• Nenhum resultado encontrado

Apresentação e análise do universo em estudo 163

Dos setenta e oito PDM´s trinta e seis (46%) foram elaborados por equipas das autarquias locais, os restantes quarenta e dois (54%) foram elaborados por equipa externas às Câmaras Municipais (Figura 4.16). Da análise comparativa denota-se uma predominância de gabinetes por sub-regiões e proximidade geográfica. Como se pode verificar na sub-região Pinhal Sul em que quatro dos cinco concelhos que a constituem têm o PDM elaborado pelo mesmo gabinete e nas sub-regiões Dão – Lafões, Pinhal Interior Norte e Serra da Estrela, quatro concelhos próximos geograficamente, são elaborados pelo mesmo gabinete. Cabe ainda destacar o facto de que no interior e na raia da Região Centro, os PDM´s são, na sua maioria, elaborados por equipas externas ao município, facto a que não deve ser alheia a carência de técnicos municipais em concelhos com baixa densidade populacional.

Todos os planos são compostos por três conjuntos de elementos; estudos de caracterização (também denominados por prévios em alguns dos planos); elementos complementares do qual fazem parte o relatório do planos onde se encontram os objectivos e as políticas e acções a tomar; e os elementos fundamentais compostos pelo regulamento, carta de ordenamento e pela carta actualizada de condicionantes.

No que concerne aos estudos de caracterização, de referir que em 82% dos casos estão organizados da seguinte forma:

I Introdução. II População e economia

III Caracterização Biofísica. IV Rede urbana.

V Habitação e equipamentos colectivos. VI Rede Viária e de transportes. VII Infra-estruturas. VII Património Construído.

VIII Infra-estruturas e Transportes. IX Caracterização dos aglomerados. X Hierarquização dos aglomerados

Desta estrutura é visível que os vários elementos característicos do turismo (ver Tabela 2.2) encontram-se disseminados por uma série de capítulos o que é demonstrativo da transversalidade do sector na sociedade. De referir que questões genéricas de acessibilidade, estabelecimentos comerciais, redes de infra-estruturas, transporte, equipamento, lazer e cultura são encontrados em todos os planos.

No que concerne ao estudo do turismo, pode dizer-se que raramente foi tratado devidamente. Os planos que o abordaram fizeram-no, em 98% dos casos, na secção de actividades económicas e os restantes na dos equipamentos. Seria de esperar que nos planos fossem levados a cabo inventários dos recursos passíveis de serem aproveitados para o turismo, contudo, apenas em seis planos se realizou um inventário, na maior parte dos casos incidindo sobretudo no artesanato, embora o inventário nomeadamente de recursos naturais genéricos tenha sido conduzido aquando da delimitação da RAN (Reserva Agrícola Nacional) e da REN (Reserva Ecológica Nacional), enquanto o do património construído tenha sido levado a cabo em vários planos de forma exaustiva. Não existiu, aparentemente, a preocupação de retirar destes documentos o que poderia constituir parte dos potenciais recursos turísticos a serem objecto de planeamento. Questões igualmente importantes, sobretudo na esfera das potencialidades humanas, não foram inventariadas em nenhum plano, donde se pode concluir que existiu uma aparente negligência na inventariação das potencialidades turísticas de cada concelho, fundamentais para encontrar as especificidades que lhes

confiram um carácter distinto, e que conduzam ao apresentar de propostas únicas, devidamente fundamentadas.

Empresa responsável pela elaboração

Número de

PDM´s Sub-região dos municípios

José Simões e Associados 5 Dão – Lafões

EGIP 3 Beira Interior

GITAP 6 5 Pinhal Interior Norte e 1 no Dão - Lafões

Tecnoportico 2 Beira Interior Norte

CEDRE 2 Beira Interior Sul e Norte.

Partex 2 Pinhal Interior Norte e Cova da Beira

Plural 8 4 No Pinhal Sul, 2 na Beira Interior Sul e 1 no Pinhal Litoral e 1 na Beira Interior Norte

GAT Aveiro 3 Baixo – Vouga

AMUCD 2 Pinhal Interior Norte

TECNINVEST 3 1 No Pinhal Sul 1 no Baixo Mondego e 1 no Pinhal Interior Norte

Atelier de Arquitectura Lda. 4 2 No Dão – Lafões, 1 Pinhal Interior Norte e 1 na Serra da Estrela

Figura 4.16 – Distribuição geográfica dos PDM´s por equipa e sub-região NUT’s II.

Mais, no que diz respeito às atracções existentes em cada concelho, cabe referir que o seu inventário e estudo não foram realizados, ficando muitas vezes reduzidos ao levantamento de feiras, romarias, mercados e outros eventos de cariz popular, sendo que, por exemplo, o número de museus e seus visitantes é praticamente negligenciado, quando estes são, da literatura estudada, uma das principais atracções culturais das cidades, assim como a existência de monumentos nacionais como é o caso dos mosteiros do Lorvão ou do mosteiro de Santa Maria da Vitória, vulgo Batalha, que apesar de classificados pela UNESCO como património da Humanidade não foram objecto de nenhum estudo no âmbito dos PDM’s.

As questões de acessibilidade, estacionamentos (só 11 planos possuem indicação para lugar de estacionamento de veículos pesados de passageiros com fins turísticos) e sinalização, são muito raramente afloradas pelos estudose quando acontecem, limitam-se a enumerar um conjunto de intenções.

A todos estes factos não deve ser alheia em parte a pouca sensibilidade das equipas para considerarem o turismo mais do que uma actividade económica a ser planeada, algo que acontece por si, sem necessidade de integração no sistema de planeamento municipal.

Esta afirmação é corroborada pelo inquérito telefónico levado a cabo. A análise dos planos e os dados obtidos com as entrevistas telefónicas levam a concluir que na sua maioria os Planos Directores Municipais são, como afirma (Portas, 1995,2003), regulamentos e plantas “onde não se pode construir”, respondendo reactivamente aos problemas dos usos que competem pelo território. Com efeito, 76% dos técnicos consideram que o PDM é o plano mais importante para a gestão do território, mas apenas 2,6% consideram que o turismo é parte integrante do planeamento urbano do território, sendo que dos que responderam negativamente, 24,4% afirma que o Plano é importante para a gestão corrente a nível do licenciamento de obra e que o turismo não fazendo parte do planeamento urbano, faz parte das competências dos vereadores, nomeadamente da cultura, que podem ter a seu cargo a promoção do concelho (21,8% das respostas). Contudo para a maioria, 64% dos inquiridos, o turismo é importante para o desenvolvimento do concelho. Estes dados corroboram a ideia de que é por vezes difícil a integração do turismo no planeamento urbano a local, já que a percepção geral é de que este é uma actividade que possui fortes potencialidades para desenvolver economicamente o território, mas que está a cargo dos particulares o seu desenvolvimento, cabendo ao poder local a sua promoção e divulgação, e não a inclusão no planeamento de cada município.

Cabe referir que os regulamentos são em média extensos, variando entre os 23 artigos de Santa Comba Dão aos 97 do regulamento de Leiria. A média encontrada é de 55,3 artigos a que corresponde um desvio padrão de 15 artigos. Dentro dos regulamentos, apenas 32% possuem artigos relacionados com o turismo e 19% é que possuem secção do regulamento com um ou mais artigos relacionados com o turismo, o que demonstra mais uma vez a relativa pouca importância no tratamento do sector quando comparado com outros sectores cujo peso nos planos é muito superior, como o sector agrícola ou o florestal.

Destes cabe referir que em 8 dos planos permite-se a construção de unidades de turismo em espaço rural e campos de golfe em terrenos de Reserva Agrícola Nacional (Castelo Branco, Coimbra, Condeixa a Nova, Covilhã, Figueira da Foz, Fundão, Mação e Nelas), sendo que 17 permitem que a Reserva Ecológica Nacional possa ter aproveitamento turístico.