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Apresentação da primeira entrevista: Sujeito A

4. EDUCADORES DE GUAPIARA: O USO INTENSIVO DE AGROTÓXICOS E A

4.1 Apresentação da primeira entrevista: Sujeito A

Depois de uma rápida apresentação, iniciamos a entrevista solicitando que a

entrevistada fizesse uma síntese relacionada à sua origem e trajetória pessoal e profissional.

Ela nos conta que nasceu em uma unidade do IBAMA, na Floresta Nacional de Capão

Bonito. Após o seu casamento, passou a residir em Guapiara, dedicando-se ao magistério e

trabalhando com filhos de agricultores e agricultores familiares. Segundo a entrevistada:

Eu cheguei em Guapiara no ano de 1984, quando eu me casei com José, que é nascido em Guapiara. Quando cheguei, em 84, eu já era professora, só que eu não estava atuando como professora. Eu fui funcionária do IBAMA durante cinco anos. Os meus pais... meu pai foi funcionário do IBAMA durante trinta e cinco anos e eu nasci em uma unidade do IBAMA, na Floresta Nacional de Capão Bonito. Eu nasci e viví vinte anos da minha vida nesse local. Quando eu me casei, fiz a opção pelo magistério, vim residir em Guapiara e fui trabalhar [...] Eu tenho formação em História e Pedagogia, com ênfase em Administração Escolar [...] eu tinha muito contato com as comunidades locais em que eu atuava, então, eu trabalhava com filhos de agricultores, agricultores familiares, e o que se plantava na época, nessa trajetória minha de trinta anos de Guapiara no magistério é a olericultura mesmo. Frutas de clima temperado... pêssego, caqui. A olericultura... é muito forte o tomate, desde que eu cheguei aqui.

Em relação ao plantio do tomate, por ela destacado, chama a atençãopara a presença

dessa cultura no município desde o período em que ela se mudou para a cidade, sendo a causa

de enriquecimento e empobrecimento de muitas famílias. Em relação ao plantio de tomate –

cultura trazida pelos japoneses -, ela nos chama a atenção para a presença dessa cultura no

município desde o período em que ela se mudou para a cidade, sendo a causa de

enriquecimento e empobrecimento de muitas famílias. O uso de agrotóxicos começou a

preocupá-la quando começou a se deparar com alunos com problemas de saúdeem

decorrência do uso desses produtos:

Basicamente, quando eu cheguei aqui, Guapiara se destacava mesmo quase que totalmente pelo plantio de tomate, e o tomate plantado nos mesmos moldes que é plantado hoje, com muita utilização de agrotóxico, com muita dependência de mercado... então, anos que os agricultores ganham muito, anos que perdem tudo, e durante essa trajetória eu assisti muitas famílias consideradas ricas, com poder de renda muito alto, em decorrência do ganho com o tomate, assim como eu vi essas famílias perderem tudo em decorrência dos preços ou das perdas por clima ou por praga do tomate [...] isso foi trazido pelo japoneses, mais ou menos entre 1938, 1940, estudando a historia do município, foi a época que os japoneses chegaram aqui [...] E outro fator que sempre me chamou atenção, e ai já como diretora de escola, foi o fator trabalhista, em relação à lavoura de tomate. Além do uso intensivo de agrotóxico que sempre foi... eu sempre me deparei na minha prática pedagógica com os alunos com as mãos, com as unhas, inchadas, e sempre ao ser questionado, sempre em decorrência do uso de agrotóxico no tomate e sem proteção... proteção zero.

O uso de equipamento de proteção individual (EPI’s) é, segundo ela, ainda muito

pequeno, ganhando destaque também o regime de meeiros sob o qual muitos trabalhadores

eram contratados, fazendo com que famílias inteiras fossem trabalhar na roça, incluindo assim

crianças e adolescentes, o que a preocupava enquanto professora. Assim, para o sujeito A, nos

dias de hoje

principalmente nas lavouras pequenas onde é a família mesmo que cuida do uso de instrumentos, de mecanismos de segurança, que são os EPI’s, é muito pequeno [o uso] ainda. E um fator que sempre me chamou a atenção na lavoura de tomate, na década de 90, principalmente 90, foi o sistema de regime de trabalho, que ainda não existia uma lei trabalhista de regime safrista. Então como que funcionava em Guapiara? Nós tínhamos alguns proprietários de terra que concentravam uma grande quantidade de terra, normalmente japoneses, famílias mais tradicionais no município, e esses contratavam os trabalhadores da lavoura de tomate em regime que eles chamavam de meia... meeiros. E no regime de meeiros não tem registro, não tem previdência, não tem nenhum regime de trabalho amparado por lei. Geralmente se contratava a família. E quando se contratava a família, não era o pai, a mãe, adulto. Era o pai, a mãe, e se tivesse filho adolescente, criança, e todos iam pra roça. Então [...] o meu maior trabalho, a minha observação em relação a quanto isso prejudicava as crianças tanto em relação a saúde quanto em relação à escolaridade foi quando eu fui diretora de escola, porque até então eu era professora, eu ia pra sala de aula, com os alunos que eu recebia.

Quando a entrevistada se tornou diretora, começou a percorrer as comunidades e

deparava-se com as crianças e os adolescentes trabalhando na lavoura. Passou assim a fazer

um trabalho de mediação para resgatar as crianças e os adolescentes que estavam fora da

escola, observando as comunidades que a escola atendia e se perguntando

... quem eram os meus alunos, onde estavam os meus alunos, e se todos os alunos em idade escolar da comunidade escolar que eu atendia, estavam efetivamente na escola. E aí que eu comecei a percorrer as comunidades que a escola que eu era diretora atendia [...] Muitas vezes eu parava no meio do caminho, eu

enxergava uma família inteirinha na roça de tomate [...] E ai eu comecei a fazer um trabalho mesmo de diálogo, de mediação com as famílias, no sentido de dizer, ‘o seu filho tem direito de estar numa escola, ele precisa estar numa escola e não nessa roça’. E aí que eu comecei a trabalhar pra efetivamente resgatar todas as crianças e adolescentes que estavam fora da escola, trabalhando nas roças de tomate, pra levar pra escola.

A respeito de seus trabalhos, ela lembra que, no início, seu intuito era apenas escolar,

importando a ela que os alunos estivessem na escola. Após ser diretora, adquiriu uma visão

maior quanto aos malefícios que o uso de agrotóxicos poderia causar às crianças, porém,

afirma que pôde efetivamente começar a pensar em políticas públicas relacionas a práticas

agrícolas mais sustentáveis quando seu marido foi prefeito da cidade. Em sua entrevista

comenta que

A partir do momento que eu passei a ser diretora, eu comecei a ter outro olhar pra isso também, entendeu? [...] até porque como diretora eu já havia perdido alunos. Perdi duas alunas, duas crianças, e que não ficou comprovado, mas que a gente sabe que a situação de desnutrição daquelas crianças era em virtude de alguns aspectos alimentares e de contato com venenos [...] mas eu só pude atuar efetivamente na questão de pensar políticas públicas para o município, em relação a levar os agricultores a pensar sobre práticas agrícolas e alternativas de práticas agrícolas menos agressivas e mais sustentáveis, a partir do momento que meu marido se candidatou à eleição e que ele se tornou prefeito de Guapiara.

Perguntamos a ela se houve realmente um trabalho relacionado a práticas agrícolas

menos agressivas em Guapiara e pedimos que ela nos fale um pouco sobre esse trabalho. A

supervisora de ensino relata, então, que houve esse trabalho na comunidade, mas ela acredita

que tal trabalho deveria ser feito efetivamente sob forma de Educação Ambiental nas escolas,

buscando trabalhar com as crianças pequenas, oferecendo-lhes elementos que permitam a

valorização e a opção por ficar no campo. Tais possibilidades são vistas, assim, como desafios

de um trabalho em Educação Ambiental postos pela entrevistada:

Eu acho que a gente tinha que usar essa autonomia que a LDB nos dá e, efetivamente, fazer um programa de Educação Ambiental nas escolas. Porque eu acho que se existe uma maneira da gente reverter esse quadro é trabalhar com os adultos sim, em forma de mediação, de reflexão, de qualificação, de capacitação, mas basicamente, se a gente quer pensar o futuro a gente tem que trabalhar com as crianças pequenas pra que eles optem por ficar no campo, mas ficar no campo de uma maneira mais sustentável, com práticas mais sustentáveis, tanto pra terra quanto pra saúde deles.

Ela diz que, apesar da necessidade, a implantação de ações relacionadas à Educação

Ambiental ainda é muito difícil, dada a preocupação do ensino focado na língua e no

conhecimento matemático. Vejamos:

Isto é muito difícil no sistema de ensino, principalmente hoje, que é o que tenho observado. Eu fiquei oito anos afastada, eu sou supervisora de ensino, sou funcionária da Secretaria de Estado da Educação, e eu percebo que as ações de Educação Ambiental, embora exista legislação tanto federal quando estadual instituindo, oficializando políticas públicas de Educação Ambiental, elas ainda não acontecem, porque o sistema efetivamente está focado no conhecimento da língua, no conhecimento matemático, e eu percebo que não existe nem por parte da Secretaria de Educação, um programa específico, uma equipe específica, um planejamento de ações, com capacitação, com implementação nas escolas e acompanhamento dessas ações.

Perguntamos se existe algum programa de Educação Ambiental sendo desenvolvido

no município e se ela acha muito difícil que isso aconteça efetivamente. A resposta da

entrevistada é clara e faz ainda referências sobre as dificuldades para a concretização de

propostas como essas:

Não existe. É muito difícil de ser implantado. O que acontece nas nossas escolas hoje, que eu tenho visto, são algumas ações de iniciativa própria da escola [...] Lá dentro tem um diretor que se envolve com esse assunto, que se preocupa com isso, tem um ou dois professores que se mobilizam, mas não existe um programa. Inclusive, existe um desconhecimento muito grande por parte dos profissionais da educação, do nosso contexto socioambiental.

Quando relembra seus períodos como diretora de escola, conta que os alunos diziam

que gostavam de morar em Guapiara, mas que teriam que ir embora, porque não poderiam

viver bem na roça. No momento do governo de seu marido, teve a oportunidade de trabalhar

um pouco essas questões. Assim, conforme a entrevistada,

Quando eu fui diretora, que eu perguntava muito pros jovens ‘vocês querem ir embora de Guapiara?’. ‘Não, mas eu vou ter que ir’. ‘Porque que você vai ter que ir?’. ‘Ah, porque aqui eu não vou poder viver. Como é que eu vou sobreviver aqui? Na roça?’ ‘E o que é que tem? Você gosta de plantar?’. ‘Gosto, mas roça não dá dinheiro, a gente tem que ser doutor, tem que trabalhar numa indústria [...] E eu sempre levava eles a pensar... ‘você acha que você não pode viver na roça e ter acesso a todos os bens que você acha que tem vontade de ter? De você ter renda suficiente pra ter a sua casa bonita lá no sítio, ter o seu carro pra você ir pra cidade quando você precisar, ou dinheiro pra pagar sua passagem? De vez em quando você quer ir ao cinema, você vai até Itapetininga e vai no cinema’. Não tenho cinema em Guapiara, mas posso ir até Itapetininga. Ter condições de ir até Itapetininga numa sessão de cinema, né? Então acho que eu tive essa oportunidade de começar, estando na prefeitura, levar as pessoas a pensarem sobre isso [...].

Perguntamos então se foi na época do governo de seu marido que começaram a existir

esses trabalhos sociais, e ela nos diz que sim, através de sua participação no governo, com a

definição de políticas públicas. A sua reposta não deixa margens a dúvidas:

Foi através da minha iniciativa. Até porque o José, ele se preocupava muito em administrar o município, pensar políticas públicas, mas a grande preocupação do José realmente era na questão financeira porque realmente é um município com pouco orçamento, um orçamento muito restrito [...] E eu participei do governo com ele na condição de políticas públicas, definição de políticas públicas [...] Então nós definimos, traçamos políticas públicas de desenvolvimento local sustentável, e aí necessariamente, políticas públicas locais de desenvolvimento sustentável, atrelado a que? Vocação. Qual vocação que nós temos? Ambiental, agrícola familiar e de tradições e de culturas [...].

Em relação às atividades exercidas na comunidade, tentamos saber se, hoje em dia,

como supervisora de ensino, não existe mais a possibilidade e meios para que ela dê

continuidade a essa proposta. Sua resposta é clara:

Não tem como eu exercer mais. São frustrações [...] eu até tenho algumas iniciativas, onde eu encontro um algum ambiente favorável, mas eu não posso me dedicar a isso, porque o supervisor de ensino, ele é um supervisor de sistema, é o que tá posto pro sistema, não tenho autonomia. Autonomia eu até tenho. Eu posso tratar esse assunto, pensar projetos nas escolas? Posso, posso sim, só que eu não posso me dedicar a isso, e eu tenho um limite até onde eu posso ir. Eu tenho que atender a determinações de um sistema, que não estão ligadas a esses projetos.

Ao ser questionada em relação a algum trabalho ambiental praticado na cidade, faz

uma breve referência a respeito de algumas iniciativas:

O artesanato, a produção de leite em pastos rotativos, que são pequenos piquetes, que aí você não usa uma extensão grande de terra. A questão da criação do Parque do Núcleo São José de Guapiara, que foi muito forte no nosso programa.

Quanto às possibilidades do desenvolvimento local sustentável aponta que, em sua

visão, seria a melhor forma de crescimento da cidade:

Agora, quanto aos fatos e influências que marcaram meu percurso, é de que eu não tenho dúvidas mais de que desenvolver localmente de forma sustentável, que melhore a renda, que a qualidade de vida seja efetivamente percebida e que as pessoas sejam felizes, é de fato possível. Não tenho dúvidas mais disso. E é possível com a intervenção de políticas públicas. Nós não temos outro caminho. Tem que haver uma continuidade de políticas públicas.

A continuidade dos trabalhos já iniciados e a vulnerabilidade de muitos agricultores,

moradores da cidade são motivos de preocupação para a entrevistada.

E tem que ter acompanhamento, e tem que gostar muito, e tem que estar presente na vida deles, porque eles são vulneráveis. São muito vulneráveis até pela história de vida. Se você imaginar que todos eles, a grande maioria desse público que a gente trabalha, um dia foi meeiro de tomate, ele não tinha nenhum direito trabalhista, nenhum.

Quanto aos ex-meeiros por ela citados, mostramos curiosidade em saber se são

agricultores hoje em Guapiara, e ela nos diz que muitos deles sim. Um trabalho de Educação

Ambiental ajudaria, segundo ela, a resolver algumas dessas situações que hoje se apresentam

como tão problemáticas:

Se a gente fizer um trabalho de Educação Ambiental, talvez uma geração futura não precise de políticas públicas tão presentes junto com eles como precisa nesse momento.

Já falando mais especificamente sobre a Educação Ambiental e o uso de agrotóxicos,

perguntamos qual o significado que ela atribui a esse uso intenso na lavoura e se ela acredita

que seja possível atribuir algum significado a toda essa situação. Ela inicia seu comentário,

dizendo que essa situação é cultural, por isso histórica. Vejamos:

É cultural, né. Porque... é histórico. Eu tive um contato muito fortemente com o uso de agrotóxico quando eu me casei e vim pra cá, foi aí que eu percebi, mas mesmo assim, demorou um tempo pra me incomodar com isso, exatamente. O que me incomodava eram as crianças fora da escola.

Em relação às práticas agrícolas, em sua entrevista ela nos diz acreditar que essas

práticas nunca foram questionadas, sendo ensinamentos repassados há muito tempo pelas

várias gerações. A entrevista afirma:

Eu acho que isso foi passando de geração em geração, nunca ninguém questionou, nunca houve uma política nem local, nem estadual, nem nacional, que isso é muito novo ainda, você sabe, cheio de desafios. Nós ainda não temos muitas condições de chegar pro agricultor e dizer ‘vamos reservar definitivamente essa área e eu vou mostrar pra você que ela dá mais dinheiro que essa, e além de tudo você ganha na sua saúde?’. Quem tem coragem hoje de chegar e pôr isso pra um agricultor, sem medo de que não vá dar certo?

Questionada ainda em relação a práticas de Educação Ambiental que abordam o uso

de agrotóxicos, ela afirma que tais práticas não existem no município e no máximo

[...] o que existe de relação ambiental à Educação Ambiental é olhar a nossa natureza. ‘Nós temos uma natureza bonita’. É assim que eles falam. Nós temos árvores, nós temos muito verde, nós temos pássaros, isso pra eles é a consciência ecológica, ou consciência ambiental ou educação ambiental, se restringe a isso, com certeza.

Quanto aos significados por ela atribuídos a respeito das práticas educacionais,

principalmente de Educação Ambiental, como uma possibilidade de transformação, ela diz

acreditar muito na necessidade de políticas públicas de Educação Ambiental. Vejamos:

Qual o nosso problema ambiental no município? Um deles é o uso indiscriminado de agrotóxicos. Eu não vejo, pelo Estado, nenhuma luz no fim do túnel, que ele possa pensar um programa de Educação Ambiental para o estado de São Paulo e pensar a diversidade das regiões do estado de São Paulo. Eu não consigo ver isso. Pelo menos nesse momento, não [...] A nível nacional talvez, mas a nível nacional ainda existe aquela questão de que não é tudo que de nível nacional o governo do estado constitui como política efetiva e que valoriza, então também não sei. Eu acho que a grande luz pra gente seriam políticas públicas municipais mesmo, porque os seus municípios podem e devem ter seus programas municipais de Educação Ambiental instituídos.

Para finalizar a entrevista, solicitamos à supervisora de ensino que ela atribua algum

significado às práticas de Educação Ambiental como possíveis caminhos de formação política

e construção da cidadania. Pedimos que ela reflita a respeito de projetos que ela tenha

realizado e o significado dessas atividades na comunidade. Acerca disso ela nos relata:

O trabalho que a gente fez, de pensar o nosso local, onde estamos, as nossas características, os nossos sonhos, os nossos costumes, as nossas tradições, com certeza, com todo esse trabalho que fizemos, a gente conseguiu mobilizar pessoas. Poucas pessoas, poucos grupos, mas se percebe. É um caminho possível, só que tem que ser continuado. Ter a capacidade de fazer as suas escolhas, chegar num nível de dizer ‘eu mudei os meus hábitos porque fiz uma escolha’.

A entrevistada comenta ainda que, apesar de algumas pessoas não mudarem suas

práticas depois de passarem por um processo formativo, ela acredita haver inevitável mudança

para inúmeros outros. Neste trecho da entrevista esta perspectiva fica bem demarcada:

A gente percebe mudanças de práticas, do exercício desse ato de cidadania, no sentido de se colocar politicamente, de forma cidadã. ‘Eu não vou mais fazer assim porque eu passei por um processo de educação em que isso não faz bem pra mim, não faz bem para as demais pessoas e não vai fazer bem para as futuras gerações, inclusive para os meus netinhos’. A gente percebe isso na população, através do trabalho que nós fizemos, só que nós percebemos em grupos, nos grupos que estão organizados, porque eles tiveram um trabalho forte de formação e aí, a partir do conhecimento, eles puderam fazer as suas escolhas ou mudar as suas práticas, entendeu? O conhecimento é importante pra ser referencial.

Em suas abordagens, esclarece ainda que a produção de alimentos em Guapiara utiliza,

quase em sua totalidade, agrotóxicos em grande escala, e os produtores têm receio de mudar o

tipo de cultivo agrícola. Segundo o sujeito A,

[...] nós ainda podemos dizer que noventa por cento da produção de alimentos de Guapiara tem uso de