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5.3 IDIOSSINCRASIAS EXISTENTES SOBRE A LEI Nº 10.639/03 NA ESCOLA DE

5.3.2 As percepções dos docentes de literatura

O professorado tem se esforçado para contribuir com uma versão melhor das aulas de literatura, pelo exposto. No entanto, não há uma proposta concreta que adentre na recomendação legal da Lei nº 10.639/2003, porque está longe a introdução dos procedimentos pedagógicos favoráveis, como possibilidade de acarretar o conhecimento dos estudantes sobre a vasta literatura que faz referência aos negros.

Porém, ainda persistem práticas inadequadas e irrelevantes que podem ter suas origens firmadas na falta de capacitação e que contradizem as mais recentes concepções sobre o assunto. Tudo isso está exposto nos diálogos no instante da coleta dos dados. Então, convém lembrar o que Antunes (2003, p.10) afirma sobre a questão em pauta como um caminho para: “Não perder de vista que o problema da escola transcende em muito a escola, seja pela

discussão crítica de suas próprias práticas, seja pelo envolvimento direto dos professores na construção de alternativas”.

Isto não quer dizer que os professores são meros aplicadores e repetidores do que a Lei nº 10.639/03 causa no ensino de literatura, pelo fato de os professores da Escola de Referência não terem conhecimento dela, e nem um direcionamento curricular desses conteúdos, porque os subsídios necessários para a prática docente não foram oferecidos.

Mas, falta ainda uma política educacional consistente em Pernambuco que facilite aos docentes encontrarem novas trilhas com inquietude e permanentemente não se sintam inconformados com as práticas atuais, deixando de lado os fundamentos tradicionais que insistentemente teimam em persistir.

Neste panorama, são identificadas algumas imposições em torno do trabalho com a literatura afro-brasileira, dentre elas, está o desconhecimento das obras literárias, pois são datadas dos Séculos XVIII, XIX e XX. Diante de tantas controvérsias e embates sobre a situação que mostram as evidências no cotidiano do ensino deste componente curricular. Tudo o que foi descrito leva ao parecer de Pereira (2007, p.185-186) que demonstra alguns pontos de reflexão:

Temos, portanto, uma situação ambivalente já que, por um lado, reconhece-se a necessidade de afirmar a identidade de um segmento étnico e social (os Afrodescendentes) e, por outro, a preocupação em não restringir a criação literária a um só leitmov, qual seja, os assuntos relativos aos afrodescendentes.

A expressividade do que foi descrito pelo autor é coerente e, ao tratar da temática: “História e Cultura Afro-Brasileira” não deixar margem a dúvidas, pois as aulas de literatura transpareceram pouco eficazes, por não terem a consistência da mediação dada pela Lei nº 10.639/03, e este fato é confirmado pela catalogação das informações no campo de pesquisa, concluindo que o aprendizado do aluno está relacionado à percepção que o docente faz do currículo oficial do Estado de Pernambuco.

Esse currículo não está adequado efetivamente às condições do trabalho com o lúdico e prazeroso mundo da herança africana, na finalidade maior emanada pela Lei nº 10.639/03. O que deixa a desejar é a questão formativa desses professores, ademais, fazem alusão que a aprendizagem dos conteúdos se dá na interação e em sua prática, sempre auxiliam os alunos para que compreendam:

a) A aprendizagem é realizada pelo aluno, sendo o profissional docente, o mediador; b) O prazer e a contrariedade são igualmente sentidos na motivação do aluno; c) Os

professores são unanimes, quando dizem que o interesse do aluno é primordial para conseguir progresso e é independe de cor; d) Não é preciso velocidade no início do ano letivo, pois, às vezes, a aprendizagem de literatura é lenta, devido às dificuldades do passado escolar dos alunos; e) E com o tempo a agilidade intelectual é evidenciada e o domínio do aprendizado pelo alunado é alcançado. (BRASIL, 2003, [s.p]).

Em algumas colocações aparecem uma espécie de ressentimentos explícitos e em outras vezes implícitos, assumidos ou não, e que têm muito a ver com uma incapacidade de discorrer a respeito das origens negras.

Afinal, na escola, é preciso repensar ou remodelar e reorganizar o pensar que vai favorecer o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira como uma verdadeira fonte curricular, pois está longe do que é almejado e cada vez mais, deve ser um procedimento padrão.

Então, há várias formas de ensinar os feitos literários, uma dessas, chama a atenção por sua maneira de perceber os gêneros, a sexualidade e a cultura, é o que ressalta Machado et al (2011, p.126) dizendo: “Selecionei algumas obras para evidenciar muitos temas possíveis de discussão de gênero e sexualidade imbricados também em outros mercados sociais tais como classe social e etnia: sedução, gravidez, beleza, relacionamentos amorosos, corpos,[...]”.

De acordo com o exposto, é possível trabalhar a história e a cultura afro-brasileira na literatura, e o estado de Pernambuco é um local privilegiado, pois, tem uma vasta amplitude literária oriunda das manifestações culturais negras e afrodescendentes, e ainda conta com o aguçado interesse dos jovens do ensino médio pelos temas que o autor selecionou.

Enfim, a literatura sobre o negro está em toda a parte, só não presta atenção aqueles(as) que não querem ou não se interessam em saber como fazer esse trabalho em classe, ou porque não receberam orientações, como é o caso dos professores da rede estadual. Não é preciso muito esforço por parte do governo, e nem investir alto em uma capacitação, basta apenas, fornecer os subsídios capazes de direcionar o professorado para expressar a verdadeira face do que entendem e necessitam, e o investimento que for feito, será revertido para a qualidade do ensino preconizado pela Lei nº. 10.639/03.

Afinal, entende-se que esse feito trará satisfação para todos, pois a voz de quem faz a atividade é muito importante para uma melhoria da qualidade educacional. Mas, a qualidade educativa só pode ser alcançada com êxito se todos que estão à frente da escola estiverem satisfeitos. Com a compreensão do que ocorre na educação, farão seu trabalho em consonância com as Políticas Públicas para a área de educação.