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A music teaching experience through the local culture of the Municipal School Full Time Luis Nunes

O ENSINO DA MÚSICA NA PERSPECTIVA DA LEGISLAÇÃO

Ao abordar o ensino das artes na educação básica, se fez necessário primeiramente compreender a legislação brasileira. Para tanto, buscou-se entender como o ensino da música é previsto no contexto da legalidade, qual o espaço direcionado para esse ensino, qual professor responsável pelo seu desenvolvimento e qual o currículo que está em prática nas escolas brasileiras. Para isso, compreender os aspectos históricos que envolvem esse ensino da arte foi primordial. Desse modo, iniciou-se uma reflexão a partir da LDB 9394/96, artigo 26, parágrafo 2º e 6º (BRASIL, 1997).

A Lei n. 9.394/96, em seu Art. 26, parágrafo 2, estabelece que “o ensino da arte constituirá componente obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. Ou seja, a lei garante um espaço para as artes na escola.

Em 2004 iniciou-se uma mobilização a favor da inclusão da música no currículo escolar. Até então, a música aparecia no currículo das escolas simplesmente como um elemento da componente curricular de Arte. Aconteceram debates e mobilizações de entidades, músicos e educadores musicais junto a parlamentares. Como consequência desse

esforço conjunto, a realidade é alterada a partir da aprovação da Lei 11.769 em agosto do ano de 2008.

Essa Lei altera a até então atual Lei de Diretrizes e Bases, mantendo-a vigente, porém, tendo acrescido um novo parágrafo ao seu artigo 26, que explicita ser a música um conteúdo obrigatório, mas não exclusivo do ensino da arte na Educação Básica. A Lei fortaleceu o ensino de música, abrindo múltiplas possibilidades para a área. Entretanto, sabe- se que a concretização efetiva das possibilidades que se abriram para a música nas escolas depende de inúmeros fatores, inclusive do modo como o profissional atua concretamente nos múltiplos espaços físicos possíveis. Em 18 de agosto de 2008, a Lei 11.769 foi sancionada pelo Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

No texto da Lei 11.769/2008 lê-se:

Art. 1º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6º:

§ 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste artigo.

Art. 2º Parágrafo único. O ensino da música será ministrado por professores com formação específica na área. (vetado)

Art. 3º Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos artigos. 1º e 2º dessa Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação (BRASIL, 2008).

Segundo Saviani (1983, p. 193), “a legislação constitui uma mediação entre a situação real e aquela que é proclamada como desejável, havendo a probabilidade de contradições e defasagens entre elas”. Sua afirmação pode ser percebida na prática após a implantação da Lei 11.769/08. Leis e outros dispositivos regulamentadores não possuem a capacidade de sozinhos realizar mudanças na organização da prática escolar, dependendo muito da forma como são geradas condições para aplicabilidade da lei.

Em 2010 surge mais uma proposta de alteração na Lei que trata da obrigatoriedade do ensino das Artes, essa propõe a inserção das linguagens específicas da área de Arte acabando com a indefinição existente, tal como se destaca a seguir:

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou proposta que estabelece como disciplinas obrigatórias da educação básica as artes visuais, a dança, a música e o teatro. O texto altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9.394/96), que, atualmente, entre os conteúdos relacionados à área artística, prevê a obrigatoriedade somente do ensino da música. (ALESSANDRA, 2013, p. 1)

Vale mencionar que no ano de 2010 a Lei 9.394/96, no 2º parágrafo de seu artigo 26, sofreu reformulação por meio do Projeto de Lei 12.287/2010, no qual se tem descrito que

“O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL, 2010).

Esse projeto de lei foi publicado no D.O.U de 14/07 a lei nº 12.287, de 13 de julho de 2010, que altera a lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB) para dispor sobre o ensino da arte regional. Sendo que, o Deputado Eduardo Gomes, inspirado no art. 215,§1º da Constituição Federal, trata de incluir o estudo da cultura regional como componente curricular obrigatório da educação básica.

O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro- brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional (BRASIL, 1988, s/p).

O Brasil possui uma riqueza cultural e artística imensa e esses projetos de lei, como os mencionados anteriormente, sinalizam uma valorização e incorporação dessa prática no currículo escolar. Mas isso não é suficiente. São necessárias ações educativas que de fato, possibilitem a concretização de tudo isso na prática, implementando no sistema educacional brasileiro atividades e formações de professores capacitados para tal, baseado numa proposta curricular que atenda as necessidades locais, principalmente ao se tratar de uma educação que tenha uma particularidade específica, como a que é realizada no campo.

Pensar nas condições de ensino no meio rural se faz necessário. É a oportunidade de se valorizar a realidade de quem vive e trabalha no campo, na terra, enriquecendo suas experiências individuais e coletivas, e nesse caso específicas, por meio do ensino da música. E refletir também sobre as condições desse professor que se propõe a trabalhar com a música para desenvolver suas atividades e em possíveis ações que possam contribuir na sua atuação, a partir da realidade local. E sobre isso, trataremos a seguir sobre um relato de experiência de um professor que trabalha numa escola do meio rural.

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