• Nenhum resultado encontrado

6 CASO DE ESTUDO HIPOTÉTICO

6.5 MITIGAÇÃO DOS RISCOS

O Quadro 6.18, que constitui um excerto do Quadro II.D – Anexo II, apresenta as medidas de mitigação e de controlo e observação que poderão, caso sejam aprovadas pelas partes intervenientes, ser implementas na fase de construção afim de reduzir para um nível residual, os riscos anteriormente identificados e avaliados. Os riscos que foram valorados como intoleráveis e elevados serão dirimidos em primeiro lugar. Ulteriormente dever-se-á proceder à remediação dos riscos valorados como significativos. Finalmente, para os riscos considerados aceitáveis dever-se-á tomar medidas que garantam a sua estabilidade.

A estratégia para tratar o risco passa por evitá-lo quando viável. Quando tal não for possível, deve-se estudar e seleccionar as medidas a empreender através da redução da verosimilhança de ocorrência dos perigos (e.g., aplicação de pregagens e/ou de betão projectado); ou da redução das consequências da eventual materialização dos perigos (e.g., execução dos trabalhos preservando a segurança do pessoal).

Em seguida e de acordo com o desenrolar da obra e das medidas mitigadoras que efectivamente tivessem sido adoptadas, dever-se-ia proceder à respectiva síntese num quadro resumo. Ora o preenchimento deste quadro só seria possível com o acompanhamento de uma obra em tempo real e com o conhecimento efectivo do custo das medidas propostas, mesmo considerando que o princípio ALARP tivesse sido respeitado, o que perante os constrangimentos inerentes à presente dissertação, se torna impossível de concretizar. Como na realidade não se efectuou o acompanhamento de nenhuma obra torna-se demasiado subjectivo avançar com medidas que tivessem eventualmente sido adoptadas no seu desenrolar. Assim e partindo do pressuposto que certas medidas propostas no Quadro 6.18 foram de facto implementadas, avança-se no Quadro 6.19 com algumas hipóteses exemplificativas.

Contributo para a gestão do risco geotécnico na construção de túneis

162

Quadro 6.18. Síntese das medidas concretas a implementar (excerto do Quadro II.D – Anexo II).

Perigo Medidas de mitigação e de controlo e observação a implementar

Mitigação Controlo e observação

1

Remoção dos blocos/fragmentos instáveis; aplicação de pregagens e/ou de betão projectado e/ou malha electrossoldada; adopção de um sistema de drenagem, superficial e/ou profunda eficiente; execução dos trabalhos preservando a segurança do pessoal.

Execução da cartografia geotécnica durante a escavação; acompanhamento do comportamento e evolução dos taludes; medição de deslocamentos, caudais e níveis piezométricos, através de instrumentação.

6

Redimensionamento do sustimento com base em prospecção na frente de avanço e/ou da cartografia geotécnica do túnel; reforço a curto prazo do sustimento aplicado (diminuição do espaçamento de cambotas, aumento da espessura de betão projectado, aumento da densidade de pregagens e/ou de drenos); previsão atempada do stock de materiais a disponibilizar em obra (bombas de água, pregagens, cambotas, betão, etc.) que permitam, em caso de emergência, a sua aplicação no mais curto espaço de tempo.

Execução da cartografia geotécnica durante a escavação; na fase de construção proceder à instalação de secções de convergência, para medição de deformações e deslocamentos no interior do túnel; células de pressão total no contacto maciço/sustimento e no próprio sustimento; deformações no interior do maciço (extensómetros); piezómetros para avaliar a presença de água no maciço, bem como, a respectiva pressão imposta.

11C

Prospecção na frente de avanço; adaptação contínua do projecto em função das condições geotécnicas reais do maciço: comprimento do vão/período de auto- sustentação, parcialização da frente e necessidade do sustimento aplicado; em situações mais instáveis aplicar betão projectado na frente prosseguindo a escavação em secção total com 1 metro de avanço, eventualmente com pequeno degrau e avanço na semi-secção superior; previsão do stock de materiais a disponibilizar em obra (bombas, sustimentos) que permitam, em caso de emergência, a sua aplicação no mais curto espaço de tempo.

Acompanhamento, cartografia da escavação e comparação com as situações preconizadas em projecto; controlo das velocidades de avanço em função dos vãos auto-portantes, tempo de auto- sustentação e sustimentos aplicados; inspecção do sustimento aplicado (registo de aparecimento de água ou de fissuras no betão projectado); instalação de convergenciómetros, para medição de deformações e deslocamentos no interior do túnel.

13C

Redimensionamento do sustimento com base em prospecção na frente de avanço e em função do valor de RMR obtido durante a obra; reforço a curto prazo do sustimento aplicado (diminuição do espaçamento e/ou execução de pés de elefante nas cambotas, aumento da espessura de betão projectado, colocação de mais pregagens); previsão do stock de materiais a disponibilizar em obra que permitam, em caso de emergência, a sua aplicação no mais curto espaço de tempo.

Verificação das condições das secções escavadas, de forma sistemática, através da aplicação das classificações geomecânicas; instalação de células de pressão total no sustimento; extensómetros para medição de deslocamentos internos; secções de convergência, para medição de deformações e deslocamentos no interior do túnel; piezómetros para medição das pressões hidrostáticas exercidas pela água sobre os sustimentos.

1M ---

Inspecções visuais regulares dos reforços aplicados, bem como controlo apertado da instrumentação instalada e verificação do comprimento dos critérios de alerta, para detecção de eventuais sinais de anomalias reveladoras de perigos potenciais.

6M ---

Aferição do redimensionamento do sustimento aplicado através de inspecções visuais regulares bem como controlo apertado da instrumentação instalada e verificação do comprimento dos critérios de alerta, para detecção de eventuais sinais de anomalias reveladoras de perigos potenciais.

Quadro 6.19. Síntese das medidas efectivamente adoptadas.

Perigo Medidas de mitigação e de controlo e observação adoptadas

Mitigação Controlo e observação

1

Remoção dos blocos/fragmentos instáveis; pregagens de x m de comprimento distribuídos segundo uma malha de y m por z m; aplicação de betão projectado; sistema de drenagem superficial por valetas e meias canas instaladas em banquetas, nas bermas e nas cristas dos taludes; impedimento da permanência ou circulação de pessoal na área eventualmente afectada pela queda de blocos.

Execução da cartografia geotécnica durante a escavação e comparação com as previsões do projecto; acompanhamento do comportamento e evolução dos taludes; medição de deslocamentos, caudais e níveis piezométricos, através instalação da instrumentação (medidores de fendas, inclinómetros, piezómetros); leitura e interpretação dos resultados.

6

Redimensionamento do sustimento com base em prospecção na frente de avanço e/ou da cartografia geotécnica do túnel; reforço a curto prazo do sustimento aplicado (diminuição do espaçamento de cambotas, aumento da espessura de betão projectado, aumento da densidade de pregagens e/ou de drenos); previsão atempada do stock de materiais a disponibilizar em obra (bombas de água, pregagens, cambotas, betão, etc.).

Execução da cartografia geotécnica durante a escavação; células de pressão total no contacto maciço/sustimento e no próprio sustimento; instalação de convergenciómetros em ZG1 – perfis distanciados de x m; medição bimensal nas primeiras seis semanas e, posteriormente, mensal; zonas singulares o espaçamento entre perfis a instrumentar foi inferior a y m. A periodicidade inicial das medições foi de três por semana, durante os primeiros dois meses; medições das deformações no interior do maciço (extensómetros); piezómetros para avaliar a presença de água no maciço, bem como, a respectiva pressão imposta.

11C

Adaptação contínua do projecto em função das condições geotécnicas reais do maciço: comprimento do vão/período de auto-sustentação, parcialização da frente e necessidade do sustimento aplicado; aplicação de betão projectado na frente prosseguindo a escavação em secção total com 1 metro de avanço, eventualmente com pequeno degrau e avanço na semi-secção superior, em situações mais instáveis; previsão do stock de materiais a disponibilizar em obra (bombas, sustimentos).

Acompanhamento, cartografia da escavação e comparação com as situações preconizadas em projecto; controlo das velocidades de avanço em função dos vãos auto-portantes, tempo de auto- sustentação e sustimentos aplicados; inspecção do sustimento aplicado (registo do aparecimento de água ou de fissuras no betão projectado); instalação de convergenciómetros, para medição de deformações e deslocamentos no interior do túnel.

13C

Redimensionamento do sustimento com base em prospecção na frente de avanço e em função do valor de RMR obtido durante a obra; reforço a curto prazo do sustimento aplicado (diminuição do espaçamento e/ou execução de pés de elefante nas cambotas, aumento da espessura de betão projectado, colocação de mais pregagens); previsão do stock de materiais a disponibilizar em obra.

Observação da secção escavada, nomeadamente, o registo de aparecimento de água ou de fissuras no betão projectado; instalação de células de pressão total no sustimento; piezómetros para medição das pressões hidrostáticas exercidas pela água sobre suportes impermeáveis; instalação de convergenciómetros, em ZG3 – perfis distanciados de z m; medição duas vezes por semana nas primeiras seis semanas e, posteriormente, quinzenal; em zonas singulares o espaçamento entre perfis a instrumentar foi inferior a y m. A periodicidade inicial das medições foi de três por semana, durante os primeiros dois meses.

1M ---

Foram efectuadas inspecções visuais às superfícies tratadas com betão projectado, controlo apertado da instrumentação instalada e verificação do comprimento dos critérios de alerta.

6M ---

Avaliou-se o redimensionamento do sustimento aplicado através de inspecções visuais e dos resultados da instrumentação.

Contributo para a gestão do risco geotécnico na construção de túneis

164