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Apresentação pública dos resultados

As três edições da olimpíada sempre estiveram divididas em duas etapas. Na primeira, após a definição do desafio para cada categoria (Robótica ou Jogo Digital), as escolas começam a produzir os projetos. Até a data definida pelo Plano, as escolas devem enviar os projetos finalizados para o CEIBAL de forma que um jurado possa escolher os classificados. As equipes selecionadas passam para uma segunda etapa que é realizada presencialmente e na qual os alunos da categoria Programação e Jogos Digitais devem desenvolver, durante um tempo pré-

definido, um novo projeto com o mesmo tema. O professor do colégio (Liceo) 19 de Montevidéu que orientou as duas equipes (uma de Robótica e uma de Programação e Jogos Digitais) que participaram da olimpíada de 2016, Miguel Benitez, comenta que, nesta edição, os alunos:

(…) de robótica quedaron en un salón enorme con muchísimas, muchísimas exposiciones de robótica y para la competencia de programación se llevaron a los alumnos a otro edificio, donde tenían todas las mesas preparadas, las computadoras, las consignas, y ahí estuvieron dos horas y media en la prueba de programación. No dejaban ir a los docentes, ni nada. Nosotros los veíamos de afuera del salón. Adentro estaban solo ellos y los que coordinaban la competencia…. En la categoría programación era importante la creación, pues competían a través de un juego, que siguiera la consigna que les habían dado. La consigna era muy abierta. Había que usar el tema “Liceo sustentable del futuro” o “El año internacional de las legumbres”. Y a partir de ahí desarrollar una actividad educativa que demostrara los conocimientos en programación con Scratch. Partiendo de cero. No podían consultar nada, nada, todo en el momento. Esas dos horas y media para hacer todo (BENITEZ, 2016).

Na categoria Robótica, nas edições de 2015 e 2016, os alunos participaram de uma exposição onde deveriam, além de criar um stand para poder mostrar o trabalho, compartilhando com as outras equipes de todo o país o que haviam desenvolvido, apresentá-lo perante os jurados, comentando as funções desenvolvidas e como haviam construído os robôs. Na olimpíada de 2016, comenta o professor Benitez, os alunos além de

(…) llevar la maqueta que hicimos, era necesario defender lo que habían hecho, comentar como lo habían hecho, porque, lo que es que querían, como les funcionaba, para que serbia, eso era la defensa porque los jurados iban pasando y los iban clasificando, Los docentes tuvimos que salir en ese momento y fuimos a otro salón a parte… (BENITEZ, 2016).

A respeito da categoria Torneio FLL,

En el momento de la evaluación ellos le contaban su trabajo al jurado. Pero además tenían que armar un stand, y eso era visitado por todas las personas que iban a ver la olimpiada y aí tenían que estar explicando sobre el proyecto a todos que le preguntaran. Y eso desarrolla otras habilidades en la parte de la comunica (FERRANDO, 2017).

A forma como os alunos da categoria de Robótica apresentaram os trabalhos e como aconteceu a avaliação dos projetos nos permite analisar a sétima regra que normalmente o CEIBAL propõe em suas atividades pedagógicas: apresentação pública dos trabalhos.

Seja em uma sala onde os participantes do evento são recebidos ou em uma sala especialmente preparada para que o jurado possa avaliar cada trabalho (como foi o caso da olimpíada de 2016), sempre o CEIBAL cria um espaço onde os alunos possam expor seus trabalhos. O espaço é organizado com cada aluno em uma mesa, identificados a partir do nome do projeto e número da escola, apresentando pessoalmente aos visitantes, aos outros colegas ou

ao jurado como foi idealizado e realizado o projeto, quais eram os objetivos e as conquistas alcançadas. Nesses momentos, independentemente da idade, todos os alunos participam e todos devem verbalizar a explicação, relatando como funciona o jogo ou o robô, como foram feitos os desenhos, de onde surgiram as ideias etc. Portanto, essas oportunidades possibilitam que ocorra uma quebra na comunicação vertical que define uma hierarquia de valor na qualidade dos intérpretes (PROSS, 2004): o professor, o “iniciado”, é aquele que está acima do aluno na linha do conhecimento, por ter mais informações e mais habilidades para transmiti-las e, por isso, normalmente é o escolhido para explicar o que foi feito no projeto. Ao propor que os próprios alunos expliquem o trabalho, o CEIBAL redefine a posição do professor e do aluno, possibilitando que seja utilizada uma comunicação horizontal. Todos estão aptos a comunicar o conhecimento, as explicações sobre o robô ou o programa, já que são resultado de uma construção colaborativa.

A comunicação horizontal também fomenta o que Pross (2004) chama de maioridade, ou seja, autonomia e independência. O aluno sai da atitude passiva, em que sentado aguardava as informações que pudessem vir do professor, e passa a atuar de forma ativa e responsável, pois é ele o ator principal do processo de aprendizagem. O jurado estava formado por três pessoas.

Yo no pude entrar con ellos. A los profesores nos dejan afuera. Habían traído extranjeros también para que fuera un poco más arbitrario todo… Y muchos nervios (rsrsr), pero yo siempre tuve fe en ellos porque habían trabajado mucho y yo sabía que iban hacer lo mejor que pudieran. ¡Ellos se defendieron! (FERRANDO, 2017).

Além disso, o relato verbal permite compartilhar com o outro a sua experiência e o seu conhecimento, introduzindo na ausência a presença de lembranças que podem esclarecer dúvidas, acrescentar conhecimento, compartilhar e, principalmente, segundo Cyrulnik, influenciar os outros. O homem é cativado não apenas por perceber a sensorialidade do outro, mas também porque, “sob o efeito das palavras dos outros, pode pôr-se no lugar deles e experimentar um sentimento provocado pelos seus relatos” (CYRULNIK, 1997:104).

Ao definir um espaço e um tempo público para que os alunos possam explicar seus trabalhos, o Plano potencializa também um lugar de encontro, de troca e de conversa, um momento, enfim, de relacionamento social onde todos os participantes poderão praticar a capacidade da comunicação presencial, aprendendo a construir imagens que capturem a atenção do outro e também podendo observar as imagens que o outro está enviando para capturar a minha atenção. Acontece uma dança comportamental-verbal através da entonação da voz, da forma de olhar, da aceleração ou desaceleração da fala e da colocação dos braços,

por exemplo. Serão essas imagens que usaremos para fomentar os elos, os vínculos, e que permitirão saciar uma das maiores necessidades dos seres humanos: o intercâmbio de uns com os outros, que ameniza a carência, o vazio e a solidão.