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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

CAPITULO 5 Justificativa e Objetivos

6.5 Participantes, instrumentos e procedimentos

6.5.4 Procedimentos para a obtenção dos dados

6.5.4.2 Apresentação e divulgação da pesquisa

As sessões grupais decorreram no período entre julho a novembro de 2014. Após a resposta positiva à carta de apresentação passou-se para o momento de apresentação do projeto na Direção de Educação da Cidade, já que a escola eleita pertencia à área de jurisdição da Cidade de Nampula. Não tendo havido nenhum obstáculo para a realização do estudo,

foram eleitas, aleatoriamente três escolas públicas. Seguiu-se a fase seguinte, a do contato direto com as escolas. Foram feitos contatos pessoais com os dirigentes das escolas, ocasião na qual o projeto foi apresentado. Cada escola estabeleceu seu tempo para aderir ao projeto, no entanto, apenas uma escola se pronunciou positivamente dentro do período estipulado para a realização da pesquisa.

Seguiu-se a divulgação da pesquisa na escola que acolheu a proposta. A primeira semana foi reservada para os contatos com os coordenadores dos ciclos, os diretores pedagógicos dos ciclos e os coordenadores de turnos da escola. A semana culminou com um encontro com a equipe coordenadora, quando foi apresentado o projeto e os objetivos. A equipe coordenadora, em especial, os diretores adjuntos pedagógicos, recomendaram a divulgação do estudo durante o período da concentração dos alunos, antes dos avisos e do canto diário do hino nacional, as 6h30 e 12h50. Esta etapa foi importante, no entanto, a dificuldade de comunicação devido ao número extenso de alunos (para o período da manhã estava prevista a presença de 687 e para o período da tarde cerca de1196 alunos)15 associada às condições de comunicação no ambiente aberto, agravado pela falta de meios de ampliação de voz que potenciassem a comunicação não permitiu que todos os alunos pudessem se inteirar dos objetivos de forma efetiva. Contudo, ainda na segunda semana, após os encontros que eram realizados durante a concentração, foi possível efetuar a divulgação do estudo nas salas de aula, aproveitando os atrasos e até as faltas de alguns professores.

No final de cada encontro, cada turma ficava com uma lista, onde um responsável (aluno voluntário) anotava os nomes dos interessados. Foi antecipado que a adesão era livre, que não haveria nenhuma remuneração. A terceira semana foi dedicada à compilação da lista dos voluntários fornecida pelos responsáveis das turmas. Eram 150 alunos. Na mesma semana foi marcado o primeiro encontro para mais uma explicitação dos objetivos do projeto. Participaram 65 alunos. Para além da explicitação dos objetivos, foram antecipadas as atividades que seriam desenvolvidas, foi apresentada a proposta dos horários disponíveis, os dias da semana, a duração das sessões entre outros esclarecimentos que emergiram das dúvidas, preocupações e curiosidades dos alunos. Este encontro foi importante porque possibilitou a distribuição das “Cartas de autorização dos pais e/ou encarregados de educação”, já que a maioria era composta de jovens com idade inferior a 18 anos. E, lamentavelmente, em Moçambique, ainda não se dispõe de dispositivos legais que regulamentem pesquisas sociais no contexto educativo, conforme foi referenciado nas

15 Segundo o mapa de aproveitamento pedagógico da referida escola, em 2014 estavam matriculados um total de 1883 alunos da 8ª a 12ª classe (curso diurno) e 1434 (curso noturno), perfazendo um universo de 3.317 alunos.

considerações éticas, cabendo, portanto, ao pesquisador tomar os cuidados éticos necessários em pesquisa com ser humano, à luz das normas brasileiras, país do Doutoramento da pesquisadora. Na semana subsequente, um grupo de 30 alunos devolveu as cartas devidamente assinadas e autorizadas. Dois (2) alunos não tiveram autorização mas apresentaram, sendo explicado sobre a impossibilidade da participação sem o consentimento dos pais. Quanto aos demais, circulou a informação, por meio dos colegas, que alguns pais e parentes responsáveis pelos alunos não tinham dado autorização por vários motivos, desde a desconfiança relacionada à falta de compromisso dos filhos até a necessidade de terem os filhos ou sobrinhos para colaborarem nas atividades de casa, durante o período em que estavam livres das aulas, no denominado contraturno. Em termos de planejamento, estes dados sugerem a importância de envolver os diferentes atores, em todas as fases do processo. No entanto, nada inviabilizou a implementação do estudo, já que pelo menos nesta fase e em coerência com a abordagem qualitativa, a preocupação não residia na extensão do número dos participantes, mas na proposta e execuação da intervenção. Com base nos horários disponibilizados pelos alunos foram estabelecidos os dias para a realização dos encontros. Tendo em conta que algumas disciplinas, como Educação Física, Psicopedagogia, Agropecuária, entre outras, decorriam no contraturno, foram identificados alguns dias da semana, de modo que não se interferisse na participação dos alunos no contexto das disciplinas acima referenciadas.

O grupo inicial contemplou 30 participantes. Foi possível realizar as sessões grupais duas vezes por semana, 3ª e 5ª feiras, chegando a três com o uso de sábados quando era necessário, de preferência no período da tarde, salvo alguns dias em que os alunos propunham antecipadamente a mudança da realização do grupo por alguns motivos, entre os quais, a realização de provas. No geral, cada encontro durava cerca de 2h e 30 min, das 8h 30 às 10h ou das 13h às 15h 30, dependendo dos dias e períodos.

Visto que a escola não dispõe de cantina, foi prevista a oferta de um lanche em cada encontro, no final da sessão da manhã ou início da sessão da tarde, como forma de minimizar essa lacuna. Para a definição do número de encontros, tomou-se como referência o previsto da literatura brasileira (Melo-Silva, 2000), ou seja, de 8 a 12 sessões. No planejamento das atividades foram consideradas a realização das eleições presidenciais que ocorreriam durante o período da implementação do Programa, e o término das aulas, pois alguns alunos frequentavam classes de exames, neste caso os alunos da 10ª classe e 12ª classe. Neste sentido, sem contar com as sessões organizacionais, foram previstas ao todo 12 sessões, e foi marcada a data do início.

Num cômpito geral, a divulgação do projeto nas salas de aulas foi muito profícua. A título de exemplo, no contexto da apresentação do projeto em sala de aula, os alunos, faziam questões, pediam esclarecimentos, e agradeciam. Pode-se afirmar que a interação em sala de aulas se constituiu como um primeiro momento de implementação da proposta, sobretudo, ao se tomar em consideração a inexistência de serviços de Informação e Orientação Profissional. Embora haja um número significativo de psicólogos e outros profissionais de áreas afins em Moçambique ainda não existem políticas públicas que incentivam o desenvolvimento de projetos nesta área.