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6 CASO DE ESTUDO HIPOTÉTICO

6.4 AVALIAÇÃO DOS RISCOS

6.4.2 Apreciação

Calculado o valor do risco, a partir dos valores da escala da verosimilhança e da ponderação das consequências, segue-se a definição dos níveis de risco que apoiarão a tomada de medidas visando a redução do risco ou, quando tal não for possível (apenas os riscos cujo nível for considerado intolerável terão de ser objecto de medidas de redução de risco), o seu respectivo controlo e observação. No Quadro 6.14 apresenta-se a relação entre os valores do risco, os níveis associados e as acções a empreender.

Quadro 6.14. Aceitabilidade dos riscos. Nível do

risco

Valor do risco

Tipo de

acção Descrição das acções a empreender

Aceitável R < 3,6 4 Preconizar acções de vigilância que possibilitem a detecção dos indícios

reveladores do eventual início da materialização do perigo.

Significativo 3,6 ≤ R < 6 3

Adopção de medidas de redução de riscos, por diminuição da verosimilhança de ocorrência e/ou por redução dos valores das consequências, respeitando o princípio ALARP (princípio de acordo com o qual só é admissível que um risco não seja reduzido se a redução for impraticável ou se os custos associados forem desproporcionados, tendo em atenção o nível do risco, relativamente aos benefícios daí decorrentes.

Quando os perigos são identificados durante a fase de execução, a este nível de risco corresponderá habitualmente a adopção de medidas correctivas de carácter expedito e, eventualmente, de controlo e observação.

Elevado 6 ≤ R < 9,6 2

Adopção de medidas de redução de riscos, por diminuição da verosimilhança de ocorrência e/ou por redução dos valores das consequências, respeitando o princípio ALARP (os riscos de nível significativo ou elevado são toleráveis desde que respeitem este princípio).

Quando o nível de risco residual resultar ainda elevado, deve proceder-se a um estudo de que resulte uma decisão fundamentada sobre a necessidade do estabelecimento de um Plano de contingência (fazer face às incertezas associadas à avaliação do risco) e da implementação de medidas de controlo e observação; neste caso deve ainda ser considerada a realização de trabalhos de reconhecimento complementar.

Se os perigos forem identificados durante a fase de execução dos trabalhos, estes deverão ser imediatamente suspensos até à implementação de medidas de mitigação. Quando o nível de risco residual resultar ainda elevado devem reequacionar-se as medidas anteriormente referidas quanto ao Plano de contingência, às medidas de controlo e observação e ao reconhecimento complementar.

Intolerável R ≥ 9,6 1

Adopção de medidas de redução de riscos, por diminuição da verosimilhança de ocorrência e/ou por redução dos valores das consequências.

Não poderão iniciar-se quaisquer trabalhos que envolvam perigos a que correspondam níveis de risco intoleráveis.

Se os perigos forem identificados durante a fase de execução dos trabalhos, estes deverão ser imediatamente suspensos até à implementação de medidas de mitigação que se traduzam numa diminuição do nível de risco. Em qualquer caso, e desde que o nível de risco residual seja significativo ou elevado, a identificação de um perigo a que corresponda um nível de risco inicial intolerável implicará a realização de um estudo de que resulte uma decisão fundamentada sobre a necessidade do estabelecimento de um Plano de contingência, e da adopção de medidas de controlo e observação; neste caso deve ainda ser considerada a realização de trabalhos de reconhecimento complementar.

O valor mínimo para que o nível de risco seja considerado intolerável corresponde a qualquer perigo cuja ocorrência seja provável e que, a materializar-se, mesmo que não provoque acidentes pessoais, tenha consequências elevadas simultaneamente em termos de custos e de prazos.

C = 0,6 x 0 + 0,20 x 8 + 0,20 x 8 = 3,2 R = 3,2 x 3 = 9,6

Sendo este o valor mínimo se, para a mesma verosimilhança, resultassem feridos graves, mesmo sem outras consequências, o risco seria sempre intolerável. Em termos de custos e de prazos, o nível de risco só é intolerável quando as consequências forem simultaneamente elevadas, ou uma delas for muito elevada.

Por sua vez, o valor mínimo para que o nível de risco seja considerado elevado corresponde a qualquer perigo cuja ocorrência seja provável e que, a materializar-se, mesmo que não provoque acidentes pessoais, tenha consequências elevadas em termos de custos (ou de prazos) e consequências baixas4 em termos de prazos (ou de custos).

C = 0,6 x 0 + 0,20 x 8 + 0,20 x 2 = 0 + 1,6 + 0,4 = 2 R = 2 x 3 = 6

Finalmente, o valor mínimo para que o nível de risco seja considerado significativo corresponde a qualquer perigo cuja ocorrência seja provável e que, a materializar-se, mesmo que não provoque acidentes pessoais, tenha consequências significativas em termos de custos (ou de prazos) e consequências baixas em termos de prazos (ou de custos).

C = 0,6 x 0 + 0,20 x 4 + 0,20 x 2 = 1,2 R = 1,2 x 3 = 3,6

Salienta-se que, caso as consequências em termos de acidentes pessoais signifiquem perda de vidas, mesmo que a verosimilhança seja mínima e não haja consequências em termos de custos e de prazos, o risco é intolerável.

C = 0,6 x 16 = 9,6 R = 9,6 x 1 = 9,6

Atendendo aos valores estabelecidos para os riscos, as matrizes dos níveis de risco podem ser apresentadas da forma seguinte (Quadros 6.15 e 6.16):

4

Pressupõe-se que, se as consequências em termos de custos (ou de prazos) são elevadas, as consequências em termos de prazos (ou de custos) são, pelo menos, baixas.

Contributo para a gestão do risco geotécnico na construção de túneis

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Quadro 6.15. Matriz dos níveis de risco relativa aos acidentes pessoais. Consequências (AP) 0 2 4 8 16 Verosimilhança 1 0 1,2 2,4 4,8 9,6 2 0 2,4 4,8 9,6 19,2 3 0 3,6 7,2 14,4 28,8 4 0 4,8 9,6 19,2 38,4

Quadro 6.16. Matriz dos níveis de risco relativa aos custos ou aos prazos.

A matriz relativa aos acidentes pessoais, quando considerados individualmente, mostra que o nível de risco é elevado quando o perigo é provável e as consequências se traduzem em mais que dois feridos ligeiros, e são intoleráveis nas seguintes circunstâncias:

O perigo é muito provável e ocorrem mais que dois feridos ligeiros; O perigo é provável ou muito provável e ocorrem feridos graves;

Ocorrem mortes, independentemente da “probabilidade” de ocorrência do evento. Por sua vez, a matriz relativa aos custos (ou aos prazos), quando considerados individualmente, mostra que o nível de risco é elevado quando o perigo é muito provável e as consequências são elevadas ou o perigo é pouco provável mas as consequências são muito elevadas, e são intoleráveis quando as consequências são muito elevadas para perigos prováveis ou muito prováveis.

O Quadro 6.17, que constitui um excerto do Quadro II.C – Anexo II, apresenta a título exemplificativo, a apreciação dos riscos anteriormente analisados no Quadro 6.13. Este quadro é de preenchimento automático em face dos valores do risco constantes desse Quadro 6.13 e do nível de risco e respectiva correspondência com as acções a empreender resultantes da “aplicação” do Quadro 6.14.

Consequências (IC ou AO)

0 2 4 8 16 Verosimilhança 1 0 0,4 0,8 1,6 3,2 2 0 0,8 1,6 3,2 6,4 3 0 1,2 2,4 4,8 9,6 4 0 1,6 3,2 6,4 12,8

Quadro 6.17. Apreciação dos riscos e definição das acções a empreender (excerto do Quadro II.C – Anexo II). Perigo Risco Nível de risco Tipo de acção

1 22,4 Intolerável 1 6 8,4 Elevado 2 11C 12,8 Intolerável 1 13C 5,6 Significativo 3 1M 0,8 Aceitável 4 6M 2,4 Aceitável 4