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COM A DECLARAÇÃO DE VOTO CONJUNTA DAS REPRESENTANTES DA CIP – CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA E DA CCP –

No documento Pareceres da CITE no ano de 2008 (páginas 151-174)

I II – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

COM A DECLARAÇÃO DE VOTO CONJUNTA DAS REPRESENTANTES DA CIP – CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA E DA CCP –

CONFEDERAÇÃO DO COMÉRCIO E SERVIÇOS DE PORTUGAL, QUE TAMBÉM SE TRANSCREVE:

A CIP e a CCP votam a favor do presente parecer no que respeita ao sentido do mesmo, a saber, a não emissão de parecer devido a não se estar perante um despe- dimento de trabalhadora grávida, mas sim perante um processo de abandono do trabalho, o qual vale como denúncia do contrato de trabalho, nos termos do artigo 450.odo Código do Trabalho.

Expressam, no entanto, o seu desacordo quanto ao teor do ponto 3.2. da presente Conclusão do mesmo projecto de parecer, uma vez que cabe às instâncias judi- ciais julgar sobre a declaração de invalidez dos despedimentos de trabalhadoras grávidas.

PARECER N.o19/CITE/2008

Assunto: Parecer prévio nos termos do n.o 2 do artigo 80.o da Lei n.o 35/2004,

de 29 de Julho – Flexibilidade de horário Processo n.o55 – FH/2008

III – OBJECTO

1.1. Em 11/02/2008, a CITE recebeu do … um pedido de parecer prévio à intenção de recusa do pedido de flexibilidade de horário apresentado pela trabalhadora …

1.2. A referida trabalhadora encontra-se a desempenhar funções de Técnica Administrativa, no …

1.2.1. Em 15/01/2008, a trabalhadora requereu ao abrigo do n.o1 do

artigo 45.o da Lei n.o 99/2003, de 27 de Agosto, que aprova

o Código do Trabalho, flexibilidade de horário a partir de 1 de Março de 2008, por um período de 1 ano, com o seguinte horário de barra fixa: 12h-13h/14h-16h30. Mais informo, que me comprometo, nos dias de atendimento ao público e sempre que necessário, cumprir com o horário rígido do …

1.2.2. Para o efeito, a requerente apresentou declaração nos termos da qual refere ter dois filhos a seu cargo de 9 e 8 anos de idade, que fazem parte do seu agregado familiar e que o outro proge- nitor tem actividade profissional.

1.3. Em 16/01/2008, o director do … concorda com o pedido formulado

pela trabalhadora da prática do horário flexível, com barra fixa nos períodos das 12.00 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 16.30 horas a cumprir de 01/03/2008, pelo período de um ano, tendo em

consideração o horário de funcionamento do … que é entre as 09.00 horas e as 17.30 horas.

1.4. Em 21/01/2008, a Chefe de Divisão … da … refere que o horário

proposto respeita o período de funcionamento do … e não prejudica o serviço, nomeadamente, o atendimento.

1.4.1. A citada Chefe de Divisão refere ainda que estando a traba-

lhadora obrigada ao cumprimento das 35 horas semanais, apuradas mensalmente, sem a possibilidade de compensar antes das 09,00 horas ou depois das 17,30 horas, estamos a emitir um parecer favorável para a trabalhadora usufruir de 30 minutos dia de margem móvel.

1.4.2. Acrescenta ainda a referida Chefe de Divisão que o Sr. Director

de … propôs como horário de presença obrigatória o período em que o … regista maior afluência de utentes. Deste modo, garantiu as condições para que o serviço de atendimento não fosse prejudicado, permitindo à trabalhadora conciliar o serviço com a sua vida familiar.

1.4.3. A mesma Chefe de Divisão conclui referindo que o atendi-

mento, serviço, primeiro e nobre, dum …, não será posto em causa com o deferimento deste pedido, nos termos propostos pelo Sr. Director do …

1.5. Por seu turno, a Directora do Departamento de … notificou a reque- rente, em 23/01/2008, da intenção do … de recusar o peticionado, ao abrigo do disposto no n.o 2 do artigo 80.o da Lei n.o 35/2004, de 29 de

Julho.

1.5.1. A referida Directora de Departamento esclarece que a manifesta

intenção de recusa, prende-se in casu, com as razões estrita- mente enunciadas no citado diploma legal, nomeadamente, por motivos imperiosos inerentes ao funcionamento do …, conside- rando que:

– O atendimento é uma actividade fundamental para o desen- volvimento das atribuições dos …;

– Como princípio, qualquer trabalhador pode ser afecto ao desenvolvimento de funções de atendimento;

– O direito à prestação de trabalho com flexibilidade de horário, não tem, no seu exercício, a característica da unila- teralidade que o Legislador atribui a outros, nomeadamente no que respeita à licença por maternidade e às dispensas por amamentação.

1.6. A trabalhadora requerente apresentou a apreciação escrita do funda- mento da intenção de recusa ao seu pedido de flexibilidade de horário, afirmando que o atendimento normal do … não será prejudicado, aten-

dendo ao horário de barra fixa, que é mencionado no seu requerimento, 12h-13h e 14h-16h30, que mereceu despacho favorável da Direcção do … e que as suas funções são administrativas, na Área Financeira e o atendimento por si efectuado coincide no horário das 12h às 13h.

1.6.1. Para uma melhor apreciação, a requerente anexa o mapa de atendimento que é feito pela Direcção do … mensalmente e o mapa de distribuição de funções, informando que o horário

solicitado, só será efectuado em casos esporádicos e que o seu

pedido, neste caso concreto, é na entrada no período da manhã, visto ter de se deslocar às escolas dos seus filhos menores.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. O n.o 1 do artigo 45.o do Código do Trabalho consagra o direito de os

trabalhadores com um ou mais filhos menores de 12 anos trabalharem a tempo parcial ou com flexibilidade de horário.

2.2. Para os trabalhadores não abrangidos pelo regime de trabalho especial para a Administração Pública, as condições de atribuição do direito a trabalhar com flexibilidade de horário encontram-se estabelecidas nos artigos 79.oe 80.oda Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho, que regulamenta

o Código do Trabalho.

2.2.1. Com as referidas normas, pretendeu o legislador assegurar o exercício de um direito que tem tutela constitucional – o direito à conciliação da actividade profissional com a vida familiar [alínea b) do n.o 1 do artigo 59.o da Constituição da República

Portuguesa].

2.2.2. Para que o trabalhador possa exercer este direito, estabelece o n.o 1 do artigo 80.o da Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho, que

o trabalhador que pretenda trabalhar a tempo parcial ou com flexibilidade de horário deve solicitá-lo ao empregador, por escrito, com a antecedência de 30 dias, com os seguintes elementos:

a) Indicação do prazo previsto, até ao máximo de dois anos,

ou de três anos no caso de três filhos ou mais;

b) Declaração de que o menor faz parte do seu agregado

familiar, que o outro progenitor não se encontra ao mesmo tempo em situação de trabalho a tempo parcial, que não está esgotado o período máximo de duração deste regime de trabalho ou, no caso de flexibilidade de horário, que o outro progenitor tem actividade profissional ou está impe- dido ou inibido totalmente de exercer o poder paternal.

2.2.3. Admite, no entanto, que tal direito possa ser negado com funda- mento em exigências imperiosas ligadas ao funcionamento da empresa ou à impossibilidade de substituir o trabalhador se este for indispensável (n.o2 do artigo 80.oda Lei n.o35/2004, de 29

de Julho).

2.3. Em primeiro lugar, convém esclarecer o conceito de flexibilidade de horário à luz dos preceitos constantes dos n.os2 e 3 do artigo 79.oda Lei

n.o35/2004, de 29 de Julho, que regulamenta o Código do Trabalho em

que se entende por flexibilidade de horário aquele em que o trabalhador pode escolher, dentro de certos limites, as horas de início e termo do período normal de trabalho diário. E esses limites dizem respeito àquilo que a flexibilidade de horário deve conter:

a) Um ou dois períodos de presença obrigatória, com duração igual a metade do período normal de trabalho diário;

b) A indicação dos períodos para início e termo do trabalho normal diário, cada um com uma duração não inferior a um terço do período normal de trabalho diário, podendo esta duração ser reduzida na medida do necessário para que o horário se contenha dentro do período de funcionamento do estabelecimento;

c) Um período para intervalo de descanso não superior a duas horas. 2.3.1. É de salientar que, nos termos do n.o 5 do citado artigo 79.o,

o regime de trabalho com flexibilidade de horário deve ser elaborado pelo empregador, o que acontece no …, nos termos

dos artigos 13.oa 21.odo respectivo Regulamento dos Horários

de Trabalho, aplicável por força do artigo 6.o da Lei n.o 99/

/2003, de 27 de Agosto, que aprova o Código do Trabalho. 2.4. Efectivamente, a requerente solicitou a flexibilidade de horário, prevista

no Código do Trabalho e respectiva regulamentação, para os trabalha- dores com um ou mais filhos menores de 12 anos, tendo em conside- ração os condicionalismos dos horários de atendimento do … onde exerce as suas funções.

2.5. A requerente indicou o prazo de um ano para o exercício do seu direito à flexibilidade de horário.

2.6. A requerente apresentou declaração de que os seus filhos menores fazem parte do seu agregado familiar e de que o outro progenitor tem actividade profissional.

2.7. O … tem intenção de recusar o pedido de flexibilidade de horário apre- sentado pela requerente, alegando as razões apontadas no ponto 1.5.1. 2.7.1. Ora, as aludidas razões, por serem genéricas, não permitem, no caso em apreço, avaliar objectivamente os motivos imperiosos

inerentes ao funcionamento do … a que alude a Directora de

Departamento do …

2.7.2. Com efeito, as exigências imperiosas ligadas ao funcionamento

da empresa ou serviço que servem de fundamento à recusa do

pedido de flexibilidade de horário, nos termos do n.o2 do artigo

80.o da Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho, devem ser concreti-

zadas de modo a comprovar que a requerida flexibilidade de horário põe em causa o funcionamento do …

2.8. É de realçar que, sendo o horário de funcionamento do … entre as 09.00 horas e as 17.30 horas, a trabalhadora apenas poderá compensar meia hora por dia, relativamente aos dias em que não cumprir as sete horas. III – CONCLUSÃO

3.1. Face ao exposto, a CITE emite parecer desfavorável à intenção de recusa do …, relativamente ao pedido de prestação de trabalho em regime de flexibilidade de horário apresentado pela trabalhadora … APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 29 DE FEVEREIRO DE 2008

PARECER N.o20/CITE/2008

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora lactante nos termos do artigo 51.o do Código do Trabalho e do artigo 98.o da Lei n.o 35/2004,

de 29 de Julho

Processo n.o51 – DL/2008

III – OBJECTO

1.1. Em 7 de Fevereiro de 2008, deu entrada na CITE um pedido de parecer prévio ao despedimento da trabalhadora lactante …, apresentado pela empresa …, nos termos referidos em epígrafe.

1.2. Em anexo ao pedido de parecer, a entidade empregadora remeteu a esta Comissão fotocópia do processo disciplinar instaurado à trabalhadora. 1.3. A entidade empregadora dedica-se à actividade de comércio a retalho

de outros produtos novos em estabelecimento autorizado (venda de … e … possuindo para o efeito um estabelecimento de venda ao público (…).

1.4. A arguida foi admitida ao serviço da arguente em 1 de Agosto de 1999, para exercer funções inerentes à categoria profissional de caixeira de

comércio.

1.5. Os factos descritos na nota de culpa, recebida pela arguida em 15 de Janeiro p.p.1, são os seguintes:

– Em 26/07/2007, na sequência do nascimento de um filho, V. Ex.a

deixou de comparecer ao trabalho, tendo ficado de licença de mater- nidade até ao dia 22/12/2007, conforme informou a empresa.

– Licença de maternidade que terminou em 22/12/2007, devendo apre- sentar-se ao trabalho no dia imediato ou, sendo caso disso, dignar- -se informar a entidade patronal de que se encontrava impedida de retomar a prestação de trabalho, juntando o respectivo suporte documental justificativo do período de ausência.

– Contudo, não se apresentou ao trabalho no dia útil imediato, nem em qualquer outro dos seguintes.

– De igual forma, não entrou em contado com a empresa, nem justi- ficou de qualquer forma a ausência a partir do referido dia 22 de Dezembro.

– Surpreendida com a ausência e falta de notícias da trabalhadora, ainda procurou a entidade empregadora averiguar o que se estaria

a passar, por meio de diversos tentativas de contacto telefónico, as quais ficaram sem resposta.

1.6. A arguente informou a CITE que a trabalhadora não respondeu à nota

de culpa, sendo, em conformidade, intenção da empresa, para efeitos de decisão final do referido processo disciplinar, proceder ao despedi- mento da referida trabalhadora.

1.7. Em 13 de Fevereiro p.p., os serviços desta Comissão contactaram tele- fonicamente a entidade empregadora no sentido de obterem comuni- cação sobre o eventual estado de lactância da trabalhadora, a remeter posteriormente por escrito, uma vez que tal informação não constava do processo. No âmbito do mencionado contacto, foi referido à mesma entidade que qualquer elemento adicional deveria ser remetido com brevidade, considerando o decurso do prazo de trinta dias para emissão de parecer pela CITE.

1.8. Em 20 de Fevereiro de 2007, a CITE recebeu comunicação da entidade empregadora, anexando os seguintes documentos:

1.8.1. Cópias do registo de assiduidade da trabalhadora no período de Junho de 2007 a Fevereiro de 2008 (documentos 1 a 9, juntos ao processo);

1.8.2. Cópias dos certificados de incapacidade temporária para o trabalho por doença (documentos 10 e 11, juntos ao processo); 1.8.3. Cópia da declaração de nascimento, emitida por estabelecimento

hospitalar (documento 12, junto ao processo);

1.8.4. Cópia do requerimento de subsídio de maternidade (documento 13, junto ao processo);

1.8.5. Cópia do mapa de férias de 2007 (documento 14, junto ao processo);

1.8.6. Cópia de recibo de vencimento do mês de Dezembro de 2007, assinado pela trabalhadora (documento 15, junto ao processo). 1.9. Embora a entidade empregadora tenha solicitado o presente parecer, não foi indicado o estado da trabalhadora. Contudo, afigura-se que o pedido de parecer foi feito tendo em consideração o eventual estado de lactância da trabalhadora, porquanto o parto ocorreu no passado dia 26 de Julho de 2007 (cfr. documento 12, junto ao processo), e a licença por maternidade decorrente terminou em 20 de Dezembro de 2007 (cfr. documento 13, junto ao processo), pelo que foi indexado sob DL (despedimento de lactante).

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. O n.o 1 do artigo 10.o da Directiva 92/85/CEE do Conselho, de 19

de Outubro de 1992, obriga os Estados-membros a tomar as medidas necessárias para proibir que trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes sejam despedidas, salvo nos casos excepcionais não relacio- nados com o estado de gravidez.

2.2. Em conformidade com as normas comunitárias, a legislação nacional contempla uma especial protecção no despedimento quando se trate de trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes, designadamente, ao determinar que o despedimento daquelas trabalhadoras, por facto que lhes seja imputável, se presume feito sem justa causa. (cfr. n.o 2 do

artigo 51.odo Código do Trabalho).

2.3. Assim sendo, compete à CITE analisar se o despedimento da traba- lhadora … se insere nos casos excepcionais não relacionados com o estado de lactante, nos quais se inclui naturalmente a prática de actos que possam constituir justa causa de despedimento, ou se, pelo contrário, a empresa arguente pratica um acto discriminatório por motivo de maternidade caso concretize a intenção de despedir a referida trabalhadora.

2.4. Estipula a alínea g) do n.o3 do artigo 396.odo Código do Trabalho que

constituem, nomeadamente, justa causa de despedimento os seguintes comportamentos do trabalhador: faltas não justificadas ao trabalho que determinem directamente prejuízo ou riscos graves para a empresa ou, independentemente de qualquer prejuízo ou risco, quando o número de faltas atingir, em cada ano civil, 5 seguidas ou 10 interpoladas.

2.5. Ora, alega a empresa que a arguida não se apresentou para trabalhar, desde o dia 22 de Dezembro de 2007, data em que deveria ter regres- sado do período de licença por maternidade, sem que apresentasse qual- quer justificação para o facto, incorrendo, desta forma, na prática de 17 faltas injustificadas seguidas, das quais 6 ainda no ano de 2007 e 11 já no ano de 2008.

2.6. Tendo a trabalhadora sido notificada da nota de culpa, em 15 de Janeiro p.p., e tendo sido recebido2 na CITE o pedido parecer prévio, referido

em epígrafe, 6 dias úteis após o termo do prazo para a trabalhadora responder à nota de culpa3, afigura-se que a arguida terá optado por não

se pronunciar.

2 Recebido no dia 7 de Fevereiro de 2008.

2.7. De acordo com o n.o2 do artigo 51.o do Código do Trabalho, o despe-

dimento por facto imputável a trabalhadora grávida, puérpera ou lactante presume-se feito sem justa causa. Nessa medida, cabendo o

ónus da prova à entidade empregadora, cabe salientar que constam do processo elementos que comprovam que as faltas ocorreram conforme alegado na nota de culpa, pois a arguente apresentou documentos comprovativos das ausências da trabalhadora, nomeadamente, cópia do mapa de férias4, cópias do registo de assiduidade5e cópia do recibo

de vencimento correspondente ao mês de Dezembro de 2007, assinado pela trabalhadora6, no qual se designa o valor do desconto efectuado

por motivo de faltas injustificadas.

2.8. Assim sendo, verifica-se que a entidade empregadora ilidiu a presunção legal contida no n.o 2 do artigo 51.o do Código do Trabalho, preceito

nos termos do qual o despedimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante se presume feito sem justa causa, por ter comprovado que a conduta da trabalhadora, ao ter faltado injustificadamente durante, pelo menos, 17 dias seguidos, de 22 de Dezembro de 2007 a 14 de Janeiro de 2008, integra um dos comportamentos que constituem justa causa de despedimento7 e preenche o requisito da justa causa de despedimento,

previsto no n.o1 do artigo 396.odo Código do Trabalho, nos termos do

qual o comportamento culposo do trabalhador que, pela sua gravidade

e consequências, torne imediata e praticamente impossível a subsis- tência da relação de trabalho constitui justa causa de despedimento.

III – CONCLUSÃO

3.1. Face ao que antecede, a CITE emite parecer favorável ao despedimento da trabalhadora lactante … promovido pela …, por considerar que a entidade empregadora ilidiu, em termos suficientes, a presunção legal contida no n.o2 do artigo 51.o do Código do Trabalho e, consequente-

mente, a aplicação da sanção não se afigurar como discriminatória por motivo de maternidade.

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 29 DE FEVEREIRO DE 2008

160

4 Cfr. documento 14, junto ao processo. 5 Cfr. documentos 1 a 9, juntos ao processo. 6 Cfr. documento 15, junto ao processo.

6 Cfr. alínea g) do n.o3 do artigo 396.odo Código do Trabalho. 7 Cfr. alínea g) do n.o3 do artigo 396.odo Código do Trabalho.

PARECER N.o21/CITE/2008

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora grávida, nos termos do n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho, conjugado com a alínea a)

do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o56 – DG/2008

III – OBJECTO

1.1. Em 11 de Fevereiro de 2008, a CITE recebeu um pedido de parecer nos termos da legislação mencionada em epígrafe, formulado pela gerência da … L.da, relativamente à trabalhadora grávida …

1.1.1. O pedido de parecer prévio ao despedimento chegou acompa- nhado de cópia do processo disciplinar instaurado à arguida. 1.1.2. O processo disciplinar foi precedido de processo prévio de

inquérito, mandado instaurar pelo Director Geral da empresa, em 23 de Novembro de 2007, na sequência de aquele dirigente ter tomado conhecimento que o relatório de visitas médicas na … não coincidia com o trajecto reportado nas folhas de despesas e constar das mesmas um registo de quilómetros supe- rior ao do trajecto real (fls. 10 a 37).

No decurso do mesmo, foram juntos ao processo mapas de despesas e outros documentos (fls. 38 a 74).

1.1.3. A trabalhadora foi suspensa preventivamente das suas funções, em 23 de Novembro de 2007.

Na mesma data, a trabalhadora foi notificada pela empresa para entregar os instrumentos de trabalho colocados à sua dispo- sição, nomeadamente o veículo, o computador, o telemóvel e os cartões (fls. 10 e 11 dos autos).

Todavia, a trabalhadora enviou uma comunicação escrita à … a informar que iria manter na posse os referidos instrumentos de trabalho, dado os mesmos integrarem a sua retribuição (cfr. fl. 23).

1.1.4. O relatório de inquérito, com data de 18 de Dezembro de 2007, concluiu que a trabalhadora arguida praticou os factos cons- tantes da nota de culpa (fls. 25 a 37).

1.2. Da nota de culpa consta que:

1.2.1. A trabalhadora, que exerce as funções inerentes à categoria profissional de Delegada de Informação Médica (DIM), foi

admitida ao serviço da empresa, em 17 de Novembro de 2003, para junto da classe médica e na área geográfica que lhe

foi definida, efectuar a promoção dos produtos da …, sob a responsabilidade e de acordo com as directrizes da companhia, normas das entidades e instituições hospitalares e de saúde, objectivos de vendas, orientações do Área Manager e Código de Ética da …, de forma a criar e promover as condições adequadas à prescrição dos produtos da … (fl. 75).

1.2.2. A arguida faz parte da equipa que é chefiada pelo respectivo

Area Manager, Senhor …, e tem de apresentar diariamente, via intranet, o relatório de visitas realizadas e apresentar mensal-

mente os respectivos mapas de despesas, relativamente ao mês anterior (artigos 3.oe 4.oda nota de culpa).

1.2.3. Há já muito tempo que a arguida não cumpre com as suas obrigações profissionais, sendo que, em 2006, foi chamada a atenção para o seu fraco desempenho profissional a nível de apresentação dos relatórios de trabalho diários, uma vez que apresentava os aludidos relatórios com grande atraso e não

No documento Pareceres da CITE no ano de 2008 (páginas 151-174)