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2.4 O arranjo produtivo local Terra Roxa

O APL das Indústrias do Vestuário Oeste do Paraná69 existe desde 2003, em parceria com diversas entidades, e abrange 59 municípios, divididos em sete microrregiões, e Terra Roxa é uma das sedes dessas microrregiões. O município foi escolhido para sediar o Encontro Regional de APL das Indústrias do Vestuário do Oeste do Paraná, como forma de enaltecê-lo no contexto regional, com a Moda Bebê70, segundo o IPARDES (2006b).

O APL das Indústrias do Vestuário Oeste do Paraná conta, atualmente, com 500 indústrias de confecção, com 12.500 empregos diretos, o que representa 9% dos postos de trabalho do setor, no Paraná. Dessas empresas, 66% são microempresas, 24% de pequeno porte e 10% médias empresas, e desse total de empresas, 90% são empresas formais e 10% informais, segundo documento da Rede APL Paraná (2006b).

É bom lembrar que, desse montante, a maioria é formada por microempresas e que, para a abertura de uma empresa desse porte, nem é necessário que haja funcionários.

O Projeto APL das Indústrias do Vestuário do Oeste do Paraná iniciou em 2001, por iniciativa das lideranças empresariais e políticas de Cascavel, segundo a Rede APL (2006b), contando com o apoio de várias entidades, como o SINDWEST - Sindicato das

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O faturamento mensal é de 3 milhões de reais, ou seja cerca de 30% da economia da cidade. 69

O projeto teve apoio inicial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Hoje, conta com os seguintes participantes: SINDIWEST, SEBRAE, UNIPAR de Cascavel, Sistema FIEP, AMPO (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) CACIOPAR (Coordenadoria das Associações Comerciais e Industriais de Oeste do Paraná), AMIC (Associação das Micro e Pequenas Empresas de Cascavel).

70 Terra Roxa teve o apoio do SEBRAE/PR, que se articulou com as empresas, sugerindo a criação de um APL local, além da

122 Indústrias do Vestuário do Oeste do Paraná, SEBRAE e SENAI, que formaram o grupo gestor do projeto. Este grupo gestor decidiu criar um grupo de gestores para cada município da região Oeste e ainda passou a contar com mais entidades para apoiá-lo, como o sistema FIEP

– Federação das Indústrias do Estado do Paraná, AMOP – Associação dos Municípios do

Oeste do Paraná, CACIOPAR – Coordenadoria das Associações Comerciais e Industriais do Oeste do Paraná, AMIC – Associação das Micro e Pequenas Empresas de Cascavel e UNIPAR – Universidade Paranaense, campus de Cascavel e o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior. Ainda, segundo a Rede APL, o empenho em fortalecer a estruturação desse Projeto APL é por que a região tem se destacado e vem se fortalecendo como um pólo confeccionista. Nesse processo, o município de Terra Roxa foi escolhido para sediar o encontro Regional do APL das Indústrias do Vestuário do Oeste do Paraná.

Nesse sentido, o APL Terra Roxa71 - como uma das sete micro-regiões do APL do Vestuário do Oeste Paranaense - tem se articulado com o poder público local72, para se destacar como o município especializado na confecção infantil ou a capital nacional da Moda Bebê, como proclama o grupo gestor do APL Terra Roxa, segundo o sítio do SINDWEST73 (Sindicato dos Empresários do Vestuário do Oeste Paranaense).

Ainda, segundo a Rede APL (2006b), as micro-regiões são formadas pelos municípios de Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Quedas do Iguaçu, Foz do Iguaçu e Terra Roxa. O objetivo, com essa divisão, foi o de sediar e administrar os eventos do APL e também representar politicamente o setor e, dessa forma, todos os eventos ligados ao setor são realizados nos municípios-sedes dessas micro-regiões. O documento ainda ressalta que foram visitadas 320 indústrias, na região Oeste do Paraná, ou nos 59 municípios que fazem parte desse arranjo, sendo que 236 possuem marca própria e 51 funcionam como fação, e cerca de 130 delas haviam aderido ao APL.

A partir de 2004, segundo o IPARDES74 (2006), algumas empresas formaram uma associação75: Associação Arranjo Produtivo Local de Moda Bebê de Terra Roxa, sendo esta que direciona as estratégias de ação do ramo. Em decorrência da parceria com o SEBRAE,

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De acordo com o documento do IPARDES, o APL Terra Roxa conta com o apoio do SESI, SENAI, SEBRAE, ACIATRA (Associação Comercial Industrial e da Agricultura de Terra Roxa), Escola do Trabalho e com a Associação Local do Arranjo Produtivo.

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O sítio da APL de Terra Roxa pode ser encontrado em: www.aplterraroxa.com.br. Informações também podem ser obtidas no sítio da Prefeitura Municipal de Terra Roxa.

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Trata-se do sítio: www.sindwest.com.br. 74

O IPARDES (2006) fez a pesquisa em 19 empresas, das 36 existentes no APL-Terra Roxa. 75

O APL Terra Roxa, segundo o IPARDES, conta com 36 empresas, enquanto a Associação APL Terra Roxa tem 80% das empresas do APL, mas, segundo o sítio do APL Terra Roxa, atualmente são 48 indústrias, ao passo que 29 estão na Associação.

123 houve a inclusão de Terra Roxa como uma das treze regiões que produzem confecção no Brasil e, assim, seria priorizada nas ações do SEBRAE para o desenvolvimento setorial e regional.

Terra Roxa tem uma população de 16.208 habitantes e 2.565 empregos formais, segundo o IBGE (2007). O município localiza-se numa região eminentemente agrícola e as atividades correspondem a 70% do PIB municipal, segundo o IPARDES (2006a).

A ocupação sulista do oeste do Paraná ocorreu de forma mais intensiva a partir do final da Segunda Guerra Mundial, sendo a última região do Estado a ser ocupada pelos migrantes sulistas, marcada, segundo Alves et al. (2006), pela exploração de madeira e erva- mate e, num segundo momento, através da agricultura familiar baseada nos minifúndios. E, nesse caso, houve dois fluxos de colonização que ajudaram a expandir o processo de ocupação, um fluxo vindo do sul do Brasil e outro fluxo de colonizadoras do norte do Paraná, impulsionadas pela cultura do café, além de emigrantes vindos de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Nordeste brasileiro.

De acordo com o IPARDES (2006a), foi nesse fluxo mais heterogêneo que o município de Terra Roxa surgiu. No entanto, o maior impulso para a ocupação da Região Oeste do Paraná foi realizado por determinação da colonizadora gaúcha Maripá, que elaborou um plano de pequenas propriedades de 10 alqueires, em que desencadeou o processo de atração de imigrantes italianos e alemães.

A partir da década de 1970, ainda de acordo com Alves et al. (2006), o processo de ocupação entra em nova fase, agora de modernização da agricultura, o que desencadeou um processo de êxodo rural, aliado à um fator natural que ajudou a reforçar o êxodo, a geada negra no café. A partir disso, houve um aumento da população urbana na Região Oeste, chegando em torno de 520%. Mas, concomitantemente a esse processo, houve uma perda da população dessa região como um todo, e os únicos municípios que mantiveram a população foram os municípios considerados pólos, como Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu. O que desencadeou uma queda do número de empregados no setor primário, enquanto aumentaram os do setor industrial e terciário, no período de 1970 a 2000.

O IPARDES (2006a) salienta que esse processo marca a mudança da cultura do café para o cultivo de soja, pois a Região Oeste se tornou a maior produtora de soja do Estado, desencadeando uma perda de postos de trabalho no campo, o que forçou a migração para outros municípios. Inclusive, a população de Terra Roxa, como a maioria dos municípios, apresentou significativa queda no número de habitantes da zona rural e o grau de

124 urbanização passou de 42%, em 1980, para 68% em 2000, mesmo assim, a população total do município diminuiu significativamente no período, conforme Tabela 4.