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A look at the implementation of Pedagogy of Alternation in the School of Agriculture of Bico do Papagaio Father Josimo in the State of Tocantins

2.1 As perspectivas da Pedagogia da Alternância na EFABPPJ

Os profissionais da EFA pesquisada foram questionados sobre como a Pedagogia da Alternância é pensada/tratada na EFA e suas respostas revelaram que a Pedagogia da Alternância é um meio de escolarização importante para os povos do campo, como se pode verificar nas palavras do (PROFESSOR A, 2016)

[...] a pedagogia da alternância como fundamental no desenvolvimento dos alunos e dos trabalhos da comunidade haja vista que os alunos são importantes ferramentas também na produção no desenvolvimento das atividades econômicas na comunidade, na zona rural onde eles vivem e a pedagogia da alternância tem esse elo né, de levar conhecimento da escola pra comunidade e trazer conhecimento da comunidade para a escola [...] a pedagogia da alternância tem esse elo de levar conhecimento da escola pra comunidade e trazer conhecimento da comunidade pra escola e construir um conhecimento comum na comunidade e propriedade rural. (PROFESSOR A, 2016)

Essa satisfação também é demonstrada pelo Professor B “Eu vejo como um instrumento que serve pra mudar a vida dos jovens, das famílias que vivem no campo, porque a escola é a única forma que existe pra que os alunos adquiram essa outra visão sobre o campo”. Assim, da mesma forma também é expresso pelo Professor C que considera a Pedagogia da Alternância:

[...] como uma forma de organização do processo de ensino de tal forma que o aluno tenha uma formação integral no que tange ao conhecimento cientifico, ao conhecimento que ele trás de casa e também uma organização do ensino que concilia aquilo que ele aprende na escola com aquilo que ele sabe ou com o que ele aprende em casa e busca fazer com que ele tenha uma relação entre o que vem de casa e o que vem da escola, para que um interfira no outro de forma que o aluno cresça e a família cresça usando também o cotidiano da vida QUE É O CAMPO. Então é uma educação que valoriza tanto o conhecimento cientifico quanto o saber do campo voltado para o campo para que depois de formado ele tenha capacidade tanto de ir pra fora quanto de permanecer no campo caso ele queira. (PROFESSOR C, 2016)

Nessa perspectiva, os profissionais da EFA compreendem a importância que a Pedagogia da Alternância possibilita na construção do conhecimento para a formação do aluno do campo. A EFABPPJ desenvolve suas atividades na perspectiva de uma educação baseada na Pedagogia da Alternância, onde considera que a formação no campo para ser completa depende das experiências concretas vividas na escola, na família e na comunidade. Para isso estabelece-se uma relação entre o meio em que o aluno vive e a EFA. Esse princípio educativo que integra escola, vida e trabalho, consiste em dividir o tempo de formação do jovem em período de vivência na EFA e na comunidade, permitindo o desenvolvimento da vida pela reflexão da teoria na prática.

Segundo respostas dos profissionais entrevistados, a articulação da EFA com as famílias no contexto da escola ainda está longe do esperado dentro da perspectiva e proposta de Pedagogia da Alternância que a escola almeja, uma vez que relação da instituição com a comunidade deve ocorrer em todos os momentos,

[...] Essa articulação ela tem que acontecer em todos os momentos, a relação da escola com a família começa pelo nome escola família agrícola, então na verdade a escola família agrícola é um espaço onde a família tem o seu papel importantíssimo e de forma bem pratica, essa relação acontece ao meu ver em dois momentos principais, o 1º é continuo que é durante o processo do caderno de acompanhamento e caderno da realidade, que o pai, a mãe, o irmão, o tio ou qualquer que seja o responsável ou os responsáveis tem a oportunidade de ver o que o filho aprendeu, o que o filho ou a filha está fazendo na escola, quais foram as mudanças que ocorreram, escrever tudo e mandar isso de volta para a escola (PROFESSOR C, 2016)

Percebe-se pelas falas dos entrevistados que as famílias, talvez, pela falta de conhecimento do processo da Pedagogia da Alternância ou pela distância do espaço físico entre escola e algumas comunidades, ainda possuem uma relação distanciada. Isso fica

também evidente na fala do Professor A: “é uma falha aqui da escola, porque a gente ainda tá muito fraco essa interação escola família, embora seja uma escola família agrícola, mas no momento talvez pelo início da escola ainda está deixando a desejar, somente está acontecendo algumas relações através do caderno da realidade”.

De acordo com as respostas dos profissionais entrevistados da EFA, a dinamicidade do processo pedagógico da pedagogia da alternância ocorre por meio dos instrumentos pedagógicos. E o conhecimento está sendo construído a partir dos teóricos e livros direcionados a educação do campo e de uma outra visão que os professores estão adquirindo aqui na escola (PROFESSOR B, 2016). Nesse sentido, para acompanhar, avaliar as atividades propostas pela alternância, o professor B disse que:

[...] Aqui são utilizados o caderno da realidade, o caderno de acompanhamento, os instrumentos que a gente chama de instrumentos pedagógicos que é a questão da convivência dos alunos e os planos de estudos nos quais são trabalhados os temas durante todo bimestre e cada bimestre é um tema diferente e os alunos produzem fazem vários tipos de produção como por exemplo os textos, os desenhos enfim fazem coisas de vários gêneros e registram nos cadernos principalmente no caderno da realidade.

Por meio desse questionamento percebe-se ainda que a relação dos funcionários da EFA com o processo de pedagogia da alternância ainda está em construção, uma vez que a escola é recém-inaugurada e os funcionários não possuem formação específica para a pedagogia da alternância.

No caso aqui na EFA nós temos o caderno de acompanhamento e o caderno da realidade que são dois instrumentos pedagógicos específicos da pedagogia da alternância, sem contar os outros instrumentos que são as avaliações, as provas, as atividades que também são instrumentos, também não deixam de avaliar o aluno, mas os principais são caderno da realidade e caderno de acompanhamento.

Apesar de os funcionários não terem ainda uma formação específica acerca da Pedagogia da alternância, mas os mesmos procuram trabalhar a formação de forma diversificada, em que são proporcionadas ao aluno viagens de estudos, visitas técnicas, estágios, contatos com outros setores produtivos da área em questão, onde são observados os diferentes processos produtivos e as diferentes tecnologias. Nesse sentido, a EFA é o lugar privilegiado para a escuta e reflexão dos problemas que o jovem vive em seu meio. De um lado, receptora dos problemas e de outro, propulsora da ação refletida. O educando é um sujeito ativo deste processo, numa dinâmica integrada por instrumentos metodológicos específicos. Capta as indagações e problematizações provindas das realidades de suas vidas familiar e comunitária e as leva a EFA, colocando em comum, comparando com as dos demais colegas, analisando, interpretando e generalizando. Dessa forma, considera que a

pessoa se educa mais pelas situações em que vive do que apenas pelas tarefas que realiza na escola.

Acrescente-se o fato de que a EFA é uma escola do, no e para o campo, contexto do qual retira, com a participação dos alunos e famílias, os temas geradores que norteiam o Plano de Estudo e os conteúdos e abordagens das disciplinas e atividades formativas, fazendo com que os alunos relacionem os conteúdos técnicos aprendidos no tempo-escola e os saberes produzidos e acumulados pela família ao longo de sua existência. Nesta proposta, a educação do campo e a educação profissional se aproximam e se concretizam no aprender a aprender e no aprender a fazer, pois o trabalho das diferentes atividades produtivas do campo, enquanto um conjunto de tecnologias apropriadas é um elemento formativo.

Ao serem questionados sobre a relação dos pais e comunidades na vida dos filhos na EFA, o professor A demonstra uma preocupação em relação ao questionamento, diz que “Precisamos trazer os pais para conversar com a direção da escola, precisamos melhorar bastante ainda essa interação família escola”. Esta preocupação aparece também na fala do (PROFESSOR B, 2016) “Como nós estamos iniciando, ainda há uma resistência assim como existe nas outras escolas com relação a participação dos pais dentro da escola, mas aos poucos os pais estão se envolvendo, assim como os alunos com essa nova forma de trabalho de pedagogia da alternância. Essa questão a respeito da relação dos pais, comunidades na escola também aparece explicitamente na fala do (PROFESSOR C, 2016).

[...] a relação da família com a escola ainda continua um pouco naquela relação de escola convencional, por dois motivo que eu acredito que seja, primeiro pelo fato da escola ser ainda recente, a escola tem menos de 3 meses de funcionamento e por causa justamente desse inicio dela, as famílias ainda não se acostumaram com essa convivência mais próxima que a escola propõe. O segundo motivo é porque as famílias tem uma cultura de mandar os filhos para a escola e deixar toda a responsabilidade na escola, o que não deve acontecer na EFA, essa comunicação deve ocorrer em todas es escolas mas principalmente na EFA pois a educação é tarefa da escola e da família por isso ocorre essa alternância de tempo escola e tempo comunidade, para haver esse contato da escola com a família.

No que diz respeito às contribuições da pedagogia da alternância para a formação dos estudantes, as respostas dos profissionais entrevistados revelaram que acham que existem varias contribuições da pedagogia da alternância para a formação dos estudantes, como se pode constatar na fala do (PROFESSOR B, 2016), “(...) eles tem uma formação diferente porque aqui eles aprendem a valorizar o campo, é uma forma de valorização do campo, além disso há um trabalho de formação do cidadão enquanto pessoa e isso faz toda a diferença porque isso não acontece nas outras escolas” Constata-se isso também na fala do professor C quando afirma que

a pedagogia da alternância pelo fato de ela dividir os momentos de aprendizagem em dois tempos, tempo comunidade tempo escola permite que o aluno se aproprie do conhecimento cientifico da escola, mas também percebe e aplica esse conhecimento cientifico naquele tempo comunidade que ele passou. Então existe uma relação de interdependência entre esses dois momentos, a gente percebe uma formação mais completa do que a formação convencional.

Por meio da Pedagogia da Alternância e de acompanhamento efetivo nos setores educativos de produção, o aluno tem a oportunidade de aplicar as competências previamente adquiridas, obter e aperfeiçoar novas competências através de metodologias que lhe apresentem problemas a serem solucionados, podendo para isso buscar auxílio em materiais bibliográficos por meio de várias fontes de pesquisa, ou ainda através de debates propostos pelo professor com o envolvimento de toda a turma.

Ainda sobre essa questão o professor C argumenta que:

O aluno sai de uma escola família agrícola no regime de alternância com uma visão de mundo mais diferente porque o aluno é levado a escrever mais, a pensar mais, a criticar mais e a se organizar mais, por exemplo em um determinado momento como a avaliação e a socialização em que o aluno tem a responsabilidade e o direito de colocar as suas opiniões, tem direito de dizer o que ele acha correto dizer o que ele acha incorreto e também tem a oportunidade de refletir do que ele fez de certo ou errado durante cada sessão. Isso é uma reflexão e um momento em que as outras escolas em sua grande maioria não permite ao aluno.

Percebe-se com as respostas dos profissionais que ambos reconhecem que a Pedagogia da Alternância oferece várias contribuições para a formação do aluno, que a escola urbana não oferece. Esse regime de alternância que rege toda a estrutura da EFA, busca a conciliação entre a escola e o fazer, permitindo que o jovem não se desligue da sua família e de seu meio. Esse sistema educativo permite uma tomada de distância do contexto onde vive o jovem, permitindo-o refletir e buscar novas perspectivas, pois a avaliação, à tomada de posições pessoais. Essa trajetória de vai-volta sucessiva torna o educando o ator principal do projeto educativo. Os demais agentes envolvidos: famílias, comunidade e coordenador de estágio, participantes ativos de seu processo de formação, levam-no a compreender o princípio de que a vida deve ser o eixo central da aprendizagem, o ponto de partida e de chegada da formação.

Sobre os maiores desafios enfrentados pelos profissionais da escola para efetivar a Pedagogia da Alternância, os entrevistados demonstraram em suas respostas que existem muitos desafios a serem superados como explica o professor A, 2016

No meu ponto de vista é o tempo comunidade ser realmente para fazer uso de estudos que a gente percebe que alguns alunos não tem desenvolvido as atividades durante a semana, as vezes deixam pra fazer os textos do tempo comunidade aqui na escola, então tem sido esse o desafio, motivar os alunos a pesquisar quando estiverem nas propriedades em suas comunidades, fazer

entrevistas com as pessoas sobre um determinado assunto da comunidade e fazerem as tarefas proposta pelos professores.

Também percebe-se pela fala do professor C que a o maior desafio é: “quebrar o paradigma da educação como obrigação única e exclusiva da escola”. Este mesmo professor deixa clara a preocupação da interação da escola com a família para se concretizar o processo da pedagogia da alternância, que não é somente feito através da divisão entre tempo escola e tempo comunidade, mas é reforçada através dos instrumentos pedagógicos específicos da pedagogia da alternância.

Quando questionados sobre os autores que utilizam para estudar a pedagogia da alternância, as respostas dos professores entrevistados foram que, devido a escola ter sido inaugurada recentemente, os materiais didáticos que a escola possui ainda deixam a desejar.

Portanto, percebe-se que a escola tem muitos desafios para de fato se realizar a proposta de escolarização por meio da Pedagogia aos povos, uma vez que esse tipo de educação requer conhecimento e uma logística em seu processo.

3 Algumas considerações

Por meio desta pesquisa foi possível identificar nas falas dos entrevistados que a Pedagogia da Alternância está em processo de construção, uma vez que ainda é uma experiência nova para os profissionais da instituição, mas considera que a Pedagogia da Alternância prioriza a dignidade da pessoa como sujeito, levando em conta sua totalidade e que possibilita a efetivação de uma educação com qualidade para os povos do campo.

É importante destacar que a escola apresenta perspectivas relevantes a proposta de educação para os povos do campo para além da alternância de espaço de aprendizagem. É nesse víeis que (FREIRE, 1987) ressalta que a alternância deve ser pensada numa dimensão da ação e da reflexão, por meio do diálogo, em que o processo de ensino e aprendizagem busca a transformação da realidade.

É possível notar, pela fala dos entrevistados, que há ainda muitos desafios que precisam ser superados para o melhor funcionamento da Pedagogia da Alternância. Um dos principais desafios é a falta de compreensão/conhecimento por parte dos profissionais/famílias/comunidades a respeito da proposta de educação por alternância.

Portanto, isso nos permite dizer que se faz necessária a realização de formação continuada que tematizem a educação por alternância para que as pessoas envolvidas nesse processo possa compreender e efetivar a Pedagogia da Alternância para os sujeitos do campo.

Referências

AIRES, H. Q. P. Um estudo sobre a Pedagogia da Alternância em Escola Família Agrícola no Estado do Tocantins. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2015.

BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.

BRASIL. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica, Brasília, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

NASCIMENTO, C. D. Pedagogia da Resistência: alternativa de educação para o meio rural. Gurapari-ES. EX Libris, 2007.

NOSELLA, P. Educação no campo: origens da pedagogia da alternância no Brasil. 2. Reimp. Vitória (ES): EDUFES, 2014.

SILVA, L. H. As experiências de formação de jovens do campo: alternância ou alternâncias? Viçosa: Editora UFV, 2012.

PPP/EFA/PORTO. Projeto Político Pedagógico da Escola Família Agrícola de Porto Nacional. 2015.

Escola do campo multisseriada: Espaço de aprendizagem compartilhada

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