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O terciário e a centralidade urbanorregional de Mossoró-RN

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA. MOACIR VIEIRA DA SILVA. O TERCIÁRIO E A CENTRALIDADE URBANORREGIONAL DE MOSSORÓ-RN. NATAL/RN 2017.

(2) MOACIR VIEIRA DA SILVA. O TERCIÁRIO E A CENTRALIDADE URBANORREGIONAL DE MOSSORÓ-RN. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na área de concentração “Dinâmica socioambiental e reestruturação do território” como requisito para a obtenção do título de Mestre em Geografia. Orientadora: Profª Drª Rita de Cássia da Conceição Gomes. NATAL/RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes CCHLA Silva, Moacir Vieira da. O terciário e a centralidade urbanorregional de Mossoró-RN / Moacir Vieira da Silva. - 2017. 171f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2017. Orientadora: Profª Drª Rita de Cássia da Conceição Gomes.. 1. Mossoró (Rio Grande do Norte). 2. Centralidade urbanorregional. 3. Comércio. 4. Serviços. I. Gomes, Rita de Cássia da Conceição. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA. CDU 911(813.2).

(4) MOACIR VIEIRA DA SILVA. O TERCIÁRIO E A CENTRALIDADE URBANORREGIONAL DE MOSSORÓ-RN. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na área de concentração “Dinâmica socioambiental e reestruturação do território” como requisito para a obtenção do título de Mestre em Geografia.. Aprovada em: 29/05/2017. BANCA EXAMINADORA. ______________________________________________ Profª Drª Rita de Cássia da Conceição Gomes Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da UFRN Presidente. ______________________________________________ Prof. Dr. José Lacerda Alves Felipe Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da UFRN Examinador Interno. ______________________________________________ Profª Drª Virgínia Célia Cavalcante de Holanda Universidade Estadual do Vale do Acaraú Examinadora externa.

(5) AGRADECIMENTOS. Foram momentos difíceis, nos quais os obstáculos pareciam insuperáveis. Momentos marcados por lágrimas, ansiedade, medo e receio do que não poderia se concretizar. Porém, a cada batalha vencida, um sorriso no rosto e o brilho (no olhar) da satisfação. Mais uma etapa da minha vida acadêmica está se encerrando e ao final dessa caminhada, gostaria de agradecer primeiramente, a Deus, pela presença e pela ajuda durante toda essa trajetória. Espero que possa retribuir-Lhe todas essas graças com a dignidade de meu trabalho e a firmeza de meu caráter. Agradeço às minhas mães, Noêmia e Alcidene pelos passos apoiados na infância, os conselhos proferidos na juventude e os ensinamentos de toda a vida. De maneira especial, também quero agradecer à minha orientadora Rita de Cássia pelos direcionamentos, os conselhos, as conversas proferidas durante toda a fase de orientação e construção dessa dissertação, bem como, pelos momentos de apreensão cognitiva e de ensinamentos. Carinhosamente, gostaria de agradecer também à minha ex-orientadora e amiga Josélia Carvalho, pelo carinho, pelas conversas, pelos desabafos, pelo apoio, pela troca de ideias, pelos diálogos. Enfim, obrigado pelo ombro amigo. Agradeço à minha família; a todos os colegas da pós-graduação que trilharam essa intensa jornada comigo; aos companheiros de trabalho (da Escola Estadual Prof. José de Freitas Nobre), da igreja e da vida, por todo o apoio nessa jornada. Sou grato aos professores do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (PPGe/UFRN) pelos ensinamentos proferidos durante toda essa trajetória, pela dedicação, pela teoria e pela prática; bem como, aos docentes do curso de Geografia da UERN (Campus Central - Mossoró). Reconheço o mérito daqueles que me fizeram acreditar que o conhecimento só é útil quando nos torna melhor - não esquecerei de que preciso ser um eterno aprendiz. Além disso, agradeço de modo especial ao professor Lacerda e a professora Eugênia Maria pelas colaborações dadas no momento da qualificação; e aos membros da banca de defesa - professor Lacerda (novamente) e professora Virginia Holanda - pelas contribuições/sugestões acadêmicas concedidas no momento final desse trabalho. Enfim, agradeço a todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou não para a realização desse sonho! Vocês fazem parte dessa história! Muito Obrigado!.

(6) Num mesmo subespaço há uma superposição de redes, que inclui redes principais e redes afluentes ou tributárias, constelações de pontos e traçados de linhas. Levando em conta seu aproveitamento social, registram-se desigualdades no uso e é diverso o papel dos agentes no processo de controle e de regulação do seu funcionamento (p. 268). Milton Santos (Natureza do Espaço).

(7) RESUMO. Trata-se de um estudo que objetiva compreender o processo de reafirmação da centralidade urbanorregional de Mossoró a partir da década de 1970, tendo como referências a atividade comercial e a prestação de serviços. Esse trabalho adotou como linha de pensamento o método de análise regressivo-progressivo, formulado por Lefebvre; e como procedimentos metodológicos a leitura e a discussão teórica dos conceitos de espaço urbano, região e centralidade (conceitos-chave); a análise de textos históricos e geográficos que explicam e contextualizam a centralidade urbanorregional da cidade de Mossoró; o levantamento, a sistematização e a análise dos dados estatísticos sobre esse centro urbano e sua região de influência; além de pesquisas e de investigações de campo. Está estruturado em três partes principais que versam, respectivamente, sobre: a caracterização socioeconômica e terciária da cidade de Mossoró e de sua região de influência – estabelecida a partir do estudo das Regiões de Influências das Cidades (REGIC, 2008); a conformação histórica e espacial de sua centralidade regional; a discussão das relações e dos processos espaciais que reafirmam essa cidade enquanto um espaço urbano central na região. Constatou-se que Mossoró tem se configurado, do ponto de vista histórico, espacial e funcional, como uma centralidade urbanorregional, atraindo continuamente, e em função de suas atividades econômicas, diversos fluxos para o seu núcleo urbano; Além disso, inferiu-se que, desde a década de 1970, a concentração e a diversidade de atividades de serviços e de comércios encontrados nesse espaço urbano são elementos que reafirmam a centralidade regional dessa cidade, isso porque os fluxos que irradiam desse e para esse centro são impulsionados principalmente em virtude da oferta de atividades terciárias. Palavras-chave: Mossoró. Centralidade urbanorregional. Comércio. Serviços..

(8) ABSTRACT. It is a study that aims to understand the process of reaffirmation of the urban-regional centrality of Mossoró from the 1970s, with reference to commercial activity and the provision of services. This work has adopted as a train thought, the method of regressive-progressive analysis, formulated by Lefebvre; and as methodological procedures, the reading and the theoretical discussion of the concepts of urban space, region and centrality (key concepts); the analysis of historical and geographic texts that explain and contextualize the urban-regional centrality of the city of Mossoró; the collection, systematization and analysis of statistical data on this urban center and its region of influence; as well as research and field investigations. It is structured in three main parts that deal with: socioeconomic and tertiary characterization of the city of Mossoró and its region of influence - established from the study of Regions of Influences of Cities (REGIC, 2008); the historical and spatial conformation of its regional centrality; the discussion of spatial relations and processes that reaffirm this city as a central urban space in the region. It was observed that Mossoró has been configured, from a historical, spatial and functional point of view, as an urban-regional centrality, continuously attracting, and due to its economic activities, various flows to its urban nucleus. In addition, it has been inferred that, since the 1970s, the concentration and diversity of service and business activities found in this urban space are elements that reaffirm the regional centrality of this city, because the flows that flow from this and to this center are mainly driven by the supply of tertiary activities.. Keywords: Mossoró. Centrality urban-regional. Trade. Services..

(9) LISTA DE QUADROS. Quadro 01: Síntese do método regressivo-progressivo..................................... 25. Quadro 02: Serviços de saúde ofertados em Mossoró...................................... 47. Quadro 03: Hierarquia dos centros urbanos brasileiros..................................... 52. Quadro 04: Municípios que formam a região de influência de Mossoró............ 54. Quadro 05: Informações gerais sobre a Região de Influência de Mossoró....... 59. Quadro 06: Distribuição dos serviços na Região de Influência de Mossoró...... 61. Quadro 07: Destino dos produtos agroindustriais de Mossoró.......................... 90. Quadro 08: Níveis Hierárquicos da Rede Urbana Brasileira.............................. 107. Quadro 09: Origem dos fluxos (população flutuante) em Mossoró.................... 114. Quadro 10: Pressupostos da Teoria das Localidades Centrais......................... 135. Quadro 11: Princípios da Teoria das Localidades Centrais............................... 140. LISTA DE TABELAS. Tabela 01: Níveis de centralidade com base no comércio e nos serviços......... 34. Tabela 02: Sistema Bancário em Mossoró/RN................................................... 43. Tabela 03: Número de discentes na Educação Superior (Mossoró, 2012)........ 44. Tabela 04: Níveis de centralidade segundo a oferta de serviços de saúde....... 46. Tabela 05: Distribuição populacional na região de influência de Mossoró......... 56. Tabela 06: Níveis de centralidade educação superior (graduação)................... 66. Tabela 07: Distribuição temporal das agroindústrias em Mossoró..................... 89. LISTA DE MAPAS. Mapa 01: Localização do município de Mossoró................................................ 30. Mapa 02: Região de Influência da cidade de Mossoró....................................... 55. Mapa 03: Distribuição populacional na região de influência de Mossoró........... 58. Mapa 04: Serviços bancários em Mossoró e região........................................... 64. Mapa 05: Ensino superior em Mossoró e região................................................ 65. Mapa 06: Equipamentos de saúde presentes em Mossoró e região................. 69.

(10) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: População total, urbana e rural de Mossoró – 1940 a 2010........... 31. Gráfico 02: Distribuição do PIB do Rio Grande do Norte (2012)....................... 32. Gráfico 03: PIB total e por setores da economia de Mossoró – 2003-2013...... 32. Gráfico 04: Evolução no número de estabelecimentos – Mossoró.................... 33. Gráfico 05: Distribuição do Sistema Bancário no RN e Mossoró...................... 43. Gráfico 06: Classes de comércio e de serviços na região de Mossoró............. 62. Gráfico 07: Serviços de saúde em Mossoró e região........................................ 68. Gráfico 08: Fases das agroindústrias em Mossoró........................................... 88. Gráfico 09: Principais produtos exportados de Mossoró, em 2013................... 103. Gráfico 10: Renda média da população flutuante de Mossoró.......................... 116. Gráfico 11: Motivação dos fluxos em direção a Mossoró.................................. 117. Gráfico 12: Gastos da população flutuante em Mossoró................................... 121. Gráfico 13: Frequência mensal da população flutuante em Mossoró................ 121. Gráfico 14: Frequência dos fluxos populacionais em Mossoró......................... 122. Gráfico 15: Frequência das viagens dos taxistas à Mossoró............................ 123. Gráfico 16: Tempo de deslocamento (cidade de origem - Mossoró)................. 125. Gráfico 17: Avaliação dos serviços presentes em Mossoró.............................. 128.

(11) LISTA DE FIGURAS. Figura 01: Atividade comercial na Rua Coronel Gurgel................................... 36. Figura 02: Mercado Público Central de Mossoró............................................. 36. Figura 03: Partage Shopping Mossoró............................................................ 37. Figura 04: Espaços de lazer do Partage Shopping Mossoró........................... 39. Figura 05: Hiper Bompreço e Maxxi Atacado (redes internacionais)............... 40. Figura 06: Hiperqueiroz e Supermercado Rebouças (redes locais)................ 41. Figura 07: Hierarquia dos centros urbanos brasileiros.................................... 51. Figura 08: Rede urbana do estado do Rio Grande do Norte........................... 53. Figura 09: Esboço do “espaço urbano” de Mossoró, em 1772........................ 76. Figura 10: Arraial de Santa Luzia de Mossoró, em 1810................................. 79. Figura 11: Mossoró entre 1860 e 1870 - Década do Expansionismo.............. 79. Figura 12: Influência de Mossoró no período de Empório Comercial.............. 81. Figura 13: Distribuição espacial dos produtos agroindustriais de Mossoró..... 91. Figura 14: Ponto de apoio dos taxistas de Assú (RN) em Mossoró................ 126. Figura 15: Ponto de apoio dos taxistas da região em Mossoró....................... 126.

(12) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CNAE – Classificação Nacional das Atividades Econômicas DTT – Divisão Territorial do Trabalho FACENE – Faculdade de Enfermagem Nova Esperança FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos FECOMERCIO/RN – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN FIBGE – Fundação Instituto Brasileiro Geografia e Estatística FJP – Fundação João Pinheiro IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte INEP – Instituto Nacional de Estudos e Educacionais IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços MEC – Ministério da Educação PEA – População Economicamente Ativa PIB – Produto Interno Bruto PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RAIS – Relação Anual de Informações Sociais REGIC – Região de Influência das Cidades RN - Rio Grande do Norte TLC – Teoria das Localidades Centrais UCB – Universidade Castelo Branco UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UFERSA – Universidade Federal Rural do Semiárido ULBRA – Universidade Luterana do Brasil UNIDERP – Universidade Anhanguera UNIFOR – Universidade de Fortaleza UNIP – Universidade Paulista UNIT – Universidade Tiradentes UNOPAR – Universidade Norte do Paraná UNP – Universidade Potiguar.

(13) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12. 1.1 APORTES TEÓRICOS, CONCEITUAIS E ANALÍTICOS............................. 15. 1.2 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO...................................... 23. 2. MOSSORÓ E SUA REGIÃO DE INFLUÊNCIA........................................... 27. 2.1 APRESENTAÇÃO DA CIDADE.................................................................... 29. 2.2 DESCRIÇÃO DA REGIÃO............................................................................ 48. 3. A CONSTRUÇÃO DA CENTRALIDADE URBANORREGIONAL............... 71. 3.1 MANIFESTAÇÕES INICIAIS DA CENTRALIDADE DE MOSSORÓ............ 73. 3.2 AS AGROINDÚSTRIAS E A INFLUÊNCIA REGIONAL DE MOSSORÓ..... 86. 3.3 O TERCIÁRIO E A REAFIRMAÇÃO DA CENTRALIDADE.......................... 97. 4. A CENTRALIDADE REGIONAL DE MOSSORÓ REAFIRMADA............... 109. 4.1 O TERCIÁRIO E A DINÂMICA URBANORREGIONAL................................ 112. 4.2 UM OLHAR TEÓRICO-EMPÍRICO DA CENTRALIDADE............................ 129. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 147. REFERÊNCIAS............................................................................................ 151. APÊNDICES................................................................................................. 161. ANEXOS....................................................................................................... 166.

(14) 12. 1 INTRODUÇÃO. A cidade de Mossoró é um centro urbano localizado no sertão nordestino, que tem se apresentado historicamente como uma área de influência regional. O marco inicial/temporal desse processo data do ano de 1857, momento em que os navios da Companhia Pernambucana de Navegação Costeira começaram a ancorar no Porto Franco, também conhecido como Porto de Mossoró 1 (FELIPE, 2001). Anteriormente, parcela significativa dos produtos oriundos da região sertaneja tais como a carne seca, o sal, o algodão e as peles, era escoada através do Porto de Aracati (Ceará). Com o assoreamento desse espaço portuário e o cessar de suas atividades, a comercialização e a distribuição dos produtos derivados das economias tradicionais passaram a ocorrer em Mossoró (FELIPE, 1980; 1982; 1988). A partir do ano supracitado, Mossoró se projetou como um Empório Comercial – espaço caracterizado por intensos fluxos comerciais e variedade de produtos – como um lugar de troca e comercialização dos produtos oriundos das economias do Sertão e do Litoral; ampliou e intensificou suas relações comerciais/capitalistas com outros centros urbanos das províncias do Rio Grande do Norte, de Pernambuco, do Ceará e da Paraíba; e começou a se afirmar como uma área de destaque na região (FELIPE, 1988). Entretanto, já nas primeiras décadas do século XX, Mossoró perdeu a sua posição de Empório, em decorrência da desvalorização dos transportes marítimos e fluviais frente aos avanços dos transportes rodoviários e ferroviários, ainda reduzidos nesse espaço. Em resposta a esse insucesso, a burguesia mossoroense, fazendo uso das heranças (capital) do período de Empório Comercial, começou a reorganizar o espaço socioeconômico dessa urbe, viabilizando o surgimento das agroindústrias tradicionais e o fortalecimento da atividade salineira (ibid). Com a ascensão desse sistema produtivo industrial, Mossoró voltou a exercer influência na região, reafirmando seu destaque no espaço regional; passou a atrair e dissipar diversos fluxos para o seu espaço intraurbano, a exemplo dos produtos agroindustriais exportados para a região centro-sul do Brasil (ROCHA, 2009). Discutindo sobre a evolução histórica da centralidade regional de Mossoró, Oliveira (2012) tece os seguintes comentários sobre o contexto econômico citado: 1. Atualmente, essa área pertence ao município de Areia Branca (RN)..

(15) 13 A cidade, com essa expansão do sistema produtivo industrial, se insere na nova divisão territorial e interregional do trabalho nacional, considerando que se torna fornecedora de matérias-primas naturais ou semi-elaboradas para a industrialização que se expandia na região sudeste. Com a emergência de novos sistemas de produção material, mantém-se a condição de centro regional, integrando um novo processo de circulação e produção de mercadorias regionais, além de ampliar seu comércio na região de influência (p. 79-80).. Entre 1960 e 1970, as indústrias do centro-sul do Brasil começaram a fabricar os produtos oriundos das agroindústrias mossoroenses, limitando e inviabilizando a produção e o comércio dos mesmos em Mossoró (PINHEIRO, 2007). É importante ressaltar que nesse mesmo período, a atividade salineira presente em Mossoró foi alvo de investimentos estrangeiros, fato que proporcionou a modernização dessa atividade – mecanização da salinicultura (ROCHA, 2009). A queda das agroindústrias decretou uma crise na economia mossoroense, todavia, também impôs, a partir da década de 1970, uma nova especialização econômica a Mossoró, a saber: a cidade deixava de “[...] ser apenas mais um centro repassador de matéria-prima, para também ser um centro prestador de serviço, que passa a terceirizar as atividades locais [...]” (PINHEIRO, 2007, p. 114, grifos nossos). Em outras palavras, a atividade comercial e a prestação de serviços tornavam-se “motores propulsores” da dinâmica econômica urbana e regional de Mossoró. A partir do contexto elucidado, emerge a problemática central desse estudo: Qual a contribuição do processo de expansão da atividade comercial e dos serviços para a reafirmação da centralidade urbanorregional de Mossoró a partir de 1970? Com base nesse questionamento, a dissertação ora apresentada tem como objetivo principal: discutir o processo de reafirmação da centralidade urbanorregional de Mossoró a partir da década de 1970, tendo como referência a atividade comercial e a prestação de serviços. Para além do questionamento principal desse estudo, e pensando o problema ora exposto por meio de uma análise espaço-temporal, foram levantadas algumas questões específicas, a saber:. 01. Como o comércio e os serviços se apresentam atualmente no contexto espacial e econômico da cidade de Mossoró? E no contexto da região de influência dessa cidade, tomando por base a região de influência estabelecida pelo Regic em 2008?.

(16) 14. 02. Como a prestação de serviços e a atividade comercial foram, histórica e espacialmente, estruturando-se como elementos fomentadores da centralidade urbanorregional de Mossoró? 03. Por que o terciário de Mossoró se apresenta atualmente como um elemento de destaque na região, ao ponto de atrair diversos fluxos para essa urbe? Como ele tem influenciado na reafirmação dessa centralidade a partir da década de 1970? A partir desses questionamentos secundários, estruturaram-se os seguintes objetivos específicos dessa dissertação: 01. Caracterizar o terciário no espaço urbano e no quadro econômico de Mossoró, assim como na sua região de influência, focando o comércio e os serviços como elementos-chave dessas relações; 02. Explicar a influência histórica e espacial do comércio e da prestação de serviços no processo de configuração da centralidade urbanorregional de Mossoró; 03. Discutir os processos e as relações estabelecidas entre Mossoró e os espaços circunvizinhos, tomando o comércio e a prestação de serviços dessa cidade como elementos de análise.. No que se refere ao recorte temporal, destaca-se que esse estudo tem como marco inicial a década de 1970, pois é a partir desse período, com o declínio das agroindústrias tradicionais, que essa cidade começa a se configurar como um centro urbano prestador de serviço (FELIPE, 1988), respondendo a uma demanda intra e interurbana; e estende-se até o ano de 2016, momento de construção e estruturação da pesquisa ora apresentada. Para compreender o processo de reafirmação da centralidade urbanorregional de Mossoró a partir da década de 1970 e por meio de suas atividades terciárias, foi necessário construir um embasamento teórico, conceitual e analítico que permitisse uma leitura geográfica dos processos presentes nesse espaço; que construísse um mapa teórico-formal que se sobrepusesse à realidade empírico-concreta, explicando assim, e dentro dos ajustes necessários, a questão central dessa dissertação..

(17) 15. Assim, como forma de atender a essa necessidade cognitiva, foram eleitos como elementos teóricos centrais desse estudo: os conceitos de Espaço Urbano, Região e Centralidade (conceitos-chave); além de Rede e Heterarquia Urbana, e Divisão Territorial do Trabalho (DTT); foram elencados como elementos do espaço: os homens, as firmas e as infraestruturas; e listados como categorias de análise: os pares dialéticos fixos e fluxos, densidade e rarefação; e seletividade espacial. Sucintamente, apresentar-se-á cada um desses aportes teóricos, conceituais e analíticos, sempre de forma correlacionada ao objetivo principal dessa dissertação.. 1.1 APORTES TEÓRICOS, CONCEITUAIS E ANALÍTICOS. O espaço urbano é um produto social, resultado de um conjunto de processos (centralização, descentralização, segregação, coesão, inércia e invasão-sucessão) acumulados historicamente e produzidos por diferentes agentes sociais, tais como: proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, agentes imobiliários, Estado e os agentes sociais excluídos (CORRÊA, 1997). Esses agentes atuam configurando e produzindo esse espaço, criando formas desiguais e campos de interesses múltiplos (CORRÊA, 2000). A produção do espaço urbano está relacionada a uma forma, a cidade, não estando limitado ou reduzido a ela; isto porque, mais que uma localização ou um arranjo de lugares, o urbano é um modo, um estilo de vida (CAVALCANTI, 2001); é representado por meio das relações sociais, não se desvinculando de uma forma, de uma morfologia, de um plano prático-sensível (LEFEBVRE, 2001). Assim, reforça-se que a cidade, enquanto forma, e o urbano, enquanto conteúdo são elementos distintos. Porém, essa divergência conceitual não os exclui ou os separa; pelo contrário, essa materialidade e imaterialidade se interrelacionam, e são, ao mesmo tempo, interdependentes e contraditórias (LEFEBVRE, 2001); são complementares, e necessitam um do outro para se reconhecerem. Nas palavras de Santana (2010, p. 113), o “lugar expressa o urbano e este, por sua vez, incide sobre o lugar”; ou seja, a cidade “reflete” o urbano, e esse se sobrepõe à cidade. O processo de produção do espaço urbano se dá de modo desigual entre os lugares, combinando áreas mais desenvolvidas, dotadas de aparatos técnicos e funcionalidades urbanas com outras, mais “atrasadas”, carentes de tais elementos..

(18) 16. Essa reprodução diferenciada do espaço urbano ocorre tanto na escala intra quanto interurbana, formando um verdadeiro mosaico urbano, com peças díspares. Essas disparidades espaciais são, conforme aponta Santos (1997), resultados da produção globalizada e da dinâmica capitalista, que propõe uma unidade entre os espaços, mas também instigam a diferença entre eles, reforçando-as. Em seu texto “A cidade como centro de região”, Santos (1959) enfatizou que as cidades, bem como a sua dinâmica urbana, não podem ser pensadas de forma isolada, mas sempre a partir de conexões com outros lugares. Isso porque cada concentração urbana tem uma área de influência, com escalas variáveis, que é instável e está sujeito também a outros espaços maiores, dentro de uma hierarquia urbana. Convergindo com tais ideias, Carlos (1982) frisa que o nível de complexidade de determinado espaço urbano e de sua área de influência está correlacionado ao grau de desenvolvimento dos seus processos produtivos, de suas funções; e ainda explicita que determinada cidade pode “comandar” tanto a produção de sua área quanto a de outros espaços urbanos, extravasando assim, os seus limites, “[...] alcançando e subordinando outras áreas, se relacionando com outros espaços [...] através da divisão espacial do trabalho [...]” (CARLOS, 1982, p. 107). Um espaço urbano, dependendo do nível de estruturação e organização de suas diferentes atividades, pode configurar-se como centro de uma região, pois, conforme assinala Kayser (1975, p. 281), “[...] não há verdadeira região sem centro, sem núcleo, isto é, sem cidade, por que as regiões vivem por seu centro [...].” Nessa mesma linha de raciocínio, o referido autor ainda reforça:. A organização, tradução concreta do fenômeno de regionalização, deve assentar-se sobre um eixo, um ‘pólo’, um ‘núcleo’, se assim se quiser dizer, e este, baseado em atividades da população empregada em comércio, bancos, companhias de seguros, hotéis etc, somente tem lugar na cidade. Assim, por mecanismos bem conhecidos, a cidade comanda o espaço que a envolve, encerrando-o em uma rede de relações comerciais, administrativas, sociais, demográficas, políticas, da qual ela ocupa o centro (KAYSER, 1975, p. 281).. Em outras palavras, percebe-se que há uma relação solidária entre a cidade e a região, uma relação de dependência entre esses espaços (SANTOS, 1959); e que a cidade e a região se configuram nesse contexto como dois organismos dinâmicos.

(19) 17. e interdependentes, de modo que a realidade urbana não se manifesta de maneira isolada do seu contexto regional (ROCHEFORT, 1998). A concepção de região utilizada nesse estudo ultrapassa a ideia de região natural, compreendida a partir de um quadro físico homogêneo; rompe a concepção da diferenciação de áreas ou da identidade regional (CORRÊA, 2003); e converge para o entendimento de que a região pode ser pensada a partir de um espaço preciso, mas nem por isso imutável ou fixo, que está inscrito dentro de um quadro espacial cuja organização gira em torno de um centro, de uma cidade dotada de autonomia, apresentando certa integração funcional em relação à economia global, sendo em síntese, o resultado de uma “[...] associação de fatores ativos e passivos de intensidades diferentes, cuja dinâmica própria está na origem dos equilíbrios internos e da projeção espacial” (KAYSER, 1975, p. 282, grifos nossos). Neste sentido, a noção de regiões funcionais ou polarizadas foi essencial para a leitura teórica do problema proposto nesse trabalho dissertativo, porque essa região é entendida como “[...] uma área polarizada por um determinado centro nos marcos de uma rede urbana” (SOUZA, 2013, p. 139), e a partir “[...] das múltiplas relações que circulam e dão forma a um espaço que é internamente diferenciado” (GOMES, 2000). A relação entre a cidade e a região induz à reflexão sobre outro conceito desse trabalho: centralidade. A centralidade é definida pelo encontro, identificação e coexistência dos elementos que existem no espaço; como uma forma, um espaço que “chama”, atrai conteúdo (LEFEBVRE, 2006); que concentra e atrai atividades e pessoas em uma área, polariza um determinado espaço, organizando os fluxos que o percorrem (SILVA, 2013). Nesse sentido, a centralidade é definida como um processo, uma imaterialidade, uma “força” de atração que só existe a partir de uma base física, de um centro (uma cidade, por exemplo), refletindo assim, as ideias de concentração de bens e serviços e de fluxos. A centralidade é passível de mudanças, de modo que um espaço central pode passar por processos de redefinição ou involução, e áreas sem proeminência podem dar lugar a dinâmicas e processos socioeconômicos que as consolidarão com centralidades. Essa capacidade de atração (polarização) de um determinado espaço pode ser redefinida, seja em escalas temporais, longo ou curto prazo; ou espaciais, áreas de influência maiores ou menores (PEREIRA; FRANÇA; SILVA, 2015)..

(20) 18. A centralidade regional de uma cidade é pensada dentro de uma hierarquia espacial e urbana. Entretanto, para entender esse arranjo hierarquizado é preciso considerar que existe uma rede complexa de relações entre os espaços urbanos, de modo que não existe necessariamente uma sequência ou dependência progressiva espacial para que essas relações ocorram; é necessário compreender que existem redes verticais e hierárquicas, nas quais alguns espaços dominam outros; todavia, existem também redes horizontais, heterárquicas, nas quais espaços com diferentes níveis podem se relacionar, rompendo essa hierarquia espacial. Catelan (2013) explicita que a hierarquia urbana continua a existir, entretanto, é insuficiente para explicar “[...] os conteúdos advindos do aumento das interações espaciais sob a égide da globalização [...]”; isto porque os encontros das redes se ampliam tanto em quantidade quanto em complexidade, ocorrendo assim, uma “[...] maior sinergia entre os papéis de cada cidade na rede urbana, em cada escala geográfica e na interação entre elas” (p. 80). Assim, além de uma hierarquia, existe também uma heterarquia urbana. A heterarquia advém das relações espaciais interescalares na rede urbana, e está relacionada “[...] à concepção de que o mundo é regido por interações complexas que ocorrem ao mesmo tempo [...] por meio de uma condição de interdependência entre níveis de atuação desses agentes e forças [...]” (CATELAN, 2013, p. 79). Partindo desse entendimento, o conceito de heterarquia urbana foi um dos elementos teóricos (mesmo sendo um conceito secundário da pesquisa) utilizados na discussão da centralidade regional de Mossoró, visto que as interrações que ocorrem com e nesse espaço se dão tanto a partir de relações hierárquicas quanto por meio de relações interescalares, horizontais. Para além dos conceitos elucidados, é importante destacar que a “Teoria das Localidades Centrais”, formulada por Walter Christaller, no ano de 1933, e a releitura dessa proposta teórica realizada por Corrêa, em 1997, subsidiaram teoricamente a discussão da problemática de estudo dessa dissertação. Frisa-se que essa teoria buscou explicar a hierarquia e a regularidade no ordenamento dos centros urbanos a partir das concentrações de bens e serviços no espaço, rompendo com método geográfico usual da época – o descritivo e indutivo; e aproximou as leis econômicas às leis da geografia urbana. Em sua obra “Espaço e Método”, Santos (2012a) ressalta que o espaço é considerado como uma totalidade. Todavia, é possível dividi-lo em partes, por meio.

(21) 19. de análises – processo de fragmentação e reconstituição desse todo. Esta divisão deve ser operacionalizada a partir de uma variedade de critérios, de possibilidades, dentre as quais estão os elementos do espaço. O referido autor aponta cinco elementos do espaço, a saber: os homens (na qualidade de fornecedores de trabalho ou candidatos a isso); o meio ecológico (base física do trabalho humano); as firmas (cuja função é a produção de bens, serviços e ideias); as instituições (produtoras de normas, de ordens e legitimações); e as infraestrututuras (materialização e geografização do trabalho humano); e enfatiza que esses elementos são intercambiáveis e redutíveis uns aos outros; possuem uma interdependência funcional, estando em constante interação; e apresentam uma variabilidade tanto quantitativa quanto qualitativa (SANTOS, 2012a). Em seu texto “Uma situação geográfica”, Silveira (1999), citando George (1969), afirma que todos esses elementos agem em conjunto para definir uma situação geográfica2. Entretanto, ela ressalta também, como base nas ideias de Beaujeu-Garnier (1971), que é preciso escolher quais desses elementos são fundamentais na pesquisa, e a partir deles, descobrir a complexidade das relações existentes em uma situação geográfica (ibid, 1999). Assim, tomando por base esses apontamentos, e como forma de pensar e compreender a importância da atividade comercial e dos serviços na conformação da centralidade urbanorregional de Mossoró, objetivo maior desta dissertação, foram elencados como elementos espaciais de análise desse trabalho, os homens, as firmas e as infraestruturas. É importante destacar que para cada elemento escolhido, foram trabalhadas diferentes vertentes ou aspectos – elucidados a seguir. O principal aspecto considerado em relação à população foram os fluxos (movimentos) realizados em direção à urbe mossoroense. Nesse contexto, analisouse a origem, a temporalidade, a intensidade e as razões dos deslocamentos que convergem da região para esse centro urbano. Ainda em relação à população, realizou-se uma caracterização geral do perfil populacional de Mossoró e da sua região de influência, bem como uma discussão sobre o papel e/ou importância dos agentes sociais e econômicos na configuração da centralidade urbanorregional dessa cidade. 2. Silveira (1999, p. 22) explica: [...] a situação decorreria de um conjunto de forças, isto é, de um conjunto de eventos geografizados, porque tornados materialidade e norma [...]. Assim, ao longo do tempo, os eventos constroem situações geográficas que podem ser demarcadas em períodos e analisadas na sua coerência..

(22) 20. Em relação às firmas e às infraestruturas, caracterizadas nessa dissertação pelos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, foram trabalhados os seguintes aspectos: a concentração de comércios e serviços em Mossoró e na sua região de influência; a variedade desses estabelecimentos e a renda gerada por essas atividades; e a espacialização e localização dessas atividades nos contextos local e regional. É importante destacar que a caracterização desses elementos está vinculada à descrição da realidade, do que observamos e do que está posto – etapa desenvolvida na primeira seção desse trabalho. No processo de investigação de uma problemática espacial existem, além dos elementos espaciais, as categorias de análise. Elas são ferramentas, instrumentos teóricos que estão inseridos em uma teoria ou método de análise; são necessárias para conhecer a realidade fenomênica a partir do conhecimento científico; definem a natureza de alguma coisa (SANTOS, 2015). Sendo assim, para entender o processo de conformação e reafirmação da centralidade urbanorregional de Mossoró, foram elencados como categorias de análise dessa pesquisa: fixos e fluxos 3, densidade e rarefação, além de seletividade espacial. Entende-se que as atividades terciárias de/em Mossoró se apresentam como elementos espaciais fixos, que possuem uma base material fixa, mas são dinâmicas, e que atraem, por meio de seu conteúdo, diversas pessoas, mercadorias e capitais; ou seja, fluxos para seu centro. Os fluxos se movem em direção aos espaços dotados de atratividade, que apresentam funções urbanas mais qualificadas e diversas. Nessa perspectiva, depreende-se que a centralidade de Mossoró pode ser compreendida a partir da concentração das funções urbanas que essa cidade possui em relação aos espaços urbanos circunvizinhos, rarefeitos em sua maioria. Em outras palavras, o uso das categorias dialéticas densidade e rarefação nos permitiu compreender a influência de Mossoró a partir de sua densidade espacial e terciária, em relação aos outros espaços da região, mais rarefeitos. É importante destacar que a densidade e a rarefação são identificadas por meio da concentração de coisas, objetos, homens, pelo movimento desses objetos, 3. Milton Santos (2006) esclarece que “[...] os elementos fixos, fixados em cada lugar, permitem ações que modificam o próprio lugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condições ambientais e as condições sociais, e redefinem cada lugar. Os fluxos são um resultado direto ou indireto das ações e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a sua significação e o seu valor, ao mesmo tempo em que, também, se modificam” (p. 38)..

(23) 21. da população, das informações, do dinheiro e das ações em um espaço (SANTOS, 2006); e que, em nossa pesquisa, essas categorias estão diretamente relacionadas às atividades terciárias (quantidade e diversidade dos estabelecimentos de comércio e de serviços presentes nos espaços investigados). Por fim, escolhida como categoria de análise a seletividade espacial. Essa prática é uma das ações que configuram a organização do espaço; além disso, é um dos processos que explica, conforme destaca Moreira (2007), a origem dos espaços cheios e dos espaços vazios, de áreas mais densas e áreas mais rarefeitas. Sobre essa prática espacial Corrêa (2003, p. 36) expõe: No processo de organização de seu espaço, o Homem age seletivamente. Decide sobre um determinado lugar segundo este apresente atributos julgados de interesse de acordo com os diversos projetos estabelecidos. A fertilidade do solo, um sítio defensivo, a proximidade da matéria-prima, o acesso ao mercado consumidor ou a presença de um porto, de uma força de trabalho não qualificada e sindicalmente pouco ativa, são alguns dos atributos que podem levar a localizações seletivas.. Nesse sentido, a seletividade espacial, utilizada como categoria de análise nessa pesquisa, possibilitou a compreensão dos porquês da centralidade regional de Mossoró, as razões da concentração de equipamentos comerciais e de serviços, e a relação desses aspectos com a influência dessa cidade na região. Ao se pensar a conformação da cidade de Mossoró como uma centralidade urbanorregional, como um espaço central que atrai diversos fluxos, foi necessário compreender o papel desse centro dentro de uma malha urbana, de um cenário regional, e inserido em uma divisão espacial do trabalho, do modo produção. Nesse contexto, a Divisão Territorial do Trabalho (DTT) e a rede urbana foram empregadas com referências conceituais basilares no desenvolvimento e na construção desse trabalho dissertativo. Nessa perspectiva, enfatiza-se que a rede urbana, compreendida como um conjunto articulado de centros urbanos que se integram em diversas escalas por meio de fluxos, e a Divisão Territorial do Trabalho – especialização e espacialização produtiva – formam, conforme destaca Fresca (2010), “[...] um conjunto analítico pelo qual se pode ter um entendimento do desenvolvimento regional e urbano [...]”, (p 119); ou seja, pode-se pensar e compreender a dinâmica espacial de determinado espaço urbano dentro de um cenário regional..

(24) 22. A rede urbana se apresenta de duas formas em relação à Divisão Territorial do Trabalho – como um reflexo e uma condição. Como reflexo, a rede urbana traduz “[...] os arranjos distintos referenciados ao processo de ocupação, à produção propriamente dita e suas relações sociais, ao nível de renda, aos diferentes níveis de circulação, atrelados às diferentes interações sócioespaciais.” (FRESCA, 2010, p. 120); já como condição, ela “[...] define os pontos focais da vida de relações e as vias de tráfego por onde os fluxos diversos são estabelecidos e possibilitam a criação e transformação constante e desigual de atividades e cidades” (ibid). A Divisão Territorial do Trabalho está relacionada diretamente à matéria, à delimitação do espaço, ao seccionamento e a especialização dos lugares; é um resultado direto da diferenciação interna do espaço, provocada pela expansão do capital e das relações capitalistas, estando implícito o conceito de Divisão Social do Trabalho formulado por Marx (FRESCA, 2010). Entretanto, na discussão desenvolvida nessa dissertação, essa divisão está relacionada ao terciário. Sendo assim, vincula-se à dinâmica, aos fluídos, aos fluxos. Mais do que uma especialização/espacialização produtiva das relações de trabalho, observamos a DTT, nesse trabalho, a partir das possibilidades de relação entre os diversos lugares. Observando a dinâmica urbana e regional de Mossoró, e a sua conformação econômica a partir dos elementos teóricos, conceituais e analíticos apresentados até o momento, percebe-se que grande parte das riquezas geradas nesse espaço tem sua origem no setor terciário. Desta forma, acredita-se que a prestação de serviços e o comércio presentes nesse espaço urbano tem se configurado, historicamente, como elementos impulsionadores de sua centralidade regional. Isso porque essas atividades têm atraído, em virtude de sua dinâmica mercantil, constantes fluxos para o seu centro, ou seja, da região para a cidade de Mossoró. Expostos os elementos conceituais, teóricos e análiticos dessa dissertação, apresentar-se-á os procedimentos metodológicos adotados na construção desse trabalho, bem como a sua estrutura organizacional – as seções da obra..

(25) 23. 1.2 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO. Para a estruturação e construção metodológica desse trabalho partiu-se da ideia de que a centralidade urbanorregional de Mossoró poderia ser compreendida não apenas pelo viés de padrões, modelos preestabelecidos (concebidos), próprios da geografia positivista. Mas, pelo estudo e pela análise dos processos sociais, econômicos e espaciais, dotados de historicidade, de movimentos diacrônicos e contrariedades. Assim, o caminho investigativo que foi trilhado para dar resposta à pergunta central desse trabalho e validar a hipótese levantada anteriormente tiveram dois focos centrais, a saber: o estudo teórico e a análise empírica. Do ponto de vista teórico, realizou-se a leitura e a discussão dos elementos conceituais considerados fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa, e para a compreensão da problemática trabalhada. Dentre esses elementos, citam-se os conceitos de espaço urbano, região, centralidade, divisão territorial do trabalho, rede e heterarquia urbana, já elucidados anteriormente. Paralelamente, realizou-se uma leitura histórica e espacial da centralidade urbanorregional de Mossoró a partir de documentos bibliográficos (histórico, econômico e geográfico) e estatísticos. Utilizou-se como referências básicas para essa leitura histórica e espacial os escritos de Felipe (1980; 1981; 1982; 1988; 2001; 2007), Silva (1983), Brito (1987), Cascudo (2001), Rocha (2009), Pinheiro (2006; 2007) e Oliveira (2012; 2014). Tratam-se de escritos científicos, que versam sobre a dinâmica urbana de Mossoró, os seus processos socioespaciais, econômicos e regionais. Para subsidiar a discussão e a análise proposta, recorreu-se ao levantamento e sistematização de dados secundários disponíveis sobre a população, a economia, o comércio e os serviços presentes em Mossoró e em sua região de influência, junto aos seguintes órgãos e/ou documentos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Regiões de Influência das Cidades (REGIC), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), Instituto Nacional de Estudos e Educacionais (INPE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Ministério da Educação (MEC), Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) e Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Tais informações foram basilares para a construção de um “cenário espacial” que possibilitou a análise, a discussão e a compreensão da centralidade urbana e regional de Mossoró – e sua reafirmação por meio de seu terciário..

(26) 24. Adotou-se como linha de pensamento ou construção metodológica o método de análise regressivo-progressivo, formulado por Henry Lefebvre. Esse método investigativo busca a compreensão da origem do presente, partindo-se sempre do atual em direção ao passado, “[...] não apenas para explicar o passado, mas, sobretudo, para esclarecer os processos em curso no presente que apontam para o futuro” (DUARTE, 2006, online); há um movimento de duplo sentido: o regressivo (do virtual ao atual, do atual ao passado) e o progressivo (do passado ao atual, e do atual ao vir a ser, ao virtual) (LEFEBVRE, 1999). Em seu texto, intitulado “As possibilidades de aplicação do método de análise regressivo progressivo”, Ortogoza (2010) ressalta que apesar de ser uma alternativa aos estudos de sociologia rural, esse método se mostrou adaptável para as diversas áreas das ciências sociais. A referida autora ressalta que esse procedimento busca, na complexidade da vida cotidiana, a explicação para a sociedade urbana, e nos remete “[...] a uma reflexão bastante profunda da sociedade urbana, levando-nos ao entendimento do espaço como um produto e condição das relações sociais de produção.” (ibid, p. 157-158). Esse procedimento é composto estruturalmente por três momentos distintos: o descritivo, o analítico-regressivo e o histórico-genérico. Essas etapas investigam a dupla complexidade da realidade social: a horizontal, a que ver; a que está posta no cenário presente, por meio do cotidiano e da paisagem; e a vertical, na qual se mostram as múltiplas idades e/ou tempos dessa realidade horizontal, que não é homogênea, mas é preenchida de coexistências e contradições. Na terceira e última fase desse método, há uma convergência, um reencontro com o presente, já discutido, elucidado e explicado, sob a luz de uma concepção teórica, abrindo-se um espaço para a discussão das contradições, dos conflitos, das condições e possibilidades. Sobre esse último momento, Martins (1996) reforça: A volta à superfície fenomênica da realidade social elucida o percebido pelo concebido teoricamente e define as condições e possibilidades do vivido. Nesse momento regressivo-progressivo é possível descobrir que as contradições são históricas e não se reduzem a confrontos de interesses entre diferentes categorias sociais. Ao contrário, na concepção lefebvriana de contradição, os desencontros são também desencontros de tempos e, portanto, de possibilidades (p. 22)..

(27) 25. As etapas e os procedimentos adotados no método de análise regressivoprogressivo estão sistematizados e expostos no quadro 01: Quadro 01: Síntese do método regressivo-progressivo. 01. Momento descritivo a) Observação do objeto de estudo; b) Descrição do visível ou aparente; c) Estudo da complexidade horizontal da vida social; d) Descrição orientada a partir de um “olhar” teórico. 02. Momento analítico-regressivo a) Análise da realidade estudada ou descrita; b) Datação da realidade, das relações sociais, em idades; c) Estudo da complexidade vertical da vida social, como um resgate histórico. 03. Momento histórico-genérico a) Reencontro com o presente, já descrito e explicado; b) Análise geral das modificações apontadas a partir de uma perspectiva teórica; c) Análise das contradições não resolvidas, dos conflitos e das possibilidades. Fonte: Elaboração nossa (2015), com base em Martins (1996) e Ortigoza (2010).. Com as reflexões teóricas, conceituais e analíticas construídas, e com uma linha de pensamento metodológico estabelecido, o método regressivo-progressivo, foram estruturados, a partir de cada objetivo proposto anteriormente, e em paralelo com o método citado, os seguintes procedimentos metodológicos e seções desse trabalho, descritas a seguir. Na primeira seção desta dissertação, intitulada de “Mossoró e sua região de influência”, realizou-se uma caracterização da “realidade aparente”, do que está posto sobre a cidade de Mossoró e de sua região de influência (definida pelo REGIC – 2008). Essa caracterização ou descrição foi realizada por meio do levantamento e da sistematização de dados socioespaciais e econômicos, como perfil populacional e econômico; quantificação e qualificação das atividades comerciais e de serviços. Esses dados foram coletados a partir de órgãos oficiais, já citados nesse trabalho, objetivando-se construir um panorama do terciário no espaço urbano e no quadro econômico de Mossoró e na sua região de influência. A fim de explicar essa “realidade visível”, na segunda seção desse trabalho, denominado “A construção da centralidade urbanorregional”, discorreu-se sobre a historicidade e a espacialidade da centralidade urbanorregional de Mossoró, focando essa discussão nas atividades terciárias, como força motriz desse processo..

(28) 26. A construção dessa seção foi realizada a partir da leitura e da análise de textos históricos e geográficos que relatam esse fenômeno, além de documentos oficiais que versam sobre as regiões das cidades, a saber: o estudo realizado pelo REGIC (2008) sobre a hierarquia dos centros urbanos no Brasil, desde 1966 até 2007. Na última seção dessa dissertação, “A centralidade regional de Mossoró reafirmada”, procurou-se discutir e compreender os processos e as relações que vêm sendo estabelecidos entre Mossoró e os espaços circunvizinhos a partir das atividades terciárias presentes nesse centro urbano. Para isso, realizou-se, por meio de uma pesquisa bibliográfica, uma análise que confrontou a realidade estudada, os dados e as informações levadas, bem como os recortes teóricos e conceituais possíveis – cumprindo-se assim a terceira etapa do método de Lefebvre. Outros dois procedimentos metodológicos foram basilares na construção dessa última parte do trabalho, a saber: pesquisa de campo realizada junto aos motoristas e passageiros/clientes que fazem o trajeto “Região-Mossoró”, por meio da aplicação de formulários – Apêndices A, B e C –, cujo objetivo era identificar, mapear, quantificar e qualificar os principais fluxos advindos da região para essa cidade; a leitura e a interpretação das informações sobre a população flutuante de Mossoró, disponibilizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio Grande do Norte (FECOMERCIO/RN) para o ano de 2015. Em síntese, descreveu-se inicialmente a realidade visível, o que já está posto, construído, estruturado, que são dados que revelam e possibilitam uma explicação para a centralidade regional de Mossoró. Em seguida, explicou-se sobre a “realidade construída” ou os processos históricos, econômicos e espaciais que permitiram a conformação do que está posto. E, por fim, foi proposta uma volta ao presente, à realidade vivida, de modo que fosse possível compreender, à luz da teoria, a centralidade regional de Mossoró por meio dos fluxos que circulam e dão evidência a esse espaço urbano – ou seja, à sua reafirmação como espaço central na região..

(29) 27. 2 MOSSORÓ E SUA REGIÃO DE INFLUÊNCIA. Existem cidades, seja na escala global, nacional, regional ou local, que se constituem enquanto espaços de destaque; apresentam-se como áreas de atração e de dispersão de pessoas, mercadorias e capitais. Essas cidades influenciam espaços urbanos e rurais, mantêm relações de dependência e complementaridade. Um entrelaçado de “pontos” (enquanto centros urbanos) e relações (enquanto fluxos) está posto. De um lado, cidades que influenciam, atraem e polarizam, que têm ou que criam, disponibilidades, possibilidades; do outro lado, espaços que são “influenciados”, que apresentam necessidades reais ou potenciais. Esses pontos são e estão conectados pelos movimentos diários, semanais, mensais ou de outros períodos de tempo, que os unem pelos fluxos materiais e imateriais que convergem para ou divergem de cada espaço. Estamos diante de uma rede geográfica, e de modo particular, de uma rede urbana; ou seja, de “um conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados entre si [...] na qual os vértices ou nós são os diferentes núcleos de povoamento dotados de funções urbanas [...]” (CORRÊA, 1997, p. 93); ou como Corrêa (1997) assinala, de um produto sócio-histórico, cuja função é, por meio das relações sociais, articular a sociedade em uma determinada porção do espaço, possibilitando a sua existência e a reprodução. A existência dessa rede depende dos pontos fixos que há no espaço, como as cidades, por exemplo; das relações, dos fluxos que há entre esses espaços; e, por fim, de uma sociedade vivendo sobre a lógica do mercado, da (re) produção capitalista, da gestão território (CORRÊA, 1997; SOUZA, 2005). Nesse contexto, é importante destacar que as relações estabelecidas e mantidas entre esses espaços urbanos são reflexos e ratificações da diferenciação hierárquica e da especialização produtiva desses centros (CORRÊA, 1997). A rede urbana se apresenta, assim, como resultado do movimento dialético que produz o espaço, que agrega forças contrárias e simultâneas – de concentração e dispersão – e que gera áreas com diferentes níveis de desenvolvimento geográfico (HARVEY, 2015). Explicando essa dialética espacial, Endlich (2006) enfatiza em seu trabalho sobre o significado das pequenas cidades paranaenses, que a malha ou a rede urbana brasileira resultou desse movimento antagônico, da combinação de.

(30) 28. forças de dispersão, principalmente, nas pequenas cidades e nas áreas rurais; e forças de concentração, principalmente, nos grandes polos urbanos e industriais do país. Assim, pode-se ressaltar que as diferenças existentes entre as cidades de uma malha urbana são resultado do modo de produção capitalista; e o valor de cada centro nessa rede depende dos níveis de desenvolvimento qualitativo e quantitativo desse modo de produção, e da maneira como eles se combinam (SANTOS, 1977). O valor do espaço está relacionado, de modo geral, conforme aponta Moraes e Costa (1987), aos recursos naturais, expressos na sua quantidade, qualidade e diversidade, bem como ao trabalho humano, acumulado no espaço por meio das formas e dos conteúdos. No modo de produção capitalista, o valor ou o processo de valorização do espaço é expresso por meio da relação capital-espaço, na qual a valorização capitalista do espaço é a valorização do capital. Dessa forma, destacase que “[...] o valor do espaço, em todas as suas formas de manifestação, aparece frente ao processo de produção [...]” (MORAES; COSTA, 1987, p. 127). Ao olhar a realidade das cidades que constituem uma rede urbana, percebese que existem diferenças notáveis na paisagem, no cotidiano, nas dinâmicas e no quadro espacial e econômico desses locais. Essa realidade visível, que se mostra por meio da paisagem, dos elementos e dos “dados” do espaço, pode ser utilizada para compreender as relações que são estabelecidas entre esses centros, para entender determinados processos, dinâmicas e fenômenos espaciais. Entretanto, vale salientar que esse olhar sobre a realidade aparente, efetivada por meio da descrição, não explica por si só a existência das coisas, dos processos e das dinâmicas espaciais, isso porque o espaço geográfico para ser compreendido, deve ser visto como um produto social, uma condição (CORRÊA, 2000), um produtoprodutor, um suporte das relações sociais e econômicas (LEFEBVRE, 2006), sendo necessário considerar a historicidade dos processos, dos fenômenos e da dinâmica da reprodução capitalista, que ocorre de maneira diferenciada no decorrer do tempo e dos espaços. Partindo-se dessa linha de pensamento, esta dissertação terá como ponto de partida a descrição da urbe mossoroense, de sua realidade visível, horizontal, dos dados que estão dispostos sobre esse espaço e que nos possibilitam entender a sua centralidade urbanorregional. Reforça-se que essa descrição converge em direção à.

(31) 29. primeira etapa do método regressivo-progressivo, apresentada na parte introdutória desse trabalho. A centralidade urbana pode ser abordada através de duas escalas territoriais: a intraurbana, na qual a referência principal é o território da cidade; e a interurbana ou urbanorregional, tendo como base uma urbe principal em relação a um conjunto de outros centros urbanos (SPOSITO, 1998). Para entender a centralidade em nível regional, foco dessa dissertação, é necessário reconhecer a realidade espacial dos centros urbanos que estão diretamente ligados à cidade principal, e compreender os elos que os unem. Assim, além da descrição da urbe mossoroense, apresentar-se-á um quadro socioespacial e econômico da região que está sobre a influência de Mossoró. Essa sequência descritiva será construída a partir de um viés teórico, de modo que cada elemento exposto possa ser um alicerce para o entendimento da posição central da cidade de Mossoró na referida região.. 2.1 APRESENTAÇÃO DA CIDADE. A cidade de Mossoró está localizada na região Nordeste do Brasil, no interior do estado do Rio Grande do Norte, pertencendo à mesorregião do Oeste Potiguar, e microrregião homônima; configura-se como a segunda cidade mais importante economicamente do território norte-rio-grandense, apresentando também a maior extensão territorial do estado, com uma área de 2.099,333 quilômetros quadrados, o que equivale aproximadamente a 3,97% da superfície do total do RN. Mossoró está situada entre duas capitais nordestinas – Natal (RN) e Fortaleza (CE) –, distanciando-se 278 km e 245 km, respectivamente de ambas; e limita-se, ao norte, com os municípios de Aracati (estado do Ceará), Grossos e Tibau; ao sul, com Governador Dix-Spet Rosado e Upanema; ao leste, com Areia Branca, Serra do Mel e Açu; e ao oeste, com o município de Baraúnas (mapa 01). Segundo o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, essa urbe contava com um contigente populacional de 259.815 habitantes, distribuído pelo território numa ordem de 123,76 habitantes por quilômetros quadrados. Esse valor populacional correspondia a aproximadamente 8,2% da população total do estado do Rio Grande do Norte (3.168.027 habitantes),.

(32) 30. concedendo à Mossoró, a condição de segunda cidade mais populosa do estado, sendo a capital, Natal, a mais populosa. No ano de 2015, conforme dados do IBGE, Mossoró já possuía uma população estimada de 288.162 habitantes. Mapa 01: Localização do município de Mossoró. Fonte: Elaborado por Joábio Costa (2015).. Com base no Censo Demográfico de 2010, mais de 91,3% da população mossoroense vivia na área urbana desse município (237.241 habitantes). Entretanto, cabe enfatizar que Mossoró só ganhou essa conformação ou perfil populacional entre as décadas de 1960 e 1970 (gráfico 01), momento em que essa cidade passou por uma nova especialização de suas atividades econômicas. Até as décadas citadas, a economia mossoroense estava diretamente ligada às atividades tradicionais, tais como a salinicultura rudimentar, a extração de matéria - prima para as agroindústrias e a pecuária; e grande parte de sua população estava concentrada no campo, em virtude desse perfil econômico. Com a mecanização da atividade salineira, o declínio das agroindústrias e a intensificação do comércio e dos serviços, esse quadro populacional se inverteu: grande parte da população rural saiu do campo, expulsa pelas novas dinâmicas produtivas e econômicas, e migrou para a cidade, atraída pela oferta de produtos, trabalho e serviços disponibilizados nesse centro urbano (FELIPE, 1982)..

(33) 31 Gráfico 01: População total, urbana e rural de Mossoró – 1940 a 2010 300000 Populaçã Total 250000 População Urbana 200000 População Rural 150000. 100000. 50000. 0 1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000 2007 2010. Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2015).. A base econômica de Mossoró está ancorada em quatro atividades principais, a saber: a salinicultura, a exploração do petróleo, a fruticultura irrigada e as atividades terciárias (comércio e serviços). O desenvolvimento dessas atividades tem permitido que a cidade de Mossoró se mantenha em destaque no território norte-rio-grandense, apresentando, historicamente, o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, ante o de Natal, que apresenta o primeiro maior PIB do RN. De acordo com os dados disponibilizados pelo IBGE em 2012, mais de 11% do PIB do Rio Grande do Norte (R$ 39.543.679 mil reais) eram provenientes desse município (R$ 4.493.958 mil reais). Essa porcentagem só era inferior ao da cidade de Natal, com aproximadamente 34% do PIB do estado. Para esse mesmo ano, os municípios de Natal, Mossoró e Parnamirim concentravam mais da metade (52,5%) do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte (gráfico 02). Ainda sobre esse quadro econômico, é importante destacar que, no ranking dos dez centros urbanos com maior PIB do estado (Natal, Mossoró, Parnamirim, Guamaré, São Gonçalo do Amarante, Macau, Caicó, Areia Branca, Macaíba e Açu), as atividades ligadas ao comércio e à administração pública foram destaques no PIB de oito deles, com a exceção dos municípios de Guamaré e Macau, que tiveram como foco econômico a extração de petróleo (TRÊS MUNICÍPIOS... 2014)..

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