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Mapa 06: Equipamentos de saúde presentes em Mossoró e região

2 MOSSORÓ E SUA REGIÃO DE INFLUÊNCIA

2.1 APRESENTAÇÃO DA CIDADE

A cidade de Mossoró está localizada na região Nordeste do Brasil, no interior do estado do Rio Grande do Norte, pertencendo à mesorregião do Oeste Potiguar, e microrregião homônima; configura-se como a segunda cidade mais importante economicamente do território norte-rio-grandense, apresentando também a maior extensão territorial do estado, com uma área de 2.099,333 quilômetros quadrados, o que equivale aproximadamente a 3,97% da superfície do total do RN.

Mossoró está situada entre duas capitais nordestinas – Natal (RN) e Fortaleza (CE) –, distanciando-se 278 km e 245 km, respectivamente de ambas; e limita-se, ao norte, com os municípios de Aracati (estado do Ceará), Grossos e Tibau; ao sul, com Governador Dix-Spet Rosado e Upanema; ao leste, com Areia Branca, Serra do Mel e Açu; e ao oeste, com o município de Baraúnas (mapa 01).

Segundo o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, essa urbe contava com um contigente populacional de 259.815 habitantes, distribuído pelo território numa ordem de 123,76 habitantes por quilômetros quadrados. Esse valor populacional correspondia a aproximadamente 8,2% da população total do estado do Rio Grande do Norte (3.168.027 habitantes),

concedendo à Mossoró, a condição de segunda cidade mais populosa do estado, sendo a capital, Natal, a mais populosa. No ano de 2015, conforme dados do IBGE, Mossoró já possuía uma população estimada de 288.162 habitantes.

Mapa 01: Localização do município de Mossoró

Fonte: Elaborado por Joábio Costa (2015).

Com base no Censo Demográfico de 2010, mais de 91,3% da população mossoroense vivia na área urbana desse município (237.241 habitantes). Entretanto, cabe enfatizar que Mossoró só ganhou essa conformação ou perfil populacional entre as décadas de 1960 e 1970 (gráfico 01), momento em que essa cidade passou por uma nova especialização de suas atividades econômicas.

Até as décadas citadas, a economia mossoroense estava diretamente ligada às atividades tradicionais, tais como a salinicultura rudimentar, a extração de matéria - prima para as agroindústrias e a pecuária; e grande parte de sua população estava concentrada no campo, em virtude desse perfil econômico. Com a mecanização da atividade salineira, o declínio das agroindústrias e a intensificação do comércio e dos serviços, esse quadro populacional se inverteu: grande parte da população rural saiu do campo, expulsa pelas novas dinâmicas produtivas e econômicas, e migrou para a cidade, atraída pela oferta de produtos, trabalho e serviços disponibilizados nesse centro urbano (FELIPE, 1982).

Gráfico 01: População total, urbana e rural de Mossoró – 1940 a 2010

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2015).

A base econômica de Mossoró está ancorada em quatro atividades principais, a saber: a salinicultura, a exploração do petróleo, a fruticultura irrigada e as atividades terciárias (comércio e serviços). O desenvolvimento dessas atividades tem permitido que a cidade de Mossoró se mantenha em destaque no território norte-rio-grandense, apresentando, historicamente, o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, ante o de Natal, que apresenta o primeiro maior PIB do RN.

De acordo com os dados disponibilizados pelo IBGE em 2012, mais de 11% do PIB do Rio Grande do Norte (R$ 39.543.679 mil reais) eram provenientes desse município (R$ 4.493.958 mil reais). Essa porcentagem só era inferior ao da cidade de Natal, com aproximadamente 34% do PIB do estado. Para esse mesmo ano, os municípios de Natal, Mossoró e Parnamirim concentravam mais da metade (52,5%) do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte (gráfico 02).

Ainda sobre esse quadro econômico, é importante destacar que, no ranking dos dez centros urbanos com maior PIB do estado (Natal, Mossoró, Parnamirim, Guamaré, São Gonçalo do Amarante, Macau, Caicó, Areia Branca, Macaíba e Açu), as atividades ligadas ao comércio e à administração pública foram destaques no PIB de oito deles, com a exceção dos municípios de Guamaré e Macau, que tiveram como foco econômico a extração de petróleo (TRÊS MUNICÍPIOS... 2014).

0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000 2007 2010 Populaçã Total População Urbana População Rural

Gráfico 02: Distribuição do PIB do Rio Grande do Norte (2012)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015).

Fazendo uma leitura da evolução do Produto Interno Bruto de Mossoró, entre os anos de 2003 a 2013, percebe-se que as atividades que mais colaboram para esse quadro econômico estão ligadas ao terciário (gráfico 03). No ano de 2003, por exemplo, esse setor colaborou com aproximadamente 52% do PIB total de Mossoró; em 2009, esse percentual foi de aproximadamente 60%; e em 2013, correspondeu a 56% do PIB total desse centro urbano (IBGE, 2015).

Gráfico 03: PIB4 total e por setores da economia de Mossoró – 2003-2013

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015).

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Valores em mil reais; *Os dados do Produto Interno Bruto dos Municípios para o período de 1999 a 2011 (série encerrada) têm como referência o ano de 2002. Já os dados de 2013 (série revisada) toma com base a nova referência das Contas Nacionais.

34% 11% 7,5% 47,5% Natal Mossoró Parnamirim Demais municípios 0 1000000 2000000 3000000 4000000 5000000 6000000 7000000 2003 2005 2007 2009 2011 2013*

Frisa-se que o volume de capital (do PIB) gerado pelo terciário em Mossoró é resultado direto da densidade e diversidade desse setor. Além de colaborar para a economia local, esse segmento econômico tem se apresentado, historicamente, e em virtude de seus atributos, como uma “força motriz” para a dinâmica econômica e espacial dessa cidade, tanto na escala intraurbana quanto no âmbito regional.

Essa diversidade quantitativa e qualitativa das atividades terciárias na cidade de Mossoró é facilmente observada através de sua paisagem urbana e dos dados disponibilizados sobre esse setor. O gráfico 04, por exemplo, ilustra a evolução do número de estabelecimentos, de acordo com os principais setores econômicos, na cidade de Mossoró entre os anos de 1985 a 2005.

Gráfico 04: Evolução no número de estabelecimentos – Mossoró

Fonte: Relação Anual das Informações Sociais (RAIS, 2015).

Por meio dessa representação gráfica, percebe-se que houve um crescimento do número de estabelecimentos em todos os setores da economia. Contudo, as atividades ligadas ao setor terciário, e de modo especifico, as atividades comerciais, apresentaram um crescimento exponencial, quando comparadas aos demais ramos da economia. Exemplificando essa informação, pode-se ressaltar que, no ano de 1985, do número total de estabelecimentos encontrados em Mossoró, 49% estavam ligados à atividade comercial; já em 1995, esse valor correspondia a 51%; e em 2005, a 52%.

Ressalta-se que esse crescimento das atividades terciárias é uma tendência mundial que se generalizou ao longo do século XX, acelerando-se principalmente, a partir de 1960, em decorrência dos avanços da microeletrônica, da reestruturação industrial e da globalização (SAMBATTI; RISSATO, 2000).

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 1985 1995 2005

De acordo com o estudo das “Regiões de Influência das Cidades” 5

(REGIC), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2007 e publicado em 2008, Mossoró é um centro de destaque no território potiguar, no que se refere às atividades terciárias. Essa pesquisa definiu, com base na quantidade total de classes de atividades comerciais e de serviços (Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE), o nível de centralidade dos municípios brasileiros, partindo da ideia de que, quanto maior o número de classes presentes em uma cidade, maior a sua diversidade e/ou possibilidade de oferta, consequentemente, maior a sua centralidade. Por meio desse estudo, foram estabelecidos os seguintes níveis de centralidade em relação ao comércio e aos serviços (tabela 01):

Tabela 01: Níveis de centralidade com base no comércio e nos serviços

Níveis de Centralidade % de Classes do Comércio % de Classes dos Serviços

Máxima 01 100 97,01 – 98,10 Muito Elevada 02 92,01 – 99,99 84,01 – 97,00 Elevada 03 76,01 – 92,00 74,01 – 84,00 Intermediaria 04 50,01 – 76,00 50,01 – 74,00 Baixa 05 27,71 – 50,00 10,61 – 50,00 Muito Baixa 06 1,30 – 27,70 0,60 – 10,60

Fonte: Região de Influência das Cidades (2008) e Cadastro Central de Empresas (2004).

Conforme os dados divulgados por esse estudo, Mossoró possuía 67 classes de comércio de um total de 72 classes (Anexo A). Esse valor correspondia a mais de 93% das tipologias totais de comércio existentes (REGIC, 2008). Esse quadro

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O estudo do Regic é a quarta edição de uma série de pesquisas realizadas pelo IBGE sobre a rede urbana no Brasil (1972, 1987, 1993, 2007). Esse estudo estabeleceu a classificação hierárquica dos centros urbanos no Brasil, delimitou a área de atuação e polarização dos mesmos, e privilegiou a

função de gestão do território, entendendo esse território como “[...] aquela cidade onde se localizam,

de um lado, os diversos órgãos do Estado e, de outro, as sedes de empresas cujas decisões afetam direta ou indiretamente um dado espaço que passa a ficar sob o controle da cidade através das empresas sediadas" (CORREA, 1995, p. 83 apud REGIC, 2008, p.131), utilizando-a como elemento definidor dessa hierarquia urbana. É importante reforçar que para identificar e classificar esses centros dentro de uma hierarquia urbana, “[...] foram levantadas informações secundárias e registros administrativos de órgãos federais (Executivo e Judiciário) e de empresas privadas; ou seja, de subordinação administrativa no setor público federal, para definir a gestão federal, e de localização das sedes e filiais de empresas, para estabelecer a gestão empresarial [...]” (IPARDES, 2009, p. 6). Além disso, aponta-se que “[...] foram consideradas informações secundárias correspondentes a equipamentos e serviços – informações sobre conexões aéreas, deslocamentos para internações hospitalares, áreas (continuação) de cobertura das emissoras de televisão, oferta de ensino superior nos níveis de graduação e pós-graduação, diversidade de atividades comerciais e de serviços, instituições financeiras e oferta de serviços bancários, e presença de domínios de internet – capazes de dotar uma cidade de centralidade, complementando a identificação dos centros de gestão do território [...]” (IPARDES, 2009, p. 6).

classificou a atividade comercial de Mossoró com um nível de centralidade 02, considerada “muito elevada”, em uma escala que varia de 06, nível de centralidade “muito baixo”; a 01, nível de centralidade “máxima”.

Essa diversidade comercial da cidade de Mossoró, exposta nos dados sobre a variedade das classes comerciais (tabela 01), também pode ser observada por meio de sua paisagem urbana, pois existem nesse espaço, e estão dispostos ao nosso olhar, desde o comércio tradicional ao moderno, do formal ao informal. As figuras 01, 02 e 03 ilustram, mesmo que de forma limitada, essa variedade comercial encontrada na cidade de Mossoró; e permitem que as informações expostas sejam visualizadas por meio de suas materialidades.

A figura 01 retrata uma das principais ruas comerciais do centro tradicional de Mossoró, a Rua Coronel Gurgel. Essa via urbana possui uma grande variedade de estabelecimentos comerciais, desde pequenas e médias lojas que vendem objetos de pequeno valor comercial, de uso diário e do lar e produtos importados, a grandes espaços comerciais, de destaque e atuação nacional, tais como as lojas Riachuelo, Marisa, Insinuante, Rabelo, Maia, entre outros espaços.

A diversidade e a densidade comercial encontrada nessa rua, juntamente com a facilidade da aquisição de bens e serviços nesse espaço, fazem com que ela seja frequentada diariamente por um grande contingente populacional, tanto local quanto regional (SILVA, 2012). Nesse contexto, é importante assinalar que as ruas de comércio viabilizam a movimentação de pessoas, de capitais, de informações e de mercadorias. Nelas, ocorre a concentração de pessoas com um objetivo comum: adquirir mercadorias (COSTA; SILVA, 2015).

Outro espaço que evidencia da diversidade comercial na urbe mossoroense é a presença do Mercado Manoel Teobaldo dos Santos, também conhecido como Mercado Público Central (figura 02), localizado no centro comercial tradicional dessa cidade. Esse mercado foi inaugurado no ano de 1877, e vendia, inicialmente, artigos alimentícios, tais como carnes, frutas e verduras. Na década de 1980, após reformas e redefinições de suas atividades comerciais, começou o serem comercializados, nesse espaço, produtos ligados ao vestuário, calçados, aviamentos, redes, entre outros produtos (COUTO, 2011).

Esse estabelecimento comercial possui uma área de aproximadamente 2.700 metros quadrados, tendo aproximadamente de 100 boxes (pequenas lojas). Apesar de ter passado por mudanças estruturais e funcionais ao longo dos anos, esse

mercado ainda apresenta e guarda uma dinâmica mercantil com traços do comércio tradicional.Ao passar pelas ruas desse mercado, o grito anunciando as mercadorias e a negociação “boca a boca” entre os clientes e os vendedores, são marcas desse lugar e de sua dinâmica, e são exemplos da existência de práticas mercantis de tempos pretéritos.

Figura 01: Atividade comercial na Rua Coronel Gurgel

Fonte: Jornal de Fato/ Blog Carlos Santos (2015).

Figura 02: Mercado Público Central de Mossoró

Fonte: Memória fotográfica (2012).

A figura 03 representa o Partage Shopping Mossoró. Esse espaço comercial foi inaugurado no ano de 2007, recebendo o nome de Mossoró West Shopping; em 2013, passou a integrar o grupo Partage, empresa que atua no mercado imobiliário

nacional desde 1977, e que a partir dos anos 2000, começou a investir no segmento de shoppings em várias regiões do Brasil. Esse estabelecimento comercial está localizado no bairro Nova Betânia, área nobre da cidade de Mossoró (com maior concentração de renda) e nas proximidades da BR 304; ocupa uma área de 80 mil metros quadrados, sendo 33 mil km² de área construída; conta com 106 lojas, sendo 06 lojas âncoras, dentre elas, as Lojas Renner, Riachuelo, Marisa, Americanas, Le Biscuit e Jacaúna Decorações 6.

Figura 03: Partage Shopping Mossoró

Fonte: Imagem disponível no site do shopping 6.

A existência desse espaço viabilizou, juntamente com a construção de outros empreendimentos comerciais (supermercados como o Atacadão e Maxxi Atacado), de serviços (Universidade Potiguar - UNP) e imobiliários (condomínios fechados, tais como o Alphaville e o Sunville), o surgimento de uma nova centralidade urbana em Mossoró (MELO, 20013); possibilitou também a valorização de grande parte da área do seu entorno, e a configuração de uma nova frente de expansão urbana e do mercado imobiliário em Mossoró (COUTO, 2011).

Essa dinâmica espacial de expansão imobiliária e comercial está vinculada às estratégias de reprodução capitalista de valorização fundiária de novas zonas que não eram funcionalmente urbanas, de uso urbano (ocupadas pela malha urbana); faz parte de um processo de redefinição da distribuição dos grandes equipamentos comerciais e de serviços, que permite a construção de novas centralidades urbanas (SPOSITO, 2010).

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Esse shoppingvem se destacando no cenário urbano e comercial de Mossoró como uma opção de consumo e lazer, e apresentando-se como um grande centro de compras da região Oeste do estado, atendendo a uma demanda que vai além do mercado consumidor local, atraindo fluxos externos.

Sobre essa abrangência espacial, Elias e Pequeno (2010) reforçam que esse empreendimento comercial tem um alcance interestadual, recebendo um público mensal estimado em 270 mil pessoas, com perfil econômico variado entre classes socioeconômicas de baixa, média e alta rendas.

Ressalta-se que os shoppings centers são considerados como uma tendência para o comércio varejista, uma nova forma de organização dos empreendimentos imobiliários, de iniciativa privada, que reúne tanto espaços comerciais quanto de serviços. Eles são lugares de consumo, lazer e sociabilidade, capazes de gerar representações simbólicas (ou estilos) sob um modo de vida urbano e capitalista (PINTAUDI, 1992; SHOPPING... 1994).

Tomando por base essa concepção teórica e a realidade observada, destaca- se que a inserção desse shopping em Mossoró gerou novos hábitos e rotinas de consumo e de lazer (ELIAS; PEQUENO, 2010), podendo-se citar como exemplos:

 Maior disponibilidade de horário ou tempo comercial na cidade – anteriormente, parcela significativa das atividades comerciais de Mossoró estava restrita ao seu centro comercial tradicional e aos seus horários de funcionamento - nos dias úteis, das 07 horas às 18 horas; e aos sábados, das 07 horas às 14 horas. Com a chegada desse empreendimento, a população local e regional passou a dispor dos horários noturnos para compra, uma vez que o funcionamento das lojas do shopping vão das 10 horas às 22 horas, funcionando ainda aos domingos e em alguns feriados.

 Novas alternativas de lazer na cidade – com a inserção desse estabelecimento, a população mossoroense e das cidades circunvizinhas passou a ter outras opções de lazer, tais como: salas de cinema e salões de jogos (imagem 04); bem como uma maior variedade de espaços alimentícios (restaurantes e lanchonetes vinculados a redes regionais e internacionais de alimentação, tais como Bobs, Pitsburg, Mc Donalds, Xerifes).

Figura 04: Espaços de lazer do Partage Shopping Mossoró

Fonte: Imagem disponível no site do shopping6.

Em síntese, pode-se ressaltar que a construção desse shopping em Mossoró provocou uma reorganização da atividade comercial dessa cidade (uma alternativa de comércio para além do centro tradicional e dos seus padrões de funcionamento); e introduziu novas rotinas e hábitos de consumo, equiparando, esse consumo local ao dos grandes centros urbanos (ELIAS; PEQUENO, 2011; COUTO, 2011).

A partir das informações e das figuras expostas sobre a diversidade comercial em Mossoró, percebe-se a coexistência de diferentes formas comerciais nessa cidade, e a simultaneidade de dois modelos de centros comerciais 7: o tradicional e o moderno; isto é, os grandes espaços de compra (centros comerciais fechados).

Sobre tais modelos, Tella e Potocko (2012, p. 2) explicam:

[...] o ‘tradicional’, ou seja, o modo como, historicamente, tem se expressado o comércio no território, com locais sobre as ruas, fortemente vinculados com o uso do espaço público e alimentados pelo transporte público de passageiros (e, por isso, localizados em torno de estações de trens, ruas movimentadas ou avenidas). [...] O segundo modelo corresponde a uma lógica dos anos 80 e 90 que ainda está viva, em um contexto de profundo individualismo, é caracterizado pela construção de centros comerciais fechados (shoppings, hipermercados), e cuja localização é baseada no uso de carros particulares: próximos de rotas importantes e vias expressas, e que fornecem grandes áreas de estacionamento.

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Os centros comerciais podem ser ou ter diferentes formatos: centros tradicionais, encontrados nos centros históricos; centros de transferência, como áreas comerciais, ao longo das ruas ou avenidas, galerias, passeios, grandes superfícies fechadas (TELLA; POTOCKO, 2012, p.2).

Esta simultaneidade de diferentes formas e tempo das atividades comerciais em Mossoró, entre o moderno e o tradicional, é um exemplo, como assinala Santos (2012b), da combinação de diferentes escalas e períodos de tempo no espaço geográfico. Nesse contexto, reforça-se que o espaço é a simultaneidade de formas herdadas, é ou se configura a partir da coexistência do passado e do presente, e/ou de um passado reconstituído no presente (SUERTEGARAY, 2001).

Outro elemento de destaque na realidade comercial da cidade de Mossoró é a diversidade de empreendimentos ligados ao ramo de alimentação - supermercados e hipermercados. Esses espaços comerciais estão distribuídos de modo disperso por esse espaço urbano, e apresentam portes diferenciados e origem diversa.

É possível encontrar supermercados ligados tanto a redes internacionais quanto a locais. Com relação aos grupos internacionais, citam-se como exemplo, o Hiper Bompreço e o Maxxi Atacado (rede Walmart) e o Atacadão (rede Carrefour). Já as redes locais são representadas pela rede Rebouças, com 05 lojas, sendo 04 em Mossoró e 01 em Assú; a rede Queiroz, com 21 lojas, sendo 11 em Mossoró, 08 distribuídas pelo Rio Grande do Norte, e 02 nos estados da Paraíba e do Cear; e o supermercado Cidade, com 03 lojas 8 (figuras 05 e 06).

Figura 05: Hiper Bompreço e Maxxi Atacado (redes internacionais)

Fonte: Páginas da internet 9. 8

Informações disponíveis nos sites dos supermercados: a) http://www.redequeiroz.com.br/; b) http://www.reboucassupermercados.com.br/; c) http://supercidade.com/novo/.

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Imagens disponíveis nos sites dos supermercados: a) https://www.maxxiatacado.com.br/ b) http://www.walmartbrasil.com.br/lojas/#hiper-bompreco.

Figura 06: Hiperqueiroz e supermercado Rebouças (redes locais)

Fonte: Sites dos estabelecimentos8.

Em sua dissertação sobre as redefinições do comércio em Mossoró, Couto (2011) salienta que a chegada desses estabelecimentos comerciais, principalmente a partir da década de 1990, com técnicas modernas de atendimento, inclusão de novas tecnologias, variedade e disponibilidade de produtos/mercadorias, promoveu uma reorganização dessa atividade, tanto no âmbito local quanto regional; estimulou novos padrões de consumo na população; beneficiou o monopólio e o oligopólio desse setor; e definiu novas centralidades urbanas, desencadeando novas relações socioespaciais, tanto na escala local quanto regional. É importante ressaltar que as redes internacionais de supermercado, tais como o Atacadão, Maxxi Atacado e Hiper Bompreço, só apareceram na cidade de Mossoró a partir de 2000 (ibid).

A partir de uma leitura espacial e teórica do contexto exposto, reforça-se que o comércio é uma atividade urbana que faz parte da razão de ser das cidades, que viabiliza sua existência, interfere e explica a sua organização, seus movimentos e animações (SALGUEIRO; CACHINHO, 2009); ele representa “[...] uma forma de construção do espaço urbano e, como tal, são determinantes da estrutura urbana [...]” (TELLA; POTOCKO, 2012, p.2); e não é distribuído ao acaso no território, mas, está organizado a partir de certas lógicas capitalistas.

Nessa mesma linha de raciocínio, ressalta-se que a evolução da atividade comercial está relacionada às mudanças sociais, à transformação dos valores e dos hábitos de vida, à evolução dos aglomerados e às mudanças na estrutura das cidades (SALGUEIRO; CACHINHO, 2009); assim sendo, as cidades modificam suas

formas, suas estrutura, suas paisagens, na medida em que os processos sociais e econômicos também se transformam (PINTAUDI, 1984).

Outro elemento de evidência no cenário urbano de Mossoró é a oferta de serviços encontrados nessa cidade. De acordo com as informações doRegic (2008), das 152 classes totais de serviços existentes (CNAE 1.0), Mossoró possuía 104, o que correspondia a aproximadamente 66% das tipologias totais. Essa diversidade, expressa por meio desses valores, qualificou os serviços de Mossoró com um nível de centralidade 04, considerado “intermediário”, em uma escala que variava de 01 (nível “máximo”) a 06 (nível “muito fraco”), conforme tabela 01.

Para mostrar essa diversidade e densidade de serviços de Mossoró destaca-