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3. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

3.3. AS CATEGORIAS DE ANÁLISE

3.3.1. As estratégias de produção textual

O professor interfere na constituição do texto através da atuação na ZDP do estudante, o que é realizado por meio do emprego de uma das estratégias de produção textual, a qual diz respeito à “ativação de conhecimentos sobre os componentes da situação comunicativa” (KOCH e ELIAS, 2014, p. 34). Neste estudo, o professor pesquisador utiliza tal estratégia, em sala de aula, no momento da apresentação de uma situação comunicativa aos alunos41, a qual envolvia um problema de comunicação, o qual os discentes demandavam solucionar, por meio da produção de um texto, em um gênero textual adequado à situação comunicativa.

A interferência do professor é configurada tanto pelo delineamento que confere à situação comunicativa como pelo modo como a apresenta aos discentes. No nosso ponto de vista, o modo envolve tanto a natureza das ações desenvolvidas, concretizadas por meio de atividades de leitura de textos (no caso, textos base), exibição de vídeos, discussões, como a metodologia de condução da aula empregada pelo docente, no caso desta pesquisa, o dialogismo problematizador freireano.

Assim, através do gerenciamento de atividades de tal natureza, buscamos atuar na ativação dos quatro tipos de conhecimentos apresentados por Koch e Elias (2014): linguístico, enciclopédico, textual e interacional e em suas respectivas ramificações, conforme discutimos na seção dedicada ao tratamento da LT. De acordo com as referidas autoras, a ativação de tais conhecimentos ocorre ou pode ocorrer simultaneamente no plano mental de cada indivíduo.

41 Presente em cada uma das nossas SDs.

Portanto, através das atividades desenvolvidas e do modo de condução da realização delas, atuamos na interferência de todos esses conhecimentos.

A estratégia de “seleção, organização e desenvolvimento das ideias, de modo a garantir a continuidade do tema e sua progressão” (KOCH e ELIAS, 2014, p. 34), nesta pesquisa, é mobilizada pelo professor pesquisador, principalmente na leitura e discussão de textos base, pois nesse momento o aluno tem um respaldo de ordem temática, conceitual e conteudística para apoiar e orientar a estratégia de seleção, organização e desenvolvimento de ideias. Desse modo, tal estratégia atua tanto no plano mental do aluno quanto na materialidade linguística do texto que ele produz.

O “balanceamento entre informações explícitas e implícitas; entre informações ‘novas’ e ‘dadas’, levando em conta o compartilhamento de informações com o leitor e o objetivo da escrita” (KOCH e ELIAS, 2014, p. 34) é central nesta pesquisa, pois visamos trabalhar no avanço da habilidade de escrita dos terceiranistas em questão com o critério de informatividade, o qual é mensurado e classificado pelo emprego de informações pelo produtor do texto.

Destarte, o emprego dessa estratégia abrange as categorias de análise desta pesquisa, de modo que elas focalizam o emprego das informações na produção textual dos alunos pautado pela fonte das informações, uma vez que defendemos o posicionamento de que os alunos concluintes do Ensino Médio noturno são atores sociais e a sua constituição como cidadãos críticos se faz pela apropriação e gerenciamento de informações em suas argumentações, não apenas no meio escolar, mas também fora dele. Enquanto pesquisadora-professora, atuamos na abrangência de nosso lugar social “professor”, investindo no trabalho com o emprego de informações por parte dos discentes em suas produções textuais objetivando de promover avanços na escrita argumentativa dos participantes.

Considerando que tratamos posteriormente sobre cada uma das categorias de análise, versamos sobre a estratégia de “revisão da escrita ao longo de todo o processo, guiada pelo objetivo da produção e pela interação que o escritor pretende estabelecer com o leitor” (KOCH e ELIAS, 2014, p. 34). Tal estratégia é empregada, especialmente, nos momentos em que os alunos findam uma produção textual. Isso se concretiza por meio do Jogo de Produção Textual presente no Diário de Produção Textual (Apêndice B), no qual os discentes são convidados a reler e revisar sua escrita, em um momento, e reescrita em outro para avaliar, mediante as categorias de análise, o emprego de informações em seu texto, autogerenciando, dessa maneira, sua aprendizagem sobre o processo de produção textual.

Reiteramos que é imprescindível a todo esse processo de estudo do texto considerar o contexto em que os participantes desta pesquisa estão inseridos. Assim, pontuamos que as

contribuições da CI, atreladas às de Hanks (2008) no que consta ao contexto, disseminadas no desenvolvimento de campo desta investigação por meio da pesquisa-ação alicerçam a condução e o ponto de vista assumido para o desenvolvimento das categorias de análise deste estudo, bem como a articulação delas às estratégias de produção textual propostas por Koch e Elias (2014), a fim de conferir unidade ao processo de estudo do texto. Defendemos ainda que o trabalho com as estratégias de produção textual é de natureza colaborativa, compactuando com os preceitos basilares da pesquisa-ação, uma vez que proporciona o trabalho entre os pares: professor pesquisador e aluno participante da pesquisa. A fim de melhor compreender o que apresentamos até o momento nesta seção, apresentamos a figura subsequente:

Figura 9 – O funcionamento do processo de produção textual desta pesquisa

Fonte: elaborado pela autora desta dissertação de mestrado.

*No que consta ao quadrante explicativo do balanceamento entre informações, asseveramos que ele apresenta a categorização geral, assim, para melhor compreensão e delineamento de cada grau, a passagem de um a outro grau, indicamos a observação do Quadro 4 – Categorias de análise, presente na página 116.

O círculo representa uma produção textual, as flechas sinalizam sua natureza processual, os quartetos representam as estratégias, as cores42 empregadas nos quadrantes representam em qual plano cada estratégia de produção textual atua de modo mais proeminente. Os retângulos situados nas laterais dos quartetos sinalizam o funcionamento das teorias, realçando conceitos principais. Findadas as especificações pertinentes às estratégias de produção textual, passamos ao tratamento das categorias de análise.