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6. Discussão dos resultados

3.1. Entrevista semi-estruturada

Para objectivar os propósitos deste estudo, elegeu-se a entrevista semi-estruturada como instrumento de recolha de dados, de modo a alcançar um maior e melhor nível de sensibilidade e de análise (Reuchlin, 1986). Através desta entrevista, visou-se dar

resposta às questões de investigação formuladas, sendo que, de acordo com Lodi (1981, citado por Fortin, 1999) e May (2004), este método de recolha de dados baseado essencialmente na comunicação verbal permite elucidar padrões de vida e características dos indivíduos, auferindo-se, assim, informação e outra percepção de uma mesma realidade.

Assim, de modo a recolher a informação para a objectivação deste estudo e garantir a coerência das entrevistas, elaborou-se um guião de entrevista semi-estruturada, que embora flexível à experiência e presença idiossincrática dos entrevistados, permitiu delimitar a pesquisa e concretizar os objectivos desta (cf. Anexo I).

4.

Procedimento

O presente estudo qualitativo exigiu, tal como o estudo quantitativo, o consentimento da Comissão de Ética da instituição hospitalar para a sua implementação, sendo os dois pedidos de autorização solicitados em simultâneo, como indicado no capítulo anterior. Assim, a autorização concedida pela Comissão de Ética da ULSAM, E.P.E é respeitante a ambos os estudos: estudo quantitativo e estudo qualitativo (cf. Anexo D).

Salvaguarda-se que o consentimento informado de cada participante para este estudo foi solicitado aquando da primeira abordagem junto deste, na medida em que no início da realização do estudo de carácter quantitativo foi explicado aos participantes que esta investigação pressupunha dois momentos distintos: um estudo quantitativo e um estudo qualitativo. Assim, o consentimento informado de cada participante é relativo a ambos os estudos (cf. Anexo E), tal como acontece com a autorização facultada pela Comissão de Ética da ULSAM, E.P.E, sendo assegurada a confidencialidade dos dados recolhidos e a sua utilização apenas para fins deste estudo.

Com base nos resultados obtidos no estudo quantitativo e de modo a objectivar a presente investigação, procurou-se verificar os dados sócio-demográficos de cada participante junto dos próprios aquando da recolha de dados do presente estudo, uma vez que não se justificou importunar os participantes, que gentilmente se voluntariaram e contribuíram nesta investigação, principalmente, porque estes dados já haviam sido

A esperança dos profissionais de saúde de uma unidade oncológica: Contributos para a prática profissional

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recolhidos aquando da realização do estudo quantitativo e não sendo estes, à partida, variáveis devido ao tempo reduzido entre a realização dos estudos, recorreu-se aos dados sócio-demográficos já obtidos e respeitantes aos participantes deste estudo. No entanto, cada participante foi questionado sobre a possibilidade de existir alterações relativas aos seus dados sócio-demográficos, sendo estas executadas quando necessário. Salienta-se que apenas se constatou uma alteração, relativamente a uma variável sócio- demográfica, o estado civil, em que se alterou a opção de solteiro para casado, com o consentimento do participante. Deste modo, verificando-se apenas uma alteração quanto aos dados sócio-demográficos dos participantes, parte-se do pressuposto que esta não implica resultados estatisticamente significativos entre a esperança e as variáveis sócio- demográficas estudadas, tendo em conta que existe uma probabilidade muito reduzida para que tal aconteça. De seguida, entrevistou-se os profissionais de saúde, recorrendo- se à entrevista semi-estruturada.

A recolha de dados foi efectuada faseadamente, durante um mês aproximadamente, devido ao facto dos horários dos participantes serem por escalas, havendo necessidade de aguardar pela rotatividade de turnos e pela disponibilidade dos próprios, uma vez que a recolha de dados efectuou-se após o agendamento das entrevistas junto dos próprios participantes por contacto telefónico.

A entrevista aos participantes decorreu numa sala tranquila, isenta de interrupções, o que facilitou o seu decorrer, com duração média de 30 minutos cada. A entrevista semi- estruturada foi filmada ou gravada, dependendo do consentimento informado de cada participante. Este pedido visou evitar que o investigador perdesse informação ao tomar notas do que é dito pelos participantes, permitindo que este se concentre na entrevista e no registo dos comportamentos não-verbais. Nos casos em que a entrevista foi gravada, antes do seu início, solicitou-se autorização verbal aos participantes para anotar os seus comportamentos não-verbais, na medida em que estes se tornam pertinentes, aquando da análise de dados, embora no presente estudo, estes só tenham sido notórios aquando da definição do construto esperança. Os participantes autorizaram verbalmente a tomada de notas por parte do investigador, não colocando questões nem objecções. Após a recolha das entrevistas, procedeu-se à transcrição integral das mesmas, obtendo-se um registo que foi analisado à posteriori (Fonte, 2005; May, 2004). Este registo teve em

atenção os comportamentos verbais e não-verbais (e.g., risos/sorrisos, hesitações, tom de voz alto/baixo, pausas, silêncios, gaguejar, ruídos externos) de cada participante (Fonte, 2005), sendo que cada transcrição teve aproximadamente a duração média de 3h30m. Realça-se que somente o investigador teve acesso às gravações áudio e audiovisuais durante a transcrição das entrevistas e que, após o seu término, foram de imediato arquivadas pelo próprio investigador, de modo a que ninguém alheio à investigação tenha acesso a estas. Até esta parte, nenhum dos participantes em estudo, solicitou a sua gravação nem outro material que lhe diga respeito, apesar destes terem conhecimento, através do consentimento informado, que o podem reaver (cf. Anexo E).

As entrevistas foram codificadas relativamente à ordem de realização (por exemplo, E1), não incluindo qualquer outro tipo de dado, de modo a salvaguardar o direito de confidencialidade e anonimato dos participantes, permitindo igualmente conferir um elevado valor heurístico à informação recolhida (Reuchlin, 1986). Toda a análise qualitativa foi efectuada manualmente, sem recorrer a nenhum programa computorizado (software) destinado ao tratamento de dados qualitativos.