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2.7   Evolução do Turismo 30

2.7.1   Introdução 30

O turismo não é um fenómeno recente, embora tenha conquistado verbo e substância nas sociedades ocidentais que emergem da Revolução Industrial, orientadas cada vez mais para o consumo do lazer, sobretudo depois da II Guerra Mundial, e que vê continuada a sua expansão no tempo pesa embora as rápidas modificações que o Mundo sofreu nos últimos trinta anos ao nível geopolítico (o surgir de novos estados na Europa após a queda do muro de Berlim e o fim da hegemonia do

comunismo nos países do leste Europeu, bem como a abertura da China ao capitalismo, para citar três exemplos); económico – com a globalização dos sistemas de produção e sua "deslocalização" e a crescente preocupação energética; e social – basta atentar no exemplo das novas famílias monoparentais e mono sexuais.

Desde o seu aparecimento o turismo reveste-se de uma característica dual: constância e mudança. Um crescimento praticamente constante (Figura 2.10), na expansão territorial e na importância do sector a nível mundial quer em termos de volume de viagens, quer em termos de receitas (Figura 2.11), quer em termos de peso no emprego e no Produto Interno Bruto – PIB mundial, e uma constante mudança, uma constante capacidade de adaptabilidade às diferentes modificações que ocorrem nas sociedades.

Milhões 500 550 600 650 700 750 800 850 Anos Mundo 617,4 641,1 684,0 683,8 702,8 690,9 761,0 802,0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Figura 2.10 – Total de chegadas Internacionais a nível mundial entre 1998 e 2005 (a partir de OMT, 2007a).

mil milhões 0 100 200 300 400 500 600 Anos Mundo 399,1 430,2 513,0 516,0 508,0 466,0 509,0 545,0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Actualmente o turismo é uma das poucas actividades cujo impacto económico tem vindo a aumentar continuadamente no tempo como já foi referido. Segundos dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, 2005), o turismo composto sobretudo por empresas de pequena e média dimensão é directa ou indirectamente responsável por 200 milhões de postos de trabalho a nível mundial, o que perfaz cerca de 8,3% do emprego no mundo, e responsável, também a nível mundial, por 10% do Produto Interno Global.

Segundo os mais recentes dados da WWTC e da OMT, em 2006 o recreio e lazer continua a ser a principal motivação para viajar (51%), seguido das viagens por motivos de negócios (16%), e por outros motivos (27%), nos quais estão incluídas as viagens por motivos religiosos, de saúde, e visitar amigos e parentes (VFR). Estas deslocações são maioritariamente feitas recorrendo ao transporte aéreo (46%), seguido muito de perto pelas viagens por terra (43% por estrada e 4% por caminho de ferro), representando apenas 7% as deslocações recorrendo à água como meio de transporte.

A Organização Mundial de Turismo registou um aumento de 10% no número total de visitantes entre 2003 e 2004 e um crescimento de 4,6% no número de turistas em 2005, e com 842 milhões de chegadas em 2006, um aumento de 4,5% face a 2005, o que equivale a um aumento pelo quarto ano consecutivo bastante acima das previsões da OMT para o crescimento do sector (4,1% de média até 2020), apesar dos receios manifestados com acontecimentos recentes.

Efectivamente, o turismo a nível mundial como já foi referido foi crescendo de forma praticamente continua no número de chegadas e em receitas nos últimos anos, até aos atentados terroristas em 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque, à instabilidade politica que se lhe seguiu e ao eclodir da segunda Guerra do Golfo que conduziu a uma diminuição de 1,7% no número de visitantes a nível mundial entre 2002 e 2003, como se pode verificar através da Tabela 2.5 e antes pelas Figuras 2.10 2.11, já mencionadas.

Esta diminuição foi contudo amplamente compensada pelo crescimento de 10% registado em 2004 e sustentado com um crescimento de 5,5% em 2005. Assim, no período entre 2002 e 2005, a Europa foi a única região que não sofreu nenhum decréscimo acentuado no número de visitantes, apresentando uma variação entre 2000 e 2005 de mais 3% e mantendo, embora com uma ligeira diminuição face a 2000, mais de metade do mercado mundial em 2005 (55% em 2005 contra 58% em 2000). A região que mais cresceu em igual período foi a Região do Médio Oriente, com 8,8%, mas ainda com um pequena expressão em termos de quota de mercado (4,8% em 2005), seguida pela região da Ásia Pacifico com um aumento de 7% e com uma quota actual de 19,3%. As Américas sofreram um forte retrocesso depois dos atentados de Nova Iorque, estando em 2005 a

recuperar para valores próximos da cota de mercado que possuíam em 2000 (18,5% em 2005 face a 18,6% em 2000).

Tabela 2.5 – Chegadas Internacionais, em milhões (OMT, 2007).

Região 2000 2001 2002 2003 2004 2005 África 28,2 28,9 29,5 30,7 33,3 37,3 Américas 128,2 122,2 116,7 113,1 125,8 133,2 Ásia e Pacifico 111,4 116,6 126,1 114,2 145,5 155,3 Europa 396,2 395,8 407,4 408,6 425,6 438,7 Médio Oriente 25,2 25,0 29,2 30,0 35,9 38,0 Mundo 684 684 703 691 761 803

Sendo a Europa o maior receptor (mais de metade do total de chegadas mundial em 2005), e emissor (cerca de 80% do total de viagens é oriundo da Europa em 2005), a nível mundial cabe

referir que, de acordo com os dados do Eurostat17em 2005, no espaço europeu, 4 % da mão-de-obra

total estava empregue nas mais de 2 milhões de empresas ligadas ao sector de forma directa, e se contabilizados os empregos relacionados com o sector de forma indirecta, para o mesmo organismo nesse mesmo ano, a contribuição do turismo para o PIB europeu é de 11%, sendo responsável pelo emprego de mais de 24 milhões de europeus correspondendo a cerca de 12% da mão-de-obra. De referir ainda que para o ano de 2005, seis dos maiores dez destinos mundiais são europeus: França, Espanha respectivamente primeiro e segundo a nível mundial; Itália e Reino Unido, quinto e sexto a nível mundial, (terceiro lugar é ocupado pelos Estados unidos e o quarto pela China); Alemanha, Turquia e Áustria, oitavo, nono e décimo lugar no ranking de destinos a nível mundial. Em termos de receitas, no mesmo ano, os Estados Unidos lideram a tabela, seguidos respectivamente por Espanha, França, Itália, Reino Unido, China e Alemanha.

Assim, o turismo tem hoje em dia expressão em diferentes pontos do globo, apresentando um crescimento importante a nível mundial, pesa embora todos os choques que o sector sofreu nos últimos anos com repercussões à escala mundial como actos terroristas: os atentados do World Trade Center em Nova Iorque em 11 Setembro de 2001; as bombas na maior estancia turística da

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indonésia na Ilha de Bali em Outubro de 2002; os atentados em Madrid; em Londres e no Egipto em Julho de 2005; bem como uma série de epidemias e desastres naturais como: a síndrome respiratória aguda severa (SARS) – conhecido como pneumonia atípica ou asiática; a gripe das aves; o Tsunami, que em Dezembro de 2004 abalou o Sudoeste asiático, destruindo grande parte das infra- estruturas turísticas do sul da Tailândia e que estendeu os seus danos até ao arquipélago da Malvinas; ou ainda uma temporada particularmente violenta de furacões em 2005, com perdas significativas para a indústria de turismo no México e nos Estados Unidos devido aos furacões Emily, Katrina e Wilma.

Contudo, por causa ou apesar destes acontecimentos, aparentemente o turismo continua a crescer procurando ajustar-se às modificações que vão ocorrendo e que o influenciam, como aliás sempre ocorreu ao longo da história, onde os padrões de viagem se foram modificando acompanhando as mudanças no comportamento das sociedades em cada época.