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APRESENTANDO A REALIDADE DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA/MG A PARTIR DO SISTEMA ÚNICO DE

No documento janainaaparecidaparreira (páginas 187-191)

CAPÍTULO III – O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO/DA ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

3.2. APRESENTANDO A REALIDADE DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA/MG A PARTIR DO SISTEMA ÚNICO DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)

A pesquisa de campo foi realizada com 16 assistentes sociais que atuam em 05 dos 09 CRAS’s do município de Juiz de Fora, cidade localizada no interior do Estado de Minas Gerais, especificamente na mesorregião da Zona da Mata e que possui uma população estimada de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 516.247 habitantes, sendo o quarto município mais populoso do Estado e no ranking nacional, ocupa o 36°lugar. Deste total de habitantes, 98% estão concentrados na zona urbana da cidade e 52,7% dos habitantes são mulheres, ou seja, a população feminina supera a masculina em mais de 28 mil habitantes, e a forte predominância da população jovem entre 15 e 29 anos ocupando o total de um quarto dos moradores da cidade. De acordo com o último Censo Demográfico realizado em 2010, o seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de 0,778.

Conforme Souza Filho e Oliveira (2012) as ações voltadas para a implementação do Sistema Único de Assistência Social no município começaram a se desenvolver em 2005 subsidiadas pela existência de uma vasta rede socioassistencial na cidade e através de programas, projetos e serviços no âmbito da assistência social desenvolvidos pela Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC).

Sobre a AMAC, importante ressaltar que a sua criação data de novembro de 1984 e desde então realiza a função de coordenação e execução de atividades e programas relacionados a política de assistência social na cidade. A AMAC “formou-se a partir de uma conotação híbrida”, visto que juridicamente, se constitui como uma associação civil sem fins lucrativos, embora seu financiamento e sua direção estivessem diretamente vinculados à Prefeitura Municipal” (Lei nº 6624 de 01/11/1984)” (SOUZA FILHO; OLIVEIRA, 2012).

Sobre a gestão da política de assistência social, cabe destacar que a Secretaria de Desenvolvimento Social, ligada à prefeitura Municipal, é o órgão gestor da política de assistência. Gestor no sentido de realizar a transferência de recursos, por meio de um convênio renovado anualmente com a AMAC, responsável por executar a política de assistência social em Juiz de Fora. Com isso, percebe-se que serviços e ações que deveriam ser executados pelo Estado são transferidos para entes privados.

Esta configuração compromete, sobremaneira, a gestão da política de assistência social, enquanto política pública democrática. A não estruturação do poder público para conduzir políticas sociais enfraquece a possibilidade de permanência e expansão das ações realizadas, debilitando a efetivação de tais políticas enquanto direito de cidadania e dever do Estado (SOUZA FILHO; OLIVEIRA, 2012, p.58).

No que tange a organização da política de assistência social, atualmente Juiz de Fora dispõem de 09 Centros de Referência em Assistência Social (CRAS’s): centro, leste Linhares, leste São Benedito, nordeste Grama, norte Benfica, oeste São Pedro, sudeste Costa Carvalho, sudeste Olavo Costa e sul Ipiranga, que buscam atender os usuários em situação de risco e vulnerabilidade social a partir dos seus territórios de abrangência94.

No município de Juiz de Fora/MG, os CRAS’s em concordância com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, criada em 2009, ofertam serviços como: Serviço de Proteção e Atendimento Integral as Famílias (PAIF) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais contribui para padronizar os serviços que são oferecidos em todo o país e organizar os níveis de complexidade do Sistema Único de Assistência Social (Proteção social Básica e Proteção

94 Além dos serviços de proteção social básica ofertados através dos CRAS’s, a cidade também possui 03 Centros

de Referência Especializados em Assistência Social94 (CREAS) – que comportam os serviços de proteção especial

de alta complexidade. Anterior à atual estruturação dos CREAS no município, os mesmos estavam organizados a partir do atendimento segmentado em infância e juventude, mulher e idoso. Recentemente, há uma nova estruturação destes serviços que busca articular os serviços de proteção social especial a uma perspectiva territorializada. O município possui também instituições filantrópicas que possuem registro no Conselho Municipal de Assistência Social.

Social Especial de média e alta Complexidade), bem como os recursos materiais e humanos, as formas de acesso dos usuários, entre outros. Todos estes devem ser ofertados de acordo com as legislações que versam sobre a política de assistência social e conforme as seguranças a serem afiançadas: acolhida, convívio familiar e comunitário, sobrevivência, autonomia e renda95.

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral as Famílias (PAIF) é um serviço contínuo destinado as famílias a fim de fortalecer a sua capacidade protetiva e evitar a ruptura dos vínculos, bem como promover o acesso aos seus direitos. Para atingir os objetivos propostos, o PAIF desenvolve ações individuais e coletivas de forma articulada.

É um serviço baseado no respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos valores, crenças e identidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo, no combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e de estigmatização nas relações familiares. Realiza ações com famílias que possuem pessoas que precisam de cuidado, com foco na troca de informações sobre questões relativas à primeira infância, a adolescência, à juventude, o envelhecimento e deficiências a fim de promover espaços para troca de experiências, expressão de dificuldades e reconhecimento de possibilidades. Tem por princípios norteadores a universalidade e gratuidade de atendimento, cabendo exclusivamente à esfera estatal sua implementação (BRASIL, 2009, p.5).

Conforme consta na Tipificação Nacional dos Serviços socioassistenciais, todos os serviços relacionados a proteção social básica devem estar referenciados e articulados com o PAIF para que haja uma organização e articulação dos serviços de acordo com a rede socioassistencial presente em cada município e a efetivação da descentralização da política de assistência social, uma das diretrizes preconizadas na PNAS e no SUAS. A articulação com a rede socioassistencial é um importante mecanismo para que os profissionais consigam identificar as demandas dos sujeitos e o atendimento a elas a partir de uma perspectiva ampla que compreenda as situações de vulnerabilidades que os sujeitos e as famílias estão expostos.

95 Essas seguranças são garantias afiançadas pela Política Nacional de Assistência Social. “Por segurança da acolhida, entende-se como uma das seguranças primordiais da política de assistência social. Ela opera com a

provisão de necessidades humanas que começa com os direitos à alimentação, ao vestuário e ao abrigo, próprios à vida humana em sociedade. A segurança do convívio é uma das necessidades a ser preenchida pela política de assistência social. Isto supõe a não aceitação de situações de reclusão, de situações de perda das relações. É próprio da natureza humana o comportamento gregário. A segurança de sobrevivência ou de rendimento e de

autonomia: através de benefícios continuados e eventuais que assegurem: proteção social básica a idosos e

pessoas com deficiência sem fonte de renda e sustento; pessoas e famílias vítimas de calamidades e emergências; situações de forte fragilidade pessoal e familiar, em especial às mulheres chefes de família e seus filhos” (BRASIL- PNAS, 2005, p.31).

Além dos usuários e famílias em “situação de vulnerabilidades e risco social” residentes no território de abrangência dos CRAS’s, constitui o público alvo do Serviço de Proteção e Atendimento Integral as Famílias (PAIF):

Famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e benefícios assistenciais; - Famílias que atendem os critérios de elegibilidade a tais programas ou benefícios, mas que ainda não foram contempladas; - Famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência de dificuldades vivenciadas por algum de seus membros; - Pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas que vivenciam situações de vulnerabilidade e risco social (BRASIL, 2009, p.6).

Para a realização do PAIF, a Tipificação Nacional prevê que o ambiente físico esteja em perfeitas condições e adequados para o desenvolvimento das atividades, contando com espaços destinados a recepção, salas de atendimento individual e grupal, iluminação, ventilação, salubridade, e que garantam a privacidade e o sigilo durante a realização de atendimentos individuais e ações coletivas. O espaço deve contar ainda com recursos materiais e de consumo essenciais para o desenvolvimento do serviço e recursos humanos de acordo com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS) que assegura funcionários capacitados para o serviço, sendo a sua contratação através de concursos públicos. O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) é ofertado de acordo com faixas etárias abrangendo crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos e através de atividades grupais. É um serviço que está organizado “de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social” (BRASIL, 2009, p.8). As ações desenvolvidas por este serviço possuem também um caráter preventivo e proativo, buscando a defesa dos direitos sociais e a identificação de potencialidades que possibilitem aos usuários “alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social”. Tem como foco o desenvolvimento de atividades orientadas pelos seguintes objetivos gerais:

Complementar o trabalho social com família, prevenindo a ocorrência de situações de risco social e fortalecendo a convivência familiar e comunitária; - Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito à convivência familiar e comunitária; - Promover acessos a benefícios e serviços socioassistenciais, fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos territórios; - Promover acessos a serviços setoriais, em especial das políticas de educação, saúde, cultura, esporte e lazer existentes no território, contribuindo para o usufruto dos usuários aos demais direitos; -

Oportunizar o acesso às informações sobre direitos e sobre participação cidadã, estimulando o desenvolvimento do protagonismo dos usuários; - Possibilitar acessos a experiências e manifestações artísticas, culturais, esportivas e de lazer, com vistas ao desenvolvimento de novas sociabilidades; - Favorecer o desenvolvimento de atividades intergeracionais, propiciando trocas de experiências e vivências, fortalecendo o respeito, a solidariedade e os vínculos familiares e comunitários (BRASIL, 2009, p., 10-11).

Importante destacarmos que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) prevê para cada público usuário: crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas idosas, ações e finalidades específicas.

Além dos dois serviços elencados anteriormente está previsto na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais a realização do serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas com a finalidade de prevenir agravos que possam romper os vínculos familiares e sociais dos usuários. Desta forma, as ações estão embasadas na garantia de direitos, em mecanismos de inclusão social e participação das pessoas com deficiência e pessoas idosas. São usuários deste serviço pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas que estão vivenciando situações de vulnerabilidade e risco social “e/ou pela ausência de acesso a possibilidades de inserção, habilitação social e comunitária, em especial: beneficiários do Benefício de Prestação Continuada; membros de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda” (BRASIL, 2009, p. 15).

3.3 O PERFIL PROFISSIONAL DOS/DAS ASSISTENTES SOCIAIS

ENTREVISTADOS (AS) E AS INSTÂNCIAS POLÍTICO-ORGANIZATIVAS DA

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