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Apresentação dos resultados

Os objectivos do presente estudo quantitativo, tal como determinaram a escolha dos instrumentos, também elegeram a metodologia a utilizar e respectivas técnicas. Assim, utilizou-se técnicas de análise quantitativa para o tratamento de dados, recorrendo-se a um programa informático designado Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 16.0 for Windows), através do qual se executou uma análise estatística descritiva e inferencial das variáveis em estudo (Martins, 2002a; Pereira, 2004a).

Assim sendo, a organização da informação obtida através dos instrumentos acima descritos consistiu em codificar as questões fechadas de acordo com a categorização das variáveis, como também, na categorização do conteúdo das questões abertas e na subsequente quantificação. Neste âmbito, introduziu-se no SPSS 16.0 for Windows as variáveis em estudo, a citar: idade, sexo, estado civil, profissão, meio de proveniência, nacionalidade, tempo que exerce a sua profissão, tempo de serviço no Departamento de Medicina junto de doentes oncológicos e os dados relativos à Escala de Esperança, com o intuito de executar a análise estatística descritiva e inferencial. Os resultados obtidos nesta análise são a nível exploratório, uma vez que, após pesquisa, desconhece-se a existência de investigações com propósitos semelhantes.

Neste sentido, com o intuito de responder aos objectivos da presente investigação, como acima referido, recorreu-se a uma análise estatística descritiva e inferencial, na medida em que esta última permitiu uma análise das relações entre as variáveis e o estudo da diferença entre grupos, obtendo-se, assim, os resultados pretendidos. Salienta- se que estes são apresentados em termos de distribuição de frequências e comparação de médias, obtidos através dos testes estatísticos paramétricos: Independent-Samples T Test (Símbolo matemático t) e One Way Anova (Símbolo matemático F), que permitiram contestar uma possível associação entre as variáveis sócio-demográficas e a esperança dos profissionais de saúde. Através do teste Independent-Samples T Test, testou-se as diferenças entre duas situações para uma variável e com o teste One Way Anova testou-

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se as diferenças entre um número superior a duas situações para uma variável. Realça-se que, aquando do recurso ao teste estatístico paramétrico One Way Anova, seleccionou- se o teste Post Hoc – Scheffé, o que permitiu avaliar a existência de diferenças estatísticas entre as diversas médias a um nível de significância de 5% (p ≤ 0,05) (Maroco & Bispo, 2005; Silva, 1994).

5.1.Análise descritiva da variável em estudo: A esperança

A esperança dos médicos e enfermeiros que prestam cuidados de saúde a doentes oncológicos, avaliada através da Escala de Esperança, adaptada e aferida ao contexto português com confirmação psicométrica, varia entre índices de esperança de 48 a 85 valores (M=67,62; DP=7,50) (cf. Quadro 2). Observou-se que 61 profissionais de saúde (96,83% dos participantes) apresentam índices de esperança superiores ao ponto médio da escala (54 valores), sendo que os restantes não ostentam valores muito afastados do ponto médio. Isto, permite inferir, que apesar da discrepância entre o valor mínimo e máximo observado ser de 37 valores, os profissionais de saúde apresentam-se com valores de esperança razoáveis, principalmente porque o contexto onde exercem a sua profissão é potencialmente gerador de índices baixos de esperança pelas características que lhe são peculiares.

Quadro 2. Esperança dos médicos e enfermeiros de uma unidade oncológica

Abaixo da média

(< 60,12) Desvio-padrão (7,50) Média (67,62); Acima da média (> 75,29)

Características

N % N % N %

Índices de

Esperança 9 14,29 45 71,43 9 14,29

5.2.Análise inferencial das variáveis em estudo

De modo a observar se a variável esperança se encontra associada às variáveis sócio- demográficas dos médicos e enfermeiros em estudo, elaborou-se uma análise estatística inferencial, recorrendo aos testes Independent-Samples T Test e One Way Anova, que

permitiu objectivar o segundo e último objectivo da presente investigação (cf. Anexo H).

Os resultados obtidos através do teste estatístico paramétrico Independent-Samples T Test (t(61)=1,839; p=0,71) apontam no sentido de se verificar que o género dos participantes não se associa à esperança dos médicos e enfermeiros que exercem a sua profissão junto de doentes oncológicos. No factor esperança, a graduação média do sexo feminino do inquirido foi de 68,53 valores (DP=7,06), enquanto que no sexo masculino foi igual a 64,43 valores (DP=8,37). Porém, é pertinente salientar de novo que a amostra em estudo se encontra claramente distorcida, uma vez que a maioria dos participantes são de sexo feminino, o que pode interferir nestes resultados (cf. Quadro H1).

Resultados semelhantes foram obtidos relativamente à idade do inquirido. O teste estatístico paramétrico One Way Anova (F(1, 248)=1,459, p=0,145) permitiu verificar que a idade não se encontra associada à esperança dos profissionais de saúde que prestam cuidados de saúde a doentes oncológicos internados ou em ambulatório (cf. Quadro H2).

No que concerne o factor estado civil do inquirido, recorrendo-se ao teste estatístico paramétrico One Way Anova (F(1,248)=2,241; p=0,093), constatou-se que este não se encontra associado à esperança dos profissionais de saúde que trabalham em contexto oncológico (cf. Quadro H3). No factor estado civil, a graduação média dos solteiros, dos casados/união de facto, dos divorciados/separados e dos viúvos foi equivalente a 69,42 valores (DP=7,82), 66,24 valores (DP=7,00), 78,00 valores (DP=8,49) e 69,00 valores (DP=0,00) respectivamente.

Quanto ao factor profissão, com base no teste estatístico paramétrico Independent- Samples T Test (t(61)=-1,042; p=0,301), observou-se que a esperança dos profissionais de saúde em estudo não se associa a este factor, o que permitiu inferir que não existem diferenças estatisticamente significativas entre a esperança dos médicos e dos enfermeiros, que prestam cuidados de saúde. No factor profissão, a graduação média dos médicos foi de 66,00 valores (DP=7,32) e a dos enfermeiros foi igual a 68,22

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valores (DP=7,55). Porém, é pertinente salientar novamente que a amostra em estudo se encontra claramente distorcida, uma vez que a maioria dos participantes exercem enfermagem, o que pode interferir nestes resultados (cf. Quadro H4).

No que respeita o meio de proveniência dos participantes, através do teste estatístico paramétrico Independent-Samples T Test (t(61)=0,111; p=0,912), constatou-se que o meio de proveniência não se encontra associada à esperança dos médicos e enfermeiros em estudo. Neste factor, a graduação média do meio rural é de 67,74 valores (DP=6,57), enquanto que a do meio urbano é de 67,53 valores (DP=8,22) (cf. Quadro H5).

Os resultados alcançados através do teste estatístico paramétrico One Way Anova (F(1,248)=1,594; p=0,157) permitiram verificar que o tempo de exercício da profissão não se encontra associado à esperança dos médicos e enfermeiros em estudo. Deste modo, constata-se que estes profissionais, apesar dos anos de experiência laboral junto de doentes não têm a sua esperança comprometida devido a este factor (cf. Quadro H6).

Através do teste estatístico paramétrico One Way Anova (F(1,248)=0,718; p=0,704), observou-se que o tempo de serviço junto de doentes oncológicos não se encontra associado à esperança dos médicos e enfermeiros que prestam cuidados em Oncologia (cf. Quadro H7), o que indicia que estes profissionais, apesar de serem confrontados com o sofrimento e as angústias dos doentes oncológicos, têm competências para lidar com estas situações adversas, não se deixando influenciar consideravelmente por estas situações. Esta realidade embora se limite a uma unidade oncológica de um hospital, sendo, subsequentemente, limitativa em termos do tamanho da amostra, permite inferir que a esperança destes profissionais de saúde não sofreu influência pelo contacto directo com os doentes oncológicos e respectivos cuidadores, mesmo estando confrontados constantemente com experiências e vivências stressantes e negativamente marcantes.