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APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 28 DE JANEIRO DE

No documento Pareceres da CITE no ano de 2008 (páginas 63-94)

PARECER N.o7/CITE/2008

Assunto: Parecer prévio nos termos do n.o 5 do artigo 80.o da Lei n.o 35/2004,

de 29 de Julho

Processo n.o57 – TP/2008

III – OBJECTO

1.1. Em 27 de Dezembro de 2007, a CITE recebeu uma comunicação escrita da trabalhadora …, acompanhada de vária documentação, na qual refere ter comunicado à sua entidade patronal – …, S.A. que pretendia usufruir do regime de trabalho a tempo parcial previsto na legislação vigente e que a sua entidade patronal lhe comunicou que não poderia praticar o horário de trabalho entre as 12h e as 16h, e passaria a praticar o horário entre as 8h e as 12h.

Devido a tal consubstanciar uma recusa ao seu pedido de trabalho a tempo parcial, apresentou nos termos do n.o 5 do artigo 80.o da Lei

n.o35/2004, de 29 de Julho, a sua apreciação escrita.

A citada trabalhadora termina a comunicação escrita enviada à CITE, a solicitar parecer a esta Comissão sobre o seu caso.

1.2. Em 4 de Janeiro de 2008, a CITE recebeu uma comunicação escrita do Grupo …, S.A., referindo, sucintamente, que:

– recebeu da trabalhadora uma solicitação relativa a prática de trabalho a tempo parcial, no período entre as 12h e as 16h, mas que tal não é possível, embora tenha sido proposto à trabalhadora praticar um horário de trabalho entre as 8h e as 12h, o que não foi aceite por esta; – o horário da trabalhadora, por vezes, é praticado entre as 8h e as 16h, e outras vezes, entre as 16h e as 24h, mas a empresa aceita que a inte- ressada pratique o horário de trabalho entre as 8h e as 12h;

– o horário pretendido pela trabalhadora é gravoso para os interesses da empresa, uma vez que (…) não é possível compatibilizar períodos

de quatro horas nuns dias e de oito horas em outros dias por parte dos trabalhadores que realizem os horários que complementem o horário a prestar pelo trabalhador substituto e também não se afigura possível que o horário seja iniciado na parte da manhã, para ser interrompido durante quatro horas a ser concluído durante a tarde;

– face ao que precede, solicita a posição da CITE sobre a matéria e sublinha que não pretende recusar o exercício do direito à trabalha- dora, mas que não é possível permitir a prática do horário indicado por si.

1.3. Uma vez que a entidade patronal referia na comunicação remetida à CITE, que anexava cópia da carta que lhe fora remetida pela trabalha- dora e tal não constava do processo, foi solicitado à entidade patronal que remetesse cópia de tal documento, tendo a empresa procedido ao envio da documentação que a trabalhadora remeteu à CITE.

1.4. Da comunicação remetida pela trabalhadora à entidade patronal, em 29 de Novembro de 2007, consta, em síntese, o seguinte:

– que pretende trabalhar a tempo parcial pelo período de 12 meses, com início a 1 de Janeiro e termo a 31 de Dezembro de 2008, nos termos do disposto no artigo 43.odo Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.o99/2003, de 27 de Agosto e artigos 97.o, 101.oe 108.oda lei regu- lamentadora do mesmo código;

– que pretende trabalhar neste regime de trabalho, para poder prestar assistência à sua filha menor de 8 meses de idade, sendo o trabalho prestado entre 2.afeira a 6.afeira, no período compreendido entre as 12h e as 16h;

– que o pai da criança não solicitou qualquer licença para o período em causa.

1.5. Em resposta a tal comunicação, e em 7 de Dezembro de 2007, a enti- dade patronal informou que por motivos de funcionamento da recepção não seria possível atribuir à trabalhadora o horário de trabalho preten- dido, e que esta deveria cumprir o horário parcial de 20h semanais entre 5.afeira a 2.afeira, no período entre as 8h e as 12h, com folgas obriga-

tórias à 3.afeira e à 4.afeira.

1.6. Em 12 de Dezembro de 2007, a trabalhadora remeteu uma carta à enti- dade patronal, na qual refere vir apresentar apreciação escrita do funda- mento da intenção de recusa nos termos do n.o5 do artigo 80.o da Lei

n.o35/2004, de 29 de Julho, e que:

– em 29 de Novembro de 2007, comunicou a sua intenção de usufruir de trabalho a tempo parcial nos termos previstos na legislação vigente; – pretende trabalhar a tempo parcial para poder dar assistência à filha, devido ao facto de o pai da criança se encontrar impossibilitado de prestar tal assistência, por se encontrar a trabalhar fora da cidade de …, e também ao facto de a criança apresentar problemas de saúde e problemas na tomada das refeições, o que tem impedido a sua colo- cação em infantário;

– aceita que o dia de descanso seja nos dias da semana indicados pela empresa, mas que o horário indicado pela entidade patronal equivale a uma recusa da sua pretensão, uma vez que horário indicado por si é o que melhor serve os interesses da criança;

– os motivos invocados pela empresa para não conceder o horário de trabalho por si pretendido, não se fundamentam em exigências impe- riosas ligadas ao funcionamento da empresa, pelo que tal situação deve ser presente à CITE para emissão de parecer.

1.7. Em 17 de Dezembro de 2007, a entidade patronal remeteu carta à traba- lhadora, na qual informa reconhecer o direito de a trabalhadora trabalhar a tempo parcial e reitera a informação enviada à esta Comissão, em 4 de Janeiro de 2008.

1.8. Em 20 de Dezembro de 2007, a trabalhadora remeteu uma carta à enti- dade patronal, na qual reitera a sua pretensão e que o/a trabalhador/a que o/a for substituir poderá ser contratado/a a tempo parcial, podendo praticar o horário de trabalho entre as 8h e as 12h, sem que implique prejuízo para a empresa.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. O direito à conciliação da actividade familiar e profissional, bem como o reconhecimento pela Sociedade e pelo Estado do valor social eminente da maternidade e da paternidade merecem protecção constitu- cional, de acordo com a alínea b) do n.o1 do artigos 59.oe os n.os1 e 2

do artigo 68.o.

2.2. Como corolário dos princípios constitucionais referidos, o n.o 1 do

artigo 45.o do Código do Trabalho veio consagrar que o trabalhador

com um ou mais filhos menores de 12 anos têm direito a trabalhar a tempo parcial ou com flexibilidade de horário.

2.3. Nos termos do n.o1 do artigo 78.oda Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho,

o direito a trabalhar a tempo parcial pode ser exercido por qualquer dos progenitores, ou por ambos em períodos sucessivos, depois da licença parental, ou dos regimes alternativos de trabalho a tempo parcial ou de períodos intercalados de ambos.

2.4. No que diz respeito às relações de trabalho no âmbito do sector privado, as condições de atribuição do mencionado direito a que se refere o n.o1

do artigo 45.o do Código do Trabalho são as que constam dos artigos

78.o, 80.oe 81.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho.

2.5. O n.o1 do artigo 80.oda referida lei consagra que o/a trabalhador/a deve

observar os seguintes requisitos, quando formula o pedido de trabalho a tempo parcial:

– solicitar ao empregador o trabalho a tempo parcial por escrito e com uma antecedência de trinta dias em relação à data do início do regime de trabalho pretendido;

– indicar o prazo previsto em que pretende gozar deste regime de trabalho, com um limite de dois ou três anos, consoante se trate de menos três filhos ou se trate de três filhos ou mais;

– declarar que o menor faz parte do seu agregado familiar, que o outro progenitor não se encontra ao mesmo tempo em situação de trabalho a tempo parcial e que não está esgotado o período máximo de duração deste regime de trabalho;

– indicar a repartição semanal do período de trabalho pretendida. 2.6. Cumpridos os referidos requisitos, o exercício de tal direito só pode ser

recusado com fundamento em exigências imperiosas ligadas ao funcio- namento da empresa ou à impossibilidade de substituir o trabalhador se este for indispensável, conforme n.o 2 do mencionado artigo 80.o,

dispondo a entidade patronal do prazo de vinte dias, a partir da recepção do pedido do/a trabalhador/a, para informar por escrito o/a trabalhador/a sobre os fundamentos da intenção de recusa. Se não foi observado tal prazo considera-se aceite o pedido do/a trabalhador/a.

2.7. Quando seja indeferida a pretensão de um/a trabalhador/a é obrigatório o pedido de parecer prévio à CITE, no prazo de 5 dias a seguir ao final do prazo estipulado para apreciação pelo trabalhador, sendo o pedido aceite nos seus precisos termos, caso não tenha sido solicitado (n.os 6

e 9 do artigo 80.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho).

2.8. Do conteúdo da comunicação apresentada pela trabalhadora à entidade patronal, em 29 de Novembro de 2007, retira-se que a trabalhadora não efectuou um pedido ao abrigo do artigo 80.o da Lei n.o 35/2004, de 29

de Julho, mas que remeteu ao empregador uma comunicação escrita, na qual informa que pretende trabalhar a tempo parcial no período compreendido entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2008, nos termos previstos na alínea b) do n.o1 do artigo 43.odo Código do Trabalho.

Com efeito:

O pai e a mãe têm direito a licença parental, prevista no artigo 43.o

do Código do Trabalho, para assistência a filho ou adoptado e até aos seis anos da criança, desde que não estejam impedidos ou inibidos total- mente de exercer o poder paternal, consagrando o n.o 1 do referido

preceito quatro formas, em alternativa, para o gozo desta licença: a) a licença parental de três meses;

b) a trabalhar a tempo parcial durante 12 meses, com um período normal de trabalho igual a metade do tempo completo;

c) a períodos intercalados de licença parental e de trabalho a tempo parcial em que a duração total da ausência e da redução do tempo de trabalho seja igual aos períodos normais de trabalho de três meses;

d) as ausências interpoladas ao trabalho com duração igual aos períodos normais de trabalho de três meses, desde que reguladas em con- venção colectiva.

Ao trabalhador pai e à trabalhadora mãe cabe escolher a modalidade que melhor se adapte à sua situação, tendo em conta as necessidades da criança.

Para exercício de tal direito, basta o/a trabalhador/a dirigir aviso prévio ao empregador, por escrito, com antecedência de 30 dias1 e indicar o

início e o termo do período que vai gozar, o que foi observado pela trabalhadora na comunicação enviada ao empregador.

No que respeita ao conceito de trabalho a tempo parcial, estabelece o n.o2 do artigo 78.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho, que salvo acordo

em contrário, o período normal de trabalho a tempo parcial corres- ponde a metade do praticado a tempo completo numa situação compa- rável e é prestado diariamente, de manhã ou de tarde, ou em três dias por semanas (…). Ora, tendo em consideração que a trabalhadora

pratica um horário de trabalho entre as 8h e as 16h, ou entre as 16h e as 24h, e que pretende praticar um horário entre as 12h e as 16h, tal pretensão tem cabimento legal no preceito indicado.

De salientar que o gozo da licença não determina a perda de quaisquer direitos, sendo considerada como prestação efectiva de serviço, para todos os efeitos, salvo quanto à retribuição2.

III – CONCLUSÃO

3.1. Face ao que antecede, a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego decide não emitir parecer ao abrigo dos n.os 2 e 6 do artigo

80.o da Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho, dado que a trabalhadora efec-

tuou uma comunicação ao empregador nos termos do n.o 6 do artigo

43.o do Código do Trabalho, para trabalhar a tempo parcial na modali-

dade prevista na alínea b) do n.o1 do artigo 43.odo Código do Trabalho.

3.2. Assim sendo, a CITE delibera comunicar ao empregador que este não deve impedir que a trabalhadora goze a modalidade de licença parental tal como consta da informação elaborada por esta, e entregue no dia 29 de Novembro de 2007, prevista na alínea b) do n.o 1 do artigo 43.o

do Código do Trabalho, uma vez que o exercício de tal não depende de autorização da entidade patronal, mas somente do cumprimento dos preceitos supra-indicados (n.o 6 do artigo 43.o do Código do Trabalho,

1 N.o6 do artigo 43.odo Código do Trabalho e n.o1 do artigo 76.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho. 2 N.o1 do artigo 101.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho.

n.o1 do artigo 76.o e n.o 2 do artigo 78.oda Lei n.o35/2004, de 29 de

Julho), o que foi observado pela trabalhadora.

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 28 DE JANEIRO DE 2008

PARECER N.o8/CITE/2008

Assunto: Parecer prévio nos termos do n.o1 do artigo 51.odo Código do Trabalho,

aprovado pela Lei n.o 99/2003, de 27 de Agosto, conjugado com a

alínea c) do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o15 – DL-E/2008

III – OBJECTO

1.1. Em 14/01/2008, a CITE recebeu da empresa …, L.da, cópia de um

processo de despedimento por extinção de posto de trabalho da trabalha- dora lactante …, para efeitos da emissão de parecer prévio, nos termos do disposto no n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho, aprovado

pela Lei n.o 99/2003, de 27 de Agosto, conjugado com a alínea c) do

n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho.

1.2. Do referido processo consta apenas uma carta dirigida à trabalhadora, que refere o seguinte:

1.2.1. Nos termos e para os efeitos da cessação do contrato de trabalho prevista nos artigos 402.o e seguintes do Código do

Trabalho (Lei n.o 99/2003 de 27 de Agosto), vimos por este

meio comunicar a V. Ex.ao seguinte:

1. Como deixámos de confeccionar a comida por nós comer- cializada, passando a contar com uma empresa fornecedora, o volume de compras da nossa empresa desceu drastica- mente;

2. Nestes termos, o número de funcionários reduziu-se a menos da metade;

3. Com a reorganização da empresa, as funções de compras, pagamento a fornecedores, confecção de escala de serviço e outras tarefas similares têm sido assegurados pela gerência da empresa;

4. Como a função, com a categoria profissional de encarre- gada de loja, era desempenhada pela funcionária até 16 de Janeiro de 2007, antes do seu afastamento por baixa, licença de maternidade, nova baixa e férias, com retomo a 22 de Novembro de 2007; tendo o posto de trabalho correspon- dente a esta categoria de ser extinto, por força do até aqui exposto;

5. Como não existe nenhum outro posto de trabalho na empresa compatível com a categoria da trabalhadora, torna-se assim

impossível a subsistência do seu contrato de trabalho com esta sociedade;

6. Em resultado da situação acima referida, comunicamos a V. Ex.anos termos legais e para os efeitos dos artigos 402.o

e seguintes e 423.o do Código do Trabalho (Lei n.o99/2003

de 27 de Agosto), vimos por este meio comunicar a nossa intenção de extinguir o posto de trabalho que corresponde a categoria de encarregado de loja, com a consequente ces- sação de contrato de trabalho de V. Ex.acom esta empresa;

7. Nos termos legais, colocamos à disposição de V. Ex.a

a indemnização a que tem direito, a qual lhe será paga a todo o tempo que queira outorgar o acordo legal de acei- tação;

8. Entretanto, consideramos a decorrer o período legal de aviso prévio, com termo em 11/03/2008;

9. Continuam em vigor os termos da comunicação de 03/01/ /2007.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. O n.o 1 do artigo 10.o da Directiva 92/85/CEE do Conselho, de 19 de

Outubro de 1992, obriga os Estados-membros a tomar as medidas necessárias para proibir que as trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes sejam despedidas durante o período compreendido entre o início da gravidez e o termo da licença por maternidade, salvo nos casos excepcionais não relacionados com o estado de gravidez.

2.1.1. Um dos considerandos da referida Directiva refere que (…)

o risco de serem despedidas por motivos relacionados com o seu estado pode ter efeitos prejudiciais no estado físico e psíquico das trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes e que, por conseguinte, é necessário prever uma proibição de despedimento.

2.1.2. Por outro lado, é jurisprudência uniforme e continuada do Tri- bunal de Justiça das Comunidades Europeias (ver, entre outros, os Acórdãos proferidos nos processos C-179/88, C-421/92, C-32/93, C-207/98 e C-109/00) que o despedimento de uma trabalhadora devido à sua gravidez constitui uma discriminação directa em razão do sexo, contrária ao n.o 1 do artigo 5.o da

Directiva 76/207/CEE (aplicação do princípio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres). Esta disposição corres- ponde actualmente à alínea c) do artigo 3.o daquela Directiva,

na redacção dada pela Directiva 2002/73/CE. 70

2.2. Em conformidade com a norma comunitária, a legislação nacional consagra, no n.o 1 do artigo 51.odo Código do Trabalho, que o despe-

dimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante carece sempre de parecer prévio da entidade que tenha competência na área da igual- dade de oportunidades entre homens e mulheres, que é esta Comissão,

conforme artigo 494.o da Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho, que regula-

menta aquele Código.

2.2.1. É de salientar que, nos termos do n.o4 do citado artigo 51.odo

Código do Trabalho é inválido o procedimento de despedimento

de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, caso não tenha sido solicitado o parecer referido no n.o 1, cabendo o ónus da

prova desse facto ao empregador.

2.3. Afigura-se, no presente despedimento por extinção de posto de trabalho, que o empregador não demonstrou ter preenchido os requisitos a que alude o n.o 1 do artigo 403.o do Código do Trabalho, não demonstrou

ter observado os critérios estabelecidos no n.o 2 do mesmo artigo para

a selecção dos postos de trabalho a extinguir, por referência aos respec- tivos titulares, caso existam, e não demonstrou ter procedido às comu- nicações previstas no artigo 423.o do mesmo Código, pois não provou

que a trabalhadora tivesse recebido e não tivesse respondido no prazo de 10 dias à comunicação constante do processo de despedimento. 2.3.1. Na verdade, a alínea c) do n.o 1 do artigo 98.o, da Lei n.o 35/

/2004, de 29 de Julho, estabelece que para efeitos do artigo 51.o

do Código do Trabalho, o empregador deve remeter cópia do processo à CITE depois das consultas referidas nos n.os1 e 2 do

artigo 424.o(do referido Código), no despedimento por extinção

de posto de trabalho.

2.4. Assim, a alínea a) do artigo 429.o do Código do Trabalho, estabelece

que, sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes e em legislação

especial, qualquer tipo de despedimento é ilícito se não tiver sido prece- dido do respectivo procedimento.

2.4.1. Sobre esta matéria, dispõem as alíneas a), b) e c) do artigo 432.o

do Código do Código do Trabalho que o despedimento por

extinção de posto de trabalho é ainda ilícito sempre que o empregador não tiver respeitado os requisitos do n.o1 do artigo

403.o, tiver violado o critério de determinação de postos de

trabalho a extinguir, enunciado no n.o 2 do artigo 403.o e ou

não tiver feito as comunicações previstas no artigo 423.o.

2.5. Tal situação gera a ilicitude do despedimento por extinção de posto de trabalho pelos fundamentos anteriormente referidos.

III – CONCLUSÃO

3.1. Face ao exposto, a CITE não é favorável ao despedimento por extinção de posto de trabalho da trabalhadora lactante … promovido pela empresa …, L.da, em virtude de se afigurar ilícito, por esta não ter

disponibilizado à CITE a documentação que demonstre ter sido obser- vado o respectivo procedimento.

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 28 DE JANEIRO DE 2008

PARECER N.o9/CITE/2008

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora grávida, nos termos do n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho, conjugado com a alínea a)

do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o20 – DG/2008

III – OBJECTO

1.1. Em 17 de Janeiro de 2008, a CITE recebeu um pedido de parecer nos termos da legislação mencionada em epígrafe, subscrito pelo gerente do Laboratório …, L.da, pelo instrutor do processo disciplinar e pela

Senhora Dr.a … de Departamento de Recursos Humanos da empresa,

relativamente à trabalhadora grávida …

1.2. O pedido de parecer prévio ao despedimento chegou acompanhado de parte da documentação constante do processo disciplinar, pelo que foi solicitado à entidade patronal o envio de cópia de três autos de depoi- mentos que constavam incompletos, bem como de cópia do contrato de trabalho celebrado com a trabalhadora arguida.

1.3. Em 11 de Outubro de 2007, o Administrador do …, S.A., Senhor Dr. …, decidiu instaurar processo disciplinar à arguida…, (irmã da arguida …), com base numa participação disciplinar elaborada pelo mesmo e na sequência de ter tomado conhecimento que a arguida … teria utilizado, em seu favor, valores que pertenciam ao administrador da sociedade, conforme prova documental e prova testemunhal que foi anexada aos autos (fl. 1).

Na data da instauração do processo disciplinar, a arguida … foi suspensa preventivamente do exercício das suas funções. Após ter sido ouvida, declarou ter utilizado o valor inscrito nos cheques juntos à parti- cipação para pagar despesas suas. Mais declarou que não tinha sido ajudada na utilização dos cheques, mas que o livro de cheques da conta do Senhor Dr. … se encontrava no Departamento da Contabilidade e era controlado pelas quatro (4) pessoas que trabalhavam no Departamento (fls. 7 e 8).

1.4. Em 15 de Outubro de 2007, e após ter tomado conhecimento da elimi- nação de vários ficheiros do sistema informático e do reencaminha- mento de mensagens indevidas (havendo fundadas suspeitas de tal ter sucedido para eventual ocultação de provas ou outros fins, uma vez que eram provenientes da área de trabalho da arguida …), o gerente da empresa decidiu instaurar processo prévio de inquérito (cfr. fl. 10), com

vista a apurar os factos imputados à mesma na nota de culpa e dos quais

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