• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II METODOLOGIA

2. Metodologia

2.5. Procedimentos e método de análise

Os dados, coletados por meio de vídeo-análise, foram tratados através da metodologia proposta por Rebelo, Filgueiras e Soares (2011), para a análise do comportamento postural em situações reais no escritório a partir da utilização do Software iSEE desenvolvido para este fim.

O aspeto fundamental desta análise foi a definição de categorias de interação de comportamento que foram quantificadas mais tarde. As categorias foram definidas na sequência da análise dos resultados das etapas anteriores e da observação dos vídeos recolhidos.

Foram definidas seis (6) categorias de comportamentos (IC), que representam a atividade de noite ou comportamentos de postura nos quartos destas residências, divididas em três categorias de base ("a dormir", "acordado" e "fora da cama"), duas categorias de interação ("em atividades" e "utilizar almofada [s]") e uma outra categoria não específica ("Outros"). Estas categorias representam o comportamento a ser analisado que irá se relacionar com um comportamento postural (posicionamento da cabeça, do tronco, dos membros superiores e dos membros inferiores).

O estudo contempla quatro fases subdivididas em dois períodos de captação de imagens, sendo duas fases de seleção da amostra/Grupos de estudo e preenchimento de questionários e, duas de recolha de dados e captação de imagens.

Na primeira fase foi realizada uma caracterização global da população selecionada através da aplicação de questionários de identificação pessoal (inclui numero de identificação institucional, sexo, idade, peso e altura), avaliação do grau da dor na região da coluna vertebral e o comportamento motor percetível durante o ato de dormir e acordar.

Após esta fase, foi realizada uma seleção da amostra de voluntários, 12 por instituição, através de contacto prévio e posterior recolha do termo de consentimento formal, livre e esclarecido (Anexo 2), em obediência dos princípios éticos e deontológicos legais (salvaguarda institucional e da preservação da identidade dos participantes e dos colegas de quarto).

Este projeto está de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais de pesquisa científica envolvendo seres humanos, inclusive a Declaração de Helsinki em 2013 sobre princípios éticos da investigação médica em seres humanos, e da Convenção de 1997 sobre os Direitos do

Efeitos de uma intervenção postural durante o sono na perceção da dor na coluna vertebral, na qualidade de vida e na qualidade de sono

CAPÍTULO II – METODOLOGIA - Procedimentos e método de análise

74 Homem e a Biomedicina (a "Convenção de Oviedo"). O comité de ética da Faculdade de Motricidade Humana deu parecer positivo aos procedimentos experimentais com o nº 13/2014. Na segunda fase foram realizadas, as análises das posturas corporais realizadas durante o período de sono (e.g., posições de dormir) dos participantes com recurso a captação de imagens através de um sistema de captação de vídeo (sem áudio) direcionado para a cama dos voluntários das 23hs às 9hs (10 horas por noite) durante três noites consecutivas (seleção das duas melhores), permanecendo desligado nos demais horários, para observar os comportamentos posturais no quarto e na cama e, ao preenchimento diurno do formulário criado com base nas quatro escalas de referência (Escala Visual Analógica, Escala de desconforto corporal, Índice de qualidade de vida - WHOQOL-Breef e Índice de qualidade do sono de Pittsburgh - PSQI). Para minimizar os efeitos adversos que podem ocorrer pelo fato de existirem câmaras de videovigilância aplicados no quarto dos participantes, o equipamento foi instalado na semana anterior à captação de imagens, para habituação ao equipamento e, para evitar alteração dos comportamentos motores e comportamentais habituais dos participantes.

Na terceira fase, os participantes foram subdivididos em três grupos (um grupo experimental, um grupo placebo e um grupo de controlo) com o mesmo número de participantes em cada grupo, escolhidos de forma aleatória, de acordo com os critérios de inclusão do presente estudo, referente a média do nível de dor apresentado pelos participantes na 1ª e 2ª fases.

O método de intervenção postural (Anexo 6) utilizado no presente estudo procurou implementar as recomendações e indicações da postura ideal de dormir com a quantidade e locais ideais de utilização da (s) almofada (s) nos indivíduos selecionados para o grupo, posteriormente designado Grupo I – Experimental (Anexo 6.1).

Foi indicado através de uma palestra inicial e de reforço positivo semanal (com envio do material apresentado e contato informal através de e-mail e telefone), aos participantes do Grupo I - Experimental, que alterassem a postura corporal inicial ao dormir para (Figura 10):

 O Decúbito lateral direito ou esquerdo, com uma almofada na cabeça/cervical da altura da distância entre o ombro e o pescoço de cada participante, uma almofada entre os joelhos e, uma almofada entre os braços (Figura 10 - A) ou;

Efeitos de uma intervenção postural durante o sono na perceção da dor na coluna vertebral, na qualidade de vida e na qualidade de sono

CAPÍTULO II – METODOLOGIA - Procedimentos e método de análise

75  O Decúbito dorsal, com uma almofada baixa (5 cm de altura) por abaixo da cabeça/pescoço e uma almofada ou rolo alto (15cm de altura) por baixo dos joelhos (Figura 10 - B);

 Evitar a postura de decúbito ventral (Figura 10 - C).

Figura 10 - Comportamentos posturais ao dormir

Estas posturas foram indicadas a fim de manter o bom equilíbrio e alinhamento da coluna vertebral e distribuir o peso do corpo por toda a superfície do colchão (Haex, 2005; Gracovetsky, 1987; Desouzart, Matos, Melo, & Filgueiras, 2014; Knoplich, 2002).

Estas indicações foram realizadas todos os dias enquanto durou o estudo, sendo fornecido um reforço contínuo da aplicação do método de intervenção postural através de contacto informal via email e telefone ou quando solicitado, de forma presencial para colmatar dúvidas e questões.

Para comprovar a fiabilidade do método, realizou-se uma intervenção com um segundo grupo que recebeu somente indicações de uma técnica de relaxamento muscular progressivo, posteriormente designado Grupo II – “Placebo” (Anexo 6.2), por se tratar de uma intervenção que era fornecida aos participantes como específica para redução da dor mas, que foi considerada “Placebo” pelo fato da técnica (técnica de relaxamento muscular progressivo de Jacobson), segundo alguns autores, não representar um tratamento específico para dor mas sim uma possível consequencia do relaxamento muscular (Toledo & Bara Filho, 2007; Laloni, 1997; Jacobson, 1938; Davis, Eshelman, & Mackay, 1996; Junqueira & Ribeiro, 2006).

Efeitos de uma intervenção postural durante o sono na perceção da dor na coluna vertebral, na qualidade de vida e na qualidade de sono

CAPÍTULO II – METODOLOGIA - Procedimentos e método de análise

76 Estas indicações também foram realizadas todos os dias enquanto durar o estudo. Com o terceiro grupo realizou-se somente um momento de entrevista com a indicação de manter a mesma postura habitual e de futuros questionários, posteriormente designado Grupo III – Controlo (Anexo 6.3).

Estes grupos aplicaram ou não as alterações da forma de dormir ou técnica de relaxamento durante três meses consecutivos ao longo do qual, foram realizados questionários intermédios. No final deste período, na quarta fase, foram novamente analisadas as referentes alterações com recurso a captação de imagens por três noites consecutivas e ao preenchimento diurno dos questionários de avaliação do nível da dor na região da coluna vertebral, índice de qualidade de vida, índice de qualidade do sono e, o posicionamento de dormir aos três grupos.

No término do estudo, todos os participantes receberam as mesmas indicações do grupo experimental designado Grupo I. Estas indicações foram também fornecidas às instituições que autorizaram a realização do presente estudo, em forma de palestra, com a inclusão dos resultados finais relativos à referida instituição.

Para a análise estatística dos resultados foi utilizado o programa de tratamento estatístico

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21.0.

A estatística descritiva foi calculada recorrendo aos métodos standard. Os testes paramétricos Student-t e One-Way ANOVA e os testes não paramétricos U de Mann-Whitney e Kruskal- Wallis para medidas independentes foram utilizados para verificar eventuais diferenças entre características de grupos. O coeficiente de correlação de Spearman (s) foi calculado para verificar relações entre variáveis. O nível de significância estatística estabelecido foi p ≤ 0.05.