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5.3 IDIOSSINCRASIAS EXISTENTES SOBRE A LEI Nº 10.639/03 NA ESCOLA DE

5.3.5 As percepções dos docentes a respeito do Gestor Escolar

Em relação ao Gestor da Escola, o que transparece nos enfoques dos docentes é uma posição de mutualismo, onde o professor apoia a gestão, desde que esta não interfira em seus planos dentro da instituição escolar semi-integral. E o Gestor Escolar ameniza a vida do(a)

professor(a) desde que estes que lhe concedam apoio. Se esse ponto for contemplado, a situação está regular, mas, se em algum momento essa trégua for danificada, então, o equilíbrio entre as partes fica rompido. Porém, nada se faz de concreto para tornar evidente a Lei nº 10.639/03, nem formular um plano de capacitação para a escola sobre o que versa a Temática “História e Cultura Afro-Brasileira” nos componentes curriculares de Arte, Literatura e História.

Mesmo diante do fato de que alguns professores – ou uma grande maioria que não se envolve com os intentos da direção –, preferem não tomar partido em qualquer entrave que ocorra – e chegam, até, a submeter-se a realizar tarefas e abnegações que não são suas –, aceitam a situação para que isso não origine desentendimentos com a pessoa que está gerindo a escola. As causas de tais fatos são diversas, uns afirmam que já estão adaptados àquele local e que passaram por várias direções na escola e tiveram que aguentar as atitudes muitas vezes excêntricas dos(as) diretores(as). Também há aqueles que, por maiores conveniências, são mais próximos do(a) atual gestor(a) e confessam que, para enfrentar uma direção escolar é preciso ter pulso firme, para não incorrer em péssimas situações; preconizam o apoio ao atual Gestor Escolar, pois sabem que certamente estão sendo agraciados por favores que o diretor pode facilitar.

É a política da escola, a política do governo, a política da boa convivência que quando se juntam não escapa ninguém. Até o porteiro entra nesse impasse, pois estando localizado na unidade escolar, mesmo sendo empregado de empresa particular sofre nas mãos desse emaranhado de discórdia.

Existindo os que dizem que: o diretor de escola, quando está na função esquece que seu cargo é de professor, está ocupando apenas um cargo de tempo provisório e que poderá voltar a exercer a atividade em sala de aula a qualquer momento, mesmo tendo sido eleito por votação e participado da seleção para gestor da escola estadual. Elucidam alguns professores sobre as informações repassadas pelo gestor, quando expressa para o corpo docente a necessidade de sua presença constante na Secretaria de Educação, na GRE – Gerência Regional de Educação e/ou mesmo, na Superintendência de Educação Integral, para fazer parte de reuniões e ou resolver pendências. Este é um ponto de descontentamento expresso pelos docentes

Segundo o exposto no momento das entrevistas, é esse o trajeto que faz o gestor permanentemente. Esta é uma trajetória constante de acordo com as informações e para uma representação de maneira sucinta foi delineado a figura 03 abaixo, que mostra este percurso. Observe:

Figura 03 - Trajetória do gestor da Escola de Referência.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Este trajeto percorrido continuamente é visto como negativo por parte dos docentes. Essas frequentes idas e vindas do gestor, segundo os docentes, deixa a escola descoberta e sem a presença dele para resolver os problemas emergentes. Os professores ainda salientam que para: “o Gestor Escolar e os demais servidores que são encarregados também da parte burocrática na escola constantes recebem convites para reuniões, como as formações anuais da matrícula, ou mesmo as capacitações referentes a assuntos peculiares da administração escolar”. Como exemplo, os professores falam que os Analistas Educacionais mensalmente se deslocam para a GRE com a finalidade de comunicar e debater sobre seus feitos na escola. Todavia, em nenhum momento deste percurso descrito pelo corpo docente da Escola de Referência Semi-Integral apontou para algum evento que o gestor tenha participado, do qual tratou a Lei nº 10.639/03. Mas, para os professores, tais reuniões orientadoras quase nunca existem e definem o motivo alegado pela Secretaria de Educação, dizendo que: “Se o professor não estiver na sala de aula à escola deixa de funcionar, não tendo ainda como substituir os professores, nem quando eles precisam gozar um direito, como a licença prêmio que é um mérito do funcionalismo público pernambucano”. São tantos os problemas ao longo

Superintendência de Educação Integral. GRE – Gerência Regional de Educação. Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. TRAJETÓRIA DO GESTOR

da carreira no magistério estadual que, no fim, os professores enfrentam as dificuldades para se aposentarem que é verificada porque não há respaldo efetivo para o pleito da aposentadoria em tempo hábil, devido à burocracia exigida que inclusive por vezes, alegam ter que esperar o tempo de chegada do outro professor que o substituirá. O professor, mesmo tendo direito a aposentar-se, não pode deixar as turmas sem aula, só podendo ocorrer o afastamento depois da chegada do substituto. Conclui-se que: o professor e o aluno são peças chaves da instituição escolar, pois sem eles não pode haver aula efetiva. Mas, sem o gestor, tudo funciona, porque ele não está em classe. Se o professor é indispensável para o Sistema Escolar, porque se pensa de cima para baixo? Estas e outras perguntas atormentam a mente dos profissionais. Consideram, pois, que o processo de ensinar e de aprender está no centro de toda educação; contudo, a política coloca os saberes docentes às margens, tornando um enigma, muito complicado para decifrar. Mas, as significações que são visualizadas por Machado et al (2011, p.131) decorrem como: “[...] Nesse processo experimenta-se o prazer de saber e produz-se o saber sobre o prazer nos espaços das instituições em que se promovem as significações. Estas significações são produzidas na arena política das/nas relações de poder [...]”. Esta é a pura verdade. A política impera no dia-a-dia da escola, muito mais intensa do que se pensa existir. Afinal, cada indivíduo se apega de uma maneira à sua salvação, o que permite não sair de sua zona de conforto, nem que para ficar neste lugar tenha que usar de artimanhas mil.

É um verdadeiro bombardeio de causas e efeitos, e o poder fica do lado de quem sabe jogar. O melhor jogador é quem recebe o troféu, que é a direção da escola. A função de gestor é almejada por muitos professores que sonham em sentar na cadeira da administração escolar, porém, a pergunta é: Quando estiver gestor que erros cometerão? Será que irão agir igualmente ao gestor atual?