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APROPRIAÇÃO DE L’ARYEN E RACE ET MILIEU SOCIAL, DE GEORGES VACHER DE LAPOUGE

No documento As leituras pedagógicas de Sílvio Romero (páginas 160-182)

MORALE ET PHYSIQUE DE HERBERT SPENCER

OUVRAGES DE M HERBERT SPENCER TRADUITS EN FRANÇAIS

3.3 APROPRIAÇÃO DE L’ARYEN E RACE ET MILIEU SOCIAL, DE GEORGES VACHER DE LAPOUGE

Georges Vacher de Lapouge (1854-1936) nasceu na França. Estudou na École d’

Anthropologie de Paris. Foi bibliotecário da Faculté de Science de Montpellier. Nesta mesma instituição ministrou um curso livre de Ciência Política. Publicou seus estudos em diversas revistas, tais como: Revue de Anthropologie, L’Anthropologie, Revue d’Économie Politique e

Revue Internationale de Sociologie. Publicou também os seguintes livros: Les seléctions

sociales (1896), L’Aryen: son rôle social (1899) e Race et milieu social: essai d’Anthropologie (1909).380

Lapouge insere-se num debate importante no século dezenove sobre a origem da humanidade. De um lado os monogenistas afirmavam que os homens descendem de uma única espécie. De outro lado os poligenistas defendiam que os homens descendem de diversas espécies. Esta última crença levou ao surgimento da noção de raça. Rapidamente estabeleceu- se a correlação entre o domínio fisiológico e o psicológico. Acreditava-se que o pertencimento a certo grupo racial determinava as características psicológicas do indivíduo.

Esse debate ajudou na delimitação da Etnologia e da Antropologia. Os monogenistas reuniram-se em torno da análise etnológica e se mantiveram numa tradição mais vinculada à

379 ROMERO, Sílvio. O remédio. In: ______. O Brasil social e outros estudos sociológicos. Brasília: Senado,

2001, p. 265.

380 Cf. HAWKINS, Mike. Social Darwinism in European and American Thought 1860-1945: Nature as

Model and Nature as Threat. Cambridge: Cambridge University Press, 1997; MACHADO, Fernando Luís. Os novos nomes do racismo: especificação ou inflação conceptual? Sociologia, São Paulo, n. 33, p. 9-44, set. 2000; RAMOS, Jair de Souza. Ciência e racismo: uma leitura crítica de Raça e assimilação em Oliveira Vianna. História, ciência e saúde - Manguinhos, vol.10, n. 2, p. 573-601, 2003 LAGUARDIA, Josué. The use of the "race" variable in health research. Physis, Rio de Janeiro, n.2, v.14, p.197-234, july/ dec. 2004.

Filosofia da Ilustração. Já os poligenistas concentraram-se nos estudos antropológicos e dialogaram com a Biologia. Compreendida como um ramo das Ciências Naturais, a

Antropologia dedicava-se à naturalização da diferenças entre os homens. Procurava explicar os diferentes comportamentos como resultado da natureza poligenista. Para isso dedicava-se à medição de esqueletos e viventes e à análise de documentos escritos e pictóricos que descreviam os nossos antepassados. Com base nesses estudos os antropólogos determinavam os riscos de degeneração e de tendência à loucura ou à criminalidade.

Lapouge enquadra-se no campo da Antropologia. Foi discípulo de Émile Blanchard, Maurice Duval, Gabriel de Mortillet, eminentes antropólogos, na École d’Anthropologie de

Paris. A partir dos estudos realizados nos laboratórios antropométricos, Lapouge dedicou-se a criação de um novo ramo do saber: a Antropossociologia. Definiu essa nova ciência como o estudo das relações recíprocas entre o a raça e o meio.

Para ele a humanidade é constituída por duas raças fundamentais: as dolicocéfalas e as braquicéfalas, que possuem suas variações. As dolicocéfalas possuem crânio e face longos e são inquietos, enérgicos e audaciosos. Predominam na Inglaterra, na Holanda, na Escandinávia, na Península Ibérica, na Alemanha do Norte e nos Estados Unidos. Já os braquicéfalos possuem crânio e faces arredondados e são sedentários, não tem largueza de espírito nem são empreendedores. Prevalecem na França, na Suiça, na Áustria, na Alemanha do Sul, na Península Balcânica, na Polônia, na Ásia Menor, na Armênia, na Região do Cáucaso.

Conforme Lapouge os tipos humanos estão submetidos à seleção natural e à seleção

social, isto é, à seleção do meio. Os dolicocéfalos e braquicéfalos foram ao longo dos milênios se modificando devidos às necessidades de aclimatação, de viverem e reproduzirem- se em novos meios, diferentes do habitual. Mas sem perder as características fundamentais determinadas pela hereditariedade. Considerava a influência do meio mais limitada.

O antropossociólogo desconfiou da transmissão de caracteres adquiridos propugnada pelos neolamarckistas. No início da carreira ele negou peremptoriamente esse postulado. No entanto, com o aprofundamento de suas pesquisas reconheceu que se sabe pouco a respeito da

hereditariedade e que não é possível ainda explicá-la suficientemente. O que se sabe é que do ponto de vista da hereditariedade os indivíduos não se ligam aos seus pais, herdam os

caracteres transmitidos pelos avós. Durante a fecundação algumas modificações produzidas pelo meio podem ser introduzidas no plasma germinativo, material responsável pela

hereditariedade contida nas células reprodutivas. Porém, isso não significa que o ser humano resultante desta fecundação apresentará essas modificações. Esses caracteres só serão transmitidos às gerações seguintes, caso a modificação química adquirida persista. Embora considerasse com certa relutância a possibilidade de trasmissão de alguns caracteres físicos adquiridos, assim como os demais darwinistas, julgava impossível a trasmissão do caracteres psíquicos adquiridos.

Outra questão que ocupou suas reflexões foi o cruzamento. Enquanto autores como Artur de Gobineau afirmavam que a miscigenação levava à degenerescência, Lapouge a defendia. Contudo, o cruzamento deveria ser sistemático e contínuo. Sistemático porque era preciso selecionar as raças a serem cruzadas para produzir tipos aprimorados; e contínuo porque só é possível aquilatar o resultado em média de quatro a oito gerações. Para Lapouge o

selecionismo ou eugenia é de importância capital para o futuro da humanidade. Porém, julgava difícil encontrar legisladores dispostos a implantar medidas para promover o aprimoramento das raças.

Sem o cruzamento sistemático e contínuo, acompanhado por antropossociólogos, a mistura das raças pode ter efeitos positivos ou negativos. Existem quase dezessete milhões possíveis de combinação dos elementos hereditários. Assim, a mistura pode gerar um ser “aprimorado” ou um “medíocre”. Ao contrário de Herbert Spencer, para quem a evolução era sempre progressiva, Lapouge avaliava que ela também poderia ser regressiva. Mas essa regressão não é irreversível, uma vez que a cada geração há uma nova seleção que corrige os defeitos e retorna à raça originária. Esta é a lei da persistência.

Portanto, Lapouge julga impossível produzir uma raça homogênea e única, com a qual sonhavam os cientistas monogenistas, pois as leis da hereditariedade fazem com que as raças sempre retornem aos tipos fundamentais. Prova disso é que as diversas raças européias se combinam sem cessar a milhões de anos e a raça única, fusão de todas as raças da humanidade, ainda não surgiu.

Com essas idéias, Lapouge conseguiu seduzir diversos cientistas como Otto Ammon, seu principal colaborador, Henri Muffang e Carlos Closson. Por outro lado, a correlação que

fazia entre o domínio físico e o domínio psicológico rendeu críticas de diversos antropólogos reconhecidos no campo como Célestin Bouglé, Manouvrier, Colajanni Finot.381

No Brasil figuram entre seus leitores Sílvio Romero e Oliveira Viana. Seus livros auxiliaram Sílvio a pensar a sociedade e a educação brasileira.

O volume de L’aryen: son role social382 lido por Sílvio foi publicado pela Albert

Fontimoing Editeur, em 1899. No verso da folha de rosto, o editor, assim como seu concorrente Firmin-Didot, estimulou o leitor a adquirir outras obras do autor:

OUVRAGES DU MEME AUTEUR

ESSAI HISTORIQUE SUR LE CONSEIL PRIVE OU CONSEIL DES PARTES.

1878. Brochure in-8. 1 50

ÉTUDES SUR LA NATURE ET SUR L' EVOLUTION HISTORIQUE DU DROIT DE SUCCESSION. - ÉTUDE PREMIERE: THEORIE BIOLOGIQUE DU DROIT DE SUCCESSION. 1885. Brochure gr. in-8 2 »

L'ANTROPOLOGIE ET LA SCIENCE POLITIQUE (DISCOURS D'OUVERTURE DU COURS DE 1886-87). Brochure gr. in-8. 2 »

*LE SELECTIONS SOCIALES.COURS LIBRE DE SCIENCE POLITIQUE, PROFESSE A L'UNIVERSITE DE MONTPELLIER (1888-1889). 10 » *THE FUNDAMENTAL LAWS OF ANTHROPO-SOCIOLOGY. Brochure grand in-

8 2 50

*L'ARYEN [anotação de Sílvio Romero]383

Abaixo das obras indicadas pela casa editorial Sílvio marcou com asterisco Les

selections sociales e The fundamental laws of anthropo-sociology e anotou logo abaixo dos

381 HAWKINS, Mike. Social Darwinism in European and American Thought, 1860-1945: Nature as Model

and Nature as Threat. Cambridge: Cambridge University Press, 1997; SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1999; MACHADO, Fernando Luís. Os novos nomes do racismo: especificação ou inflação conceptual? Sociologia, São Paulo, n. 33, p. 9-44, set. 2000; RAMOS, Jair de Souza. Ciência e racismo: uma leitura crítica de Raça e assimilação em Oliveira Vianna. História, ciência e saúde - Manguinhos, vol.10, n. 2, p. 573-601, 2003; LAGUARDIA, Josué. The use of the "race" variable in health research. Physis, vol.14, n.2, p.197-234, july/ dec. 2004.

382 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. 383 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899.

livros elencados o título do exemplar que tinha em mãos. Essas anotações indicam interesse pelas obras, mas, a menos que alguma obra tenha sido extraviada da Biblioteca de Sílvio

Romero, ele não se reverteu na compra de livros. O único título adquirido depois de L’Aryen foi Race et milieu social: essais d’Anthroposociologie e pertence a uma outra editora.

A obra em análise foi impressa em formato in-8, o principal padrão desta casa editorial. Na sua confecção foi empregado o tipo romano com corpo 11, entrelinhamento com 4 pontos em relação ao corpo. O exemplar estudado apresenta margens superior, medianiz e dianteira de 2 cm e margem inferior de 3,5. As margens são originais, pois Sílvio adquiriu a obra numa encadernação de luxo da própria casa editorial. Há alguns aparelhos críticos como índice analítico detalhado, remissivo e de tabelas, bibliografia comentada e apêndices.

No prefácio o autor estabeleceu um diálogo com o leitor. Explicou que o livro é resultado do curso livre de Ciência Política que ministrou na Université de Montpellier e que resolveu publicá-lo sem grandes alterações de forma e sentido, apenas suavizou a ênfase na oratória em certos trechos. Afirmou que o espírito da obra é monista e selecionista e que o leitor pode reter os fatos sem reter a doutrina. Logo após o prefácio, consta a bibliografia empregada pelo autor, com o objetivo de mostrar o quão autorizadas são as suas opiniões. Ao final apresenta dois apêndices com fontes antigas: textos assírio-babilônicos e textos clássicos (gregos e latinos).

Figura 16 – Folha de rosto de L’aryen: son role social, de Georges Vacher de Lapouge

Fonte: SOUZA, Cristiane Vitório de. Folha de rosto de L’aryen. 2004. Acervo pessoal.

O objetivo da obra é mostrar a superioridade da raça ariana. Divide-se em oito capítulos. No primeiro capítulo, evidenciou que a raça dolicocéfala-loira é superior às demais porque conseguiu dominar as outras raças primitivas. No segundo, apresentou as características anatômicas e fisiológicas do ariano. No terceiro, analisou a origem da raça ariana. No quarto e no quinto mostrou a supremacia que a raça ariana conquistou perante as raças braquicéfalas ao longo da história e os riscos que ela corre em virtude do fortalecimento social das raças inferiores. No sexto estudou a psicologia do ariano. No sétimo analisou a posição social desse grupo. E no último discorreu sobre o futuro do raça ariana.

Nos interessa mais de perto, para o objetivo de compreender as representações sobre educação apropriadas por Sílvio Romero, o sexto capítulo sobre a psicologia do ariano. Neste capítulo, Lapouge expôs a visão de que a psicologia humana é determinada pelas leis da

hereditariedade. O homem é o que a natureza permite que ele seja. Criticou os neo- lamarckianos que acreditam plenamente que os caracteres adquiridos podem ser herdados. Na sua opinião é impossível legar à gerações sucessivas os caracteres psíquicos adquiridos. Nem mesmo a linguagem, pilar da educação, pode ser legada. Diante disso, a educação tem o poder apenas de fortalecer as faculdades naturais.

Ainda neste capítulo, Lapouge dialogou com a Escola de Ciência Social. Inicialmente, comparou a educação anglo-saxônica e a francesa. Apresentou a educação oferecida na Inglaterra e nos Estados Unidos como um modelo que privilegia o currículo científico e estimula o desenvolvimento da iniciativa e da responsabilidade, possibilitando que os ingleses e os norte-americanos estejam preparados para desempenhar qualquer papel na sociedade. A educação ministrada na França é, por sua vez, apresentada como um modelo que prioriza o ensino das Humanidades e tem por alvo formar a aristocracia para assumir o controle do Estado católico e centralizado. Considerou o modelo inglês superior, capaz de reforçar as aptidões naturais das raças.

No entanto, desconfiou do desejo expresso por Demolins, no trabalho A quoi tient la

superiorité des anglo-saxons?, de através da educação dar aos franceses um espírito anglo- saxão. Para ele de nada adianta levar os franceses, na sua maioria braquicéfalos, a agir de um modo que não coaduna com a sua natureza. A modificação é apenas artificial, pois a educação não pode alterar substancialmente o homem. O trabalho dos educadores torna-se infinito, deve

ser repetido a cada geração. Para Lapouge esperar que a educação faça os franceses assemelharem-se aos anglo-saxões é contar com o impossível. 384

Sílvio leu cuidadosamente L’Aryen. Assinou Roméro na folha de guarda. A seguir, percorreu as páginas, impregnado-as de anotações. Não o encarou como volume para ser lido apressadamente e depositado numa estante. Debruçou-se sobre ele. Leu e releu. Na folha de guarda fez uma espécie de índice remissivo. Anotou alguns assuntos abordados por Lapouge e as respectivas páginas. Raças p. 14, p. 160 Mestiço p. 42 Demolins 392 Judeos 162 Individualismo e solidariedade 373 A intersticial e infiltrativa – 40385

Foi um expediente que encontrou para voltar aos temas de sua predileção com facilidade, visto que os produtores da obra não lançaram mão desse recurso.

Para assinalar as passagens mais relevantes utilizou asteriscos, sublinhados simples ou duplos, traços verticais simples ou duplos ao lado dos parágrafos, as letra V e W ou parênteses para assinalar o início e o fim de um trecho selecionado.

Além desses sinais deixou anotações de síntese e de concordância.

A maior parte das anotações foi de síntese. À medida que o autor expunha suas idéias, Sílvio ia colocando às margens palavras, frases ou orações capazes de sintetizá-las e facilitar o entendimento. Entre essas anotações estão: “(A these)”386; “(Sobre causa da glaciação)”387; “Dolichocephalos claros/ Dolichocephalos morenos e até negros/ Brachycephalos claro/

384 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. 385 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899.

386 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 20

[margem dianteira].

387 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 20

Brachicephalos morenos e até negros”388; “mestiçamento de acaso/ mestiçamento sistemático”389; “(Cruzamento)”390; “(Eugenismo)”391.

As marginálias de concordância não foram muito numerosas: Destacam-se: “Mto bom para questões anthropologicas”392; “These correta”393. Essa última nota refere-se à afirmação de Lapouge de que os alemães do Norte pertencem à raça dolicocéfalo-loira, considerada superior.

Os textos que compõe Race et milieu social: essai d’Anthropolosociologie394 foram publicados inicialmente em periódicos franceses. Em 1909 foram reunidos pelo autor e editado pela Marcel Rivière. A obra em análise foi impressa em formato in-8. Na sua confecção foi empregado o tipo romano com corpo 10, entrelinhamento com 4 pontos em relação ao corpo. O exemplar estudado apresenta margens superior, medianiz e dianteira de 2 cm e margem inferior de 3 cm. As margens sofreram redução na encadernação realizada na

Livraria Briguiet et Cie. Há alguns aparelhos críticos como introdução, índice analítico, notas explicativas e bibliografia. Na introdução, explicou que o objetivo da obra é fornecer ao público francês uma idéia do estado geral da Antropossociologia, uma vez que os ensaios foram publicados em revistas especializadas, de pequena circulação. Alertou que adicionou uma bibliografia comentada no final para indicar obras que julga úteis para que o leitor conheça o estado atual da Antropossociologia. É importante assinalar que as obras dos autores que fazem oposição ao autor receberam críticas mordazes. Por exemplo:

388 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p.

271[margem dianteira].

389 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 390

[margem inferior].

390 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 489

[margem medianiz].

391 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 583

[margem dianteira].

392 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 151

[margem dianteira].

393 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 320

[margem medianiz].

394 LAPOUGE, Georges Vacher de. Race et milieu social: essais d’Anthroposociologie. Paris: Marcel Rivière,

FINKELHAUS FINOT. - Le préjugé des races. Paris, Alcan, 1905. Critique

d'amateur contre l'anthroposociologie.395

Já as obras preferidas pelo autor receberam comentários elogiosos. Note:

LIVI (Ridolfo). - Antropologia militare. Risultati ottennti dallo spoglio fri

fogli sanitari dei militari delle classi 1859-63. - Roma, 1896. Le plus grand

recueil d'anthropométrie sur le vivant.396

Utilizando esse dispositivo tentou fazer com que o leitor percorresse o caminho pré- estabelecido por ele e aderisse às suas representações.

395 LAPOUGE, Georges Vacher de. Race et milieu social: essais d’Anthroposociologie. Paris: Marcel Rivière,

1909, 382.

396 LAPOUGE, Georges Vacher de. Race et milieu social: essais d’Anthroposociologie. Paris: Marcel Rivière,

Figura 17 – Folha de rosto de Race et milieu: essais d’Anthroposociologie por Georges Vacher de Lapouge

Fonte : SOUZA, Cristiane Vitório. Folha de rosto de Race et milieu. 2004. Acervo pessoal.

Dividiu a obra em quatorze ensaios. Neles abordou: a nomenclatura zoológica em antropologia, a origem dos arianos, o método crítico para o estudo das populações do passado, a evolução antropológica da população da França, as pesquisas antropológicas sobre a diminuição da população francesa, as correlações entre sucesso financeiro e índice cefálico, as leis fundamentais da antropossociologia, os trabalhos de Jacoby e Nicéforo, a inferioridade natural das classes pobres, Durand de Gros e a análise étnica, o selecionismo de Broca, o concurso de Iéna, a obra de Woltmann e as idéias de Houzé.

Em vários pontos da obra retomou a discussão sobre educação encetada em L’aryen. Segundo ele, há um debate entre educacionistas e selecionistas. Os educacionistas, apoiados nos postulados neolamarckianos insistem que os efeitos da educação podem ser trasmitidos para as gerações vindouras. Pensam que a instrução é o remédio para todos os males da sociedade.

Por sua vez, os selecionistas, entre os quais insere-se Lapouge, discordam radicalmente dessas idéias. Mostram que o aprofundamento do estudo das leis da

hereditariedade que regem a seleção evidenciam que a transmissão dos caracteres psíquicos adquiridos é impossível. Desse modo, a educação é útil apenas para o indivíduo, mas não para a raça. Para esse grupo de cientistas, a única forma efetiva de aprimorar o ser humano é através do selecionismo prático, do cruzamento acompanhado das raças.397

Sílvio realizou leitura atenta de Race et milieu. Na página de rosto deixou o seu autógrafo: Roméro. Nas páginas seguintes deixou diversas marginálias. Assim como nas demais obras assinalou trechos mais relevantes com asteriscos, sublinhados simples ou duplos, traços verticais simples ou duplos, as letra V e W ou parênteses simples e duplos.

As anotações foram de síntese ou relativas à aplicabilidade das idéias expostas ao Brasil.

397

LAPOUGE, Georges Vacher de. Race et milieu social: essais d’Anthroposociologie. Paris: Marcel Rivière, 1909.

Como se estivesse tentando decodificá-la a obra, escreveu: “(A persistência)”398; “(These básica)”399; “A evolução não é só progressiva; é também regressiva”400; “A evolução é indifferente”401; “Os exaggeros dos neolamarckistas sobre os caracteres adquiridos”, “(Educação)”402; “A transformação radical pelo meio cae/ O educacionismo cae/ O processo indefinido cae”403; “A herança adquirida cae/ Força da hereditariedade básica e constitucional – fica”404; “O mestiço é que tende a acabar com o retorno as raças mães”, “Neste caso volta ao branco mas também ao índio (Brasil)”405; “pª o desapparecimento do mestiço vigoram a reversão e a infecundidade futura”406; “Contra mudanças feitas pela educação. Os caracteres fortes não mudam”407; “pª Durand – o meio; pª Broca – raça; pª - Lapouge – ambos e mais a última”408; “1º Que se transmitem os neo-lamarckistas (Spencer)/ 2º que não se transmitem/ 3º Os neo-darwinistas que se transmitem quando eles são o plasma”409; “* Nada sabemos sobre o mecanismo de hereditariedade”, “(Selecção e herança)”, “Aqui herança/ Herança normal ou

398 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. XI

[margem dianteira].

399 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. XI

[margem medianiz].

400 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. XXIV

[margem superior].

401 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p.

XXVIII [margem medianiz].

402 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. XXX

[margem medianiz].

403 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. XXXI

[margem medianiz].

404 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 35

[margem inferior].

405 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 36

[margem dianteira].

406 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 87

[margem superior].

407 LAPOUGE, Georges Vacher de. L' aryen: son role social. Paris: Albert Fontimoing Editeur, 1899. p. 216

No documento As leituras pedagógicas de Sílvio Romero (páginas 160-182)