou licenciada pela DGV, ou pelos serviços competentes nas Regiões Autónomas, são recolhidos os seguintes dados: a) Infracção praticada; b) Data da infracção; c) Data da decisão condenatória; d) Número do processo; e) Tribunal de condenação; f) Medidas de segurança ou penas acessórias aplicadas; g) Período de suspensão da pena acessória; h) Data de início do período de suspensão da pena acessória; i) Data do fim do período de suspensão da pena acessória; j) Caução arbitrada; l) Valor da caução; m) Período de interdição da medida de segurança. 5—Os dados mencionados nas alíneas j) e l) do número anterior só são recolhidos quando a sentença condenar na pena acessória ou medida de segurança nele referida.”.

Por outro lado, de acordo com o disposto no artigo 467.º, n.º 1, do Código de Processo Penal “As decisões penais condenatórias transitadas em julgado têm força executiva em todo o território português (…)”.

Ainda dentro da execução das penas, rege o artigo 500.º, n.º 2, do mesmo Código de Processo Penal, que o condenado deve entregar no tribunal, ou em qualquer posto policial, no prazo aí referido, a licença de condução, se a mesma não se encontrar já apreendida nos autos.

Feita esta breve incursão pelos preceitos legais, a nosso ver, pertinentes para esta matéria, dúvidas não há de que a proibição de conduzir produz efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória respectiva, pressupondo a entrega efectiva da licença de condução, no prazo de 10 dias, contados daquele trânsito em julgado e se assim não acontecer, voluntariamente, impõe-se ao tribunal a respectiva apreensão.

Assim, podemos inferir daqui que, no caso de a licença de condução não estar apreendida nos autos, o cumprimento da pena acessória só se inicia no momento em que o condenado deixa de estar na posse da licença de condução, apenas se iniciando com o trânsito em julgado da sentença, quando a carta de condução já estiver apreendida nos autos21.

Ora, tal solução tem sempre por base o facto de o condenado ser titular de carta de condução. Mas, quid iuris se o condenado não for titular de carta de condução? Esta questão é pertinente porque o condenado não pode entregar o título de condução, tal como se referiu supra, porque não é possuidor de tal título. Ninguém pode entregar aquilo que não tem.

É nosso entendimento que a condenação em pena acessória de proibição de conduzir a quem não for titular de licença ou carta de condução, terá todas as suas virtualidades, com excepção da obrigação de entrega desse título no tribunal ou posto policial como exige a lei.

Assim, e em conclusão, a execução de tal pena acessória começa com o trânsito em julgado da decisão que a aplicou, não sendo necessário ao condenado qualquer tipo de comportamento para a tornar exequível22.

Contudo, todas as razões supra mencionadas não são suficientes para que se possa dizer com segurança que a pena acessória em causa é aplicável a quem cometeu o crime de condução sem habilitação legal.

21 Esta solução não é nada pacífica na jurisprudência contudo, entendemos que esta será a melhor solução do ponto de vista jurídico-penal.

22 Como é evidente, tal como já referimos, essa condenação terá de ser comunicada para os efeitos do Decreto Lei n.º 98/2006, de 6 de Junho, á entidade competente e, por outro lado, fará com que o condenado, durante o período da condenação não possa obter titulo de condução nos termos do artigo 126.º, n.º 1, alínea d), do Código da Estrada.

Tal como diz Germano Marques da Silva23, “Importa antes de mais anotar que esta pena acessória não é apenas aplicável aos crimes rodoviários previstos nos artºs 291º e 292º, mas a quaisquer crimes cometidos no exercício da condução ou com utilização de veículos motorizados, desde que se verifiquem os demais pressupostos previstos no n.º 1 do artº 69º.”24.

Ora, assim sendo, não restam dúvidas que a aplicação da pena acessória não se restringe apenas aos crimes rodoviários previstos nos artigos 291.º e 292.º do Código Penal, mas sim a todos os crimes rodoviários, desde que se verifiquem os demais pressupostos previstos no artigo 69.º, n.º 1, do Código Penal.

No âmbito dos crimes rodoviários encontra-se o crime de condução sem habilitação legal25.

Mas qual a razão de ser da aplicação da pena acessória de inibição de conduzir aos crimes rodoviários?

Figueiredo Dias26, referindo-se à pena acessória de proibição de conduzir refere que “As razões político-criminais que justificam a aludida necessidade e urgência de uma regulamentação deste tipo são (infelizmente) por demais óbvias entre nós para que precisem de ser especialmente encarecidas. Se, como se acentuou, pressuposto material de aplicação desta pena deve ser que o exercício da condução se tenha revelado, no caso, especialmente censurável, então essa circunstância vai elevar o limite da culpa do (ou pelo) facto. Por isso, à proibição de conduzir deve também assinalar-se (e pedir-se) um efeito de prevenção geral de intimidação, que não terá em si nada de ilegítimo porque só pode funcionar dentro do limite da culpa (…). Por fim, mas não por último, deve esperar-se desta pena acessória que contribua, em medida significativa, para a emenda cívica do condutor imprudente ou leviano.”.

As razões politico-criminais de que fala o insigne Professor, chamam à colação os bens jurídicos protegidos com as incriminações em crise, isto é, os bens jurídicos protegidos nos crimes rodoviários em causa, rectius, no crime de condução sem habilitação legal.

23 GERMANO MARQUES DA SILVA, in Crimes Rodoviários – Pena Acessória e Medidas de segurança, Universidade Católica Editora, 1996, p. 30.

24 Importa referir que quando o autor fala em crime cometido no exercício da condução refere-se à anterior redacção da alínea a) do n.º 1 do artigo 69.º, que nos dizia que “a) Por crime cometido no exercício da

condução de veículo motorizado com grave violação das regras do trânsito rodoviário”.

25 Aliás, o mesmo se aplica aos homicídios negligentes e ofensas à integridade física negligentes cometidos no âmbito do trânsito rodoviário. De particular importância para a definição das infracções rodoviárias com relevo, é a Convenção Europeia para a Repressão das Infracções Rodoviárias, celebrada em Estrasburgo, em 30 de Novembro de 1964, subscrita por Portugal, segundo a qual, tal como consta do seu anexo I, consideram-se infracções rodoviárias, entre outras, os homicídios involuntários ou ofensas corporais involuntárias causadas no âmbito do trânsito rodoviário, a fuga após acidente (o que nos suscita a eventual aplicabilidade da pena acessória de inibição de conduzir aos crimes de omissão de auxilio consequentes de um “acidente” rodoviário) e a falta de habilitação legal do condutor.

26 Jorge de Figueiredo Dias, in Direito Penal Português – As Consequências Jurídicas do Crime, Noticias Editorial, 1993, p. 165.

Com tudo isto que acabamos de referir apenas queremos responder à seguinte questão – não serão os mesmos motivos que levam o legislador a dizer que se deverá ponderar a aplicação da pena acessória de inibição de conduzir, por exemplo, aos crimes previstos nos artigos 291.º e 292.º do Código Penal27 e ao crime de condução sem habilitação legal? Tal como vimos, o bem jurídico protegido com a incriminação da condução sem habilitação legal é, em primeira linha, a segurança rodoviária e, em segunda linha, a vida, a integridade física, a liberdade e o património.

Por seu turno, no crime de condução perigosa de veículo rodoviário, previsto e punido pelo artigo 291.º do Código Penal, segundo Paula Ribeiro de Faria28 “(…) pretendeu-se evitar, ou pelo menos, manter dentro de certos limites, a sinistralidade rodoviária, que tem vindo a aumentar assustadoramente no nosso país nos últimos anos, punindo todas aquelas condutas que se mostrem susceptíveis de lesar a segurança deste tipo de circulação, e que, ao mesmo tempo, coloquem em perigo a vida, a integridade física ou bens patrimoniais alheios de valor elevado.”

Da mesma forma, segundo a mesma autora29, referindo-se ao crime de condução de veículo em estado de embriaguez, previsto e punido pelo artigo 292.º do Código Penal, nos diz que “Em causa está mais uma vez a segurança da circulação rodoviária, se bem que indirectamente se protejam outros bens jurídicos que se prendem com a segurança das pessoas face ao trânsito de veículos, como a vida, ou a integridade física.”.

Posto isto, e atendendo aos bens jurídicos protegidos, bem como às finalidades subjacentes à aplicação da pena acessória de proibição de condução de veículos a motor, não compreendemos porque não será de aplicar tal pena acessória ao crime de condução sem habilitação legal.

O legislador entendeu que a pena principal, por si só, não seria suficiente para se atingir as finalidades da punição nos crimes de condução perigosa de veículo rodoviário e em estado de embriaguez e que só com a adição da pena acessória é que se conseguiria atingir, de forma plena, o desidrato pretendido com as finalidades da punição, nomeadamente as exigências relacionadas com a prevenção geral de intimidação. Com isto queremos dizer que só assim é que o legislador entende que se protege de forma mais eficaz os bens jurídicos protegidos pelas normas.

O mesmo se passa com o crime de condução sem habilitação legal, sendo o bem jurídico protegido o mesmo que os crimes supra referidos, só com o plus inerente à pena

27 Pegamos nestes dois exemplos por serem aqueles em que, actualmente, ninguém tem dúvidas, atendendo à redacção do n.º 1 al. a) do Artigo 69.º do Código Penal, que se deverá aplicar a pena acessória de proibição de conduzir veículos com motor.

28 Comentário Conimbricense do Código Penal, Parte Especial, Tomo II, Coimbra Editora, 1999, p. 1079. 29 Comentário Conimbricense do Código Penal, Parte Especial, Tomo II, Coimbra Editora, 1999, p. 1093.

acessória é que se conseguirá atingir de forma plena os fins das penas e proteger o bem jurídico em causa de uma forma mais eficaz. O raciocínio é exactamente o mesmo30.

Chegados a este ponto, isto é, depois de verificarmos que a pena acessória de proibição de conduzir veículos a motor aplica-se a quem não possuir título de condução e que as finalidades da punição (atendendo ao bem jurídico em causa) assim o justificam relativamente ao crime de condução sem habilitação legal, passaremos a averiguar qual das alíneas do n.º 1 do artigo 69.º do Código Penal, albergará o crime em causa.

Como já vimos, o artigo 69.º do Código Penal, na versão originária, tinha uma redacção diferente da actualmente prevista após a alteração efectuada pela Lei n.º 77/2001, de 13 de Julho. Essa alteração ocorreu na alínea a) do n.º 1 do referido artigo 69.º, no período da proibição31/32, bem como aos casos de desobediência pela recusa de submissão aos exames de despistagem de álcool e de droga. A que se deveu essa alteração?

Antes da entrada em vigor da Lei n.º 77/2001, de 13 de Julho, discutiu- se, essencialmente na jurisprudência, qual o âmbito de aplicação da alínea a) do n.º 1 do artigo 69.º do Código Penal.

Ora, tal debate incidiu essencialmente no facto de ser ou não aplicável a pena acessória aos crimes previstos nos artigos 291.º ou 292.º do Código Penal. Vários arestos poderemos encontrar em sentido diverso, pugnando tanto pela aplicação como pela não aplicação da pena acessória de proibição de conduzir aos crimes previstos nos artigo 291.º e 292.º.

Tanto assim é que, em 1999, houve a necessidade de se fixar jurisprudência relativamente ao crime previsto no artigo 292.º do Código Penal. Assim, foi publicado a Assento n.º 5/99, publicado no DR IS-A, de 20 de Julho de 1999, onde se resolveu o conflito de jurisprudência do seguinte modo “O agente do crime de condução em estado de embriaguez, previsto e punido pelo artigo 292.º do Código Penal, deve ser sancionado, a título de pena acessória, com a proibição de conduzir prevista no artigo 69.º, n.º 1, alínea a), do Código Penal.”.

30 Veja-se, no sentido de que os bens jurídicos protegidos nestas situações são os mesmos CARLOS GANZENMÜLLER, JOSÉ FRANCISCO ESCUDERO e JOAQUÍN FRIGOLA, in Delitos Contra la Seguridad del Tráfico –

los delitos cometidos com ocasión de la conducción de vehículos a motor, Bosch Casa Editorial, 1997, p. 69 e 79,

quando dizem “El bien jurídico protegido en este conjunto de delitos es la seguridad en el tráfico rodado de las vias

públicas. Bien jurídico que equivale a la garantia efectiva de la correcta conducción de todos los conductores por las vias públicas, sin que puedan ser interceptados o incomodados o perjudicados por otros, que no se hallen en condiciones adecuadas para circular y cuya conducta, puede poner en peligro la seguridad del resto de los usuários; siendo extensible lógicamente dado que en un momento dado forman parte de los elementos materiales del tráfico, a la protección de los derechos cuyo quebranto trata de evitar, como la vida e integridad física, propriedad, etc., que se convierten de este modo en los objetos de protección mediata de los mencionados preceptos penales.”.

31 Na redacção original a alínea a) do n.º 1 do artigo 69.º do Código Penal dizia “a) Por crime cometido no exercício

da condução de veículo motorizado com grave violação das regras do trânsito rodoviário;”. Como é sabido, a

No documento Direito Estradal (páginas 121-129)