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CAPÍTULO III ESTUDO DE CAMPO

3. Estudo de Campo

3.5. Fase IV Utilização do Software ISEE para os comportamentos posturais no período do

3.5.1. Apresentação das funcionalidades desenvolvidas no Software

Para apresentar as funcionalidades do Software, optou-se por descrever os requisitos definidos, de forma a fornecer aos profissionais de saúde (e.g., Fisioterapeutas, Médicos, Ergonomistas) uma base para identificar as relações entre as atividades realizadas pelos indivíduos durante o período real de sono, possibilitando uma melhor compreensão do comportamento humano e dos padrões de interação com os equipamentos.

Toda a análise de vídeo utilizando este Software é feita com base em amostragens de tempo pré-definidos. Para cada amostragem de tempo são registadas categorias de observação, que agrupadas formam um evento. Desta forma, um evento é definido como um conjunto de categorias de observação registadas pelo observador num período de tempo pré-determinado. Tanto o período de tempo de um evento, como o intervalo entre eventos são configuráveis no

Software e permanecem constantes durante todo o período de análise, de forma a atender aos

objetivos propostos em cada estudo (Figura 17). Assim, o evento é apresentado ao observador durante um período de tempo pré-determinado, e repetido, indefinidamente, até que o observador conclua a sua observação.

Figura 17 - Funcionamento da observação por amostragens. 1- Início dos eventos; X - duração do evento de 10 segundos; Y - intervalo entre eventos de 100 segundos mais 10 segundos em cada evento; com n= 291 eventos; Z - o

total da análise de 8 horas ou 28800 segundos e; 2 – Fim dos eventos

Após configurado, o Software controla automaticamente o vídeo, os intervalos e os eventos, atribuindo-lhes marcadores digitais internos que os identificam. Estes marcadores facilitam a navegação entre os eventos registados e permitem corrigir classificações anteriores. A definição

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123 do intervalo de observação é um fator importante para a análise dos dados que serão recolhidos. Segundo Xiao & Mackenzie (2004), se o intervalo for demasiado pequeno, pode tornar o trabalho do observador exaustivo, levando-o rapidamente à fadiga e, tornando a análise inviável.

Para o presente estudo, foram analisadas sequências de imagens de vídeo, utilizando o método e o Software de suporte para esta observação, sendo o Software configurado para cada evento com duração de dez segundos (tempo definido pelos especialistas nas reuniões de brainstorming como ideal para verificação da postura do participante). Após esta definição, foram analisados três intervalos regulares (e.g., 30, 60 e 90 segundos), que correspondem a três análises, cujos resultados foram comparados, posteriormente, com uma avaliação contínua (e.g., sem intervalos)

A Figura 18 ilustra o modo de configuração para uma análise sem intervalos, com intervalos de dez segundos entre eventos e com intervalos de cem segundos. Estes intervalos são automaticamente efetuados pelo Software, após a configuração e possuem o mesmo ponto de início do vídeo, para todas as condições experimentais.

A configuração final da interface do Software foi desenvolvida a partir de diagramas simples que permitiram organizar graficamente, de forma legível e simplificada, a hierarquia definida, composta por 12 grupos de categorias com as suas 65 categorias de observação. Esta configuração foi inicialmente definida apenas para os dois níveis da observação (e.g., 1º Nível – Atividade e 2º Nível – Posturas) e, posteriormente detalhada, com a introdução dos grupos, das categorias e de outras funcionalidades, como o menu com informações. A Figura 19 apresenta o diagrama (A) desenvolvido para organizar as categorias de observação que deu origem a interface final do Software (B).

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Figura 18 - E.g. da configuração dos intervalos entre eventos para a observação contínua e para a observação com intervalos entre eventos de 10 e 100 segundos

A partir do diagrama (A) apresentado na Figura 19, e tendo em conta todos os requisitos para desenvolvimento deste Software, foi desenvolvida a interface final do Software (B), onde é possível distinguir, com clareza, todos níveis da análise, bem como as ferramentas desenvolvidas para auxiliar o controlo do vídeo e a consulta dos relatórios com resultados parciais ao longo da análise.

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Figura 19 - Interface do Software (B) a partir de um diagrama (A)

O Software foi dividido em três áreas funcionais para o registo das categorias de observação (Figura 20):

1º Nível Grupos

- Principais Atividades -

1º Nível Categorias

- Meios de interação e comportamentos -

2º Nível

- Interações Posturais -

A

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126 A. Área com grupos “Atividades”: Área contendo os cinco (5) grupos de atividades definidos na hierarquização do método e o grupo “Outras” que permite a introdução de novas categorias não classificadas;

B. Área com as categorias de observação para os “Meios de realização”: Área disponível apenas após a seleção de um dos grupos da Atividade. Apresenta as categorias de observação que compõem o grupo selecionado. Em todos os grupos foi inserida a categoria “Outras”, que requer a introdução de uma descrição. Este procedimento é exemplificado na Figura 21; C. Área com os grupos “Posturas”: Área ocupada com as categorias posturais para os principais segmentos do corpo humano. A seleção é feita sobre os segmentos de um modelo anatómico presente na interface, expondo as seis posturas classificadas para cada segmento do corpo humano. A Figura 21 apresenta este procedimento com mais detalhes.

Figura 20 – Áreas funcionais da interface do Software identificadas com letras

Para facilitar o processo de seleção, de forma a diminuir a carga cognitiva imposta ao observador, o Software apresenta todas as categorias através de imagens, ordenadas em função

A

B

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127 da hierarquia definida pelo grupo de categorias de observação. Desta forma, o observador terá que identificar apenas os comportamentos relativos às atividades (e.g., a dormir, acordado, em atividades), e após esta identificação e consequente seleção no grupo desejado, o Software apresenta todas as categorias de observação presentes neste grupo (e.g., a seleção do grupo a dormir, abre as categorias referentes aos decúbitos e posições na cama durante o período de dormir).

Sempre que um grupo é selecionado, o ícone referente a este grupo permanece ativo e só então as categorias de observação que compõem o grupo selecionado são disponibilizadas ao observador. Este procedimento permite reduzir a informação disponibilizada ao observador, diminuindo a necessidade de procurar entre várias categorias, aquela que pretende registar (Figura 21).

O Software permite apenas o registo de uma categoria de observação por grupo, ou seja, em cada um dos 12 grupos existentes, apenas uma categoria de observação pode ser selecionada. Este recurso permite que o observador tenha uma maior dedicação à observação do evento, de forma a marcar o comportamento predominante em cada grupo e evitar uma seleção aleatória e pouco criteriosa.

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Figura 21 - E.g. dos procedimentos para a seleção de uma categoria para o 2º Nível – Comportamentos Posturais, sendo: 1) janelas sem seleção; 2) seleção do segmento corporal na figura correspondente e 3) classificação do

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CAPÍTULO III - ESTUDO DE CAMPO – Instrumentos de recolha de informação

129 Este sistema (e.g., método e software de suporte) permite uma visão holística da realidade de dormir e das interações com os equipamentos do quarto, potenciando as habilidades dos profissionais de saúde (e.g., Fisioterapeutas, Médicos, Ergonomistas) em intervir nas situações de distúrbios do sono ou má postura ao dormir e fornecer indicações para os projetistas de equipamentos (e.g., cama). Devido à estrutura de armazenamento do código, é possível cruzar livremente todas as variáveis armazenadas (e.g., para o dormir pode-se saber os valores percentuais e número de ocorrências: a) para as atividades e os meios mais comuns; b) para as posturas mais comuns para o tronco, membros inferiores, membros superiores e cabeça; c) relação entre eles e d) em que momento da observação ocorrem).

No intuito de complementar os dados observados por intermédio da vídeo-análise, é importante quantificar alguns aspetos relativamente às indicações de dor músculo-esquelética na coluna vertebral, os índices de qualidade de vida e, os índices de qualidade do sono recorremos aos métodos de recolha de informação por questionários e escalas de avaliação, que será apresentado no próximo subcapítulo.